Imagine só você acordar e dar de cara com um lagarto. Vocês se encaram com a mesma intensidade, sem soltar uma palavra, até que alguém decide tomar uma iniciativa e começar o diálogo: o lagarto, é claro. Como se já não bastasse estar de frente a um lagarto falante, você então descobre que ele é (ou diz ser) um “cavaleiro da princesa”, e, acima de tudo, precisa de sua ajuda para salvar o mundo de um martelo gigante.
Normalmente, você não ligaria para o que ele está dizendo, muito menos acreditaria que ele está (de fato) dizendo algo. Provavelmente, o deixaria ir embora. Mas será que um protagonista de uma história em quadrinhos faria o mesmo? Se a sua resposta foi “não”, está redondamente enganado.
É assim que entramos no “universo” de Lúcifer e o Martelo — com um plot simples, mas, ao mesmo tempo, curioso e diferente.
Hoshi no Samidare (ou Lucifer and the Biscuit Hammer) foi publicado em 2005, no Japão, na revista seinen Young King Ours, da editora Shonen Gahosha. Escrita e ilustrada por Mizukami Satoshi, a série totalizou 10 volumes encadernados e acompanha a saga de Yuuhi Amamiya e da Princesa Samidare para salvar a Terra.
O que mais chama a atenção na trama são os personagens e seus respectivos comportamentos. Como o mangá é uma sátira direta ao demográfico shonen e seus parâmetros, é muito interessante ver a forma que o protagonista e os demais reagem de acordo com determinadas situações.
Amamiya é sempre despreocupado e, a princípio, subestima a ideia de que um martelo realmente destruirá o planeta. Samidare é um tanto quanto formidável — à primeira vista, nunca imaginaríamos que a garota leva o título de princesa, mas a longo prazo é possível compreender o motivo de ser tão admirada. Ao lado dela, Sir Noi Crezant (o lagarto) é um dos responsáveis por trazer humor à história e tem um carisma essencial, sendo um dos personagens mais adoráveis do mangá.
O desenvolvimento da série caminha de forma confortável (já que conta com apenas 10 edições) e não apresenta muita enrolação. No primeiro volume mesmo, podemos perceber que o Yuuhi terá uma evolução vertiginosa, apesar de ter encontrado dificuldades com a manipulação do Domínio controlável (uma espécie de magia que pode ser utilizada para diversos fins).
Ação e humor são os principais focos da série (na verdade, o humor é o que ganha a maioria dos leitores), mas os primeiros capítulos já nos fazem acreditar que pode haver um possível relacionamento amoroso entre Yuuhi e Samidare. Nosso personagem principal cria afeto pela princesa muito rapidamente, por isso podemos levantar essa hipótese. Chega ser engraçado vê-lo mostrar-se tão fiel à ela em tão pouco tempo! Parece até que o garoto foi enfeitiçado pela “Lúcifer de saias”.
Essa admiração e lealdade pela princesa é o que fará com que as coisas andem para a frente. Todos os aliados dela apresentam isso e se dirigem a mesma com enorme respeito. E o estranho é que a garota não quer apenas salvar a Terra do martelo, mas também quer destruí-la com as próprias mãos. Isso ainda soa bem confuso, já que não faria sentido proteger algo para depois acabar com tudo.
Um fato é que a leitura é muito rápida e gostosa. Você consegue acabar com um volume em menos de 30 minutos, facilmente, pois a narrativa leve e o belo traço do autor permitem isso.
A Edição Nacional
A edição brasileira de Lucifer and the Biscuit Hammer foi lançada em junho deste ano no formato 13,5 x 20,5, com uma média de 200 páginas em papel pisa bright 52g, periodicidade mensal e com o preço de R$13,90. Atualmente, a publicação está no seu 3º volume, e seguirá até o 10º com 8 páginas coloridas por edição.
A tradução e adaptação do volume 1 está bem coesa. Desde o nome (que é bem chamativo, apesar de gerar certo preconceito nos mais extremistas) até os termos e dialetos não há do que reclamar. A linguagem coloquial caiu bem em todos os momentos em que foi inserida (o “cola em casa” dito pela Samidare ficou sensacional). Ponto bastante positivo.
A revisão fez um trabalho satisfatório, embora tenha esquecido de uma vírgula no título do capítulo 5 (nada tão desastroso). No índice temos “Capítulo 5 – Yuuhi, resfriado e, por favor, me dê a ordem”, mas na página de abertura do capítulo não há a vírgula antes do “por favor”. Talvez ninguém tenha reparado.
Até agora, as capas do mangá estão belíssimas — o logo nacional é ótimo. Infelizmente, houve um problema com a lombada do primeiro encadernado, que foi mal projetada e é menor do que deveria ser (confira clicando aqui). Felizmente, o problema foi resolvido e, a partir da edição 2, todas as lombadas estão alinhadas.
As páginas coloridas ficaram muito bonitas, e o prefácio exclusivo para o público brasileiro merece reconhecimento. É bem legal quando a editora consegue esse tipo de material (um atrativo a mais). O papel utilizado (52g) é de boa qualidade e, além da maior durabilidade, deixa a leitura mais confortável.
O preço talvez assuste. R$ 13,90 por um encadernado comum, com apenas algumas páginas coloridas a mais, pode afastar um certo número de leitores. Mas se levarmos em conta as publicações atuais, está dentro da média (infelizmente).
Avaliação Final
Enfim, Lúcifer e o Martelo é uma das obras “alternativas” mais legais desse ano. Considero, ao lado de Vinland Saga, o melhor lançamento de 2014 (sem levar em conta os relançamentos de Berserk e Yu Yu Hakusho — este que ainda está por vir). Como já disse, a leitura é muito agradável e os personagens são cativantes. Muita gente pode achar a história sem graça, ou até mesmo chata, mas no meu caso, o título proporcionou algo que não encontrava em outras séries há um bom tempo.
Lúcifer e o Martelo é apaixonante.
Ruim
Regular
Bom
Muito bom
>Ótimo<
Infelizmente fiquei naquele pega-não-pega e perdi o volume 1 =/
Excelente Resenha ,penso em dar uma chance ao mangá por causa dela :smile:.
“Melhor lançamento do ano”?
Lucas não gosta de Sailor Moon…
Digamos que Lucas não seja muito fã, mesmo… XD hahahaha
Esse titulo poderia ser um teste p vir gintama ou GTO, mas duvido mto
Melhor lançamento do ano de 2014 é Fullmoon.
Lançamento do ano de 2014 é Príncipe do Best Seller :tongue:
Com certeza o preço de R$ 13,90 assusta para você investir num título que você pode talvez gostar.
Na minha opinião, 2014 foi salvo somente pelo relançamentos. O único lançamento que despertou-me interesse e que eu quero acompanhar é Vinland Saga.
Obs: falando em erro de lombada da JBC, o que dizer da lombada de Soul Eater 26 que venho sem o nome do autor :angry: