Saudações inca-venusianas! (Awika!) ♪Hoje é sexta-feira♪ e estamos de volta do recesso de fim de ano para mais uma temporada da Coluna do Daileon, aqui no JBoxHoje vamos relembrar um clássico que passou pelos reclames do plim-plim, como diria o Faustão. (Ô louco, meu!). Muitas notícias sobre Power Rangers e as últimas sobre o universo tokusatsu a partir de agora. Vamos juntos rumo à centésima edição!


Outra vez dinossauros?

No próximo dia 22 de fevereiro, a Hasbro divulgará o logo e a sinopse da temporada de Power Rangers de 2021, durante o evento Toy Fair. Tais expectativas acontecem desde a época do anúncio de Power Rangers Dino Charge (de 2015), ainda na era Neo-Saban.

Segundo o colunista americano Joe Deckelmeier, para o site The Illuminerdi, Ryusoulger, a atual série Super Sentai, poderá ser adaptada após a segunda e última temporada de Power Rangers: Morfagem Feroz (versão americana de Go-Busters).

Atualmente na reta final, Ryusoulger pode virar Power Rangers no ano que vem

Por ora, tudo isso pode ser considerado como rumor. Mas vale frisar que Deckelmeier é conhecido por fãs hardcore da franquia por adiantar informações como o especial comemorativo de 25 anos em Super Ninja Steel e a futura participação de Austin St. John como Jason em Morfagem Feroz.

Caso isso seja realmente confirmado, além de Ryusoulger ser a primeira série Super Sentai sobre dinossauros a ganhar adaptação pela Hasbro, o lançamento acontecerá no mesmo ano do filme Jurassic World 3. Lembrando que a primeira temporada de Mighty Morphin (de 1993) e Dino Trovão (de 2004) foram outras fases que tiveram temáticas sobre dinossauros nas eras Saban e Disney, respectivamente.

Kishiryu Sentai Ryusoulger será concluída com 48 episódios, sendo que o episódio final irá ao ar no Japão em 1º de março. A partir do dia 8 do mesmo mês estreia Mashin Sentai Kiramager na TV Asahi.

Comentário: Se assim for, isso pode ser uma jogada de marketing da Hasbro para preparar as comemorações dos 30 anos de Power Rangers, que serão celebradas em 2023. Mas bem que poderia rolar uma adaptação de Kyuranger, já que a série havia sido registrada pela antiga Saban em 2017 (leia mais aqui).


Na Netflix

A primeira temporada de Power Rangers: Morfagem Feroz já está disponível no catálogo da Netflix. Saiba mais aqui.

Comentário: A Netflix continua a tradição que acontece há alguns anos com novas temporadas da franquia. Morfagem Feroz é boa e a Hasbro está provando que é possível sim adaptar séries Super Sentai sem se prender ao plot de sua contraparte. Tem potencial para explorar ainda mais a mitologia da franquia norte-americana, mas ainda precisa deixar de lado as comédias pastelão dos irmãos Ben & Betty. Nossa resenha saíra em breve aqui no JBox.


Aquisição

No dia 30 de dezembro, a Hasbro anunciou a compra da produtora canadense Entertainment One. O valor foi de US$ 3,8 bilhões.

Comentário: É possível que a atual dona de Power Rangers mude o local de gravações para a América do Norte. Desde a era Disney, as temporadas são gravadas na Nova Zelândia. Isso sem contar a possibilidade de uma produção animada da franquia acontecer e, quem sabe, inspirada em sagas como Shattered Grid.


Cinquenta

Capa da primeira edição de Mighty Morphin Power Rangers | Divulgação/BOOM! Studios

No primeiro semestre deste ano, a série de quadrinhos de Mighty Morphin Power Rangers chegará à sua 50ª edição. O primeiro volume foi publicado pela BOOM! Studios em 2 de março de 2016.

