Com transmissão simultânea ao Japão por aqui através da Crunchyroll, estreou hoje (05/04) Digimon Adventure: (gravado assim mesmo, com os dois pontos), reboot do animê original de mesmo nome (mas sem os dois pontos), produzida pela Toei Animation, em 1999. Confira aqui.

Aqui no Brasil, Digimon foi um fenômeno cultural. Trazida ao Brasil como forma de contra-ataque à mania Pokémon, a animação ganhou grande destaque na programação da Rede Globo a partir de julho de 2000, sendo exibido também pelo extinto canal pago Fox Kids. Dublada nos lendários estúdios da Herbert Richers (aposto que você leu com aquela entonação), foi um enorme sucesso comercial, rendendo inúmeros produtos estampados com a marca, como materiais escolares, alimentos, revistas, jogos e brinquedos.

Com essa primeira série e as três subsequentes fazendo parte do imaginário coletivo, já era de se esperar que uma releitura da história, com os mesmos personagens, agora para uma nova geração, atrairia a atenção do público. Enquanto esse texto é escrito, o termo “Digimon” consta entre os assuntos mais comentados do Brasil do Twitter, por exemplo.

Em 2020, estamos bem mais próximos do “digimundo” que duas décadas atrás…

Originalmente, tínhamos a história de um grupo de crianças que, ao irem prum acampamento de verão, eram transportadas para o “digimundo”: uma dimensão alternativa, onde dados digitais ganhavam vida. Lá, elas se tornavam digiescolhidas e viviam grandes aventuras ao lado dos digimons, monstrinhos digitais com superpoderes, que lutavam pela justiça digievoluindo (mas só quando bem alimentados, amados e com o impulso dos digivices de seus digiescolhidos).

Essas tramas se passaram entre o final dos anos 1990 e o início dos 2000. Então, podemos concordar que o mundo, nas últimas duas décadas, mudou bastante, com as fronteiras entre o “real” e o “digital” sendo bem mais estreitas que à época citada. Digimon Adventure: aproveita esse update sociocultural e insere artifícios atuais, antes “fantasiosos” demais, na trama. Taichi, como demais personagens que aparecem nesse piloto, usa um smartphone, seja para falar com sua mãe, ou para assistir TV ao vivo; Koushirou (meu favorito desde sempre), que antes andava com um notebook, agora carrega um tablet bem mais prático; as notícias veiculadas, que ditam parte do plot desse piloto, não estão mais restritas à televisão, com os personagens acompanhando em tempo real pela internet.

Como antes, Agumon evolui para Greymon e salva o dia…

Falando no enredo, se alguém aí esperava que a história de duas décadas atrás fosse revisitada com fidelidade, adianto que, ao menos nessa estreia, as coisas vão por um caminho totalmente diferente. Alguns ícones principais estão lá: o Taichi ainda é o fio condutor inicial, indo parar no digimundo e encontrando o Agumon, que trava uma batalha com o vírus episódico, evoluindo para Greymon e salvando o dia. Mas aqui, os atos no universo digital têm influência direta no que acontece no real, com esse embate sendo decisivo para que uma linha de trens, descontrolada, não tire a vida de milhares de passageiros presos nela. E pelo que é mostrado na prévia no próximo episódio, com a inserção do Yamato (nunca gostei dele), os problemas se estendem aos EUA, com a ameaça, agora, se tornando global.

Ao que parece, Digimon Adventure: pretende fazer o que de mais interessante uma franquia pode fazer com o material base que tem em mãos em questão de reboot: atualizar pros dias de hoje, mas sem se distanciar tanto do que fez do original algo grande em seu tempo. Até então, está bem legal, movimentado, em linha com o que um animê infantil deve ser em 2020. Só sinto falta de trilhas mais fortes em momentos chaves (não rolou uma musiquinha bacana na hora da digievolução, poxa), mas aí, é o meu lado velhote querendo que tudo volte a ser como na infância. Culpa minha e não do animê.

Sinopse pela Crunchyroll:
É o ano de 2020. A Rede tornou-se algo indispensável para a vida dos humanos. Mas o que eles não sabem é que, por trás da Rede, existe um mundo de luz e trevas conhecido como o Mundo Digital, habitado pelos Digimons. Quando Taichi Yagami tenta salvar sua mãe e sua irmã, que estão a bordo de um trem desgovernado, ele entra na plataforma… e um estranho fenômeno o leva para o Mundo Digital. Ele e outros Digiescolhidos encontram seus parceiros Digimons e embarcam numa aventura em um mundo desconhecido!

O roteiro é assinado por Atsuhiro Tomioka, que já trabalhou em várias séries infantis como BuckyHamtaroSuper Onze Pokémon. No Japão, o animê substitui o horário de GeGeGe no Kitarou na FujiTV, série que se encerrou na última semana e também foi exibida por aqui pela Crunchyroll.


Inspirado no popular Tamagotchi, Digimon surgiu em 1997 pela Bandai, como uma série de bichinhos virtuais que também podiam batalhar. Em 1999 a Toei Animation lançou uma série animada derivada, sob o título de Digimon Adventure.

Creditada a uma equipe criativa denominada como Akiyoshi Hongo, Digimon Adventure fez sucesso suficiente para render uma continuação no ano seguinte, com Digimon 02. Depois foi a vez de Digimon Tamers Digimon Frontier, séries que possuíam seus próprios enredos, sem dar continuidade às duas primeiras. Após uma pausa, o título voltou com mais uma série original em 2006, intitulada de Digimon Savers (Data Squad no Ocidente). Entre 2010 e 2012 foi a vez de Digimon Xros Wars (Fusion) e em 2016 chegou Digimon Universe: App Monsters.

Parte dos episódios da 1ª série foi lançada em DVD pela Focus Filmes. Atualmente, pode ser vista na íntegra com a dublagem original pelo serviço de streaming Looke. Entre 2015 e 2018, uma série de 6 filmes foi lançada, trazendo os personagens do animê original na adolescência. Chamada de Digimon Adventure tri., foi exibida aqui no Brasil com os filmes divididos em episódios de meia hora, através da Crunchyroll.