Quando eu tinha uns 11 anos, joguei no PlayStation 2 um game chamado Soccer Mania, uma empreitada muito louca da Lego fazendo um jogo de futebol com zero seriedade. Soccer Mania era uma mistura de FIFA com Mario Kart, com itens aparecendo no meio do campo, potencializando jogadas ou só atrapalhando o outro time.

Eu joguei essa grande obra-prima dos videogames em modo cooperativo, com um amigo. Terminamos a campanha em uma semana e, desde então, era o meu jogo favorito de futebol. Até Captain Tsubasa: Rise of New Champions chegar.

Fã da série desde a infância, a empolgação veio logo no anúncio. Não é preciso caçar muito para ver que a minha expectativa era algo no estilo Soccer Mania, mas Rise of New Champions é mais próximo de uma mistura de FIFA com Dragon Ball Z Budokai 3 (ou o jogo de luta/ação de animês de sua preferência, esse é o meu favorito).

A Bandai Namco Brasil gentilmente forneceu ao JBox uma cópia do jogo para podermos analisar. A experiência aqui descrita foi no Nintendo Switch, majoritariamente jogando pela TV e não na função “portátil” do console, embora eu tenha jogado das duas formas (e não senti muita diferença entre um e outro).

 

Jogo de Futebol?

Jogadores do Nankatsu em 'Rise of New Champions'.

Time do Nankatsu com uniforme reserva. | Reprodução: Bandai Namco.

Com barras de ação (“garra”) e movimentos especiais misturados em uma mecânica tentando parecer com a de games de futebol, esse jogo é tudo que um fã de Super Campeões pode esperar, mas jogadores de FIFA ou PES podem estranhar um pouco no começo.

Apesar de muitos tutoriais nas primeiras partidas, não é tão difícil entender a mecânica. Contudo, como o foco do jogo fica em movimentos especiais e timing, quem jogar esperando uma experiência de games de futebol “comuns” pode acabar tomando um susto, pois é difícil marcar gols sem ataques especiais ou sem cansar o goleiro adversário (consegui uma vez, na sorte).

Essa é a graça e o trunfo de Rise of New Champions: o jogo faz tudo para fornecer uma experiência próxima aos absurdos da série. No fim das contas, fica tudo muito divertido – perdendo ou ganhando, as partidas são emocionantes. Digo isso com conhecimento de causa, após precisar de 6 tentativas para vencer o Toho no primeiro modo da história, a diversão superava a frustração em todas elas (é, eu sou bem ruinzinha).

Hiroshi Jito esmurrando o Tsubasa em 'Rise of New Champions'.

Reprodução: Bandai Namco.

Como as melhores coisas da vida estão nos pequenos detalhes, há ainda coisas simples e bobas que me agradam bastante. A principal delas é, certamente, o efeito “tela de TV” colocado na apresentação dos times a cada partida, comemorações de gols e momentos especiais, para termos a impressão de ser uma partida transmitida em algum canal.

Ao terminar a campanha, durante os créditos, toca uma versão instrumental da primeira abertura do primeiro animê (esse não foi exibido por aqui, infelizmente), outro detalhezinho bem bacana, junto com o uso do nome “Carlos Bara” quando o Carlos Santana ainda usava esse nome, antes de completar 17 anos (sim, eu gosto desses fanservice).

 

Os Velhos e Novos Campeões

Falando um pouco mais do jogo em si, o modo história é dividido em duas partes: Episódio do Tsubasa e Episódio do Novo Herói. Para completar a campanha, é preciso passar pelos dois, começando pelo “Tsubasa”, levando o Nankatsu à terceira vitória no campeonato nacional. Ao vencer partidas, filmes especiais são desbloqueados, contendo cenas da animação de 2018.

Depois de vencer com o Nankatsu, é hora do “Novo Herói” entrar em campo. Primeiro, é preciso criar um jogador personalizado – há uma infinidade de opções de customização desse personagem – e escolher uma posição (ataque, meio-campo ou defesa) e um dos 3 times escolares disponíveis (Furano, Musashi ou Toho). A minha primeira escolha foi um atacante no Furano, pelo time ser mais conhecido pelo esforço em equipe.

Cena de 'Rise of New Champions' com personagem customizado comemorando gol.

Allejo, meu personagem personalizado, brilhou muito no Furano. | Reprodução: Bandai Namco.

Uma competição é montada de última hora como preparação para a liga internacional juvenil. O primeiro objetivo, então, é vencer essa competição com seu time. Depois disso, vem a competição internacional, representando o Japão contra outras seleções – obviamente, o objetivo é ser campeão mundial.

Nessa parte, também são apresentadas novas mecânicas, com fortalecimento de vínculos com personagens e uso de itens para amplificar ganhos ao final das partidas. A cada partida, você escolhe um “grupo” de personagens para fortalecer vínculos e, com isso, vai aprendendo novas habilidades com eles e melhorando seu jogador.

Apesar da minha dificuldade inicial, no modo do Novo Herói eu não tive tantos problemas. Pode ser tanto combinação de já ter me acostumado com o jogo ou porque, com todos os jogadores bons do Japão, o ritmo de jogo vai ficando melhor.

Além dessas opções, o game conta com os modo Contra e Contra Online, no qual você pode jogar uma partida contra um outro jogador ou o computador – e ainda há opção de jogar de forma cooperativa com outros jogadores. Nós não conseguimos testar o modo online, o Switch acusava um erro, mas aparentemente não era de servidor.

 

Vale a pena?

Vamos então ao que todos querem saber: vale a pena comprar esse jogo? A minha opinião é sim, para fãs da série, de jogos de ação e também os de jogos de futebol – mesmo com mecânicas talvez meio esquisitas no começo. Rise of New Champions vai garantir boas horas de diversão, em partidas frenéticas e emocionantes. É, definitivamente, uma bola dentro.

Pelo menos para mim, a cada jogo ficava um sentimento de “isso aqui é muito louco”, cada gol era suado, cada vitória parecia uma conquista. É realmente muito próximo de jogos de luta inspirados em séries de animê, mas o fato de ser uma partida de futebol, um 11×11, deixa tudo ainda mais dinâmico. Inclusive, já virou meu jogo favorito de futebol.

Por fim, as legendas em português estão sensacionais, mesmo entendendo parte dos diálogos, eu sempre dava uma olhada no texto. As traduções são, num geral, bem-feitas, inclusive utilizando diversos termos ligados à “cultura do futebol”, dá para ver o esforço em adaptar os diálogos para a nossa língua.

Cena de 'Rise of New Champions', com Jito chamando Ishizaki de "homão".

Ishizaki finalmente tem o reconhecimento que merece. | Reprodução: Bandai Namco.

Captain Tsubasa: Rise of New Champions está disponível para PS4, Nintendo Switch e Microsoft Windows.