Em entrevista para o site ICv2, Flip Sabik, o presidente da editora americana, fala sobre a expectativa da edição comemorativa:

A edição 50 é sempre uma grande conquista e algo para se comemorar, certamente no mercado atual, ainda mais se compararmos com vinte anos atrás. É uma das coisas que tem sido gratificante para nós nos últimos dois anos, uma série como Power Rangers é capaz de se reenergizar todos os anos com novas histórias e coisas que deixam os fãs animados e voltando às lojas. A edição 50 não será apenas uma edição de aniversário, mas algo que dará início a uma nova história que se estenderá durante 2020 e se desenvolverá em algumas coisas muito emocionantes na metade do ano.”

Comentário: O universo expandido de Power Rangers, pela BOOM! Studios, tem tornado a franquia ainda mais relevante na cultura pop. Uma pena que apenas um volume foi lançado no Brasil. Editora Pixel, nunca te pedi nada…


Produção executiva

Diretor de alguns episódios de Ninja Steel e Morfagem Feroz, Simon Bennet será o produtor excecutivo de Power Rangers a partir da temporada de 2021. Ele substituirá o veterano Judd “Chip” Lynn, que ficará até este ano.


Dentes de sabre

Trini, a primeira Ranger Amarela de Mighty Morphin Power Rangers, será tema de action figure da linha Power Rangers Lightning Collection. A miniatura será lançada entre março e junho deste ano. Veja as imagens:


Acachapante!

A Netflix japonesa apresentou um ranking com os 10 animês mais assistidos de 2019. Quem ficou em primeiríssimo lugar foi ULTRAMAN. Confira a lista:

1. ULTRAMAN
2. Neon Genesis Evangelion
3. One-Punch Man
4. Kengan Ashura
5. Attack on Titan
6. The Seven Deadly Sins
7. 7 Seeds
8. Dr. Stone
9. Cautious Hero: The Hero Is Overpowered but Overly Cautious
10. Arifureta: From Commonplace to World’s Strongest

Comentário: ULTRAMAN foi um animê bastante aguardado para a safra do ano passado e certamente chamou atenção de quem não é inveterado em tokusatsu. Ainda assim, o mangá da dupla Eiichi Shimizu e Tomohiro Shimoguchi é insuperável. A produção mexeu em alguns pontos em comparação aos quadrinhos, mas não deve afetar tanto nos rumos da segunda temporada. E é interessante ver que essa adaptação superou até mesmo os fenômenos Evangelion e One-Punch Man. Vitória acachapante, como diria o Prof. Villa.


Lembrete

O encontro entre os atores Kihachiro Uemura (Dan/Green Flash de Flashman) e Walter Jones (Zack/Ranger Preto de Power Rangers) acontecerá no Rio Matsuri somente na próxima sexta (17). Mais informações no site oficial do festival carioca da cultura japonesa.


Invadindo a Europa

Todos os 12 filmes de Gamera poderão ser distribuídos no Reino Unido pela Arrow Films. O lançamento deverá acontecer em Blu-ray e com qualidade 4K.


Ex-noiva

Rikako Sakata (26), a Miu Kazashiro de Kamen Rider Fourze, participará do episódio 41 de Ryusoulger, que vai ao ar neste domingo (12). Ela interpretará Miya, a ex-noiva de Canalo/Ryusoul Gold.


De passagem

O esquadrão Kiramager apareceu no spot de TV de Ryusoulger VS Lupinranger VS Patranger. O V-Cinema estreia nos cinemas japoneses em 8 de fevereiro. Assista:

Comentário: Desde 2010, ainda pegando na carona de Kamen Rider Decade, sempre que um esquadrão está prestes a estrear, ele aparece no “versus” só para mostrar seus poderes e não mais que isso. Com Kiramager não será diferente.


Anúncio a caminho

Em tempo, a coletiva de imprensa de Kiramager acontecerá na próxima quinta (16), com transmissão ao vivo pela plataforma de streaming Toei Tokusatsu Fans Club (obviamente, apenas no Japão). O elenco principal finalmente será revelado nessa data.


Colapso

Ryo Hayami, o herói Keisuke Jin em Kamen Rider X (de 1974), sofreu um infarto no miocárdio em sua casa no final de dezembro do ano passado. O ator de 70 anos está em recuperação e relatou sobre o problema neste domingo em seu blog e segue atualizando seus fãs sobre seu estado de saúde.

