Patrine
[div coluna1]Patrine
Bishojo Kamen Powatrin (Mascarada Graciosa Powatrin)
Produção: Toei Company, 1990
Episódios: 51 p/ tv
Criação: Shotaro Yshinomori
Exibição no Japão: Tv Asahi
Exibição no Brasil: Manchete
Distribuição: Tikara Films
Disponível em: VHS
Última Atualização: 04/10/2007
Pra quem não sabe do que se trata, tokusatsu é o nome dado para definir produções japonesas com efeitos especiais, sejam para cinema, vídeo ou tevê. Comumente, tokusatsu passou a ser a definição que o ocidente adotou para os enlatados japoneses que entupiram a tevê entre o final dos anos 80 e começo dos anos 90, numa era “pré-Cavaleiros do Zodíaco”. Contando com diversos gêneros, os “tokus” sempre tiveram como público alvo as crianças em idade escolar – que não reparam nos zíperes, fios que deveriam ser invisíveis, pontos demarcados pra explosão… No começo da década de 90, um dos precursores do gênero, o finado Shotaro Ishinomori (falecido em 1998 e criador dos Kamen Riders), lançou uma série que faz com que pensemos que o tiozinho às vezes apelava pruns saquêzinhos pra criar algumas séries…
Já vimos o autor (que é uma cruza de Marlene Mattos com Reginaldo Rossi x_x) apresentar umas séries um tanto “trash” como Bicrossers e Machineman na década de 80, mas nada supera o que se assiste em Patrine (Powatorin com um sotaque meio francês no Japão – aliás, na França o nome da heroína significa seios XD). A série tem uma imensa lista de características que fazem dela a mais tosca das produções tokusatsu já exibidas no Brasil. Mas quem tá aí pra isso?
Magia Cósmica… Metamorfose!
Com essa frase encantada, a estudante colegial Saiyuri se transformava na heroína lendária (que raio de lenda é essa que nunca ninguém ouviu?) que luta pelo amor e a paz.
Um belo dia (início do primeiro capítulo XD), Saiyuri vai rezar no templo local a caminho da escola e encontra um estranho velhinho que diz ser ninguém menos que… Deus! Na verdade era o Deus Protetor local, só que isso não é só um detalhe. O velhinho com cara de tarado diz estar doente do estômago, e que para se reestabelecer está pensando em ir pra umas termas italianas (!!!). Só que ele precisa deixar a responsabilidade de zelar pela paz e segurança dos arredores nas mãos de alguém. Coagida a se tornar heroína (senão viraria uma rã!), Saiyuri ganha poderes encantados, uma roupa bem brega, uma adaga que parece um consolo high-tech japorongo e a partir de então se torna a Estrela Fascinante Patrine. O Deus Protetor cai fora numa bela Ferrari (que a heroína só desfila na abertura e que a produção não deve ter tido $ pra manter no “casting”) e está armado o circo.
As missões que Patrine encara são tão perigosas que até um velhinha de 1500 anos como a Dercy Gonçalves conseguiria dar conta. Logo no primeiro capítulo, ela encara um safado vilão que roubava cartuchos de Dragon Ball pra Nintendinho de seus clientes pra revender no dia seguinte!!! Pensa que isso é ridículo?! Então você não viu nada… Em um dos mais clássicos episódios da série, uma máfia contrabandista de brinquedos empana e frita diversos cacarecos em um tacho imenso no meio do mato. A heroína impede que tamanha porcaria seja exportada e salva criancinhas do acúmulo de gorduras trans durante sua diversão (???). Outro “inesquecível” episódio é um no qual o vilão tem um trauma de infância: sua mãe fazia sopa com seus cadernos de escola e temperava com seus lápis a boia do dia. Depois de adulto, o traumatizado vilão tem a brilhante ideia de roubar deveres de casa das crianças para fazer!!! E quem disse que a gurizada tinha medo dele?
O velho do saco; o homem que joga papel de bala no chão; o vilão com uma arma tecnológica revolucionária chamada ventilador (x_x); um maluco vestido com roupa de Kamen Rider que derruba as pessoas sem sequer tocar nelas; um barbeiro débil-mental; um pai que sequestra o próprio filho pra casar com a Patrine; ameaçadores bandidos que usam estilingues (!!!); almas penadas que se cobrem com lençóis; um homem com um saco de palha na cabeça que obriga suas vítimas a comer feijão azedo (@_@)… Isso é só um pouco das ameaças que a heroína precisa encarar na sua luta diária.
Não bastassem esses tipos estranhos, Patrine ainda tinha uma detetive machona na sua cola (a detetive Honda) que era mãe de um dos amigos de seu irmão (Hideki). A pivetada se encanta com a heroína e resolve fundar o “Clube Patrine” – que mais atrapalha que ajuda a heroína. A patota se resume a entrar em alguma enrascada pra ter desculpa pra Patrine aparecer. A heroína podia se disfarçar em qualquer pessoa (pensando bem, quase todas as Magical Girl’s podem… Esses japoneses são muito criativos… É o efeito Kurumada no ar…). Sem contar a frase de efeito que não pode faltar em nehum tokusatsu. No caso, ela se apresentava dizendo: “Lutarei enquanto existir amor. Até o fim da minha vida. Estrela Fascinante: Patrine!”. Se não bastava, durante a “ação” (Essa série tem isso? Onde? :P) ela ainda metralhava: “Mesmo que (citava algum órgão/entidade que combate o que o vilão está fazendo) o perdoe, eu, Estrela Fascinante Patrine não o perdoarei. Jamais!”. Ui que meda!
Na metade da série surge o “grande vilão”: O Diabo do Inferno. Agora me digam uma coisa: Quando você já ouviu falar de um Diabo no Céu?! O estranho ser usa uma máscara de carnaval, batom preto, um chapelão e sobretudo e trepa num banquinho pra ficar com 3 metros de altura. Obviamente que você pensa que o objetivo do Diabo é conquistar a Terra. Errado! O Diabo Imperador do Inferno quer conquistar o espaço sideral x_x. Por acaso ele já ouviu falar em foguete? Quando o Diabo surge, Patrine ganha o reforço da Pequena Patrine na luta contra o mal (luta?!).
A versão pokemongo da heroína usa a mesmíssima fantasia da Patrinona só que no lugar da adaga fálica (que desenha um P, que nem o Zorro faz um Z) a garotinha tem um bastãozinho-espada que parece apetrecho da Sailor Moon. Ao mesmo tempo em que surge a Pequena Patrine, a Patrinona ganha um novo bagulho transformativo que deve ter vendido feito água nas lojas de brinquedo. Aliás, tudo que ela usa é descaradamente de brinquedo. A identidade secreta da Patrininha é a irmã de Sayuri. Ambas escondem o segredo uma da outra, mas só mesmo duas tontas pra não notar uma coisa tão óbvia – ou o Bulk e Skull não sacarem quem são os Rangers transformados berrando o nome deles civis… Enquanto a Patrinona luta empurrando os outros (sim… Não tem porrada! Tem empurrão, sopro, cascudo…), a Patrininha lança mão de magias que faz aparecer por encanto coisas como dentaduras voadoras gigantes de isopor (x_x).
O final da série (inédito no Brasil) mostra o Diabo do Inferno capturando a mini-heroína e a levando pro seu esconderijo – que você deve pensar que é o Inferno, por razões óbvias, né?. No “Inferno” (um galpão sujo com restos do material da produção, luzes piscantes e gelo seco) a pequena Patrine é possuída por uma pedra de carvão embebida em álcool acesa (cruzes! Chamavam isso de espírito do inferno x_x) e vira uma Dark-Patrininha – com uma maquiagem de fazer inveja ao Bozo. Sem controle de seus poderes, ela explode o esconderijo do Diabo (o inferno O_O) e parte pra cima da Patrinona. Antes disso, o Diabo todo assustado aparece pra Patrine e revela que Tomoko é a Pequena Patrine. Patrine não consegue lutar direito contra sua irmãzinha cosplayada e então usa a artimanha mais cretina do mundo: faz aparecer uma taça de doce-de-feijão o que faz com que a “Dark-Patrininha” tenha flashbacks. Sacando sua adaga-consolo (huahuah) Patrine expurga a pedra de carvão de dentro da irmã e esta vai pra dentro do Diabo. Descontrolado, ele parte pra cima das meninas que resolvem entrar dentro dele (O_O) pra acabar com o mal usando seu raio duplo de amor.
