“Deixe-me contar a história de um certo homem. A história de um homem que, mais que qualquer outra pessoa, acreditava em seus ideais, e por eles foi levado ao desespero”
Fate/Stay Night é, sem dúvidas, uma das franquias baseadas em Visual Novels mais bem sucedidas da atualidade. Vários spin-offs surgiram a partir da obra original, desde a continuação-de-certo-modo Fate/Hollow Ataraxia até o interessante mangá Fate/kaleid liner PRISMA ILYA. Dentre esses spin offs está um que alguns consideram maior até que a obra original: Fate/Zero.
Baseado na Light Novel homônima escrita por Gen Urobuchi (Mahou Shoujo Madoka Magica, Phantom: Requiem for the Phantom, Saya no Uta), Fate/Zero conta a história da Quarta Guerra do Santo Graal, um combate entre Sete Magos controlando sete Espíritos Heroicos pelo direito de obter o Santo Graal, um artefato capaz de realizar qualquer desejo.
Lutando nessa guerra está Kiritsugu Emiya, o Matador de Magus, um homem cuja vida foi dedicada a matar pessoas para evitar catástrofes. Nessa guerra, porém, está também Kirei Kotomine, um membro da Igreja que busca sua razão de ser. E é o conflito entre esses dois homens irá definir os rumos da guerra.
Antes de mais nada, creio que uma coisa deve ser deixada clara. Apesar do questionável trabalho do estúdio DEEN no anime Fate/Stay Night, é impossível não apontar que adaptar uma Light Novel, uma mídia estática, é uma tarefa extremamente mais simples que adaptar uma Visual Novel, uma mídia interativa. Não que isso tire qualquer brilho do trabalho do Ufotable, mas fatos são fatos.
Aliás, na primeira coluna que escrevi para cá, tive a chance de falar desse que é um dos mais elogiados estúdios da atualidade. E, interessantemente, a equipe que trabalhou na adaptação de Fate/Zero conta com muitos nomes de peso que trabalharam também na adaptação Kara no Kyoukai.
Yuki Kajiuraretorna para fazer a trilha sonora de mais uma adaptação de uma obra da Type-Moon (a mulher está virando o John Williams da Type-Moon) e Ei Aoki volta ao Nasuverso após dirigir o primeiro filme de Kara no Kyoukai. Há outros nomes menos conhecidos como Seiji Matsuda na fotografia, mas isso é algo natural, afinal as equipes dos estúdios não mudam muito em tão pouco tempo.
Ainda assim, é interessante notar o número imenso de similaridades existentes na execução técnica de ambas as obras. A fotografia noturna, o brilho e os efeitos especiais são quase indiscerníveis de um anime para o outro. Tanto é que os backgrounds do décimo episódio de Fate/Zero poderiam ser utilizados tranquilamente em qualquer um dos filmes de Kara no Kyoukai e ninguém notaria diferença alguma.
Alguns efeitos especiais, especialmente o 3D usado nos prédios, também traz à mente a memória de Kara no Kyoukai, assim como alguns ângulos de câmera (o giro ao redor de dois personagens, a câmera que se aproxima de uma personagem…).
A trilha sonora de Yuki Kajiura também está bastante similar àquela de Kara no Kyoukai. Novamente, como se tornou sua marca desde Noir, temos coros femininos cantando em Kajiurago (entenda-se, falando um monte de palavras que, segunda a própria compositora, não têm significado algum), cordas psicóticas, cítaras, flautas e uma mistura esquizoide de romantismo alemão e pop pós-modernista experimental. Naturalmente, esse segundo fator estava mais presente em Kara no Kyoukai já que essa tratava de bipolaridades. Aqui o uso de instrumentos reais é maior, porém a marca não-generalista de Kajiura continua forte, como se vê em The Battle is to the Strong, o tema de batalha da série.
O tratamento visual também é ímpar com qualquer outro TV Anime. Da iluminação fenomenal à animação fluída e sempre precisa (exceto em alguns momentos…). Isso sem contar o fantástico uso do 3D que permitiu cenas como o belíssimo Ionian Heitaroi e o combate entre Rider e Archer. Tamanha é a qualidade da série que ela teve de ser dividida em duas temporadas para que o estúdio pudesse manter o nível até o final. Houve deslizes, é fato, mas no geral a execução técnica foi memorável. Exceto pelo Berserker.
Uma das grandes reclamações dos espectadores quanto à adaptação foi o visual estranho do Berserker. Feito totalmente em CG e coberto por uma névoa negra, sua movimentação e iluminação saltavam às vistas e se destacavam demais de todo o resto. Duas vertentes surgiram para tentar explicar isso. A primeira argumentava que tal efeito foi feito para simular as descrições do Servo feitas na Light Novel enquanto a segunda simplesmente defende que tal tática foi utilizada apenas para evitar usar gráficos 2D junto à névoa 3D, o que resultaria em algo visualmente ainda mais desagradável. Qual dos dois está certo, quem sabe?
AVISO: A partir daqui começam os spoilers. Se você não assistiu o anime, pare AGORA.
O maior mérito de Fate/Zero, ainda assim, é conseguir ser uma das melhores adaptações recentes. Houve, de fato, vários problemas com cenas cortadas ou reduzidas, chegando ao ponto de em alguns episódios a abertura e fechamento não serem exibidos e ainda assim material ficar de fora. O que se torna um grande problema numa obra como Fate/Zero, onde cada cena tem relevância para o todo.
O exemplo mais gritante foi o confronto entre Saber e Berserker, no final do anime. A luta, que na Light Novel carregava todo o peso emocional do combate entre Artur e seu mais leal companheiro e amigo, Lancelot, foi reduzida para que fosse mantido o foco no não menos importante combate entre Kirei e Kiritsugu. E apesar dessa ser a decisão mais acertada para termos de uma obra fechada, o combate dos Servos carregava mais peso para o universo de Fate, pois é o que acarreta as decisões de Saber em Fate/Stay Night.
Outras cenas, por outro lado, foram extremamente bem executadas, até melhor do que no material original, como toda a destruição da ilha onde Kiritsugu viveu quando criança (o que me fez querer mais ainda um anime de Tsukihime pela Ufotable, diga-se de passagem) e o belíssimo estrangulamento de Aoi por Kariya, um dos mais belos momentos de que me recordo num anime. Aliás, apesar de suas cenas de ação brilhantes, como o estonteante duelo aéreo entre Berserker e Gilgamesh, é nas cenas mais sentimentais que Fate/Zero se mostra grandioso.
Toda a história é uma série de tragédias que se juntam, de pessoas que arriscaram tudo por um objetivo e que mais e mais foram perdendo tudo. E quando os sentimentos extrapolavam e cada personagem perdia o controle de si mesmo, seus dubladores tratavam de fazer seus melhores trabalhos. O grito de Kiritsugu após derrubar o avião onde sua mãe adotiva/instrutora estava foi um choque tremendo, pois sequer parecia que era o mesmo dublador estoico que estava trabalhando até ali.
Joji Nakata, reprisando seu papel de Kotomine Kirei, mostra o porquê de ser considerado um dos melhores dubladores do Japão e ser chamado para tantos vilões (ele também é o Araya de Kaya no Kyoukai, o Nero de Melty Blood e o Wesker de Resident Evil). Ayako Kawasumi se entrega mais uma vez à Saber e dá vida à garota que abandonou seus sentimentos para se tornar rei e no momento final, após matar seu melhor amigo e ser comandada por seu mestre a destruir aquilo pelo que tanta lutara, é impossível não ter uma pontinha de dúvida se Kawasumi não É a própria Saber.
A maior parte do elenco estava excelente e os que não estavam ao menos fizeram um bom trabalho. Ajuda o fato de que todos já haviam passado por esse texto antes quando fizeram o Drama CD.
Mas nem toda a direção e nem toda atuação salvaria uma obra que não tivesse um roteiro bom o bastante para manter tudo unido. E aí Fate/Zero também se sustenta.
Embora não seja tão pessoal quanto Saya no Uta, é impossível não ver as marcas de Gen Urobuchi na obra (mesmo que boa parte das ideias, segundo ele, já fossem do próprio Nasu). Desde detalhes como o monstro Lovecraftiano invocado por Caster à toda a subtrama de Kariya e sua vã cruzada pelo amor de Aoi travestida de um altruísmo tolo, vê-se que esse é o mesmo autor de Madoka Magica e Phantom: Requiem for the Phantom.
