dangumanwha

Bem, antes de falar propriamente da obra, sinto a necessidade de falar um pouco sobre os Manhwas em si. Como é sabido, Manhwa é como os coreanos chamam seus quadrinhos. São imensamente influenciados pela cultura japonesa devido a questões históricas. Mas existem diferenças importantes entre os dois. Ao contrário dos mangás, os manhwas ainda estão numa fase de consolidação.

Existem cerca de 4 grandes editoras coreanas, um número ridiculamente pequeno. Influenciados por essa fragilidade, os manhwas, especialmente os voltados a públicos masculinos, têm roteiros inconstantes e mutantes que não raramente terminam em cancelamento. Vale a pena lembrar de Ragnarok, Chonchu e Priests, todos parados com cara de morte.

Por causa disso as histórias podem mudar totalmente de rumo do nada, chegando a matar protagonista e continuar com algum outro personagem. Outra característica infalível é a presença de demônio, maldições, eras medievais ou feudais e seres fantásticos. É impressionante como quase todo o manhwa usa a mesma receita. Por último, outra mania coreana é começar uma história do meio. Você passa alguns capítulos vendo lutas e histórias sem saber que diabos está acontecendo, quem são eles, de onde vieram e o que são. Nem preciso dizer que flashback é utilizadíssimo, né?

Por que estou falando sobre isso? Bem, todos os 3 manhwas lançados pela Conrad se encaixam nessas situações descritas acima. Vejam por si mesmos:

Spolier: Dangu começa num deserto, numa era medieval de guerreiros, reinos e grandes generais. Você descobre que os dois personagens vieram da capital e estão ali numa missão, além disso, um deles é um manshin chamado Yarang, o outro chama-se Batu. Fim do capítulo 1. Eles sendo atacados, cap 2. Eles fugindo, cap 3. Flashback sobre o motivo de eles estarem na missão, além de descobrir que ambos criam uma criança manshin, fim do cap 4. O manshin mostra o que é e luta, enquanto o outro foge para proteger a criança do “caçador de manshin”, cap 5. O manshin luta e morre, cap 6. No último, Batu se aposenta do exército para cuidar da criança, o assassino de Yarang é revelado. Fim do Spoiler.

Ai você pensa, nossa que spoiler, quero matar a Allena! Pois é, mas advinha o que acontece agora? O resto dos volumes, aparentemente, é sobre o gurizinho manshin. A história não começou, é só o passado que influenciará o menino. Ou seja, depois de ler 1 volume, não faço idéia do que é a história que realmente vai gerar os 9 volumes e que foi digna de ganhar o prêmio de “Melhor Manhwa do ano” de 2006. Nem fui dignamente apresentada ao verdadeiro protagonista. A própria Dark Horse, editora que licenciou nos Estados Unidos, lançou um resumo que conta toda a história do volume 01.

Já o resumo da Conrad diz: “Eles são os maiores guerreiros de Kugai. As forças da natureza os tornaram mais poderosos que qualquer ser humano. Mas o governo de Kugai quer exterminá-los, guiado por razões obscuras. E não medirá esforços para isso. Agora esses guerreiros terão que lutar contra diversos inimigos e enfrentar inúmeras adversidades para sobreviver à caçada promovida pelo governo.”.

“Eles” deve se referir aos manshins. Segundo o fim do mangá, esses manshins são espécies de xamãs.  O governo de Kudai quer matá-los, spooooiler, quem será que foi o responsável por matar o mashin no vol 1? Então o moleque será perseguido pelo governo por causa de sua “maldição” de nascença? Eu já vi isso antes…

Vou ter que esperar a Conrad lançar o volume 02 e descobrir qual a história… Que situação bizarra. Mas deixando minhas frustrações de lado, o traço do autor é bem peculiar, particularmente estranhei um pouco, mas tem o seu charme.

Dangu tem 9 volumes no total, já finalizado por lá, lembrando que a informação passada pela editora antes estava errada. Foi escrito e desenhado por Park Joong-Ki. No EUA foi lançado como “Shaman Warrior”. O nome do quadrinho também pode ser escrito como Dangoo e o autor como Park Joong-Gi, além de “Yarang” poder ser escrito “Yarong” (que é o nome usado pela Dark Horse).

Para os curiosos, a romanização da língua coreana é muito complicada. Os fonemas deles são 100% distintos dos nossos ocidentais. Sendo assim existe uma grande divergência na melhor forma de se transcrever, gerando essas duplas possibilidades (às vezes muito mais de dois), como as acima. Outro exemplo básico é o “manhwa” e o “manwha”.

Continuando, segundo a Conrad, Dangu é um dos 5 manhwas mais vendidos na Coreia. Quanto ao trabalho da editora, está bem traduzido e revisado.  Só deveria ter sido colocado algumas notas, como o que é “Manshin”. Numa versão de scanlator, encontrei que “manshin” significava aquele que foi escolhido por Deus, em outro que significava um xamã de alto nível. Mas não tenho certeza da verdadeira tradução.

Já edição, só tenho uma ressalva quanto à mania infeliz da editora usar uma única fonte para quase tudo, inclusive para as onomatopeias. Já a impressão está em páginas bancas, capa mais dura e… Páginas coloridas! Mas não são páginas como as da Savana, que são coloridas em papel branco. A Conrad usou duas folhas daquele papel brilhante de aspecto plástico! No original teve duas capas, ambas muito bonitas, uma pena que apenas uma tenha sido usada, além disso, haviam 5 páginas coloridas no original, na versão da Conrad apenas 4. Uma pena…

O único problema da impressão (que pode ser também culpa do letrista) é que uma das falas ficou comida de leve pelo corte do papel. Pode ser que só uma ou outra impressão esteja assim, mas não deixa de ser um perigo, ter balões cortados fora não é uma coisa muito legal…

Cada volume custa 12,90, como 14 x 21 cm e 208 páginas. Conta também com uma página extra ao fim sobre os xamanismo e a influência deste na obra. É indicado para maiores de 12, por causa das cenas de violência e membros voando para todo lado.

Fora isso, aguardo o volume 2 para ter alguma opinião…

Título: Dangu
Editora: Conrad
Autore: Park Joong-Ki
Formato
: 14 x 21 cm, Volume 1 de 9 – 208 páginas.
Preço: R$ 12,90