Segundo seu médico, Hayami estava com 99% dos vasos sanguíneos do lado direito do coração entupidos.

Força, X-Rider!!!


Dama fatal

Chihiro Yamamoto (23), a Laiha Toba de Ultraman Geed, será Nene Kurushima em Death Come True, novo game de terror protagonizado por personagens reais. Segundo a descrição oficial, Kurushima é “uma garota excêntrica que fica no hotel. Ela é uma entusiasta de assassinatos e uma autoproclamada fã do serial killer, Makoto Karaki.

Death Come True será lançado em algum ponto de 2020 para as plataformas Android, iOS, Microsoft Windows, Nintendo Switch e PlayStation 4.

Comentário: Yamamoto é uma atriz que continua se destacando por suas habilidades marciais. Não só em Ultraman Geed, mas também podemos vê-la em ação no filme Kamen Rider Heisei Generations: Dr. Pac-Man vs. Ex-Aid & Ghost with Legend Rider (de 2016).


R.I.P

 

Morre Shozo Uehara, aos 82 anos. O roteirista principal de O Fantástico Jaspion e várias outras séries tokusatsu foi vítima de um câncer no fígado. Confira os detalhes aqui.


Irmãos motoqueiros

Os irmãos Bicrossers!

No ano em que Jaspion e Changeman foram ao ar pela primeira vez no Japão, dois irmãos também entravam em ação para lutar contra uma organização criminosa que visava a conquista do mundo. Acompanhe agora na Coluna do Daileon a saga dos irmãos Ken e Jin Mizuno em defesa da paz e da justiça!

Após o sucesso de Seiun Kamen Machineman em 1984, o mangaká Shotaro Ishinomori (in memorian) e a Toei Company criaram uma produção diferente da linha das franquias Metal Hero e Super Sentai (embora alguns elementos fossem bem parecidos). No final da tarde de 10 de janeiro de 1985 entrava no ar a série Kyodai Ken Byclosser. Ou, como é mais conhecida pelo público brasileiro, Bicrossers.

 

Convocados pela quarta dimensão!

Da esq. para a dir.: Os irmãos Jin e Ken Mizuno

Os irmãos Ken e Jinjiro (Ginjiro) Mizuno visualizam um forte brilho de uma luz que passa pelo céu e ambos seguem essa estrela, que se dirigia para os arredores de Okutama. O que os jovens não sabem é que a luz despertou em decorrência de uma ameaça que estava por vir.

A organização criminosa Dester, liderada por Dr. Q, finalmente encontra a estátua do demônio Gowla, oriundo da constelação de Cobra D’água (Hydrus). Ao se aproximarem da caverna de onde Gowla estava escondido, os irmão Ken e Jin são atacados por capangas da organização e salvos em seguida ao serem abduzidos pela nave-mãe Star Core.

Ken e Jin recebem a missão de defender a Terra através da voz de uma misteriosa mensageira, vinda de um planeta do terceiro sistema galático chamado Serpente (constelação de Hydra). Os dois irmãos foram escolhidos por Pégaso, a divindade guardiã de Serpente, e a comprovação disso é de que Ken nasceu à 1h01 do dia 1º de janeiro de 1965 e Jin às 2h02 de 2 de fevereiro de 1968.

Assim, os irmãos Mizuno passam a ter poderes como superforça, telepatia e uma poderosa audição, além de atravessarem a barreira da quarta dimensão para se transformarem nos irmãos guerreiros chamados Bicrossers. O portal para a quarta dimensão está ligado ao guarda-roupa que fica no quarto dos irmãos. Os heróis também podem se transformar de qualquer lugar ao serem irradiados pela energia de Star Core. O veículo de Bicrosser Ken é o Auto Aerocrosser (Ken Loader) e de Bicrosser Jin é a Moto Aerocrosser (Gin Crown). A primeira máquina voa na velocidade de Mach 5 e pode se converter de um jato para um super-carro, enquanto a segunda corre a 400km/h e ainda pode voar na velocidade Mach 1 para servir como arma fatal dos Bicrossers. Ao ser apoiada no ombro de Ken, a Moto Aerocrosser ativa o Canhão Crosser (Blazer Cannon) para destruir o Robô Dester da semana. Além disso, os irmãos Bicrossers possuem armas individuais, sendo as principais a Espada Crosser (Cross Blade) de Ken e a Atiradeira Crosser (Sling Flasher) de Jin, sem contar os ataques especiais que são desferidos num piscar de olhos e explicados pelo narrador.

Ken e Jin devem esconder as suas identidades secretas de seus entes queridos. Entre eles está a mãe Katsuko Mizuno – o alívio cômico nos primeiros episódios – e o pai Kosuke. Logo no início da série, os irmãos conhecem a graciosa Ayami (Akemi), a filha de Daikichi Takeda, dono da micro-empresa de serviços técnicos Mão na Roda. (!) E seguindo a fórmula de Machineman, Bicrossers tinha um grupo de crianças do bairro que quase sempre acabam se tornando presa fácil de Dester.

Falando no diabo, nem mesmo os membros da organização sabem quem são os Bicrossers.

A primeira formação da organização Dester

Para conseguir mais diamantes para sua coleção, o Doutor Q quase sempre cria planos para fazer com que as crianças chorem, servindo como satisfação de Gowla para criar mais cristais do tipo. Ao lado de Q estão a vaidosa assistente Sylvia e os homens de preto (espécies de soldados biônicos). Além dos Robôs Dester criados por Q, com a capacidade de se disfarçarem de humanos para determinadas ocasiões. Quando um Robô Dester é destruído pelos Bicrossers, os novos diamantes se tornam pedras, como sinal de derrota.

Mais tarde, Rita, a neta de Q, retorna da Europa para integrar a organização. Sempre chamando Q de “vovozinho”, Rita se torna rival de Sylvia, seja provocando ciúmes ou mesmo competindo para saber quem será a futura líder de Dester. No meio da série, apos sucessivos fracassos da organização, o espírito que habita na estátua de Gowla possui o corpo de Rita para expressar sua insatisfação. Consequentemente, a estátua é despachada da base secreta de Dester e logo é encontrada pelos irmãos Mizuno. Gowla se apossa de Ayame e arma uma cilada para derrotar de vez os Bicrossers. A tentativa é frustrada e a alternativa de Gowla é ativar a autodestruição de sua estátua. Durante a contagem regressiva de 30 segundos, Ken soca a estátua e a entidade de Gowla abandona o corpo de Ayame. Após a explosão da estátua, Gowla deixa o nosso planeta e vaga pelo espaço.

Porém, surge Gowla Zonger, um cérebro eletrônico – também da constelação de Cobra D’água – que assume o comando de Dester. Zonger veio para reparar os problemas de Dester, desta vez com a intenção de conquistar o mundo. Nesta fase, sempre que um Robô Dester é destruído, Gowla Zonger cria um cartão com um projeto para um substituto para a semana seguinte.

 

Simplificando a luta entre o bem e o mal

Canhão Crosser, a arma suprema dos Bicrossers

A grande maioria dos planos de Dester são bizarros e sempre expondo as crianças ao perigo. Teve até, por exemplo, episódio onde fitas do clássico Kamen Rider V3 (também de Ishinomori) foram distribuídas com mensagens subliminares a ponto dos pequenos terem pesadelos com um suposto anjo da morte. (Isso non ecziste!) Mas nenhum episódio é mais tosco que aquele onde um Robô Dester rouba umbigos das crianças a fim de conduzir eletricidade para seus ataques. (Oi???) Loucuras à parte, o que mais chamam atenção em Bicrossers certamente são as sequências de ação e as trilhas sonoras (originais). Para nós brasileiros, a dublagem também tem seu charme.

Bicrossers segue uma estrutura de roteiro onde após os planos de Dester serem colocados em prática, as crianças ou até mesmo Ayame são ameaçadas pelo Robô Dester da vez. Em seguida, os irmãos escutam os gritos de socorro através da super-audição, se transformam, chegam com seus transportes, se apresentam fazendo suas poses de batalha, lutam bravamente até apelarem para o Canhão Crosser. Ah, é preciso que se diga que nenhum Robô Dester teve a ideia maquiavélica de destruir a Moto Aerocrosser ao invés de só tentar impedir Jin de alcançar sua máquina com raios e explosões. Sorte dos heróis por terem inimigos tão tapados. :P

Outro furo a ser comentado é que os vilões de Dester não tem boa memória. Por exemplo, Jin foi o herói que ficou mais exposto na forma civil. Ele já foi capturado, quase foi morto após uma criança descobrir sua identidade secreta e involuntariamente se tornou noivo de Sylvia. Nem mesmo na reta final, vejam vocês, Jin foi reconhecido por seus algozes ao ser capturado.

Em tempo, a Toei procurava atrair o público infantil com histórias mais leves, pois o mesmo já estava saturado com a fórmula combalida de Shaider e com o drama carregado de Bioman.

O design dos Bicrossers por Katsushi Murakami

Embora Ishinomori fosse o criador de Bicrossers, quem ficou responsável pelo design dos heróis foi o renomado desenhista Katsushi Murakami, responsável pelos visuais de Jaspion, Jiraiya, Kamen Rider Black, Winspector, entre tantos outros. Seu discípulo, Kazuo Oishi, foi quem criou os designs dos Robôs Dester. É de Murakami a ideia da Moto Aerocrosser servir como canhão no ombro de Ken. Em entrevista para o canal TokuDoc, do nosso amigo Danilo Modolo, Yuki Takasaka, pesquisador e apresentador do programa Ito, mahoroba, contou curiosidades sobre a inspiração do veterano:

No início não existia a ideia de ele usar a moto como canhão. Era para o carro parar, a moto viria por cima pra acoplar. O carro pararia, a moto vinha e encaixaria, assim os dois se juntariam. Ficaria como um tanque de guerra para atirar no inimigo. Tudo isso foi ideia do Oishi-san. Com isso planejado, ele foi pedir a opinião do Murakami […] O Oishi ficou parado lá um tempão esperando a resposta e ele (Murakami) solta: ‘A moto no ombro’. Ele (Oishi) assustado (disse), ‘Oi, o quê?!? Como assim, senhor Murakami?’ (Murakami responde:) ‘É isso, vem voando e ele segura a moto no ombro.’ Nesse momento, ele visualiza a ideia e gosta, mas o pessoal (se) assusta porque não estão vendo o que (se) passa na cabeça dele. E como ninguém entendeu essa ideia, o próprio Murakami fez o desenho do processo e foi até as filmagens, tudo quase como um diretor. […] Tudo foi criado, desenhado e dirigido pelo Murakami“.

Exibido nos finais de tarde de quinta-feira, das 17h30 às 18h, pela emissora japonesa Nippon TV, Bicrossers teve um sucesso considerável em venda de brinquedos. Contudo, não repetiu o mesmo êxito de Machineman e não compensava o custo de produção que estava cada vez mais alto. Bicrossers totalizou 34 episódios, com seu último capítulo sendo exibido em 29 de agosto de 1985. A faixa ainda precisaria ser ocupada por reprises dos episódios 8, 16, 20 e 34 da série (necessariamente nessa mesma ordem) em setembro, antes da estreia do animê do estilo mecha Blue Comet SPT Layzner, marcada para 3 de outubro daquele ano.

O tema de abertura Tatakae! Byclosser e encerramento Sono na mo Kyodai Ken Byclosser foram cantados por Gentaro Takashi (o mesmo da abertura original do animê Speed Racer). Bicrossers teve apenas dois temas de inserção – Go go! Ken Loader e Ore to omae wa Byclosser – interpretados pelo falecido Makoto Fujiwara (o mesmo da abertura e do encerramento do animê Macross). O próprio Shotaro Ishinomori foi quem escreveu as letras das músicas Tatakae! Byclosser e Ore to omae wa Byclosser, enquanto a equipe de roteirista Saburo Yatsude (ou Saburo Hatte) escreveu as outras duas músicas. Ainda nos anos 1980, o tema de abertura foi regravado pela banda de backing vocal Koorogi ’73, que esteve em atividade entre 1972 e 1990 e contribuiu para séries Kamen Rider e Super Sentai da época.

A trilha sonora foi composta por Shunsuke Kikuchi, o mesmo músico das séries clássicas de Kamen Rider e Dragon Ball. Poucos brasileiros devem notar, mas a partir do 11, Kikuchi passou também a reaproveitar algumas BGMs de Uchuu Tetsujin Kyodain, série tokusatsu de 1976 que também foi criada por Ishinomori e onde Kikuchi havia contribuído.

 

Quem é quem em Bicrossers

Keiko Sawachika como Ayami Takeda

Ken foi interpretado por Tetsu Kaneko. Atualmente está com 61 anos e longe da mídia desde 1988.

Keiko Sawachika (57), a Ayami, teve uma curta carreira artística nos anos 1980, sendo Bicrossers seu único trabalho em tokusatsu.

Katsuko, a mãe de Ken e Jin, foi vivida pela veterana Machiko Naka (83). O público brasileiro também viu a atriz nas séries Ultra Q (episódio 22), Ultra Seven (episódio 2) e Ultraman Tiga (episódio 36). Naka também participou em alguns episódios de Kamen Rider X, Stronger, Skyrider, Super-1 e Kuuga. Atuou em Bicrossers até o episódio 14.

O narrador original foi Osamu Kobayashi, que teve a mesma função nas séries tokusatsu Esper, Machineman, Ohranger e Carranger, além de animês como Fantomas e Patrulha Estrelar. Morreu em 2011, aos 76 anos, devido a um câncer no pâncreas. Curiosamente, era o dublador oficial do astro cinematográfico Yul Bryner (1920~1985).

Kenji Ushio foi o Dr. Q e interpretou vários vilões de tokusatsu, especialmente como o Embaixador do Inferno na primeira série de Kamen Rider, sem contar outros vilões em Ninja Captor, Battle Fever J, entre outros. Na trilogia Uchuu Keiji, fez as versões humanas dos monstros Sai Doubler e Saimin Doubler em Gavan, Yogen Beast em Sharivan e Lovelove em Shaider. Ushio morreu no início do madrugada de 19 de setembro de 1993, aos 68 anos, vítima de cirrose.

E o jovem ator Yuki Tsuchiya, o Bicrosser Jin, sofreu um acidente de trânsito e morreu por volta das 7h30 da manhã do dia seguinte, em 16 de maio de 1990. Tsuchiya tinha apenas 26 anos. Em 1983, interpretou Willy, o irmão da guerreira Helen, no episódio 36 de Sharivan.

 

No Brasil

https://www.youtube.com/watch?v=A8ntc-sGu1M

Chamada da estreia de Bicrossers na Globo

Aproveitando a carona do sucesso das séries tokusatsu exibidas pela extinta Rede Manchete, outras emissoras também entraram na concorrência para ter heróis japoneses para chamá-los de seus. Só para se ter uma ideia, a própria Rede Globo licenciou Bicrossers e também Gavan (de 1982) e Shaider (de 1984).

Bicrossers estreou na Globo como atração da extinta Sessão Aventura às 17h15 do dia 2 de janeiro de 1991*, logo após a série norte-americana Esquadrão Classe A e antes da Escolinha do Professor Raimundo, humorístico estrelado pelo saudoso Chico Anysio. (E o salário, ó…) Com Bicrossers fazendo um relativo sucesso, a emissora carioca anunciou a estreia de Gavan (apresentado por aqui como Space Cop) para 4 de março do mesmo ano. Mas a dobradinha durou menos de um mês no horário vespertino. Isso porque a faixa competia com as séries tokusatsu da extinta Sessão Super-Heróis, exibida na Manchete das 17h às 18h55. Bicrossers foi cancelado, enquanto que Gavan migrou para as exibições matinais no extinto Xou da Xuxa.

Bicrossers, Gavan e Shaider na chamada do bloco infantil da TV Gazeta

Ainda em 1991, Bicrossers, Gavan e Shaider foram exibidos no extinto bloco Gazetinha, no horário nobre da TV Gazeta. Esse último já não era novidade na TV de São Paulo, pois já havia sido lançado em novembro do ano anterior. Mas essa história fica para um futuro próximo.

