Existem certas figuras da cultura pop mundial as quais todos conhecem tais como Superman, Batman, King Kong et cetera. Naturalmente, para nós, ocidentais, a maior parte dessas figuras é Estadunidense (algo muito estudado por sociólogos, mas que não vem ao caso), entretanto existem algumas fortes o bastante para superarem a barreira cultural e se tornarem ícones mundiais.

E talvez o maior de todos os ícones provenientes do Japão seja uma criação colaborativa de  Ishiro Honda (que dirigiu clássicos como King Kong Escape, Mothra, Atragon e Dreams, esse último em colaboração cm Akira Kurosawa) Tomoyuki Tanaka (que entre outras coisas, foi o produtor de Kagemusha, também de Kurosawa) e Eiji Tsuburaya (a mente por trás da franquia Ultra). Falo de nada menos que Gojira, ou, como o conhecemos no Ocidente, Godzilla.

O Nascimento de um Monstro
Era a década de 1950. A Segunda Guerra Mundial terminara há pouco e o mundo ainda sofria as consequências do conflito. Enquanto os espólios da guerra eram divididos entre o bloco Capitalista e o bloco Comunista, o Japão se via numa situação inédita. A instalação de bases americanas no território nipônico e toda a invasão Ocidental no arquipélago traziam um sentimento confuso ao povo daquela nação tão fechada e impediam com que fosse anuciado o medo de que tudo se repetisse.

Mas entre todas as tragédias da guerra, nenhuma marcou mais o Japão – e todo o mundo – que o bombardeio de Hiroshima e Nagasaki, o primeiro ataque com armas atômicas da história da humanidade. O terror atômico surgido naquela época se estende até hoje e chegou ao seu ápice no evento que ficou conhecido como “Crise dos Mísseis de Cuba”. O poder destrutivo do novo tipo de arma e seus efeitos a longo prazo despertavam o fascínio e o medo em toda a população mundial.

Nesse contexto de violência e pavor, começam a surgir diversas obras retratando monstros gigantes criados pelos efeitos da radiação. Uma das obras mais conhecidas desse período é The Beast of 20000 Fathoms, cuja história sobre um dinossauro despertado por testes nucleares serviu de inspiração para criação de um outro monstro.

Nessa época, Ishiro Honda, um diretor iniciante que havia sido assistente do célebre Akira Kurosawa, decide criar um retrato fantástico de todo o medo daqueles tempos. Honda, mais do que ninguém, entendia o terror da guerra, pois servira o exército japonês no período.

Por quase toda sua vida, ele trabalhou para a Toho, e foi lá que conheceu o produtor Tomoyuki Tanaka e o gênio dos efeitos especiais Eiji Tsuburaya. Juntos, eles desenvolveram o conceito de um filme muito similar a The Beast of 20000 Fathoms, porém inspirado por um evento real no qual um barco pesqueiro japonês foi contaminado por testes nucleares americanos. O filme seria um dos mais complexos já feitos até então pela indústria nipônica, o que os obrigou a tomar diversas medidas para garantir o sucesso da película.

Após vários e vários testes, filmagens e modificações, em 3 de Novembro de 1954 é lançado no Japão Gojira. A obra que encarnava num monstro gigante todo o horror das armas atômicas se tornou um sucesso, sendo um dos primeiros filmes nipônicos a serem lançados na Coréia (país que, por diversas razões históricas, possui uma forte aversão à cultura japonesa) e Ocidente, sendo lançado nos Estados Unidos dois anos após sua estreia original. Elogiado pela crítica e pelo público por seus efeitos especiais inovadores (a técnica de usar pessoas vestidas em roupas de borracha e maquetes para se criar a sensação de gigantismo se tornaria muito popular, dando origem ao gênero conhecido como Tokusatsu) e enredo inteligente. Tamanho foi o sucesso que, no ano seguinte, 1955, foi lançado Gojira no Gyakushu, conhecido internacionalmente como Godzilla Raids Again.

Com isso se iniciava uma das maiores franquias cinematográficas do Japão.

 A Era Showa
Com o sucesso do Godzilla original, a Toho decidiu tentar fazer uma continuação para a obra clássica. Dirigido por Motoyoshi Oda, o segundo filme da franquia Godzilla foi um sucesso de bilheteria tão grande quanto o primeiro. Por outro lado, a recepção crítica da fita foi majoritariamente negativa. Dentre os diversos fatores negativos apontados pela mídia especializada estavam o roteiro mais infantilizado e o abandono da metáfora que fora o primeiro filme. Godzilla Raids Again narrava o retorno do monstro titular e sua batalha contra outra criatura pré-histórica, Anguirus.

