Esse texto deveria ter sido lançado há duas semanas, mas por motivos de força maior, não tive como terminá-lo a tempo.
Para os que não leram a coluna passada, comecei uma série de posts que irão tratar do papel da mulher no anime, partindo de três séries e tentando explicar alguns fenômenos. No final do texto, fiquei de tratar do Fetichismo Moe. Confesso que fiquei em dúvidas quanto a que série utilizar para exemplificar esse caso, até que me decidi por uma que acredito sintetizar muito bem todos os traços desse movimento: K-On!.
Baseado na série de yonkoma (tirinhas de quatro quadros) homônima escrita pelo mangaka que atende pelo pseudônimo de Kakifly, K-On! é a história de um grupo de garotas, membros de clube de música leve de sua escola e suas aventuras em que comem chá e tomam bolo. Ou algo assim.
Antes de mais nada, talvez seja necessário falar um pouco do que é o Moe que tantos amam e odeiam.
O termo de origem obviamente japonesa cuja própria etimologia é desconhecida, representa um conceito extremamente abstrato e, como tal, difícil de definir. Alguns usam “fofo” como tradução possível de Moe, porém além de carregar grandes ambiguidades, tal tradução falha em captar a totalidade do significado desse termo.
Implícito por trás da fofura, está uma espécie de efeito empático causado pela personagem no espectador que passa então a não apenas ter certo laço afetivo com a personagem como também a desejar protegê-la. O problema de tal conceito é óbvio — o efeito empático é, por excelência, subjetivo — todavia esse é possivelmente o máximo que consigo me aproximar do significado de Moe sem acabar escrevendo dezenas de páginas.
De certo modo, o Moe sempre existiu no anime, algo que deriva da própria inspiração original da mídia — as animações de Walt Disney. Todavia, apenas com o lançamento de Shin Seiki Evangelion o conceito começa a ganhar uma forma, iniciando o processo de desenvolvimento de se cristalizar naquilo que hoje se entende (?) como Moe.
O fenômeno passou a crescer rapidamente a partir da década de 2000, com o lançamento de obras da Kyoto Animation, com as adaptações de Air e Suzumiya Haruhi no Yuutsu, esse segundo ganhando uma enorme popularidade, e outros marcos importantes do movimento, como Lyrical Nanoha e Shakugan no Shana.
Em 2007, a Kyoto Animation adapta a série o manga Lucky Star, cuja narrativa se centra na vida de um grupo de garotas colegiais, algo que se tornaria muito popular desde então. E enfim, em 2009, é lançado K-On!.
Até então, o Moe era apenas um fator (embora em alguns casos um fator central) nas séries, estando presente em maior ou menor grau em praticamente todos os animes produzidos, desde os Shounens (Orihime em Bleach, Levi em Fairy Tail, Hinata em Naruto) até em Seinens (Azaka em Kara no Kyoukai, Yomiko em Read or Die).
Porém com K-On! o Moe se tornou não apenas mais uma variável, mas a própria razão da existência de personagens e séries inteiras. Sem uma trama central ou combates (dois fatores que, no Ocidente, ainda diferenciam o “anime” do “desenho”), K-On! se resume a mostrar garotas fofas fazendo coisas fofas. E embora Lucky Star já houvesse feito isso, diferentemente e K-On! esse ainda tinha como foco central a paródia. Vemos então uma série que, em tese, não haveria como dar certo.
Mas deu certo. Ah, e como deu certo.
A série cresceu astronomicamente em popularidade, ganhando diversos produtos e colocando suas músicas em primeiro lugar das paradas, se espalhando pelo mundo e ganhando uma continuação.
Como explicar tal fenômeno?
Ao menos no tocante ao Japão, talvez seja fácil entender tamanho sucesso. A cultura japonesa, extremamente capitalista e forjada a partir de um forte código tradicional, apresenta num grau espantoso algo que existe em todo o mundo: a exigência de adaptação social.
Desde cedo se exige dos jovens uma conduta regrada por padrões sociais estritos, condicionando o indivíduo a acreditar na infalibilidade da estrutura social. E embora tenha permitido ao país se tornar uma potência econômica e mantido os índices de violência baixos, isso também impôs uma pressão gigantesca na juventude. Tal realidade, retratada caricatamente em Battle Royale e de modo especialmente genial no mangá Aku no Hana, cria jovens cada vez mais depressivos fazendo com que o país com um dos menores números de homicídios em todo o mundo ostente o título de país com o maior número de suicídio de jovens do planeta.
O Moe assume então um caráter muito mais complexo. A fragilidade, inocência e aceitação das personagens Moe nutrem o indivíduo rechaçado com uma ilusão de necessidade. Aproveitando-se disso, a indústria cultural inunda o mercado de material desse tipo, enquanto as prateleiras se enchem de produtos baseados em tais personagens.
E talvez nenhum desses produtos exemplifique tão bem a relação entre o Moe e o escapismo que os dakimakuras, travesseiros ilustrados com imagens de personagens feitos para que o indivíduo possa dormir abraçado a ele. Basta uma busca rápida na internet para se encontrar fotos de jovens em metrôs e ruas andando abraçados a tais objetos.
A mulher então se torna um objeto de fetiche, mero compensador dos desejos de pessoas excluídas de uma sociedade decadente. Histórias centradas apenas em garotas jovens se tornam cada vez mais comuns. A adoração a tais personagens, resultado do próprio fetichismo, chega ao ponto de manifestações ocorrerem quando uma delas corta o cabelo (como aconteceu ao final de K-On!) ou, em casos mais graves, ameaças de morte serem feitas a uma dubladora por ela ter sido fotografada após fazer sexo (caso de Aya Hirano, dubladora da protagonista de Suzumiya Haruhi).
E nesse ponto onde realidade e fantasia se misturam, surgem as Idols, jovens cantoras não de todo diferentes das cantoras pop ocidentais, e sua aparência que mimetiza a estética do anime. A imitação torna-se o original e o original a imitação. A situação chega a um ponto em que, em alguns imageboards, haja movimentos de ódio contra toda a realidade tridimensional.
E como todo movimento de grande impacto, o Moe gerou respostas na forma de séries como Madoka Magica ou de todo um movimento, o Superflat.
Por esse ângulo, torna-se compreensível o sucesso de K-On! no Japão, mas e quanto ao Ocidente? Talvez a resposta, nesse caso, seja a mesma. Enquanto nos Estados Unidos a série goze de uma popularidade avassaladora, no Brasil ela não chega nem de longe tão perto. Isso reflete o próprio peso aplicado pela cultura de cada país em seus jovens, pois enquanto no Estados Unidos ainda impera, ainda que num trono aquebrantado, a exigência de sucesso, o Brasil é um país marcado pelo conformismo e pelo derrotismo. E numa sociedade assim, K-On! jamais poderia alcançar toda a força que possui em sua terra Natal.
Lembrando que o mangá é publicado aqui aos trancos e barrancos pela NewPOP e atualmente encontra-se no volume 3.
E antes que divague ainda mais em pensamentos sociológicos, termino aqui a segunda parte da série sobre o papel da mulher no anime. Se nada der errado, em duas semanas iremos tratar do último tópico: a mulher como Par Romântico.
“Conformismo e derrotismo”
Toma cuidado com estes termos…
Ver o brasileiro desta forma é mostra incompreensão e desconhecimento da sua própria História e de sua própria sociedade…
Sandra Monte
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Bom post e com um ponto de vista bem interessante, mas você citou Evangelion, que realmente é o percussor da cultura de akihabara, mas deixou de lado um anime que veio antes e mesmo sem qualquer elementos otakus, carregava sem querer muito da estética moe; Sakura CC, que na época de sua exibição chegou a ser adotada como mascote pelo 2chan. Já que o tema é a mulher, seria bacana ter feito um link com o shoujo e principalmente seu subgênero, o mahou shoujo, e como o gênero voltado para o público feminino contribuiu para o nascimento da estética moe. Aliás, posso não concordar totalmente com o Lancaster com relação ao seu radicalismo, mas concordo totalmente quando ele diz que o shoujo foi uma grande vítima dos otakus japoneses. De qualquer forma, é muito interessante observar como isso evoluiu, até chegar ao seu boom, nos anos 2000.
E sobre Keion, acho que também cabia algumas palavras esclarecendo que seu sucesso vai muito além do fato dos seus elementos moe. Além de ser obviamente bem feito, ele consegue atingir não apenas otakus, mas o consumidor normal. Tempos atrás houve uma pesquisa, e grande parte do público de Kon são mulheres. E não são exatamente otakus, mas aquela parcela consumidora que é considerada “normal” por lá. Também acho injusto a comparação entre o mercado americano e o brasileiro com relação a Keion. São realidades diferentes e aqui, o único produto licenciado é o mangá 4koma, que convenhamos, não é o responsável pelo grande estouro dessa série.
Enfim, gosto dos seus posts. Espero pelo próximo \º/
Ótimo texto como sempre, você conseguiu exemplifica o movimento crescer da industria japonesa de uma forma simples que faz com que qualquer um entenda.
Brasil… lugar onde o povo só quer ‘anime de luta'(anime, pq o povo não gosta de ler =P), assim fica dificil pra qualquer genêro, a não ser shonen, infelizmente =/
Claro que sei o que moe é: a razão da minha existência.
Gostei muito do texto!
Só discordei mesmo da parte do tal “conformismo e derrotismo” brasileiros.
Geralmente acho esse tipo de manga/anime um saco. Tentei assistir Lucky Star, mas quase vomitei de tédio.
Eu gosto de coisas fofas, gosto muito do “kawaii”. :)
Mas tem um limite, né… A verdade é que nenhum tipo de vício faz bem. Não é legal, em hipótese alguma, ficar vidrado em alguma coisa, ficar “bitolado”. E, infelizmente, nisso os japoneses são muito bons.
Ficou um bom texto. Diferente de alguns que eu li em outros lugares, conseguiu fazer a relação Moe e K-ON! sem ofender a série.
Basicamente o “moe” foi datado como fuga da realidade e para idolatrar mulher em 2d.
O texto é bom, gostei da explicação, mas K-on em si não é um anime “cultural” se você olhar bem nem mesmo um texto gigante assim vai explicar em absolutamente nada cientifico, religioso ou complexo a fama do anime.
Animes são criados com qual propósito ? distração e ultimamente também como ostentação de empresas que aproveitam do sucesso e lançam bonecos, doujins, posters, Ova, filmes, camisas e todo tipo de produto do mesmo, um capitalismo impregnado.
Mais no fim Otakus NÃO procuram um anime “phoda” que te faça pensar tanto , eles querem distração, querem personagens bonitinhas e querem fuga da realidade, idalizar a personagem como a perfeita, não há uma explicação dificil pra isso, não estamos falando de política, religião e nem futebol ou assunto polêmico, estamos falando apenas de anime, isso não deve ser levado a sério.
Pra finalizar, bom seu ponto de vista é que jovens japoneses são reprimidos pela cultura do país e que existe um enorme índice de suicidios e etc…porém amigo, saiba que o japão é muito mais livre que o Brasil em leis, lá não tem MENOS violência por causa da opressão e sim por causa da EDUCAÇÃO, o que o brasil infelizmente não tem, lá eles estudam 8 horas por dia, tem clubes, tem icentivo aos esportes, no brasil temos icentivo a droga, roubo e corrupção generalizada, sim esse ponto é a tal politica, suicidio existe em todo lugar do planeta e o ponto forte do Japão é a valorização de sua culta , eles valorizam culturas antigas, o que faz o japão um dos paises mais tradicionalistas do planeta, ja o brasil valoriza o que ? a bunda ? o futebol ? a cerveja ? a novela das 8?
Então acho que não é uma boa idéia por uma desculpa sobre reclusão e intimidação para que um SIMPLES otaku venha a gostar de um simples anime moe sem nenhum motivo aparente, certo ?
abraço e parabéns pelo texto, apesar de discordar de algumas coisas, assino em baixo nas outras.
Mano esse seu texto foi F-O-D-A!!!!!!!!!!!!!!!!!!:crying::crying::crying::crying::crying::crying::crying::crying:Eu sempre amei coisas Moe e adoro o K-on(compro o mangá e também tenho o anime no meu hd)mas o que mas me surpreendeu na sua matéria foi o contexto social do moe!!!!!!!!
“Conformismo” por parte do povo brasileiro eu concordo,mas com o “derrotismo”não!Porque tem pessoas tão alienadas que acham que o Brasil tá abafando por causa da mídia (crise na Europa,pré-sal,copa,etc) e também discordo que o K-on não faça esse estrondoso sucesso aqui devido a nossa “cultura”.
Em todo caso,parabéns pela matéria e continue nos agraciando com esses textos fodex e por que não ‘filosóficos”.
:wassat::wassat::wassat::wassat::wassat::wassat::wassat::wassat:
k-on e muito bom , pena que nao tem ela como adulta tinha que ter ne .
Hj o tema moe se extende muito + msm, a maioria (70% ou +) dos animes novos são do estilo moe/harém/ecchi e tal;
Se produzem tantos, imagino que o sucesso seja extrondozo mesmo;
Até os novos animes Shōnen possuem uma quantidade razoável de cenas ecchis e personagens moes;
Eu curto bastante o tema e tal, mas acho exagero esse negócio de ameaçar de morte ou protesto, isso é coisa de gente doida msm HSUAHUSAHUSAHU
Achei legal esta metéria da K-ON. Todos os mangás estão nas bancas, pela New Pop. Só falta lançar pela televisão para o Brasil. Vai ser do tipo; Josie e as Gatinhas!! :laughing:
Bom texto, aliás, eu sou um dos poucos que prefere o lançamento de K-On espaçado como é feito pela NewPOP, porque cria de certa forma expecativas quanto ao próximo volume. E o mangá em si está bem feito, porém alguns erros de português imperdoáveis.
Engraçado os comentários defendendo o Brasil. Não adianta tentar pensar diferente. Este país é uma país conformista e derrotista sim. Em outros países, estas noticias de corrupção iriam gerar protestos e mudanças nas leis. No Brasil, o povo pensa apenas “bando de filho da (*&*(&, mas fazer o quê, é o Brasil.). Nos não lutamos para melhorar a educação, como estão fazendo os chilenos e não fazemos panelaços como nossos el manos argentinos.
Nosso país vê os politicos roubando, mas como conformistas que somos, deixamos pra lá e continuamos as nossas vidas. Apenas dizemos “como o povo é burro, vê o Maluf roubando deste geito e ainda vota nele”. Em vez de chamar o povo de burro, deveriamos arregaçar as mangas e juntar 1 milhão de pessoas para tentar colocar estes 30 mensaleiros na cadeia. Mas, como conformistas e derrotistas que somos, não temos capacidade pra isto. No máximo, uns bodes irão ser presos e uma pizzaria irá lucrar bastante no final.
O artigo do rapaz realmente foi muito bom para se ter conhecimento do que é moe. Acredito que neste ponto foi bem elucidativo….
Mas, aquelas duas palavrinhas, para mim, mostrou que a “imprensa especializada”, como diz a Mara do “Mais de Oito Mil” … Não conhece a própria História. Conhece mais a História de um outro país…
Sandra Monte
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Koyuki, de certa forma vc falou a verdade, não digo todos (generalizar é perigoso) mas a maioria em si, no Brasil, é muito acomodada, displicente, e simplesmente disconhece seus proprios direitos!!! Quantas vezes aconselhei amigos que nada sabiam sobre direitos de consumidor, sobre direitos no trabalho, ou acesso a serviços publicos q muitos sequer sabiam q existiam… isso é corriqueiro e anormal (alguns diriam normal), anormal porq não pode-se conceber que alguém viva sem querer sabem mais, ou sem ter interesse pelo que acontece aqui e no mundo! Qual a quantidade de brasileiros que le livros nas classes A e B (classees minoritarias), muitos leem. Agora em se falando das classes C e D (a maioria dos brasileiros) pouquissimos leem com frequencia, sequer conhecem a própria língua, e sabem q não conhecem, e não querem conhecer… e nossos políticos pouco se interessam que eles venham a saber mais, discutam mais, saibam seus direitos, lutem…. isso aqui nãaao acontece. Todos os dias somos passados para trás… qualquer coisa q voce compre no exterior que ultrapasse 50 dollars, existe um imposto de 60% sobre o valor total, nossos produtos internos tem impostos imbutidos que somam até 40 ou 50% dos preços reais sem estes mesmos… mas esses valores altíssimos cobrados de nós na forma de imposto todos os dias (até na conta d’agua e principalmente na de luz) tem revertido a situação de pobreza? tem mudado a educação básica? tem gerado realmente empregos? Enfim tudo isso reflete o nosso dia-a-dia, e quem somos de verdade… alguns poucos sabem disso, a maioria ignora…
Ou parece ignorar…
Acho que realmente não usei as palavras corretas nesse caso. O Brasil tem, sim, um histórico de lutas, como a revolução constitucionalista, as Diretas Já e a guerra do Paraguai. Porém, ao mesmo tempo é um país em que não se exige da juventude. Digo isso como parte dessa cultura. Não sei como as coisas funcionam nas camadas sociais mais altas, porém no ambiente a que pertenço o que vejo são crianças criadas com a perspectiva de aceitarem o mundo como é, trabalharem no mercado da esquina e é isso aí.
