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LARC
Antes de mais nada, as opiniões dessa resenha são feitas por dois seres distintos: um fã da série Os Cavaleiros do Zodíaco desde os tempos da finada Rede Manchete e outro mais gamer, mais técnico e especialista. Esse que vos escreve em “itálico” é o que atende pelo nome de Larc. Quando foi realizado o anúncio de “Os Cavaleiros do Zodíaco: Alma dos Soldados” com dublagem em português, comecei a contar no calendário o tempo que faltava para lançamento do jogo. Mesmo não sendo uma “Brastemp”, o game anterior – CDZ: Bravos Soldados – divertia de forma eficaz, mas o pensamento de “como seria mais maneiro se isso fosse dublado” não saía da cabeça de forma alguma.

Nem um um pouco boba, a Bandai Namco tratou de encomendar este item que é sem sombra de dúvidas o grande diferencial do game…

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KYO
No começo do ano, muita gente ficou com um pé atrás quando a Bandai Namco anunciou “Os Cavaleiros do Zodíaco: Alma dos Soldados”, principalmente a galera que jogou Bravos Soldados (eu incluso, o jogo não me agradou em nada). Quando a dublagem foi anunciada, isso certamente atraiu mais pessoas que sentiram falta disso no game anterior. Agora, no começo de outubro, Alma dos Soldados chegou aos consoles. Será que vale a pena o seu dinheirinho investido em tempos de crise?

O jogo, adapta mais uma vez a obra máxima da vida de Masami Kurumada, Saint Seiya, e todos já devem estar carecas de saber o enredo que permeia a bagaça. Sério, a gente sabe a história de Cavaleiros em pelo menos 760 idiomas diferentes! A partir dos anos 2000, a série passou a ser tratada como uma franquia por seus criadores e foi explorada em animes e mangás, histórias como alguma conexão – ou não, já que o importante era faturar um trocado – sendo a mais recente empreitada uma “side story” da saga de Hades estrelada pelos 12 cavaleiros de ouro chamada “Os Cavaleiros do Zodíaco: Alma de Ouro”.

LARC
As possibilidades da Bandai Namco corrigir os “moles” que deu no game anterior eram infinitas. Praticamente nenhum jogo de CDZ lançado até hoje conseguiu a façanha de explorar de forma decente a história da série e a sensação de que isso é algo feito de propósito se consolida em Alma dos Soldados. Afinal de contas, é preciso existir mais personagens para serem somados em futuros games e caso os produtores tascassem tudo neste lançamento, o que restaria pra ser explorado não seria lá tão interessante. “Então vamos decepcionar os fãs novamente, mas de forma carinhosa: enfiaremos a saga de Asgard como mais uma opção no modo história”. Essa é a sensação que muitos fãs devem sentir.

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KYO
Acompanhando o hype em cima do recém finalizado spinoff animado, um modo com os cavaleiros de Ouro em suas armaduras divinas… Em combates tremendamente nada a ver. Mesmo. São até relacionados aos cavaleiros de ouro em si, mas ainda fazem menos sentido do que o carnaval que vemos a cada capítulo de Episódio G. Mas divago.

O jogo segue a mecânica do anterior, os personagens têm golpes fracos e fortes e com eles é possível construir combos simples. Há os projéteis simples, disparados pelo botão [O] do PS3/PS4, que também podem ajudar em algumas apelações, porém por si só, eles não servem pra muito. Não vou explicar o que cada botão faz, mas o combate foi melhorado em relação a Bravos Soldados. Se você comprou Bravos Soldados, isso pode te incomodar, mas se como eu, você pulou o jogo, saiba que a quantidade de personagens não aumentou muito. A maior inclusão em relação ao jogo anterior, foi a saga de Asgard, então não há muito a aprender. Alguns personagens inclusive funcionam de maneiras semelhantes – como Mime e Orpheu ou Shido e Bado, apesar da Garra do Tigre das Sombras do Bado ser apelona.

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LARC
Mas vamos lá, né? São os heróis de nossa infância em um jogo de luta com as vozes que conhecemos da TV! Qual a sensação disso? Indescritível!!! Antes do lançamento eu pensei que o fato de alguns dubladores fazerem mais de um personagem na série poderia soar estranho na hora do modo versus (aquele em que você chama seu amigo pra disputar), mas o talento dos caras faz esse detalhe ser tranquilo. É claro que às vezes a gente sente que o dublador não “representou a essência do personagem” como poderia ser (e já estamos acostumados), mas aí vamosconsiderar que dublar game é um job ingrato já que você não assiste o que está sendo dublado. 

Sendo um desses fãs chatos e críticos, a voz do Seiya não ficou legal. Todos os dubladores dos “bronze boys” conseguem fazer um trabalho MUITO bom (com destaque para Francisco “Hyoga” Bretas e Leonardo “Ikki” Camilo), mas Hermes Baroli na hora de soltar os golpes pareceu “contido”. Atrevo-me a falar que o errôneo e saudosista golpe “Me dê a sua força Pégasoooooo” caberia perfeitamente em algumas cenas e não “destruiria a essência” da obra original – e seria menos feio que os erros nas legendas da Bandai Namco!

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Ainda falando da dublagem, a PERFEIÇÃO atingida por Mauro Castro em sua versão do Camus de Aquário chega a ser assustadora. Patrícia Scalvi também “retoma” sua Shina com honra – a dubladora foi substituída pela falecida Maralisi lá nos anos 1990 ainda nos primeiros episódios do anime. Até o “novo Shido de Mizar” ficou legalzinho (é difícil notar que ele foi substituído!), mas as vozes que mais fizeram falta sem dúvida foram a de Marcelo Campos (como Mú de Áries, já que o Jabu ficou legal com a voz do Thiago Guimarães) e Luiz Carlos de Moraes (Mime de Benetnasch). Ainda que os profissionais escalados para substituí-los não tenham feito um trabalho ruim, as vozes de ambos são MUITO “poderosas” e marcantes para não sentir a falta.

 

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No geral, o jogo está mais fluído, e caso você tenha ele no seu PS4, roda a deliciosos 60 frames por segundo, deixando as animações ainda mais bonitas. Caso você queira estender a vida útil do game, você tem alguns desafios a se cumprir no modo Lenda do Cosmo, as Copas da Guerra Galática a vencer, e outros desafios. Tudo isso gera pontos de Cosmo, que podem ser usados para desbloquear determinados personagens (ou versões de personagens, como as Original Cloth Edition, ou eles com roupas civis), cenários e frases de ajuda.

Frases de Ajuda? Mas o que é isso, Kyo? Respondo, meu gafanhoto: As frases de ajuda são uma espécie de item, que ao estar equipado, confere bonificações nas batalhas mediante determinadas condições. Elas podem até mesmo ajudar a virar a luta, e são diversas. Caso você seja um preguiçoso sem saco pra desbloquear, tem várias disponíveis pra compra na PSN.

Graficamente, ele segue o mesmo estilo do antecessor. Cenários bem feitos, na medida do possível, fiéis ao material de origem (foi muito bom reencontrar alguns cenários de Asgard vistos no anime), e com elementos destrutíveis. Os modelos dos personagens, na maioria dos casos (excetuando-se talvez as Original Cloth Editions), fazem um mix de cellshading com 3D (pras armaduras) que na minha opinião, não fica tão bonito, quando um se sobressai claramente ao outro. É claro, que no PS4 as coisas são um pouco melhores, mas é uma pena que possamos encontrar na geração PS3 jogos mais bonitos que Alma dos Soldados, como os de Naruto (em especial o Ultimate Ninja Storm 3 Full Burst), ou a série Pirate Warriors (de One Piece), que é extremamente colorida e cheia de vida – mesmo com centenas de inimigos genéricos.

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LARC
Me atrevendo a falar da parte gráfica, achei o jogo bem mais bonito que o anterior. Os cenários ficaram mais caprichados e a jogabilidade ficou mais simplificada e direta. É um jogo “esmaga botões” ainda, mas você fica tão em êxtase ao ouvir os bonecos falado em português que você ignora a falta de complexidade do negócio. Se por um lado você pode jogar com seu filho ou sobrinho sem grandes problemas, um gamer mais hardcore vai bocejar e enjoar rapidamente do título.