Após o resultado negativo de Raids Again, a franquia entrou em um hiato de sete anos, retornando apenas em 1962 com o inesperado Godzilla vs King Kong. Nesse interim, diversos outros filmes que retratavam monstros gigantes foram lançados, dando origem ao gênero conhecido como Kaiju Eiga (literalmente, “Cinema de Monstro”). Dentre os expoentes desse período inicial tivemos Rodan, em 1956 e Mothra, em 1961.

O retorno de Godzilla em 1962 aproveitava-se da popularidade de que desfrutava King Kong entre o público nipônico para tentar relançar a franquia do dinossauro radioativo. A estratégia deu certo e, a partir daí, a cada novo filme, o Rei dos Monstros era colocado para enfrentar algum monstro.

A chamada Era Showa se estendeu até 1975, com seu último filme sendo Terror of Mechagodzilla. Caracterizado pelos roteiros simplórios típicos às ficções científicas da década de 1950, esse período criou grande parte da mitologia da franquia, dando vida a ícones da série como o dragão de três cabeças King Ghidorah, a versão robótica de Godzilla criativamente chamada de Mechagodzilla e o infame Minilla, o “filho” de Godzilla.

Nesse período, diversos diretores passaram pela franquia entre eles Jun Fukuda, que fez Son of Godzilla e Ebirah: Horror of the Deep. Ishiro Honda também retornou algumas vezes à cadeira de diretor, sendo responsável pelos clássicos Godzilla vs Mothra (conhecido no ocidente como Godzilla vs The Thing) e Godzilla vs Monster Zero, sendo o primeiro considerado o melhor de todos os filmes da franquia por alguns fãs.

Infelizmente, o fracasso de Terror of Mechagodzilla, um dos poucos a vender menos de um milhão de ingressos, enterrou outra vez a série, dessa vez por quase uma década.

 

Era Heisei
Em 1984, o Godzilla original completava 30 anos. Para comemorar a data, a Toho decidiu lançar um novo filme do monstro lendário. A nova obra, intitulada simplesmente como Godzilla no Japão e The Return of Godzilla no Ocidente, ignorava todos os seus antecessores, exceto o filme original, iniciando assim a segunda cronologia da série. O filme que tratava da ameaça do retorno de Godzilla em meio à Guerra Fria contava com um roteiro mais sério e apresentava um monstro mais próximo de sua encarnação original. A fita recebeu ampla aceitação pública, rendendo quase o dobro de seu custo. Com isso, ressurgia o Rei dos Monstros.

O próximo filme da série, lançado cinco anos depois, foi Godzilla vs Biollante. A trama girava em torno do roubo de células do Godzilla que desapareceu num vulcão no filme anterior e de uma conspiração internacional para o desenvolvimento de uma bactéria capaz de consumir energia nuclear. O filme foi o primeiro a apresentar uma das mais importantes personagens humanas da franquia, a telepata Miki Saegusa (Megumi Odaka).

Com um roteiro sério e um Godzilla mais animalesco que seus antecessores, o filme é considerado pelos fãs um dos melhores da Era Heisei, embora não tenha conseguido alcançar tanta bilheteria quanto seu antecessor. O longa era também mais gráfico, algo que se provou bastante eficaz em atrair o público desde que a Daiei lançou sua própria franquia de Kaiju Eiga, Gamera, cujos filmes contavam com um foco infantil, mensagens de amizade e altruísmo e uma dose insana de desmembramentos, decapitações e sangue falso.

Em 1991 foi lançado Godzilla vs King Ghidorah. Esse foi o primeiro filme da Era Heisei a utilizar o tema musical do filme original, composto por Akira Ifukube.

Nos quatro anos seguintes são lançados filmes da franquia: Godzilla & Mothra: The Battle for The Earth, em 1992, Godzilla vs Mechagodilla 2 (que marca o retorno do filho de Godzilla), em 1993, Godzilla vs Spacegodzilla, em 1994, e, finalmente, Godzilla vs Destoroyah, em 1995.

Com Godzilla vs Destoroyah, a Toho pretendia finalizar a franquia pelo menos até seu aniversário de 50 anos, em 2004. O filme tratava da eventual morte de Godzilla, ocasionada pelo excesso de energia nuclear absorvida por seu corpo e a destruição do planeta que ocorreria devido à liberação de tamanha quantidade de energia. Ao mesmo tempo, um cientista desenvolve uma tecnologia capaz de consumir o oxigênio do ambiente, algo muito similar ao Oxygen Destroyer, a arma que matou o Godzilla original.

Surge também um novo monstro, Destoroyah, que se acredita ser o resultado do contato entre o Oxygen Destroyer e uma colônia de artrópodes pré-históricos. Considerado por muitos o melhor filme da franquia desde o original, Godzilla vs Destoroyah concluía a saga dos Rei dos Monstros e teria sido realmente o a ultima entrada na série não fosse um certo ocorrido…

 

O caso do “Godzilla Estadunidense”
Vendo o poder da franquia Godzilla em todo o mundo, a Columbia TriStar Pictures (Sony) adquiriu os direitos para fazer uma refilmagem do filme original. Visto desde o início com desconfiança pelos fãs, o filme é, em geral, desconsiderado da cronologia da série e criticado por suas diversas adaptações quanto à criatura original, pela perda do teor crítico e pelo abandono de características essenciais dos filmes japoneses.

Dirigido por Roland Emmerich (Independence Day, O Dia Depois de Amanhã, 2012), o filme se passa em New York e segue um especialista em mutações por radiação, Niko Tatopoulos (Matthew Broderick), e sua ex-namorada aspirante a jornalista, Audrey Timmonds (Maria Pitillo, que ganhou a Framboesa de Ouro de pior atriz coadjuvante por esse papel), em suas respectivas investigações sobre uma criatura gigantesca que surge depois de ser afetada pela radiação de testes nucleares franceses (malditos franceses!).

Atingindo um grande sucesso de bilheterias, o filme rendeu um desenho animado de 40 episódios exibido entre 1998 e 200, considerado por muitos fãs a única coisa boa vinda do filme de Emmerich (além da aparição do monstro em Godzilla: Final Wars, claro). Essa animação chegou a ser exibida no Brasil pelo Cartoon Network e Globo.

Com um Godzilla assexuado, sem os poderes atômicos inerentes à criatura original e morto pelas forças americanas, nem a Toho nem os fãs se conformaram com a obra, um caso parecido com o que ocorreria 12 anos depois com o lançamento de Dragon Ball Evolution (apesar de que o filme do Godzilla é melhor…). Tanto foi que o gancho para continuação deixado no final da produção americana jamais foi utilizado (ao menos não por enquanto) e a Toho decidiu ressuscitar seu monstro mais cedo do que o esperado.

 

Era Millenium
Final do século XX. Após o fracasso da adaptação americana de sua maior franquia, a Toho decide trazer ela própria Godzilla ao novo século. Retomando a seriedade (relativa) e a violência da série Heisei e adicionando ainda mais aos aspectos militares da existência de um monstro gigante, Godzilla 2000: Millenium é um marco na filmografia do Rei dos Monstros.

O filme dirigido pelo veterano Takao Okawara foi lançado em 1999 e narrava a história da Rede de Predição a Godzilla, um grupo independente formado por duas pessoas (que logo se torna três) cujo objetivo é prever quando o monstro titular irá aparecer. Ao mesmo tempo, o governo japonês desenvolve armas para tentar destruir a criatura e um OVNI cai em Tóquio (como sempre…).

Continuando a tendência de ignorar todos os filmes anteriores, exceto o original, Godzilla VS Megaguirus, dirigido por Masaaki Tezuka, estreou em 2000 e conta com o que é, possivelmente, a trama mais próxima dos filmes da era
Showa desde o início da Era Heisei. Tudo começa quando uma arma experimental capaz de disparar mini-buracos negros abre um buraco de minhoca pelo qual uma nuvem de libélulas pré-históricas escapa e ataca Tóquio. Com algumas cenas verdadeiramente bizarras (como o “pilão” desferido por Godzilla contra Megaguirus) e uma quantidade abissal de erros de física, esse foi considerado o pior filme da Era Millenium (ao menos até o lançamento de Final Wars).

No ano seguinte foi a vez de Godzilla, Mothra e King Ghidorah: Giant Monsters All-Out Attack chegar aos cinemas japoneses. Com um Godzilla não mais nascido da radiação resultante de armamentos nucleares, mas da fusão das almas de todos aqueles que morreram na Segunda Guerra e foram esquecidos (oi?), o filme trazia uma temática inédita à série: a integração do Rei dos Monstros à mitologia Japonesa.

