No momento em que escrevo esta coluna estou muito triste/chateado (assim como vários fãs) com a suspensão de Kamen Rider Black na Band. A edição já estava pronta e tive que fazer uma adaptação, pois o assunto seria uma análise do anúncio do clássico para a TV e principalmente sobre minha expectativa sobre o final inédito. Mesmo assim, quero fazer minhas considerações e, obviamente, tratar sobre esse assunto que ninguém queria comentar hoje. Seguirei a ordem cronológica.
Foram 26 anos, 1 mês, 14 dias, 18 horas e 56 minutos que separaram Kamen Rider Black da TV brasileira. A saga de Issamu Minami contra os Gorgom seria contada mais uma vez para o público nas manhãs de domingo da Band, logo após Changeman e Jiraiya. O anúncio pegou todo mundo de surpresa, obviamente. Esperava-se que o lançamento acontecesse primeiro na plataforma de streaming Amazon Prime Video.
Eu confesso que fiquei feliz e ao mesmo tempo achei estranho o lançamento quase repentino. Com o passar dos dias, pensei com os meus botões e cheguei à conclusão de que era uma boa oportunidade da Sato Company relançar a série. Mas como tudo que é feito a curto-prazo tem um certo preço, as chances de erros acontecerem foram consideravelmente maiores (ou piores). Ao que tudo indica, as falhas na estreia foram da Band. Não vou entrar no mérito pra tentar achar um culpado. Mas uma espécie de consultoria poderia ajudar, de alguma maneira, a emissora a não cometer os erros que aconteceram no dia da (re)estreia do Homem Mutante.
Uma coisa que ficou estranha foi a aparição do primeiro Kamen Rider na miniatura de anúncio da próxima atração. A gente até entende como as imagens de Bioman e Bicrossers foram parar nas fitas VHS de Jaspion e Changeman, no auge do sucesso. Sabe Deus como a imagem do primeiro motoqueiro mascarado foi surgir na emissora do Morumbi, mas o Sr. Black é inconfundível – se compararmos visualmente com o pioneiro.
Outra coisa que não deu pra entender foi que a nova versão do tema de abertura, em português, cantada por Ricardo Cruz estava pronta e não foi ao ar. Segundo o que o próprio cantor comentou nas redes sociais, garantiram a ele que “estava tudo certo“. Pelo jeito, foi usada alguma matriz com o tema original.
Ainda sobre a exibição, não gostei do corte dos eyecatches no primeiro episódio. Quem me segue há mais tempo nas redes sociais, provavelmente deve saber que curto esse e outros tipos de detalhe e reclamei quando a Band fez isso nos primeiros episódios de Jaspion e Jiraiya, pois foram perdidas pequenas informações (continuidade, diálogo e coisas do tipo) enquanto passava a linha com seus respectivos títulos. Felizmente isso não aconteceu no segundo episódio.
Quanto às hashtags que surgiram, a primeira que a Sato Company havia oficializado no dia do anúncio para a TV foi #KamenRiderBlackNaBand. Até aí, tudo bem. Só que a emissora usou #KamenRiderNaBand sem combinar com a distribuidora. Tá certo que a primeira é extensa pra tela, mas não seria melhor ambas as partes terem entrado em consenso, com antecedência, em unificar a segunda, até por questão de praticidade?
Esse detalhe acabou seguindo por outro caminho. Pra acabar com uma certa polêmica (que particularmente eu não vejo como grande coisa), a distribuidora acabou mudando a hashtag oficial para #BlackKamenRiderNaBAND. Ainda assim, ela é extensa. Se for pra mudar, que ficasse a que foi ao ar na TV, pois atenderia todo o público. Particularmente, eu usaria a primeira que foi escolhida.
Eu até entendo a preocupação do sr. Nelson Sato com isso e também com os saudosistas que chamam o herói de “Black Kamen Rider”, como foi adaptado pela dublagem clássica. Mas uma mudança assim, tão repentina, é estranha, ainda mais pra quem conhece ele pelo nome original/oficial. Para nós brasileiros, nenhum dos dois nomes estão errados. Usaria a nova hashtag aos domingos, mas continuarei referindo a série como Kamen Rider Black. É assim que eu e outros produtores de conteúdo usamos há longa data, é mais próximo dos outros Riders e está até mesmo na nova canção em português. Mas é preciso ter cuidado também para um eventual relançamento de Cybercop para depois não acrescentar um plural inexistente no título.
Apesar desses problemas, tivemos motivos para comemorar. Pela primeira vez estamos assistindo ao clássico com a imagem remasterizada em HD, o tema de encerramento “Long Long Ago 20th Century“ passou pela primeira vez na TV (a Manchete jamais exibiu) e os dois primeiros episódios foram lançados horas depois no canal TokuSato (ex-Tokusatsu TV) no YouTube. Por lá estiveram no ar o novo tema em português – que a Band não passou – e os previews dublados recentemente pelo narrador oficial Luiz Antônio Lobue. Essas conquistas compensaram os problemas na TV.
Originalmente, meu principal ponto desta edição seria o seguinte: a Sato Company e a Band precisariam estar muito bem alinhadas com a exibição de Kamen Rider Black para traçar um objetivo para que a exibição da série fosse até o final – com segurança.
A distribuidora ainda tem uma carta na manga que é o final inédito da série. Conferir a dublagem na TV seria uma experiência maravilhosa. Todos estariam reunidos em casa, nas redes sociais para celebrar esse marco que esperamos há muito tempo. Talvez o momento seria similar a assistir a um jogo do Brasil no final de uma Copa do Mundo ou mesmo ver o final de Dragon Ball Super em praça pública. A interação dos fãs nas redes sociais poderia impulsionar o final na TV, antes e durante a exibição.
Do contrário, a audiência poderia despencar. Lançar esse episódio via streaming antes da TV mataria toda a expectativa em volta do material inédito. Seria um erro fatal. Se a exibição seguisse até o fim (independentemente da possível mudança de horário), a Sato teria pela frente mais 25 semanas. Ou melhor, menos de seis meses. Tempo hábil para criar uma boa estratégia para promover a exibição do final jamais exibido pela Manchete. O sucesso da então pretendida 49ª semana do bloco dependeria de um planejamento minucioso.
Nesse caso, a exibição na plataforma de streaming da Amazon ou qualquer outra poderia esperar até o fim de Black na TV, para que a transmissão não perdesse o seu valor. É compreensível que as séries clássicas de tokusatsu entraram na programação da Band em caráter emergencial, como tapa-buraco. Só que o tempo e a audiência mostraram que elas são rentáveis e muito mais do que um mero suporte. Cada detalhe deveria ser analisado com cautela para que o ouro fique bem guardado a sete chaves, até ser entregue no tempo certo.
Kamen Rider Black tinha (ou ainda tem) boas chances de dar certo na telinha. Mas depois desse entrave com a dublagem que veio a publico na noite desta quinta (3), cheguei à conclusão de que o momento pra estreia da série acontecer não era pra ser agora. Poderia ser a vez de Flashman ou Jiban para substituir Jaspion, mas o Homem Mutante poderia voltar quando tudo estivesse pronto, nos mínimos detalhes.
Duas semanas foram um período muito apertado para deixar tudo pronto. E, por sinal, não foi um tempo hábil para fechar um acordo com o dublador que está reivindicando pelos direitos conexos (é justo). Mas isso é uma situação que deve ser acertada com muita paciência para que nós, fãs do herói, não sejamos prejudicados. Não é impossível de acontecer o consenso. Espero que isso se resolva da melhor maneira possível (embora não seja fácil).
Os episódios foram removidos do canal TokuSato (ex-Tokusatsu TV) no YouTube. Jaspion entra no lugar provisoriamente (agora sim como um tapa-buraco). Faz sentido porque, caso a situação de Black seja resolvida, ele volta para a programação. Foi o que aconteceu recentemente no Japão com o animê Digimon Adventure: que teve que ser substituído pelas reprises de seu antecessor, GeGeGe no Kitarou, durante o hiato causado pela pandemia da COVID-19.
Tudo era uma questão de planejamento a longo prazo, para evitar problemas, como disse acima. O que era apenas problema técnico, acabou gerando outro problema. Uma coisa que aprendi sobre administração (sou formado em gestão de RH) é que só se leva um projeto à frente se houver certeza ou tudo acertado. Se a resposta for não ou talvez, melhor nem seguir adiante. No caso de Kamen Rider Black no Brasil, é uma questão de se trabalhar com o tempo e formar uma boa estratégia.
Em tempo: hoje faz exatamente 32 anos do episódio 47, onde o herói foi vencido por Shadow Moon. Coincidência ou ironia do destino? O tempo vai dizer…
#VoltaBlack
O texto presente nesta coluna é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente a opinião do site JBox.