Toda a tragédia, toda a morte e toda a paixão pela vida estão aqui. E ainda que, diferente de Madoka Magica, essa não seja uma obra original do autor, Urobuchi se encontrou no universo de Fate. Tanto é que alguns até mesmo dizem que ele superou o próprio Nasu (embora eu pessoalmente discorde disso, afinal, Heaven’s Feel, né, gente?). E, convenhamos, não é sem argumentos. Ainda que muita da beleza de Fate/Zero se deva a Ei Aoki e Ufotable, é difícil negar a qualidade do trabalho de Urobuchi.
Sendo um spin off de Fate, Zero naturalmente fez um grande sucesso tanto com o público geral quanto com os, diga-se de passagem, chatos fãs da Type-Moon. Os BDs foram lançados pela Aniplex USA (que também lançou boxes Kara no Kyoukai e Madoka Magica) em uma de qualidade ridiculamente alta e preço tão absurdo quanto, como é costume da Ufotable fazer.
Em alguns fóruns, especula-se até que o anime será dublado para lançamento nos Estados Unidos. E considerando que Fate/Stay Night veio para o Brasil e a popularidade de Zero em todo o mundo, não é impossível achar que a série pode chegar ao Brasil, não é? Não é? Não custa sonhar…
E com isso termino a nossa curta saga pelo universo animado de Fate: uma franquia cheia de altos e baixos, mas indiscutivelmente popular e influente no universo dos animes. Em breve, porém, acontecerá o Type-Moon FES, evento em comemoração aos 10 anos da Type-Moon, e restando apenas uma adaptação para que Fate/Stay Night seja completamente animado, as apostas estão altas de que em duas semanas algo será anunciado. Assim, quem sabe, possamos ter uma Sensação do Paraíso.
Título: Fate/Zero
Estúdio: Ufotable
Direção: Ei Aoki
Trilha Sonora: Yuki Kajiura
Roteiro Original: Gen Urobuchi
Número de Episódios: 25
Eu adorei Fate/Zero. Foi mto bom do começo ao meio.. o fim caiu um pouco =/
Tem um jogo chamado Fate/Extra que devia ser animado também
Agora só falta Heaven’s Fell e Hollow Ataraxia (Prism Illya já tá confirmado pra virar anime).
não tem dublagem americana,os BDs da primeira temporada foram lançados por lá só com legenda mesmo,assim como fizeram com Kara no Kyoukai
o fate/extra e bem diferente de tudo ali sou fã de fate e gostaria de saber onde se encaixa essa fate/extra
E quanto ao mangá.
As inumeras cenas de gore?
Iskandar > Type Moon
Logo F. Zero > Type Moon
Para mim é das séries mais bem animadas de sempre, muito show, até mesmo na história(sem contar com o final que quem assistiu ao FSN já sabia) estava muito boa.
Quanto ao estúdio da Ufotable, desde que vi o Kara no kyokai já tinha ficado “fã” do estúdio, é impressionante a distância que vai do outros estúdios para com a Ufotable, até já li em algum blog que esse era o estúdio com mais posses financeiras, o que não admira, depois de ver o Trabalho com Fate e até mesmo no tales of Symphonia umas novas ovas que estão saindo vê-se bem isso, mas acho que o grafismo destaca-se mais em Fate e Kara no kyokai pelo ambiente “sombrio”.
De resto já falei o tinha a falar no post do UBW, ahhhhh, torcendo que a type-moon diga em seu festival: “estamos fazendo um Heavens feel” heheheheheheheh.
vlw pelo post Gustavo, fique bem ^^
@johnny_sasaki: A dublagem é só boato. No BD da Aniplex só terá legenda mesmo, porém a popularidade de Fate nos EUA deixa essa possibilidade de pé.
@anubis_necromancer: Infelizmente não encontrei nenhum grupo traduzindo do mangá e para falar só do gore pelo que vi nos posts (pouco confiáveis) do SanCom achei melhor nem fazer. Mas, para ser sincero, acho que nisso eles foram até mais acertados que o Ufotable. É que é complicado mostrar crianças mutiladas na TV, mesmo de madrugada.
@jeison: Fate/Extra se passa num universo alternativo, fora da linha temporal principal dos outros trabalhos do Nasu.
Me decepcionei com o final do Zero, mas pelo menos é bem melhor que o Night, aliás até Voltron é melhor que isso.
Com certeza a melhor :tongue:
É por isso que teremos os BDs com MUITAS cenas exclusivas para completar esse anime como merece. Os extras da primeira temporada foram muito bons e esses prometem. Com certeza a luta de Berserker vai receber um tratamento especial no BD final.
O único probleminha foi o final, mas é justificável porque tinham que aprontar o terreno para o Stay Night. E aquela cena da mente do Kiritsugu me lembrou o final Troll de Evangelion.
Já a qualidade técnica de animação é mesmo sublime. A morte do Lancer teve uma das animações mais fantásticas que já vi.
melhor animação da franquia? EHAIHEOIAHIOE
é o melhor anime de todos, certamente~
eu ainda nao vi fate / zero, mas gostaria que ele fizecem uma continuaçao digna como a 6º guera, com shiro e rin 10 anos mais velhos.
muito foda fate/zero, seria muito bom se fizessem um remake da serie principal fate stay night, ou fate/zero superou todas as minhas expectativas
Agora só falta fazerem anime de Heaven’s Feel, que eu preferia assistir em vez de ler na visual novel porque demora muito… mas até onde eu sei vai ter que ser pelo Deen, que dizem possuir os direitos de animação das três rotas de Fate (a visual novel) – essa obra de arte que o Ufotable pariu não deve se repetir XD
Antes tinha toda aquela expectativa semanal, agora eu não sei nem qual anime vou assistir :tongue:
Esse texto responde a minha indagação anterior sobre a questão da realidade. Obrigado! :laughing:
A única coisa que não gostei foi que em Fate/Zero, o Rider mal encosta no Gilgamesh, enquanto o escroto do Shiro derrota ele no UBW(filme), e o mesmo vale para a babaca da Saber (anime). Me deu um ódio no estômago ver a adaptação da rota UBW, justamente na parte que o Shiro tem a idéia de usar o UBW para derrotar o Gate of Babylon do Gilgamesh. E sabe a pior parte? É ele ter ganhado com essa estratégia, enquanto o Ionian Hetairoi do Rider foi facilmente esmagado pela Ea ¬¬
Fora isso, foi um ótimo anime! Espero que a Ufotable adapte o resto das obras.
@SonSonecaTFB
Unlimited Blade Works é na verdade o perfeito contra-ataque ao Gate of Babylon. Dentro do UBW, Shirou consegue fazer espadas mais rapidamente do que Gilgamesh pode tirá-las do GoB. Gilgamesh é muito convencido e portanto nunca leva suas lutas a sério (a exceção é Iskander porque Gilgamesh o considera um adversário digno) e quando ele decidiu levar a luta a sério (usar Ea) já era tarde. Fora que Gilgamesh é acostumado a lançar suas espadas, portanto ele não é lá muito bom em usar espadas do jeito que elas foram feitas para serem usadas.
@FabricioFP
Impossivel. Como explicado no Side Material, Waver Velvet e Tohsaka Rin destroem o Grande Graal (há dois Graals: o receptáculo feito a cada nova guerra pelos Einzberns e o sistema do Grande Graal que está engravado em Fuyuki) anos depois da quinta guerra, marcando assim o fim definitivo e permanente das Guerras do Santo Graal.
Gustavo Martins, não confunda as séries. O nome do spin-off é “Fate/kaleid liner PRISMA ILYA” (“PRISMA ILYA” escrito em letras maiúsculas). Kaleido Ruby é o nome da forma mahou-shoujo da Rin que aparece em Fate/hollow ataraxia e Fate/tiger colosseum.
Gustavo Martins: Obrigado. Sempre confundo esses nomes longos @_@
eu só gostaria que alguém esclarecesse uma dúvida: Qual é o objetivo da Saber no Fate/Stay Night? É voltar no tempo e refazer a seleção de rei para que seu povo tenha outro rei? Não consegui entender direito.