Mas nada é mais enjoativo e preguiçoso que a vontade da dona Bandai Namco em dar aos games de CDZ um acabamento digno. No lugar de PNGs costurando a história (recurso usado no último jogo), resolveram criar “cenas animadas”. Enquanto esse recurso nos jogos de Naruto ficam uma coisa linda de se ver, em CDZ: Alma dos Soldados você só quer apertar [X] e pular logo o desastre. A pergunta que não quer calar é: PORQUE COM UM JOGO ELES FAZEM UM TRAMPO LINDO E COM OUTRO ELES FAZEM DE QUALQUER JEITO? Sim… Berrando mesmo! Querem algo mais tenso? NÃO FIZERAM ABERTURA! “Ah meu… Deixa de ser criança! Pra que isso?” É bem verdade que não serve pra nada, mas um jogo baseado em um anime sem abertura é algo tão broxante quanto essas “desanimações” em CG que fizeram neste game. Só pra vocês terem noção da safadeza, na hora em que golpes serão aplicados, colocam um “clarão branco” idiota!!!

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KYO
Sonoramente… Poderia ser melhor. As mesmas músicas genéricas de Bravos Soldados estão lá. As de batalha não chegam a incomodar, até empolgam algumas, mas a música das cutscenes… Ela é enjoativa ao extremo. A dublagem brasileira é o ponto alto do jogo, certamente. Trazendo boa parte do elenco original de Cavaleiros (com as já conhecidas mudanças), as vozes soam boas, e certamente ajudam nas cutscenes (que são mal produzidas cinematograficamente). Apesar disso, há um certo probleminha na dublagem brasileira, não de direção ou vozes, mas as frases saem de uma maneira (nas cenas) que parecem estar picotadas, com a palavra final de uma frase dando um espaço para conectar na frase seguinte. Provavelmente é pra encaixar com as legendas, mas que soa estranho, soa. Por fim, alguns velhos problemas que perseguem os jogos traduzidos da Bandai Namco aparecem aqui: a falta de revisão.

Erros de digitação na legenda, espaçamentos grandes entre palavras, erros de português, a coisa chega a tal ponto que temos o Shaka “usando” as técnicas do Aioria. Alguns dizem que esses erros não estão na versão de PS4, não posso dizer nada quanto a isso, mas elas estão no jogo que eu comprei. A coisa chegou a tal ponto que uma das frases de ajuda está com metade da fala em português e metade em japonês (grato ao Rocky Silva, do Vai Seiya! que me apontou essa mancada). E aí, com essas mancadas que já não são de hoje, começo a me sentir grato pela versão de PS3 de Tales of Zestiria não vir com legendas em português, porque vou te contar, hein…

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LARC
Outro aspecto que me atrevo a comentar é sobre a trilha sonora. Genéricas demais pro universo de Saint Seiya, as músicas do jogo – e até alguns efeitos sonoros – poderiam ser trabalhados de forma muito melhor. O futuro do pretérito é o tempo verbal que rege este lançamento de forma geral. Poderiam incluir todos os cavaleiros de bronze, os cavaleiros de prata, mais espectros, os vilões de “Alma de Ouro”… O jogo teria personagem pra k7? SIM! E daí? Isso é Saint Seiya! A história é repetitiva, mas ver todos aqueles caras trajando criativas armaduras que representam constelações ou personagens mitológicos é um barato que custa ser enjoativo.

Fica até previsível o que um vindouro game da franquia fará pra agradar os fãs. Mas quando deixar essas “cartas na manga” não representarão um risco de fracasso? Que façam logo um “Budokai Tenkaichi 3” (um dos melhores, senão o melhor, game de DBZ já feito) de Saint Seiya e faturem horrores  enquanto ainda existir gente disposta a pagar por isso no ocidente! No mais, espero que o sucesso de vendas abra o precedente positivo para a realização de mais BOAS dublagens de games em português. Um One Piece ou um DBZ dublado seria MUITO show né?

Ahn… Se vale a pena comprar? Se você é fã como eu nem pense duas vezes. Sugiro rachar com um amigo pois o preço no Brasil de lançamentos de PS3 / PS4 é bem salgadinho. Reúna os amigos e boa “zodiacada” pra todos vocês!

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KYO
Finalizando: Os Cavaleiros do Zodiaco: Alma dos Soldados não é o jogo definitivo de Seiya e os Outros. Ele ajuda a tirar o gosto ruim do Bravos Soldados, e diverte bem. Não contei na análise, mas o online funciona bem (em J-Stars e DB Xenoverse, as partidas tinham lags absurdos). Se você é fã, pode comprar sem medo, mas se não for fã de cavaleiros, espere o preço diminuir, porque possivelmente não fará falta em sua coleção.

Avaliação: 9/10

Avaliação: 9/10