The God of High School começa a caminhar para o final da maneira como iniciou: exibindo a profundidade de um pires, mas com um aproveitamento de “legalzices” bastante alto. As coisas seguem jogadas, bem pouco explicadas, dando uma impressão de gratuidade. No entanto, muito bonitas de assistir, com takes impressionantes, animados no capricho que fazem a experiência valer ao final. Tipo um videoclipe legal para uma música ruim.
No nono episódio, clones e loção corporal…
É hora de mais uma batalha do trio de Seul no God of High School, mas o Jin resolveu não aparecer. O moleque descobriu que seu avô havia sido raptado pela NOX, assustadora organização religiosa terrorista que quer colocar um fim no torneio por motivos que seriam revelados no episódio seguinte. Então, como bom protagonista de cabeça quente e desprovido da capacidade de sentar e bolar um plano, foi à procura do velho munido de cara e coragem. Pistas mesmo eu acho que ele não tinha, mas isso não vem ao caso.
Isso gera um problema de logística ao seu grupo no torneio. Como é uma competição “melhor de três leva”, eles até poderiam tentar rapar a rodada só com a Mira e o Daewi no páreo. Só que, não sei se vocês lembram, esse segundo está suspenso por uma rodada por ter se metido na luta dos outros tempos atrás. Caso Jin não apareça no estádio a tempo, eles perderão por W.O. Nessa em mente, Daewi e Mira combinam dela levar o máximo de tempo possível em seu combate, de modo que ele procurará o Jin fujão… em algum lugar não especificado nesses minutos. Lembro de rolar um plot semelhante no animê “clássico” de Beyblade, mas lá tinham piões futuristas (o que angaria vários pontos na soma final em comparação).
Começa a primeira luta e o adversário de Mira é o nadador saradão, despido e besuntado de loção corporal acima. Uma figura bastante coerente para concorrente a deus do ensino médio. É que ele tem histórico de atleta, tá ok?
Mas calha que o rapazote é inesperadamente mais poderoso que o esperado, não só sendo forte por si só, com suas técnicas e poderes próprios, mas também portando a espada mágica que Mira havia perdido mais pro início da série (quem lembrava? eu tinha esquecido), dominando o artefato ao provar que tem as habilidades necessárias perante o resto.
Enquanto isso, Daewi, que procurava Jin pelos corredores do estádio onde acontecia o evento, mesmo já sendo de conhecimento interno ali que o garoto não estava no local, precisa salvar o tiozão de 38 anos da quinzena passada de morrer no banheiro às mãos de uma outra participante, entusiasta do clássico filme incompleto do Bruce Lee, Game of Death, que resolve atacar Daewi também, emitindo os ares de psicopatia que adversários finais em torneios costumam emitir. Por mim, tudo bem. Brigas no banheiro sempre são legais.
Exceto pelo fato de que a luta meio que não acontece, sendo o maior coito interrompido desse episódio.
E nesse mesmo tempo, ou não, pois isso não é tão aprofundado, Jin chega num galpão onde seu avô pode estar, sabe-se lá como.
No local, ele encontra outro missionário da NOX, com a habilidade de criar clones próprios e de outros transeuntes, talvez utilizando o DNA deles, talvez não. Inclusive, a equipe que seu time está enfrentando nesse momento, ou no futuro, eles não chegam a explicar, é composta por clones feitos por esse cidadão, com os participantes reais estando mortos ali.
A batalha entre os dois é visualmente bem impactante, com o gimmick de alguém que pode se copiar rendendo segmentos impactantes, que preenchem a tela (exemplo no print reproduzido acima), dando uma impressão de sufoco no espectador. A direção nesse animê é bastante competente quando a proposta é servir boas cenas de ação. Uma pena isso não se estender a outros pontos obrigatórios para uma obra audiovisual, como a montagem, por exemplo. Nesse episódio ela é tão confusa que não dá para afirmar com precisão se tal embate ocorreu ao mesmo tempo que o da Mira com o nadador lustrado e que o não-embate entre o Daewi e a psicopata do banheiro, ou se ele rolou bem antes.
Digo isso porque, logo que a luta da Mira termina, Jin já aparece na arena, pronto para sua participação e ciente dos poderes de cópia do inimigo. Então, deu tempo dele enfrentar o missionário e voltar para o estádio? Ou as lutas foram ao mesmo tempo, com o Jin também desenvolvendo a habilidade de clonar?
De qualquer forma, o final da briga da Mira com o nadador foi ótimo, com ela recuperando sua espada e despertando seu charyeok. Vitória do time de Seul, sigamos para a próxima etapa.
E no episódio 10, a raposa de nove caudas…
Finalmente um dos embates mais esperados da trama toda está prestes a ocorrer: o time de Seul enfrentará o time de Jeolla do Sul, com grandes possibilidades de drama e power ups com coadjuvantes de grande importância sendo aproveitados em tela.
Num flashback, entendemos um pouco da relação não só do Ilpyo com seus colegas de time, mas também com o eventual supremo antagonista de todo o torneiro, o rapaz pouco impressionável de cabelos azuis que acha que competições de luta não são ambientes para mulheres. Aquele hábito de humilhar adversárias já estava presente em sua psique três anos antes, quando ele invalidou cruelmente uma amiga de dojo do Ilpyo numa competição – e não foi preso por isso.
A primeira batalha é entre Daewi, já livre de sua suspensão, com a Park Seungah, “guarda-costas” musculosa do Ilpyo. E, minha nossa, que troço lindo de assistir!
O modo como a animação trabalhou o peso (literal) da Seungah é de tirar o chão. Conseguimos entender em tela que ela é mais lenta por conta de seus músculos e de sua altura, mas quando seus golpes são desferidos, eles são feitos dum jeito que é quase possível sentir a dor deles. De verdade, é a nível cinematográfico, tão impressionante que é essa direção posta em prática. Certamente, um dos pontos mais altos do animê até aqui.
Mas é claro que o Daewi, no fim, venceria com seu grande poder de protagonismo.
Por fim, Jin contra Ilpyo. A ideia desse segmento é bem bacana. Enquanto os dois lutam na arena, com suas importâncias de narrativa e poderes se conflitando, do lado de fora a rua do estádio é tomada por uma horda de seguidores da NOX, precisando ser detidos por membros da staff do torneio e daquele time de superpoderosos. Isso vende uma ideia de que ambas as batalhas, embora com proporções diferentes, possuem a mesma importância.
E enquanto a dos carinhas lá dentro não foi tão interessante assim, do lado de fora as coisas pegavam fogo, com os animadores servindo telas bastante luxuosas.
Gostei bastante quando essa espada gigante caiu do céu e, momento depois, ela foi reforçada por “deus” para esmagar a arena. As partes com o bebum utilizando toda variedade possível de armas em sua técnica, enquanto os sacerdotes atrás tocam os tambores a todo vapor, também foram impactantes. Quando ele coloca aquela máscara e se transmuta num oni gigante, mastigando a espada, foi a epítome visual do episódio.
O subtexto envolvendo a atuação da NOX também foi bastante interessante. Eles são uma organização terrorista supostamente religiosa, tendo como intuito, dentre outras coisas, extinguir o uso dos charyeok, já que isso seria uma manifestação de politeísmo e eles defendem a existência de um só deus. Imaginem o quão legal isso ficaria nas mãos de um bom roteirista? Todas as possibilidades de alfinetadas contra organizações extremistas ao redor do globo, eventualmente utilizando a fé como forma de domínio para disfarçar atividades escusas. Seria mágico. Mas o que temos é um uso narrativo mínimo em The God of High School, então é melhor não sonhar tão alto.
No fim, o lado certo vence lá fora. Já dentro do evento…
Ilpyo surpreende a tudo e todos, despertando seu charyeok como uma raposa de nove caudas e se revelando como a tão aguardada chave que os organizadores do torneiro e os terroristas buscavam. Vem coisa boa por aí?
Falta pouco para o fim dessa primeira temporada de The God of High School e sigo achando que, caso a direção e o roteiro tomassem um pouco mais de tempo para o desenvolvimento de personagens, universo e tramas principais, a série ganharia bastante. É tudo muito rápido, picotado, imediato e sem fôlego, tudo se sobrepõe e fica difícil se conectar (ou se importar) com o que rola em tela dessa maneira. Por comentários que acompanho aqui e em outros lugares, parece que no manhwa as coisas são melhor aprofundadas, de modo que o animê é tocado como um “resumão dos pontos principais” nele. O que é uma pena, pois as cenas de ação são lindas demais para algo tão nas coxas.
Resta aguardar que essa trinca final de episódio seja ainda mais caprichada nesses pontos fortes e torcer para, numa eventual segunda temporada, os pontos fracos serem melhorados à nossa apreciação.
Comentários dos episódios 1 ao 4, 5 e 6 e 7 e 8.
Tendo estreado aqui no Brasil no dia 6 de julho, The God of High School é o mais recente animê com o selo de original da Crunchyroll a ver a luz do dia. Sua história é uma adaptação de um manhwa, uma “mangá sul-coreano”, escrito e ilustrado por Yongje Park, e seriado digitalmente na plataforma Naver Webtoon desde 8 abril de 2011, totalizando 11 volumes encadernados publicados pela editora ImageFrame até então. Essa já é a segunda produção original da plataforma de streaming nesse ano baseada em alguma publicação da Coreia do Sul. Na temporada passada, sua grande aposta foi Tower of God, oriundo de outra webcomic do país.
Sinopse oficial: Jin Mori diz a todos que é o colegial mais forte que existe. Sua vida muda quando é convidado a participar do “God of High School”, um torneio que decidirá quem é o colegial mais forte de todos, e que garantirá ao vencedor a realização de qualquer desejo que ele tiver. Todos os participantes são poderosos guerreiros que lutarão com afinco para alcançar seus sonhos. Uma batalha caótica entre lutadores colegiais inacreditavelmente fortes está prestes a começar!
Os episódios estão oficialmente disponíveis aqui no Brasil através da Crunchyroll (assista aqui).
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