Tokyo Ghoul com certeza foi uma das séries dos animes que mais fez sucesso entre o público fanático por animes no ano passado (se não é o que mais fez). Após inúmeros pedidos dos fãs, a Panini (com um grande suspense até) anunciou o mangá esse ano e o lançou durante o Anime Friends. As edições que estavam disponíveis no evento esgotaram nos primeiros dias, mostrando o sucesso estrondoso do título.

Na história, somos apresentados a um mundo onde existem criaturas chamadas ghouls. Eles são temidos na sociedade por serem agressivos e por se alimentarem de seres humanos, o porém é que essas criaturas se assemelham em praticamente tudo com os humanos.

As diferenças de um ghoul para um ser humano são: a cor de seus olhos, que sofrem alterações dependendo do estado; a incapacidade de comer “comida dos humanos”, além de café; e por fim, ghouls possuem uma estrutura corporal extra chamada kagune, que funciona como arma para que eles possam caçar suas presas e também se defender.

Nesse universo, está inserido o jovem Kaneki Ken, um humano. Uma das grandes paixões de sua vida é ler, tanto que ele cursa Literatura Japonesa. Esse amor pela leitura, faz com que ele se interesse pela bela Kamishiro Rize, principalmente por ela estar lendo uma obra de uma autora que Kaneki admira.

Rize acaba se aproximando de Kaneki e marcando um encontro com ele. O rapaz mal acredita que está realmente tendo um encontro, mas acaba tendo uma péssima surpresa ao descobrir que ela é um ghoul. Para a sorte do garoto, acontece um acidente que acaba matando Rize, porém ele já estava gravemente ferido, fazendo com que seja necessário um transplante de órgãos. A partir daí, a vida de Kaneki se tornaria um inferno.

Como esperado, Ken se transforma em um ghoul, porém ainda continua sendo humano ao mesmo tempo. Isso fica claro ao vermos que apenas um de seus olhos manifesta a mudança de coloração das criaturas. Com o rapaz transformado, o leitor começa a acompanhar uma série de conflitos ideológicos que o garoto sofre. Kaneki percebe que os ghouls não são monstros irracionais como a mídia humana coloca. Eles apenas estão lutando para sobreviver e podem ser bons ou ruins assim como os seres humanos.

O autor Sui Ishida coloca os ghouls do lado protagonista da história, fazendo com que o leitor tenha simpatia pelas criaturas. O normal é ver a humanidade sempre do lado “bonzinho”. Um mangá sobre alienígenas querendo destruir a Terra, por exemplo, é quase sempre sobre os humanos lutando para proteger seu planeta e destruir os aliens. Isso torna a inserção do não-comum interessante para o andamento da história.

Outra coisa que amplifica isso é existir uma organização que tem como função acabar com ghouls. A CCG é um grupo de humanos treinados para enfrentar ghouls. Além de possuírem uma grande capacidade física de combate, eles utilizam armas chamadas quinque. Elas são feitas com as próprias kagunes dos ghouls, tornando-as um material forte para enfrentá-los.

Tokyo Ghoul é a primeira obra de Ishida. A publicação ocorreu na revista Young Jump entre 2011 e 2014, finalizando com 144 capítulos. A versão encadernada terminou com 14 volumes.

O mangá tem uma história densa e bem violenta, buscando elementos gore em quadros de batalha ou quando os ghouls estão se alimentando. O mangaká faz referências a autores clássicos, principalmente ao livro A Metamorfose, de Franz Kafka, que fala sobre um homem que se transforma em inseto.

Para completar o clima da obra, a arte de Sui Ishida é sombria, aparentemente feita para causar terror. Em um mangá como este, combina perfeitamente. Tanto humanos como ghouls tem expressões muito bem representadas, revelando bastante sobre os personagens ou mostrando como a personalidade destes se altera com o tempo. Durante as lutas, acompanhamos bem como elas são cheias de movimentos rápidos, dando um clima frenético a todo aquele clima de terror.

tokyoghoul1-capa

capa da edição nacional

A edição nacional

Tokyo Ghoul foi lançado no Anime Friends 2015 e atualmente está com dois volumes publicados aqui no Brasil pela Panini. A edição brasileira está com o formato 13,7cm x 20cm e papel brite 52g. As artes das capas são diferentes e ambas também possuem artes coloridas internamente, sendo que uma dessas capas traz informações sobre um personagem. Custando R$12,90, as edições possuem cerca de 200 páginas.

Tokyo Ghoul, como supracitado, já está finalizado no Japão com 14 volumes encadernados, porém há uma continuação feita pelo próprio autor e não se sabe se esta será publicada por aqui também. No Brasil, o mangá tem lançamento bimestral e distribuição nacional.

O grande destaque é para a qualidade gráfica da edição nacional. Como o mangá está sendo impresso em uma nova gráfica, fomos surpreendidos com um brite mais branquinho e menos parecido com jornal, como é apelidado normalmente esse tipo de papel. O acabamento ficou ótimo. A qualidade realmente surpreendeu, ainda mais sendo um papel dito com menor qualidade que outros como offset (parece que a situação está invertida nos últimos meses).

Os balões ajudam bastante a manter o clima de horror do mangá, variando entre preto e branco. Outro ponto importante sobre balões é o fato de alguns terem a borda mais grossa em alguns momentos precisos, ajudando no clima de tensão.

Sobre a adaptação, os termos foram mantidos como já é de praxe da Panini com um glossário ao fim dos volumes para explicar alguns deles. A revisão está de acordo.

Conclusão

Tokyo Ghoul tem um sucesso justificável, com certeza. Apesar de não ser mil maravilhas, é de fácil leitura e também é fácil de cair no gosto do público, principalmente por possuir uma temática própria, cercada de conflitos ideológicos e, claro, boas batalhas. A edição da Panini está muito boa e creio que excedeu as expectativas, principalmente pelo papel brite não estar como estamos acostumados. Um mangá interessantíssimo, de fato.

História: 3,5/5

Edição Nacional: 4/5

Fotos dos mangás:
http://imgur.com/a/bU0qR