O ato de questionar e de pensar é, muitas vezes, considerado vagabundice e movimentos de greve como o atual movimento de professores em escolas federais são taxados como esquerdismo. Talvez essa seja apenas a realidade de São Paulo, mas considerando que esse é o país que reelegeu políticos acusados de corrupção com números recordes de votos, acho que não é só um caso isolado.
De todo modo, não me considero mídia especializada. Gosto de escrever e tenho um interesse antigo por sociologia e por tentar entender por que as coisas são como são, mas é só.
Entretanto, admito que minha escolha de palavras não foi nem um pouco agradável e gostaria de me retratar pro elas. Não vou mudar o texto, mas expresso aqui o fato de que cometi, sim, um erro ao me referir desse modo. Não pretendia ser ofensivo ou ignorante e sinto muito se acabei o sendo.
Embora tenha usado aquelas “palavras”, entendi o sentido do q voce queria referir… esqueci de elogiar o texto sobre moe (algo q até hoje não consegui realmente “decifrar” em totalidade), foi muito elucidativo. Vou gostar de ler mais seus posts!!!
Puxa, lendo este texto fiquei com vergonha de ser o único brasileiro que não teve NENHUM interesse em ler K’on nem Hetalia, cujo traço me causa repúdio, apesar das maravilhas que dizem sobre ambos.
Preconceito puro, pra mim, pagar caro por tirinhas, só se justifica no caso de clássicos como Calvin & Haroldo, Recruta Zero e outros que marcaram época e ditaram regras.
Parabéns pelo texto, Gilberto Freyre mandou lembranças.
K-On parece ser a única produção moe que me agrada.
Já que muitos atualmente (Kokoro Connection), forçam muito o genero…
De fato, seu artigo sobre o moe foi mais do que um artigo sobre esse fetichismo. Acabou parecendo mais uma análise social, política e cultural do Japão e dos japoneses dos dias de hoje e sua comparação com os EUA e o Brasil.
Seria até mesmo interssante apresentar este artigo a algum jornalista especializado em política, quem sabe algum desses que publicam matérias em jornais como o Folha de São Paulo / Folha Online, por exemplo. Principalmenter no tocante ao caráter derrotista e conformista do povo brasileiro.
Quanto a Card Captor Sakura ter muito da estética moe, na verdade o anime que foi o precursor do moe, segundo o Lancaster, foi Sailor Moon. É o que aparece no artigo sobre o superflat, publicado no blog dele.
No Brasil e nos EUA, existem também o equivalente aos otakus japoneses, os fanboys americanos, que só apreciam heróis vestidos com uniformes colados ao corpo se espancando e esmurrando e os ditos otakus brasileiros fãs de shounens de luta, tipo Yuyu Hakusho, saint Seiya, etc. Apenas os gostos e as nacionalidades mudam, só isso, mas fundamentalmente é a mesma coisa.
Uma coisa que as pessoas tem que ter em mente é que a função principal do mangá e do anime é ser uma forma de entretenimento e de diversão, tanto para as massas quanto para o chamado “nicho”. E que nem todo anime ecchi, harem, etc. é sinônimo de anime de baixa qualidade. Para toda regra, existe exceções. E isto pôde ser comprovado na safra de animes deste ano.
Eu vi uma série que, apesar de (moderadamente) ecchi, vai muito mais do que apenas calcinhas, nudez e alguma esquisitice, chegando a ser, por incrível que pareça, romântico, belo, cativante, carismático, nostálgico e apaixonante. E não só eu, mas outros fãs também gostaram muito dessa série em questão. Posso dizer até mesmo que a série que eu vi, sem sombra de dúvida, é “a série do ano”(para mim, pelo menos), pois é uma série que fala ao coração dos que gostaram, e isso é algo que faz a diferença.
:smile:
Quase ia me esquecendo…
Falando em mangás e animes, li num blog uma crítica dura àqueles pretensos “aspirantes a desenhistas de mangás” que vivem inventando mil desculpas para adiar os seus mangás. E a crítica partiu de um mangaká japonês que sabe do que está falando.
É só ler no link abaixo:
http://genkidama.com.br/xil/nao-invente-desculpas-desenhe/
Isso vale também para os brasileiros que dizem que querem desenhar quadrinhos/mangás, mas acabam sempre deixando “para depois”. Um boa sakudidela nesse pessoal que, do jeito que vai, NUNCA irá desenhar uma só história sequer.
@Nekomimi
Neste aspecto, Sakura Card Captors, tem um peso muito maior que Sailor Moon, acredite (gosto do Lancaster, mas é bom averiguar outras fontes, principalmente no que diz respeito a shoujo). Sailor Moon exerce o seu papel também, mas muito mais na popularização do mahou shoujo, e as proporções que ele ganharia adiante (o mahou shoujo recheado de elementos otakus, pegando como exemplo Nanoha) focado no público masculino. Sailor Moon com seus panty-shoot fez mais pelo fetichismo do que imagina. Apesar de que isso vem de bem antes, eu não vejo problemas verem Sailor Moon como um marco, como o fazem com Evangelion.
A palavra certa seria “acomodados”.
Não somos conformados, basta ver as pessoas(pobres ou ricas) nas ruas, ônibus, bares e etc falando sobre todas as injustiças que ocorrem no país.
Nós somos um dos povos mais “batalhadores” do mundo, corremos atrás e “lutamos” contra todas as dificuldades que temos que enfrentar diariamente.
Mas infelizmente deixamos pra lá os problemas porque achamos que não tem nada a ver DIRETAMENTE conosco como: política, meio ambiente, sáude e tantas outras coisas.
Por que?
As pessoas menos favorecidas não sabem como recorrer porque não tem conhecimento para tal.
As mais favorecidas não precisam, pois podem pagar por boas escolas, planos de saúde e uma infinidade de outras coisas. Pra que lutar por algo que não lhes interessa?
E eu posso ter entendido errado mas eu acho que o “conformismo” e o “derrotismo” seriam fatores suficientes para incluir o Brasil no universo moe.
Afinal, só os “perdedores” é que buscam essa fuga da realidade por aquelas bandas.
Na boa eu tenho repulsa a séries como K-On!, mas de qualquer forma achei o texto bem interessante.
@Alexander, taí, interessante sua exposição, acho verídico, quem permeia essas duas camadas sociais sabe q isso é verdade.
Esqueci de elogiar o artigo sobre moe. Curiosamente, estes dias estava pensando o que exatamente é “moe”. Apesar de ainda não ter entendido totalmente hehe.
Alexander:
Se eu entendi bem o texto, no caso o Brasil é diferente. No Japão se exige MUITO dos jovens. Desde cedo eles são obrigados a se preocupar em ser o melhor e por isto a estudar MUITO. Com isto, os jovens acabam perdendo o seu lado “infantil”. Diria que acontece com os japoneses o que aconteceu com o Michael Jackson, que teve sua juventude perdida porque seu pai exigia que ele treina-se o dia inteiro, impedindo ele de ser divertir como uma criança deve fazer. Quando o Michael cresceu, ele começou a buscar sua infância perdida e isto explica o Neverland, o rancho dele.
No Brasil, não há esta exigência com a grande maioria dos jovens. A grande maioria estuda pouco e os pais não exigem tanto que os filhos sejam os melhores, da mesma forma que acontece nos EUA e no Japão, e por isto, psicológicamente falando, não perde esta faze da vida que é a infância. Por isto, o brasileiro acaba por “não gostar de coisas de crianças quando crescem” (entre aspas, pois não é exatamente isto, não soube explicar melhor), pois não temos esta carência que os japoneses tem.
só tenho uma palavra para dizer sobre esse post (e tem uma matéria legal na revista neo tokyo deste mes da edição 79 tbm sobre esse anime)
“aiiiiiiiiiiiiiiiiii qye foooooofffffooooooooo!!!!”
ashhuashuashuasuhas
sem mais nd para acrescentar e ponto e basta
Conformismo e derrotismo…, parei de ler ai. Imagine a quantidade de gente que acorda as 5 da manhã para voltar ao lar aproximadamente 23h00~00h00 e isso apenas porque estão buscando serem vencedores na vida (é o meu caso e de muitos que trabalham e fazem faculdade). Acompanho esse site já alguns anos (desde o anúncio do “Pequeno Príncipe” em DVD) e é a primeira vez que me decepciono com vocês.
Essa não é a opinião de ninguém do site exceto a minha. Não há razão para se decepcionar com qualquer um que não eu.
Olá Gustavo.
Peço desculpas se fui um tanto dura em meus comentários.
Bom saber que é possível um diálogo com você, pois, há alguns outros sites e pessoas da “mídia especializada” em que não é possível um diálogo.
Primeiramente, fico feliz em saber que você não se considera “imprensa”. Isso é um grande passo, porque tem muita gente ai que realmente se acha “imprensa” porque “escreve”. E o ato de ser imprensa não é só isso.
As pessoas têm confundido “imprensa especializada” com “mídia especializada”. É pela segunda que os sites e blogs de animes e mangás se enquadram…
E, só entenda uma coisa: você escreve para um dos sites do gênero mais visitados. O que você escreve acaba ganhando um peso e uma proporção grande.
Por isso minhas observações quanto a alguns termos, pois palavras erradas geram “ruídos” e causam entendimentos equivocados. Peço-lhe que leia (quando eu colocar online), a uma resenha que farei sobre um livro, pode ser?
Tentarei escrevê-lo o quão breve… Especialmente para você que se interessa por sociologia.
Um super abraço!
Sandra Monte
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Tão bonita essa situação que vejo nos comentários de certos posts desse site. Tipo, me refiro às discussões e troca de ideias… Embora eu não costume ter paciência pra fazer isso, gosto de ver gente fazendo de forma civilizada. :)
É por aí que a gente tem que ir mesmo… Assim que a gente vai fazendo o mundo andar. Pode ser que sejam “só” discussões a respeito de desenhos e quadrinhos (num primeiro olhar raso) mas o pessoal aqui costuma ir além mesmo.
Ah, essa otakada filósofa de hoje em dia!
É bom pra contrabalancear com os otaquinhos irritantes que parecem estar sendo produzidos em massa. :smile:
Discussões sociológicas à parte, eu adoro K-On! menos pela música e mais pelo mangá (o anime só assisti depois).
Gostaria que vcs analisassem essa abertura (ignorem o tema em francês):
Essa personagem (Kozue Ayuhara) de Attack No.1 (anime spokon de 1969) pode ser considerada uma precursora do Moe?
Que detem os direitos do anime K-on! nos EUA ?
Por mais que eu goste desse anime acho que ele nunca vai dar as caras em uma Tv por aqui no Brasil. só mesmo quando a marca ja estiver bem explorada até o bagaço da laranja pelos japoneses.
A TBS está aberta as negociações deste anime mas devem estarem cobrando um valor absurdamente caro para o mercado aqui no Brasil. Agora que os canais de Tvs fogem de animações japonesas como o diabo da cruz perdi as esperançãs de ouvir a versão brasileira deste anime.
k-on! um anime com estória muito foda, não tem pra ninguém e não tem homem.
outra k-on! o rui dele é as mensagem subrilinar insinuando homossexualismo.
Lembrando que Moe é Shonen ou Seinen, só que todo mundo pensa que shonen é anime só de ação =(
Está na rota certa. No Japão desde pequenos as crianças já vão sozinhas para escola, são exigidas ao máximo e com o passar do tempo muitos acabam se vendo sozinhos e com expectativas demais depositadas nele enquanto eles acham não serem capazes de cumprir isso, nos casos extremos, ocorre o suicídio.
Fora que, nessa sociedade rígida, onde se estuda ou trabalha muito, muitos não querem chegar em casa e queimar o cérebro com um anime complexo, querem mais é ver algo light que relembre dos bons momentos da vida, com isso K-On não só atrai os que querem fugir da realidade, mas também outros que queiram simplesmente se distrair. Well, um blu-ray que vendeu mais de 100k de unidades não é algo restrito a otakus.
http://www.animenewsnetwork.com/news/2012-08-21/japanese-animation-blu-ray-disc-ranking-august-13-19
Você têm razão.
