Com um atraso de uma semana por questões de saúde, estamos de volta com a coluna! Hoje o assunto é Os Cavaleiros do Zodíaco. Desde que a editora Akita Shoten anunciou uma edição especial, chamada Final Edition, do mangá clássico da série, fãs passaram a questionar quem seria o atual dono dos direitos da série no Japão, já que a editora Shueisha é, até onde se sabia, uma das donas da franquia, junto ao autor Masami Kurumada.
Desde 2006, a série “canônica” já está fora da Shueisha, com a publicação da continuação oficial, Next Dimension, nas páginas da Shonen Champion, da Akita Shoten. Mas a relação da Akita com Saint Seiya começa em 2002, quando o spin-off Episódio G começa a ser publicado na Champion RED, outra revista da editora.
Final Edition: O Início do Caos
Até aqui, tínhamos uma situação um pouco mais clara: a Shueisha detinha direitos para “Saint Seiya” e a Akita, para outras séries deste universo, utilizando outros nomes (nesse sentido, Saint Seiya: Next Dimension seria uma “outra marca” em relação à Saint Seiya). Inclusive, nos anos 2000, a Shueisha até fez um site da série, cuja breguice típica da época é até louvável, mostrando ser detentora dos direitos.
A Akita seguiu publicando outros spinoffs da série, como Lost Canvas e Saintia Shô, nas páginas de suas revistas. Até aqui, continuava tudo na mesma página: Akita tem direito de publicar spinoffs, mas não de mexer com o material original, seriado na Shonen Jump do final de 1985 a 1990.
É também provavelmente por essas séries serem “marcas” diferentes que a TMS pode animar duas temporadas de The Lost Canvas – afinal, a série da Toei foi fruto de uma negociação do Cavaleiros do Zodíaco da Shueisha e do Kurumada, enquanto Lost Canvas seria um produto “à parte”. Se é assim que realmente funciona, não podemos provar, mas para os fãs fazia sentido.
Mas aí, no meio disso tudo, vem o anúncio definitivo da Final Edition, no final de 2019 (com previsão para sair em 2020), e ninguém entendeu direito porque a série original de Saint Seiya deveria ser da Shueisha. Mas, essa, na verdade, não foi a primeira vez que Kurumada “trocou” uma série de editora.
Durante o ano passado, o autor seriou alguns capítulos de Fuuma no Kojiro (Kojiro e os Guardiões do Universo), outra série originalmente da Shueisha, na Champion RED e, logo depois, uma edição especial do mangá saiu, contendo esses capítulos dentro da série original. A edição nova foi publicada pela… Shogakukan, que sequer estava na história (AT: mas, conforme comentou o leitor George Andrade, a Shogakukan é do mesmo grupo da Shueisha então talvez não seja bem mudança).
A Final Edition, ao que tudo indica, sairá realmente pela Akita Shoten. Ainda não há informações, mas deve conter os capítulos novos publicados em minisséries nos últimos 2 anos (Episode Zero, Origin e Destiny) e talvez outras novidades. Mas, colocar um apêndice aqui ou ali realmente descaracterizaria a série o suficiente para ser relançada por outra editora? Saint Seiya: Final Edition seria uma “marca” suficientemente distante de Saint Seiya? Como a Shueisha fica nisso?
Seiya e as Notas de Rodapé
Em 2017, um novo portal oficial da série foi lançado – esse, infelizmente, é bem menos brega, mas já estamos em outra fase da internet. A curiosidade é: ele não credita a Shueisha, apenas o estúdio Kurumada Production. Inclusive, há uma seção, HITOKOMA, onde é possível alterar frases de diálogos dos quadrinhos e as imagens utilizadas também possuem apenas o nome do Kurumada Production.
Sabemos que, em 2016, a JBC precisou do aval da Shueisha para lançar o Kanzenban nacional de Cavaleiros, já que as primeiras páginas do livro creditam a editora. Dois anos depois, a editora japonesa ainda fez uma parceria com a UNQLO para o lançamento de camisetas da série, numa comemoração de seus 50 anos. Ainda em 2018, Seiya e Shiryu foram anunciados no jogo Jump Force (2019) e a Jump Festa também contou com brindes da série.
