Hamtaro

[div coluna1]Hamtaro
Tottoko Hamutaro

Produção: TMS, 2000
Episódios: 296 p/ tv
Criação: Ritsuko Kawai
Exibição no Japão: Tv Tokyo (07/07/2000 – 31/03/2006)
Exibição no Brasil: Cartoon Network – Globo
Distribuição: Cloverway

Última Atualização: 23/09/2009

Por Larc

É realmente de impressionar a capacidade dos japoneses em fazer com que, da noite pro dia, algum objeto se torne motivo de adoração e exploda no comércio. Dizem que o povo japonês, devido a rotina de sua vida – dedicada ao trabalho ou estudos de forma quase integral – é um povo carente e por isso se apega tão fácil a coisas “fofas” ou “gadgets” tecnológicos – como os tamagochis, por exemplo.

No começo dos anos 2000, Pokémon era a febre do momento e pipocavam séries com bichinhos esquisitos que, na semana seguinte entupiam máquinas de garra (aquelas que você gasta 10 fichas para pegar uma pelúcia que custa menos da metade do que você pagou @_@) e faziam a festa das empresas licenciadas. Foi então que a Shogakukan (produtora do embaixador do anime no mundo, Doraemon, que teve uma passagem relâmpago no Brasil no começo dos anos 90 via Manchete, mas não fez sucesso algum – e até hoje é rejeitado pelas emissoras tupiniquins!) teve uma brilhante ideia de transformar em ícone, um bichinho que, diferente de Pikachu, Agumons & família, existia no mundo real – na petshop mais perto da sua casa. O bichinho escolhido, não poderia ter sido melhor: um hamster.

Pra quem não sabe, hamsters são roedores de hábitos noturnos e agitados que são adorados por crianças de todo o mundo, por seu jeitinho fofo e engraçadinho. Ariscos (pensou que fossem igual ao Hamtaro, né?), com o tempo eles se tornam um pouco mais dóceis, e fazem a alegria do dono quando brincam naquela rodinha dentro da gaiola. Outra característica dos Hamsters é a forma da morte: eles fazem um sonzinho tão característico quando você acidentalmente pisa ou esmaga ele contra alguma coisa que você fica com trauma de plásticos bolha estourando – além de aprender uma valiosa lição de sempre certificar-se da segurança do cativeiro do seu animalzinho de estimação =(.

Voltando a falar do Hamtaro, o sucesso da série emplacou a impressionante marca dos 296 episódios para tv. Ainda foram produzidos 4 longas para cinema e 4 Ovas. Livros, mangás, e tudo que você imaginar que pudesse estampar a cara dos hams-hams da série inundaram as lojas. Dizem que a fonte inspiradora para a Shogakukan saiu de uma linha de contos infantis criados por uma tal Ritsuko Kawai, mas especula-se que a tal Kawai não passe de um pseudônimo – da mesma forma que Hajime Yatade é para uma equipe criativa da Sunrise.

Mas nada que pudesse ser fabricado por uma empresa fez mais sucesso que os bichinhos vivos nas petshops japonesas. Estima-se que no auge do sucesso da série, a procura pelos bichos tenha duplicado, com algumas lojas tendo que fazer “reserva” dos modelos mais parecidos com os personagens na tv.

Infantil sim, imbecil não
O fato mais curioso das aventuras em Hamtaro é que, embora seja um anime voltado para o público infantil, nada impede que pessoas que andem com bicicletas sem rodinhas consigam assistir sem se sentir um retardado. Os episódios são fechados, não seguindo a tradicional fórmula “noveleira” da maioria dos animes produzidos. A cada episódio vemos Hamtaro e sua turma se envolvendo em alguma confusão e ao final do mesmo episódio (às vezes no final do capítulo seguinte :P) assistimos a solução otimista e alegre que os bichinhos encontram.

O personagem principal da série é Hamtaro (dããã), cuja dona é a menina Laura (Hiroko no Japão) que vive com sua família em uma surreal casa japonesa (o padrão estético mais se assimila ao que vemos nos EUA) e que parece sofrer de anorexia em alguns episódios (ele aparece magrelo e cabeçudo @_@). O pequeno roedor travesso consegue escapar da gaiola e começa a explorar o novo ambiente. Ao conseguir fugir para o quintal, ele conhece o obsessivo Fofuxo – que não vive sem sua semente de girassol. Na busca por uma semente perdida, ambos caem em um buraco onde conhecem o robusto Chefe, que escava túneis e não possui dono. Apaixonado pela doce Bijou, os três acabam indo até o encontro da pequena roedora na tentativa de fazer o Chefe se declarar para ela, mas a coisa não dá muito certo. Enquanto Laura vai se habituando a sua nova rotina, inclusive se tornando amiga da dona do Fofuxo, o pequeno Hamtaro amplia seu círculo de amizades conhecendo outros roedores das cercanias.