Na verdade, Shonen/Shounen não se resume à ação. Existem shounen mangás/animes de ficção científica, sobrenatural, comédia, romance-comédia, vida escolar, esportes, histórias de detetives, aventura e outros temas comuns à essa faixa etária. Resumir o shounen mangá aos chamados “battle shounen” é desvalorizar o mangá.
Só os chamados “fãs hardcore” de battle shounen é que pensam que shounen mangá se resume àquele gênero que eles gostam, excluindo os demais gêneros.
Isso é errado.
No Japão, existem diferentes gêneros de histórias de mangás, e o battle shounen é APENAS um dos gêneros.
E, diferente (talvez) do Brasil, no Japão os adolescentes se interessam também por histórias românticas voltados para eles.
Exemplos: Kimagure Orange Road, Touch!, Urusei Yatsura (este um romance-comédia que se tornou um clássico), entre outros.
Como se pode ver, existem mangás e mangás. Cada um feito para agradar o gosto pessoal de cada um. E todos publicados na mesma revista, seja ela uma Shounen Jump, Shounen Sunday, Shounen Magazine, Shounen Captain, Shounen GanGan, etc.
Isso mesmo Nekomimi =D
A história do Brasil é uma história de exportação de pessoas, criando um país sem identidade histórica, cultural ou física. Nossas “conquistas” são guerras territorialistas entre monarcas e nobres. As conquistas políticas, embora existentes, nunca envolveram mais de 10% da população. As diretas Já, por exemplo, tem estimado 5 milhões de participantes somando todos os eventos (que podiam ser muito bem as mesmas pessoas), num país que na época tinha 128 milhões. Uma vitória do São Paulo causa mais comoção que isso. Mesma coisa com a ditadura, a quantidade de “resistência” é uma piada, é vergonhoso, países menores como a Argentina tiveram mais participante que nós. 5% da população não representa a sociedade. Os 90% sentado em casa bebendo cerveja e assistindo futebol, sim.
Grande maioria de nossa história foram produzidas por partes exteriores ou interiores a fim de ter alguma lenda, outra parte majoritária foi por interesse de uma elite, monarca, exterior, capitalista. Poucas das guerras ou revoluções realmente representaram interesse e força civil/ populacional. De cabeça só me lembro da Independência da Bahia.
O Brasil é um país de pessoas que olham para o próprio umbigo, onde ser engajado politicamente, por exemplo, é coisa de “Hip”. Fomos criados e moldados para sermos um mercado de consumo para os Estados Unidos e aceitamos isso numa boa, na verdade, gostamos.
Até hoje paulistas tiram sarro de nordestinos, chamando de “preguiçosos”. Afinal, que absurdo, eles trabalham apenas para por comida na mesa e depois vão tirar uma soneca??? Tem é que ganhar dinheiro, dinheiro, dinheiro, tem que ser sucedido, tem que “roubar”; opa, dá para sonegar imposto; posso pagar uma miséria para uma negra qualquer e tratar ela como lixo.
Talvez eu viva num Brasil diferente do seu…
E essa história de “Nós somos um dos povos mais “batalhadores” do mundo, corremos atrás e “lutamos” contra todas as dificuldades que temos que enfrentar diariamente” é uma das maiores enganações que a imprensa continua a repetir. Mais batalhadores do mundo? Olhe a Ásia Central e a África, doenças, falta de alimento, falta de água, guerrilhas, etc. O que me surpreende é uma mulher africana testemunhar seu filho morrer de fome e conseguir levantar, andar quilômetros por um gole de água, ser estuprada pela vila inimiga, acabar grávida de novo, ver mais um filho morrer e ainda sim continuar vivendo. Nossas “dificuldades” são as mesmas de todo o mundo, as pessoas que mais passam dificuldade no Brasil são as mesmas do México, Estados Unidos, Coreia, China, isso se chama instinto e vontade de viver. Nós não somos os únicos que levantam cedo, trabalham, passam necessidades e continuam vivendo. Don’t flatter yourself. Desafio alguém a achar algo que os brasileiros passam que não acontece no resto do mundo.
Bem, apesar da matéria sobre a K-ON, fez muito sucesso no Japão. E quanto a versão animada para o Brasil, é dificil de trazer para o Brasil.