Apesar disso apontar que a Shueisha ainda é dona da série, esses também parecem ser os últimos envolvimentos mais diretos dela com a franquia. O jogo da Tencent, lançado no final de 2017 na China e inspirado no mangá original, é uma parceria apenas com a Kurumada Production. Os jogos Soldier’s Souls (2015), Cosmo Fantasy/Zodiac Brave (2016) e Shining Soldiers (2020), da Bandai Namco, e a série da Netflix, também não trazem o nome da editora nos respectivos sites oficiais.
Em comparação, o finado Saint Seiya Online (2008-2020) credita a Shueisha em seu site, assim como Brave Soldiers (2013). Essas podem ser só questões de contratos no desenvolvimento dos jogos, mas sendo Soldier’s Soul basicamente uma atualização de Brave Soldiers, é difícil imaginar que a Bandai resolveu mudar o modelo de negociação sem motivos… ou que o estagiário tenha simplesmente esquecido.
Se apenas o Kurumada for o dono da série por algum eventual vencimento nos contratos, a Akita poderia lançar uma edição especial sem problemas, precisando apenas do aval dele. Se for isso, a Bandai, por exemplo, poderia apenas ter atualizado os direitos nos sites de jogos mais recentes. Zodiac Brave e Shining Soldiers são games mobile ainda alimentados com atualizações e Soldier’s Soul é para consoles da geração atual – diferente de Brave Soldiers, jogo exclusivo de PS3.
Contudo, esses exemplos dados aqui foram apenas para jogos. Produtos de merchandising da série muitas vezes creditam a editora, é o caso do tênis esportivo anunciado recentemente pela empresa chinesa 361º, creditando Kurumada, Shueisha e Toei Animation. Aliás, nem precisaríamos ir tão longe: as camisetas lançadas pela Piticas por aqui no ano passado também incluem a editora nos créditos. É claro que isso também poderia depender da época das negociações, se estivermos falando de eventuais contratos vencidos.
O JBox entrou em contato com a editora JBC, que afirmou não ter recebido qualquer comunicado sobre alterações por parte da Shueisha, seguindo normalmente com a impressão do Kanzenban.
E agora, José?
Os produtos oficiais indicam que a Shueisha ainda teria direitos sobre a série em algum nível, mas, por algum motivo, nem todas as coisas precisam passar por ela. No meio dessa aparente festa universitária chamada “direitos de Cavaleiros do Zodíaco“, Kurumada não parece precisar de nenhuma autorização da editora para reimprimir sua série com adendos.
Contratos vencidos? Brechas contratuais? Algum tipo de acordo entre as partes? No fim, nós não sabemos. A situação real dos direitos de Saint Seiya é algo que apenas os contratos assinados entre a editora e Masami Kurumada poderiam responder, mas fica, certamente, a curiosidade do que viabiliza uma reimpressão especial saindo pela Akita Shoten. Resumindo: parece uma bagunça… coincidentemente, a mesma opinião que tenho sobre Next Dimension.
O texto presente nesta coluna é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente a opinião do site JBox.
Considerando que existe aquela história de que nos anos 90 o Kurumada brigou com a Shueisha, voltando aos “bons termos” somente no início da década passada quando ele publicou o prólogo do Prólogo do Céu (?, Hehe), é bem capaz de, se em algum momento contratos tenham expirado e renovados, o véio deu um jeito (seja na cara dura ou por letrinhas miúdas) de ficar com a “última palavra” de tudo o que se refere á franquia. E não é a primeira vez que um mangaká fica por cima da carne seca em relação á Shueisha (basta ver o Togashi fazendo o editorial da Jump de gato e sapato).
Kurumada não é bobo não. Aposto que ele usa sua coleção de saquês para embebedar o povo e fazê-los assinar contratos que no final vão beneficiar a ele.
Sempre tive essa duvida e pelo jeito n vai ser sanada tão cedo. Pelo q eu entendi a Shueisha ainda pode usar CDZ de merchandising e como componente da Jump, ao contrario de Shaman King q praticamente n existe mais no universo Jump. Tão bagunçado quanto o enredo da série. Yahahahaha!!!
Essa do Togashi é sensacional. Dizem q ele se demitiu e o Torishima (editor e vilão de Dr. Slump) q era editor geral na época pediu pra ele voltar e o Togashi meteu o condicional de fazer o q quiser, na hora q quiser, do jeito q ele quiser. N sei se a história é real, mas pelo andar n duvido.