Em GMK, Mothra, King Ghidorah e Baragon são os três Grandes Guardiões do Japão, criaturas que deveriam surgir quando uma grande ameaça se abatesse sobre a Terra do Sol Nascente. O trabalho do experiente Shusuke Kaneko foi notável pelo seu foco muito mais humano, algo presente desde a trilogia Heisei de Gamera, a qual ele dirigiu. O filme foi elogiado por seu aspecto visual e retomada de temas da obra original. Por outro lado, muitos fãs criticaram a abordagem dada aos Três Guardiões, algo que pode ser explicado por um fato simples: originalmente os Três Guardiões seriam Baragon, Varan e Manda. A escolha de usar King Ghidorah e Mothra foi puramente comercial.

Os dois próximos filmes adaptavam outra característica importante da franquia: Mechagodzilla. Godzilla Against Megachodzilla e Godzilla Tokyo S.O.S. traziam uma nova abordagem da criatura clássica. Ao invés de uma máquina alienígena, Kyriu (japonês para “dragão de aço”) era uma arma das Forças de Autodefesa Japonesas criada a partir do esqueleto do Godzilla original. A duologia focada no tema do respeito ao passado, à vida e à natureza é considerada o auge da Era Millenium em todos os seus aspectos. O final de Tokyo S.O.S. é uma grande homenagem a toda a importância da franquia Godzilla qual o foi o final de Godzilla Vs Destoroyah e teria sido um final digno para o Rei dos Monstros.

Mas o ano seguinte seria o aniversário de 50 anos de Godzilla e naquele ano surgiria o mais controverso filme de toda a franquia.

Godzilla Final Wars
Há muitos anos o Kaiju Eiga vinham perdendo força entre o público japonês. Gamera, a franquia diretamente rival a Godzilla, não recebia atenção desde 1999 e a franquia Mothra (Rebirth of Mothra no Ocidente) conseguiu se sustentar por apenas três filmes. O interesse do público pelos gigantes de roupas emborrachadas só caía desde o advento da computação gráfica.  Após cinquenta anos e quase trinta filmes, era chegada a hora do Rei se retirar. Antes, porém, ele faria uma última aparição que honraria todo seu legado.

As Guerras Finais.

Com o maior orçamento da franquia, quase vinte milhões de dólares, o filme de Ryuhei Kitamura seria uma grande reunião de monstros. A trama adaptada do primeiro Godzilla VS Mechagodzilla, começa com uma batalha entre o Rei dos Monstros e o exército japonês, culminando no congelamento de Godzilla. Anos depois, o mundo passou por uma grande revolução tecnológica. Mutantes superpoderosos criados a partir de um gene alienígena são utilizados no lugar dos humanos como força militar e todo o mundo está organizado para o combate contra os monstros gigantes.

Durante uma expedição, um monstro mumificado é descoberto e a bióloga Miyuki Otonashi (Rei Kikukawa) é enviada para investigar o caso. Junto a ela vai o soldado mutante Shinichi Ozaki (Masahiro Matsuoka). Durante a investigação, eles são contatados pelas sacerdotisas de Mothra, as Shobijin, que revelam que aquela criatura é Gigan, um mal ancestral enviado para destruir a Terra e que logo despertará, pois uma grande guerra está por vir.

Ao mesmo tempo, diversos monstros surgem e começam a causar grande devastação ao redor do mundo. Todos os esforços das Forças de Defesa da Terra falham e a batalha parece perdida até que naves surgem e derrotam os monstros com extrema facilidade. Das naves saem alienígenas humanoides autodenominados Xiliens, que dizem querer integrar a Terra à uma união universal de planetas. Porém, Miyuki logo descobre que tudo é uma armadilha dos alienígenas para dominarem o planeta e que são eles quem estavam controlando os monstros. Começa então uma busca desesperada pela única criatura capaz de deter o plano de dominação dos Xiliens: o Rei dos Monstros, Godzilla.

O filme como um todo é uma amálgama de características de todas as Eras pelas quais passou a franquia Godzilla. Temos o enredo simples e óbvio da Era Showa, a interferência militar ativa da Era Heisei e os efeitos especiais da Era Millenium. Porém, o que tinha tudo para ser uma grande homenagem a um dos maiores ícones pop do mundo, transformou-se num grande e espalhafatoso circo.

Muito tempo do filme é gasto desenvolvendo as personagens humanas pouco interessantes ou os colocando em lutas chupadas de Matrix. O festival de bizarrices é indescritível. Monstros são derrotados por humanos em combates com mais piruetas do que golpes e o pior é que isso se estende às lutas de monstros, resultando em cenas como a em que a briga entre quatro criaturas se transforma num jogo de futebol cuja bola é Anguirus. Isso só não consegue ser pior que as sequências completamente desnecessárias focadas em Minilla, o infame filho de Godzilla.

As personagens, como dito, são pouco interessantes. A relação entre uma mulher e seu guarda-costas já foi explorada à exaustão pelo cinema e aqui não apresenta nenhum elemento novo. Mas o grande destaque negativo vai para o Coronel Douglas Gordon (Don Frye). Trata-se de um militar americano típico de filmes de ação que, por alguma razão, anda com uma katana e fala em inglês para um grupo de japoneses que respondem em japonês. Já não bastassem os diálogos ruins de Final Wars, esse uso de dois idiomas diferentes ao mesmo tempo torna tudo uma grande piada.

Por outro lado, algo que não pode ser negado é que as boas lutas de Final Wars são realmente muito boas. O embate final em meio à Tóquio destruída é climático, assim como o surgimento do inimigo final. Mesmo alguns combates entre os humanos conseguem ser interessantes e seriam ótimos de se assistir se não estivessem num filme de Godzilla, onde o que realmente interessa é ver monstros gigantes se matando. Com o cérebro desligado, as bizarrices se tornam divertidas, assim como eram na Era Showa. Homenagem? Talvez.

A recepção do filme foi dividida, com alguns fãs expurgando-o da franquia e outros elogiando as inovações por ele adicionadas. Mas, independente disso, ele não foi bem nas bilheterias, sendo o filme a dar mais prejuízo para a franquia em toda sua história, algo em muito devido ao seu orçamento ridiculamente alto para uma produção do gênero. Tanto exagero tirou o que havia de realmente interessante nos filmes Kaiju Eiga: a maneira simples e sóbria como o poder das criaturas era demonstrado.

Seria esse o fim para o Rei dos Monstros?

 

O Legado do Rei
O fim da franquia Godzilla marcou o fim de toda uma era. Em 2006, a Daiei tentou ressuscitar a série Gamera com Gamera: The Brave, porém o filme recebeu uma recepção amena que não lhe valeu uma continuação. Atualmente, o Kaiju Eiga encontra-se morto no Japão, salvo pelas aparições das criaturas nas séries da franquia Ultra ou em Super Sentais. Mas se o mercado japonês desistiu do gênero, o mesmo não se pode dizer do resto do mundo.

Mesmo com as imensas críticas ao filme de Roland Emmerich, a Toho nunca deixou de desejar um filme de alto orçamento de seu mais célebre ícone. Inicialmente, um projeto de um filme em IMAX 3D foi proposto e teria sido lançado em 2009, dirigido por Yoshimitsu Banno, de Godzilla VS Hedorah. Porém, Godzilla VS Deathla, como seria chamado o filme, foi cancelado em favor de outro projeto, proposto pela Legendary Pictures. O filme anunciado para 2012 contará com roteiro de Max Borenstein (Swordswallowers and Thin Men) e direção de Gareth Edwards (Monsters). A revelação oficial ocorreu na Comic-com 2010 e desde então muito pouco foi dito.

As homenagens ao Rei dos Monstros ao redor do mundo são incontáveis. Bandas nomeadas segundo ele, filmes inspirados por sua franquia, brinquedos, livros e tantas outras coisas que seria impossível listar aqui. Até mesmo a Marvel Comics lançou uma linha especial baseada no personagem (e como sempre fez inúmeras bizarrices com ele…).

Em 2004, em comemoração aos seus cinquenta anos, Godzilla recebeu uma estrela na calçada da fama, uma homenagem merecida para uma das figuras mais importantes da cultura popular mundial.

Seja como metáfora da destruição atômica, símbolo do poder da natureza ou mesmo como uma maldição imposta pelos Deuses ao homem, Godzilla é a epítome do caos e da destruição, uma força que o homem criou e que não pode destruir e que estará para sempre no coração de todo fã de tokusatsu, cultura japonesa ou cinema em geral.

E vida longa ao Rei!