Bicrossers voltou para a Globo em maio de 1992 e foi exibido nos fins de semana no horário ingrato dos finais de madrugadas, com episódios fora de ordem e revezando exibições semanais com Shaider. Há quem diga que o episódio final da série é inédito no Brasil, mas isso é um ledo engano.

Reprodução/Jornal do Brasil*

Às 4h da madrugada de 1º para 2 de agosto de 1992 (sábado para domingo), o episódio Golpe Fatal** foi exibido e provavelmente uma única vez. Ou seja, uma meia dezena de pessoas que madrugou para assistir a disputa entre Brasil e Alemanha no basquete masculino, pelas Olimpíadas de Barcelona, provavelmente deve ter testemunhado esse final com a dublagem.

Fora da TV, a extinta Globo Vídeo lançou apenas uma fita VHS com os primeiros três episódios de Bicrossers. Mas essa não foi a primeira vez que os irmãos estavam nesse tipo de mídia, indiretamente falando, uma vez que os heróis chegaram a aparecer em contra-capas de algumas fitas de Jaspion, Changeman e Flashman, pela extinta Everest Vídeo. O mesmo também aconteceu com Spielvan (antes da estreia nacional em 1991) e Bioman (série inédita no Brasil).

O único volume de Bicrossers em VHS pela extinta Globo Video | Reprodução

Sendo uma das poucas produções de tokusatsu dubladas no Rio de Janeiro, Bicrossers ganhou versão brasileira pela extinta Herbert Richers. José Santanna (Grimlord na primeira dublagem de VR Troopers) seguiu a mesma linha de narração do desenho Superamigos, da Hanna-Barbera, e ainda descrevia quase tudo o que rolava no episódio (mesmo sem precisar). A mesma redundância aconteceu na dublagem de Gavan (na voz de Márcio Seixas).

O grande problema da dublagem estava na mixagem da trilha sonora. Além de parte das BGMs tocadas no seriado, a Herbert Richers inseriu trilhas que não faziam parte do produto. Não se sabe direito o que realmente aconteceu. Se parte das trilhas originais se perderam na pré-produção ou se foi intencional. Curiosamente, até uma BGM de ação de Shaider toca em alguns episódios. O que era pra ter mais “dinamismo”, acabou sendo um emaranhado sonoro que prejudicou a execução de ótimas trilhas e até de efeitos sonoros. Ora tocavam em partes ou eram limados mesmo.

Trailers de Bicrossers e Gavan (Space Cop) pela Globo Vídeo

Mas justiça seja feita: apesar desses problemas, o elenco de dublagem era de alto nível. Destaques para Marcus Jardym (Ryan Steele na primeira dublagem de VR Troopers e Wes em Power Rangers Força do Tempo) como Ken, Oberdan Júnior (Den Iga/Sharivan em Gavan e Tintin em As Aventuras de Tintin) como Jin, Iara Riça (Trini em Power Rangers e Arlequina em Batman) como Ayami e o saudoso Jomeri Pozzoli (Comandante Qom em Shaider e General Devastador em Power Rangers Turbo) como Dr. Q. A apresentação dos episódios era de Ricardo Mariano, dono do inconfundível bordão “Versão brasileira: Herbert Richers“. Curiosamente, as vozes de Ken e Jin ficavam abafadas quando eles estavam transformados. Estranho, mas fazia sentido (e tinha um “charme” nesse caso).

Bicrossers não chega a ser o grande favorito do público brasileiro. Às vezes é lembrado por causa dos “dois irmãos que tinham um canhão numa moto e que passavam na Globo”. Porém, é subestimada pela maioria. Não é uma grande série e nem a pior de todas, mas Bicrossers é sim uma produção que merece ser revisitada sem grandes expectativas e apreciada como um despretensioso clássico oitentista do tokusatsu. :]

*Créditos: Matheus Mossmann (Dyna Black) e Ivan Betarelli (Shar Ivan).

**Nos materiais alternativos, o episódio final é intitulado como “O Golpe Invencível” e obviamente está sem a dublagem.