Apenas a título de curiosidade, a Shogakukan é do mesmo grupo dono da Shueisha, então meio que Kojiro não saiu de lá.
Tá tão bagunçada essa história como os spin off da franquia, Cavaleiros é o novo Star Wars ou X-Men da Fox, tá cheio de linhas alternativa desnecessária.
Como componente da Jump, não sei. A última vez foi em 2018, na Jump Festa do ano passado acho que não teve nada de CDZ. Mas pode ser só coincidência.
Atualizado.
Tenho quase certeza que essa história é verdade sim. E a maior prova disso é que, quando o Torishima foi chorando pedir pro Togashi voltar pra Jump (que na época já estava entrando na era das trevas com o fim de Dragon Ball), ele concordou em voltar desde que ele pudesse publicar MENSALMENTE Level E, sendo que, como sabemos, a WSJ é semanal. Olha a audácia do indivíduo!!
Tudo que é desenho que vende brinquedo é da Bandai. Tudo. Pode até ter outro nome na capa, mas no fundo quem manda é ela.
Aliás,tem uma história de que a Bandai manda e desmanda na Toei, quem falou isso foi alguém da equipe de produção de KR Hibiki….se isso for verdade, a Hasbro deve pagar algo a Bandai pra usar os designs dos robôs e afins,já que PWR é baseada nas sentais da Toei….
Na verdade o Kurumada voltou pra Shueisha muito antes do Prólogo do Céu. Em 2000 ele começou a escrever Ring ni Kakero 2 na Super Jump, que foi até 2008 e atualmente escreve Otokozaka na Jump+.
Têm as exceções como a takara Tomy (Beyblade, Transformers, b-daman, bottleman e zoids) mas a Bandai é sim a maior fabricante de brinquedos do Japão.
Ou seja, mesmo que seja pouco lucro, a Shueisha ainda tem parte dos direitos de CDZ, e quando one Piece acabar vai olhar pra tudo que tiver se não tiver outro hit pra ocupar o trono da galinha de ovos de ouro deles.
O novo SW é Dragon Ball, que só vem merda atrás de merda.
Já li que B’tX foi criado quando ele ficou direitos bloqueados de Saint Seiya.
Tanto manda que no Japão dizem que a BUndai contratou o Kururu pra fazer uma série com personagens fodoes e Overpower, que eram moda na época de 80, e que ele não manda nada na série. Bt’ X foi a mesma coisa SS/CdZ 2.O.
Isso de direitos é da Akita agora, sem mais. Hokuto No Ken, City Hunter, Sakigake!! Otokojukoh todos perderam os direitos na Shueisha.
O estranho foi o Saban chutar a Bandai pra fora do páreo, desde aquele filme reboot de PWR e entregar a franquia de “mãos beixadas” pra Hasbro….Off.: Se essas firmas tem tanto poder e influência, não corre o risco de no futuro,se elas quiserem dar um jeito de afrouxar essas leis anti- propaganda infantil e afins em nosso país?
Kurumada criou CDZ depois de um flop comercial com Otokozaka, ele fez uma série apelativa pra se manter na revista e Bandai teve interesse, não foi o oposto.
nada a ver star wars tá cheio de coisas boas como os novos filmes que por mais que fã dizem que são ruim é tudo noia pois gosta da desgraças chamada episodio 1 e 2 e fica falando merda dos filmes novos que botão esses ai no bolso, Dragon Ball tá pra o universo da DC comics no cinema onde pouca coisa vale a pena.
Não. No Japão, quem ainda lembra do Kururu, sabe muito bem que ele é funcionário contratado da BUndai. Tanto que ele tentou fazer o SS/CdZ 2.0 com um Silent Knight Sho, que não teve um cristão pra comprar o primeiro volume encadernado. Por isso, a BUndai arrumou uma vaga, em outra editora, pra ele fazer o Bt’X com uns assistentes top e aí a coisa até que fluiu. Agora, a BUndai lembra o Kururu de fazer o Next Anywhere, uma vez por ano, pra ela vender bonequinho.
Chance sempre tem, caso tenha uma valorização cambial aqui, o que é bem improvável. A questão é que o Brasil não é um país que gera lucro, tanto que até a Sony vai meter o pé daqui.
Fascinante essa história. Eu fui em algumas Jump Shops no Japão em fevereiro desse ano e tinham produtos de Saint Seiya normalmente por lá, seja lá o que isso signifique, haha