Pedrinha de carvão vencida, o Diabo é então exposto ao carrossel encantado da Patrine (um apetrecho descarado que a Patrine ganha no decorrer da série que toca uma musiquinha e deve ter vendido horrores) que faz o vilão se lembrar do passado… Ei… Peraí. O Diabo tem passado? Em Patrine sim! Ele lembra de quando era criança (X_X) e queria ser batedor de… SINO! Sim… O Diabo virou o imperador do inferno porque sua mãe não deixava ele bater uma panela quando ele era criança. Bizarro?! É que vocês não viram o diabinho com uma máscara de carnaval e quimono… No final, as meninas revelam a identidade uma pra outra e ficam chorando pois, o Deus Protetor ameaçou transformá-las em um sapo e numa lagosta caso fizessem isso. Mas nada acontece e um estranho tipo aparece se dizendo enviado do Deus Protetor e tira os poderes encantados das garotas. No final todo mundo vai bater um sino gigante anunciando o ano novo. Ah… Adivinha quem era o batetor oficial do sino? O DIABO!
Patrine no Japão
Com uma produção bem pobre (as roupas do Diabo parecem ter saído de um brechó qualquer), atores canastras (embora o elenco principal até convença e algumas figuras ilustres do tokusatsu façam pontinhas vergonhosas) com um certo ar de subnutrição (os vilões deviam ganhar de cachê um copo de leite) e roteiros que parecem ter sido escritos por alunos da APAE, Patrine fez um grande sucesso (!!!) e resgatou o gênero das Magical Girls (heroínas com poderes mágicos) de volta à moda no Japão. Parte do sucesso (no caso com o público masculino) se devia ao fato de toda hora a heroína mostrar a bunda. Sim sinhô! No meio dos saltos toda hora a baranga mostrava a buzanfa. Lembram da Diana de Spielvan? Mais ou menos aquilo…
Segundo “lendas”, foi Patrine que inspirou a desenhista Naoko Takeuchi a criar a Sailor V que posteriormente teria um “upgrade” e se transformaria na internacionalmente conhecida Sailor Moon. A atriz principal da série estrelou diversos comerciais e aproveitou seus 15 minutos de fama do jeito que pôde, inclusive tornando-se cantora (não deve ter saído do primeiro disco XD). Como parece ser sina de toda atriz de toku (da mesma forma que ex-BBBs), a protagonista acabou fazendo “ensaios sensuais” alguns anos mais tarde. Depois de Patrine, outras heroínas igualmente toscas surgiram na tevê como uma tal de Totomes (com visual egípcio). Devido ao sucesso das bugigangas na Terra do Sushi, eis que o senhor Toshihiko Egashira (o homem que trouxe Jaspion e Changeman para o Brasil!) teve uma brilhante ideia…
A nova rainha dos baixinhos?
Foi essa a frase de marketing cretina que o senhor “Toshi” usou pra tentar chamar atenção de alguma forma pro seu novo enlatado japa que comprara no começo dos anos 9,0 e que pensou que fosse virar sensação do mesmo jeito que no Japão. Sua intenção era fazer da Patrine “um novo Jaspion” (comercialmente falando) e entre os planos do homem, tinha até um “circo-show” da Patrine (imagine a bagaça ao vivo lutando contra um chinês abilolado fazedor de pastéis de vento?!).
Ironicamente, um dos “sócios” de Toshi na época (o dono da empresa de brinquedos Glasslite) não foi com a cara do programa (Juuuura? Por que será, né?) e preferiu que Black Kamen Rider fosse trazido ao invés da baranga. Teimoso, Toshi apostou na Patrine, mas teve de ver sua heroína dos sonhos ficar na gaveta até meados de 1993, quando a Manchete finalmente topou pegar a série junto com Winspector. Usando como chamada de propaganda a tosca frase “Ela é uma menina super especial, com poderes que você nunca imaginou, e vai ser sua melhor companheira pra viver grandes aventuras”, Patrine ganhava seus primeiros comerciais no começo de 1993. A intenção era estrear a série em abril daquele ano, no programa Clube da Criança da dublê de atriz Milla Cristy (lembram como ela era tosca?) mas alguma coisa aconteceu (crise da Manchete? Ou viram como a coisa era ruim?) e a estreia só ocorreu no segundo semestre no matinal Dudalegria.