Cada ham-ham possui uma particularidade e se comunicam com uma linguagem (patapata, fuchifuchi…) que já rendeu até dicionário (x_x). Penélope é a caçula da turma e vive coberta por um paninho; Mauricinho é o intelectual; Touquinha vive pondo alguma coisa que sirva como chapéu na sua cabeça; Soninho só dorme; Pashmina é a elegante da turma e possui um acessório em torno do pescoço; Tureco é um caipirinha; Aurélio o inteligente; Jingle é um poeta que não fala coisa com coisa; Jojô é o atleta; João é o romântico festeiro; enquanto Panda é um exímio carpinteiro. O “patriarca” desse pelotão de bichinhos de pelúcia em acetato é o velho Sábio Ham – que provavelmente não vendeu muitos bonecos por seu aspecto de velho reumático XD. Se você achou que já tem personagem demais, saibam que no decorrer da série, surgem novos ham-hams x_x.

Toda essa turma se reúne num tal clubinho que é uma toca e serve pra que eles troquem ideias sobre a “missão do dia”. Quando a confusão atinge um clímax, os ham-hams usam o “poder ham” que nada mais é que uma espécie de sintonia entre os bichinhos, onde eles conseguem fazer tudo de forma uníssona para não se ferrarem. Paralela às travessuras dos hamsters, vemos a rotina da vida de Laura, com sua família e amigos. Os episódios sempre terminam com Laura escrevendo no seu diário ao pôr do sol. Diferente de coisas como Backyardigans ou As Pistas de Blue, você não fica com vontade de arremessar a sua TV longe quando o desenho passa e só por isso já tem algum mérito (diferente daquela caca do anime da Hello Kitty :P).

Com cores fortes, um traço simpático (autoria de Junko Yamanaka e Masatomo Sudô, que trabalharam em Detective Conan) e uma trilha sonora que combina com a coisa toda, a série talvez não agrade a fãs de animes como Dragon Ball Z ou Fullmetal Alchemist, mas quem curte coisinhas “kawais” não consegue não se viciar na série. Como os japas não são bobos, uma tonelada de produtos para esse público foi lançado criando uma nova moda que logo motivou a Sanrio (criadora de Hello Kitty e personagens como Keropi) a trabalhar pesado na divulgação das crias do estúdio…

Pequenos Hamsters e as grandes mancadas no Brasil
Hamtaro estreou no Brasil, via Cartoon Network, no dia 1º de Abril de 2002. Exibido nas manhãs, a série conquistou os pequenos e alguns produtos foram licenciados através da empresa Dálicença na época. A Estrela por exemplo, lançou figuras emborrachadas (hum?) dos personagens e kits com miniaturas, onde cada cartela trazia dois hamsters diferentes da série. O foco dos produtos eram as meninas e até “casinha” da série foi lançada @_@.

Como a concorrência por esse tipo de público é severa, muita coisa do gênero foi importada/produzida pela famosa fábrica, mas encalhou no mercado. As pelúcias, chegaram via Maritel, tradicional empresa do ramo. Jogos (como pega-pega, quebra-cabeças, memória), material escolar, ítens para festa, álbum de figurinhas e outros licenciados estavam disponíveis nas lojas mas a procura não foi das maiores. Engraçado é que o mercado publicitário depois dos anos 2000 optou por “deixar os produtos se promoverem sozinhos”, descartando um elemento que transformou os bonecos dos Cavaleiros do Zodíaco no fenômeno que foram nos anos 90. Estamos falando da propaganda. Do que adianta um caminhão de coisas legais se a gurizada nem sabe que isso existe?

O anime ganhou uma projeçãozinha maior a partir de janeiro de 2003, quando estreou na Globo. A emissora carioca exibiu apenas 53 episódios da série, enquanto o Cartoon Network depois de um tempo veiculou mais 54 episódios inéditos – totalizando apenas 107 episódios. Sem problemas com a censura, a série poderia ter sido melhor aproveitada, mas nem nos EUA o anime teve muita sorte – provavelmente por não virar a mania que esperavam que fosse ser.

Se Hamtaro parece ter sido menosprezado pelas empresas que trabalharam com a série no ocidente (a Cloverway distribuiu para a América Latina, enquanto a Viz fez essa função nos EUA), o mesmo não pode-se dizer da versão brasileira do anime. Realizada nos estúdios da Cinevídeo, a série contou com a direção de Marisa Leal (a Rena em Ultraman Tiga e a voz da dona do Hamtaro) e reuniu um time de dubladores de primeira, cujas vozes combinaram de forma impressionante com os ham-hams. Destaque para Dilma Machado como Hamtaro (você achava que fosse um homem?) que é a dubladora da Senhorita Belo das Meninas Superpoderosas (!!!). A tradução e adaptação dos nomes também foi bastante feliz e o resultado final é agradabilíssimo de se assistir.

Os temas de abertura e encerramento foram adaptados da versão americana, que curiosamente manteve a música (e até o clip!) original japa para o encerramento (traduzida para o inglês, claro). Quem está com saudades da série pode procurar um dos 4 DVDs lançados no mercado. No total, existem disponíveis 14 episódios e o melhor de tudo é que eles estão  a preço de banana hoje em dia :P.

Hamtaro é a prova que os japas são realmente capazes de ganhar dinheiro com qualquer coisa que venha à cabeça. Só pra vocês terem noção, até plástico bolha (aqueles que protegem objetos mais delicados em embalagens) caem nas graças do comércio, virando brinquedinhos de sucesso – e não se assustem se um belo dia fizeram um anime sobre isso @_@.

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