Vamos falar a real? A Sato não é uma empresa séria. Vive de nostalgia e não sabe se organizar ou vender o produto dela. Precisamos da TokuSHOUTsu por aqui, não esse amontoado de gente.
Eu mesmo em uma conversa informal com um amigo tracei um plano minimamente mais inteligente do que o do Nelson Sato e sua trupe incompetente. Mas como sou pobre e não tenho como comprar esses direitos e até mesmo a empresa, deixa quieto.
Diante do que foi apresentado aqui neste post e pela entrevista dada pelo Èlcio Sodré ao site Omelete entendi que houveram erros de planejamento por parte da Sato Company e que diante do que aconteceu com Black, tais erros devem ser evitados no futuro, pois todos estão perdendo, principalmente os fãs….Off.: Isso também é ruim pra Toei em divulgar a franquia Kamen Rider, já que as Sentais estão nas mãos da Hasbro na forma de PWR; Metal Heroes, desde o último filme de Gavan G, foi pro limbo…..é triste ver as franquias que mais gosto não serem divulgadas em nosso país dado a falta de planejamento,desrespeito, preconceito,ganância e afins….triste não poder ter acesso a um jogo de KR por exemplo em PT-Br ou dublado e que tais franquias ficaram restritas aos sites de vídeo….Off.: Ryukendo foi a última série japonesa “pura” que assisti na tv, porque desde que tive acesso a web, só as vejo via sites de vídeo e legendadas em vários idiomas,em especial em inglês e quando o 100grana e o jbox tinham sumido, migrei pra sites estrangeiros e sentia falta dos comentários em nosso idioma…..
Qualquer pessoa que tenho um senso de logistica e não quer perder dinheiro saberia ter cautela e uma melhor negociação por parte da exibição e o responsável pela voz, mas não, simplesmente viram que negócio deu certo, se afobaram e deu no que deu, e é por isso que empresas de médio porte acabam falindo pela falta de planejamento como um marketing “mais distribuitivo” (cof cof Pokémon resmater da Rede TV)!
Eu realmente fico chateado como publico pela burrice das empresas envolvidas, tirando o Élcio, pois se está na Lei, nada mais justo que reivindicar( coisa que eu não concordo, mas ai são outros que não cabe em discussão aqui para não virá baderna ideológica, enfim!), então é isso, uma raiva pela idiotice alheia é o que tenho as vezes, mas segue o jogo!
assista os episodios pirata e seja feliz..!!
Otimo texto. Bem planejamento nunca foi um ponto forte da Sato, visto os inúmeros erros q já cometeram. Seja por conta de fã dublagem sendo usado como material oficial até promessas de coisas q nunca vão rola.
O negocio é q enquanto eles só quiserem surfa a onda pra tirar o máximo de grana possível, logo isso vai morre, no maximo só atingindo o pequeno nicho desse grupo.
Infelizmente ainda o incidente da dublagem q poderia ser resolvido nos bastidores sem problemas, foi jogado de uma forma não muito ética comprometendo toda a exibição da serie e causando um problema enorme entre dubladores e fãs. Realmente acho q é melhor ir atras de outro tokusatsu e deixar o Kamen Raider mais pra frente.
Pelo que eu me lembro o encerramento passava sim na Manchete.
Tanto que era minha música favorita na época…
Se deu ruim pro Black imagina pro RX o dublador vai pedir mais dinheiro quando for chegar o RX ou o Sato nem vai querer trazer mais o RX por causa dessa polêmica toda.
Exatamente, passava sim na Manchete, eu via, passava as 18:30. O problema era que havia um intervalo comercial entre o final do episódio e o tema de encerramento. E em muitas praças ja entrava o programa local e não exibia o encerramento, dando essa impressão pra quem num via ou até mesmo trocava de canal pq achava q havia acabado pq começpu o comercial que era longo…. mas passava. Então essa conversa de que nunca passou é mito. Tem muita gente que é assim: “Eu nunca vi então nunca passou” kkkk
Não que seja o caso do nobre redator. Abraço e sucesso.
Não só o Rx, tem o Sharivan e outras em que o Èlcio Sodré dublou como o Guilhotine em Spielvan (eu não sei se a Hasbro ainda tem os direitos de Spielvan,Metalder e Sheider (VR Troopers)…Off.:Se um dia resolverem dublar as séries em que o Kotaro Minami seja como ele mesmo, ou como Black,Black Rx, neste caso KR Decade e Drive, o pessoal vai ter receio em relação tanto ao Sodré quanto ao Sato….Off.:O ideal é ter esperança para que se chegue a um acordo….todos estão perdendo no momento….
se era pra causa confusao deveria te deixado kamen rider black pra estreia no lugar de jiraiya ou do changeman e exibisse o jiban no lugar do jaspion
O tema de encerramento só estava disponível em VHS. Na Manchete, não eram exibidos os encerramentos de Black, Spielvan e Maskman (este último só passou nas reprises de 1999).
Muito entendido a empresário que não sabe como funciona o mundo dos negócios
Saudações amigo. Você tem uma informação oficial da divisão de cinema da manchete da época de exibição do Black que confirma essa informação?
Pq senão é a sua palavra contra a minha e de outros que afirmam terem visto, não pode ficar somente com a sua verdade. Eu inclusive ja falei o que ocorria na época. Então, se vc tiver uma confirmação oficial da Manchete a respeito da não exibição dos encerramentos da série, Dai vou pensar que foi uma ilusão coletiva ou quem sabe o canal local tinha as fitas e exibia o final eventualmente. Se não tiver fica como sua versão amigo e não a verdade.
Mais uma mancada da Sato Company. Não duvido nada de que enfrentaram problemas na negociação com o Élcio Sodré, mas resolveram ignorar e estrear mesmo assim, sabendo o que iria acontecer, para depois fazer o dublador de vilão. Como sempre as distribuidoras tropeçam nas próprias pernas ao planejar o lançamento de produções japonesas aqui, depois culpam a falta de retorno dos seus investimentos no mercado brasileiro, os fãs, a pirataria…
O Nelson Sato, para tokusatsu, ainda tem uma visão semelhante ao do Toshihiko Egashira nos anos 90, que este já reconheceu que não cabe mais no século 21.
Amigo nostalgia se tem quando pode se olhar a série quando tem vontade não ficar todo santo domingo esperando essa exibição porca feita pela Band. Ela claramente está tratando isso como tapa buraco… Não vou ficar a mercê dessa emissora queria sim que saísse primeiro na Amazon até porque vai lá se saber quanto tempo até isso tudo se resolver e se vai ser exibido até o fim na tv aberta o que eu acho bem improvável se a emissora está interessada como dizem faz um horário melhor coloca de segunda a sexta não se vê uma chamada nada feito de maneira certa…parece que estão fazendo um favor pro nós fãs..
Serve a palavra da grande maioria dos fãs que acompanharam na época ou mesmo de que gravou a série do Black? O antigo chefe da Divisão de Cinema da Manchete disse que o final do Black nunca foi exibido por lá porque tinha só 10 minutos de duração. Sabemos que isso é uma falácia, assim como outras lendas urbanas que o próprio ainda insiste em contar.
Inomináveis Saudações, César Filho!
É surreal que isto tenha acontecido. Mas se tem algo que pode ocorrer de bom com relação a essa ocorrência é o hype que deixa, abrindo caminho para a expectativa, quem sabe, de Tokusatsus mais recentes serem exibidos. Um efeito positivo de algo negativo.
Saudações amigo. Bem, se existe uma maioria que vc diz não ter visto, existe uma minoria que diz que viu. O correto é considerar todos e colocar entao que existem pessoas que alegam ter visto, e não ignora-las.
Tokusatsu era minha vida eu nunca tirava da manchete, entao sei do que estou falando.
Sobre as viagens do Eduardo, ele nem comandava a divisão naquela epoca. Ele falou isso por falar apenas. Mas fora isso ele cuidava de muita coisa, nao só de atrações infantis, e muita coosa para se lembrar. Agora desacreditar e querer saber mais do que o cara q trabalha la dentro é muito querer né.
Saudações, Inominável Ser! Sendo bem realista, as séries tokusatsu não devem durar mais tempo. A situação é traumática! :(
Marcelo, na boa, eu faço parte parte dessa maioria, acompanhava as exibições do Black na Manchete e conheço pessoas que gravaram na época e que podem confirmar o que estou dizendo. Ou aconteceu ou não aconteceu. A segunda opção é fato.
Sobre o “pai dos animes”, escrevi dois textos no meu blog detonando seus mitos com provas. Contra fatos não há argumentos.
Pena isso acontecer, já estava até torcendo por um retorno daquela época, mas com séries novas. Gokaiger, por exemplo, faria bastante sucesso entre o público porque homenageou diversos Tokusatsus anteriores a ela.
Ta certo. Abraço e sucesso pra vc.