A audiência da série não atingiu o público alvo (qual menina ia querer assistir aquilo? Sua irmã via? Xiii deve estar sequelada…) e um monte de produtos ficaram encalhados à espera de distribuidores pagarem por licenças comerciais pro senhor Toshi. Apenas duas empresas de vídeo se arriscaram a lançar episódios soltos, mas a continuidade era totalmente avulsa. Bizarramente, uma empresa (a Arco-Íris Vídeo) chegou a lançar mais de 10 fitas (!!!) da série. Segundo lendas urbanas, o dono da empresa surtou e abriu uma empresa imobiliária chamada Patrine Imóveis. Assim, às vezes você pode passar por alguma casa vazia e ver uma plaquinha sinistra escrito “Patrine vende”. Eu já vi! Uma outra lenda diz que a Xuxa ficou tão traumatizada ao ver o “subtítulo” da série, que desapareceu da tevê um tempo e nunca mais conseguiu voltar a ser a estrela que foi nos anos 80 (com suas ombreiras malignas) XD.
A dublagem feita nos estúdios da Windstar (que faliu depois que dublou a série) escalou um elenco bacaninha. A heroína ganhou a voz de Marli Bortoleto (a Sailor Moon da primeira fase que passou na Manchete), que deu uma sobrevida impressionante na interpretação capenga da atriz. O veterano dublador Emerson Camargo (o National Kid!) dublou o pai da heroína e a irmãzinha da Sayuri (e Pequena Patrine) ficou com a voz de Angélica Santos (o Cebolinha da Turma da Mônica!). A coisa mais bizarra do mundo envolvendo Patrine no Brasil foi o tema de abertura e encerramento da série. A cantora com voz fanha simplesmente tornava a letra em determinados momentos indecifrável!
Musa Trash
A série era um horror, uma atrocidade, um descaso com os telespectadores, um insulto, um… Ei, mas era legal! Quando eu assistia ainda era criança e eu não via tantos defeitos e me apaixonei por ela. Talvez essa seja uma virtude das crianças: não verem os defeitos que adultos babões como nós vemos. Sucesso no Japão, motivo de piada aqui desse lado, Patrine se tornou involuntariamente “cult” e passados mais de 15 anos de seu lançamento, ainda tem gente que se lembra com carinho de tanta capenguisse. Como uns certos redatores do JBox. =D
Checklist Episódios
01 – A Enviada Por Deus
02 – A Super Policial Feminina
03 – A Misteriosa Escola Particular
04 – O Espírito de Napoleão
05 –
06 – O Estranho Babeiro
07 – Não Sou Ídolo
08 – O Drama de Um Parlamentar
09 – A Super Voz
10 – A Faixa Milagrosa
11 – A Fábrica Clandestina de Fiação
12 – O Filho do Presidente
13 – A Indústria de Dinheiro Falso
14 – O Apito Misterioso
15 – A Volta do Dr. Jonny
16 – O Protetor
17 – O Fugitivo
18 – O Desaparecimento da Flâmula de Cappa
19 – A Arma Nova
20 – A Caixa de Música
21 – A Super Energia
22 – A Princesa de Aparella
23 – A Casa dos Pensamentos
24 – A Casa de Pensamentos
25 – O Ataque aos restaurantes
26 – Devolva Minha Energia
27 –
28 – A Namorada do Guerreiro
29 – A Trama Diabólica
30 –
31 –
32 –
33 –
34 –
35 –
36 – A Misteriosa Motoqueira
37 –
38 –
39 –
40 –
41 –
42 –
43 –
44 – O Manhoso
45 – A Benzedura
46 – O Sanduiche Respeitado
47 – O Tesouro da Princesa
48 – A Namoradinha
49 – Por um dia de Investigação
50 – Tragédia de Natal
51 –
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