No último sábado (20), o JBox realizou uma entrevista ao vivo com Nelson Sato, presidente da Sato Company, empresa responsável pela distribuição de vários conteúdos asiáticos para plataformas de streaming, cinema e televisão no Brasil.

O primeiro bloco da entrevista foi focado nos próximos lançamentos em termos de animê, a grande maioria longa-metragens. Confira abaixo um resumo do que foi comentado sobre cada título.

 

My Hero Academia: Heroes Rising

Segundo filme da série My Hero Academia, este deve ser o próximo lançamento dentre os longa-metragens de animê em poder da Sato Company no Brasil. A dublagem já estava em planos de ser iniciada, mas foi abortada por conta da pandemia do novo coronavírus. Após a readequação do setor, com mini estúdios montados na casa dos dubladores, uma cotação para a versão brasileira já está em andamento.

Apesar do momento em que estamos, o Japão ainda não autoriza o lançamento do filme direto em streaming (como aconteceu com Lupin III: O Primeiro, que também estava previsto para cinema inicialmente). Uma possibilidade vista pela Sato é a de lançar o filme em cinemas drive-in (uma modalidade que tem retornado aos poucos por ser mais segura que uma sala de cinema convencional).

A respeito da polêmica sobre a suposta dublagem da série de TV, que teria trocado quase todo o elenco em relação ao 1º filme, Nelson Sato afirmou que a Funimation (empresa americana que cuida da série) foi avisada das vozes do 1º filme e que esse tipo de trabalho é pré-aprovado antes diretamente com o Japão. A Sato Company tentou interferir para que fosse mantida uma unidade, mas como a série é de responsabilidade apenas da Funimation, a decisão de escolhas é somente da empresa.

Sobre o time para o 2º filme, a ideia da Sato é privilegiar o elenco original.

 

Eureka Seven

A Sato Company está com os três filmes relacionados à série já lançados no Japão. O primeiro deles, datado de 2009, traz uma espécie de universo alternativo em um prequel que não necessita de conhecimento prévio sobre o animê. Já os outros 2, datados de 2017 e 2018, fazem parte de uma trilogia chamada ‘Hi-Evolution’ (o terceiro dessa trilogia ainda não foi lançado no japão e tem previsão para 2021) e Nelson destaca que a experiência é mais interesse para os que já estão habituados com o universo de Eureka Seven.

A dublagem é uma possibilidade, sendo uma intenção da empresa dublar todos os seus filmes, mas tudo dependerá do andamento e retorno dos títulos. Como exemplo, Sato comentou que a versão brasileira de um filme desses custaria cerca de R$ 30 mil, indo diretamente para o streaming.

Havia a ideia de exibição dos três filmes em festivais antes da ida para o digital, o que não será mais possível.

 

Love Live! Sunshine!! (filme)

Continuação da série Love Live! Sunshine!!, exibida no Brasil pela Crunchyroll. Nelson destacou que há um nicho de fãs da franquia Love Live! no Brasil, que o motivou a trazer o filme. Perguntando sobre o porquê de trazer o longa de Sunshine e não o longa da série original, a resposta foi de que a ideia é investir em novidade e atualização, sendo este filme o mais recente da marca (foi lançado no Japão no ano passado).

 

Human Lost

Produção do Polygon Pictures (mesmo estúdio de Knights of Sidonia, Blame! e da trilogia animada do Godzilla), Human Lost é baseado em um dos maiores clássicos da literatura oriental, conhecido no Brasil como O Declínio de um Homem.

Houve uma pré-estreia no começo do ano no Brasil, e a ideia também era a de trazê-lo para os cinemas brasileiros, mas seguirá agora diretamente para o streaming.

 

Akira 4K

A remasterização do filme clássico já teve o material recebido pela Sato Company. O planejamento ainda está em andamento e a ideia seria a de fazer exibições especiais em cinema, além do streaming. A Sato Company também pretende lançá-lo em Blu-ray, em uma edição de colecionador.

Um fator curioso para os fãs é que será resgatada a 1ª dublagem da série, feita em 1991 pela Álamo por encomenda da própria Sato. Atualmente, é distribuída a 2ª dublagem, feita pela Master Sound e lançada em home-video (DVD e Blu-ray) pela Focus Filmes. A título de curiosidade, existe uma 3ª dublagem, feita pela Capricórnio para a exibição no extinto canal Locomotion.

 

 

Fire Force e Fruits Basket

Quanto à 2ª temporada de Fire Force, o pacote já é da Sato (a estreia acontece em julho no Japão), que recebe os episódios junto à Funimation. Perguntado sobre a demora no lançamento nacional, tanto de Fire Force quanto de Fruits Basket, Nelson explicou que ainda não é possível fazer o streaming simultâneo porque ele ainda não possui uma plataforma própria para isso (saiba mais no último tópico).

Ao adquirir os dois animês, a ideia da Sato Company era a de fazer a transmissão simultânea com o Japão em uma plataforma própria. Não tendo ainda esse meio, o jeito foi exibir no Amazon Prime Video com atraso, pois ainda há uma deficiência de tecnologia no Brasil em relação ao time que se tem nos EUA, para garantir aos japoneses segurança e qualidade.

Mais uma vez perguntado quanto à dublagem das séries, Nelson disse que há chances, mas o custo é elevado para conseguir se pagar o investimento. Quando tiver a própria plataforma, poderá medir melhor esses números. Levar à TV aberta é complicado, apesar do bom relacionamento recente com a Band, pois o material de nicho ainda enfrenta problemas para conseguir anunciantes (as séries tokusatsu em exibição atualmente até trazem boa audiência, mas nenhum faturamento).

 

 

Stand by Me Doraemon

O primeiro filme em computação gráfica do icônico Doraemon não faz parte do catálogo da Sato Company, mas está em sua “lista de desejos”. Havia a ideia de trazer o filme em 2015 (a empresa chegou a trabalhar uma temporada da série de TV), mas houve dificuldade de negociação e perda de timing.

A produção é do mesmo diretor de Lupin III: O Primeiro e Dragon Quest: Your Story.

 

 

Wow! Play

Imagem da versão 2015 do Wow! Play | Reprodução

Nelson Sato pretende retornar com sua própria plataforma de streaming. A primeira experiência foi em 2015, com o Wow! Play, mas houve problemas técnicos na época e a Netflix (uma de suas principais parceiras então) não viu com “simpatia” que a Sato Company mantivesse seu próprio serviço, mesmo nichado. Os motivos ocasionaram a pausa da plataforma.

Um novo Wow! Play está em desenvolvimento e deve contar também com uma loja virtual para edições físicas e limitadas para colecionador à venda.

 

Confira a entrevista completa: