Agora falta mesmo bem pouco para o fim de The God of High School. Ao longo de 12 episódios, acompanhamos a trajetória do trio de lutadores Jin, Daewi e Mira numa competição que emula a mecânica de videogames, mas com consequências políticas que podem ser bem reais. E nesses 2 últimos antes do iminente ato final, o perigo toma proporções globais, até dimensionais. E tudo daquele jeitinho mais acelerado que vem servindo de parâmetro para a série como um todo.
No décimo primeiro episódio, o poder do protagonismo…
Anteriormente nessa mesma rodada, o tão aguardado embate entre Jin e Ilpyo começou, servindo full entretenimento aos espectadores que vinham esperando pelo confronto de estilos dos dois desde que essa nova etapa do torneio se iniciou. O mais interessante nisso tudo, ao fim do episódio anterior, foi a quebra de expectativa em, possivelmente, colocar o Ilpyo não só como o vencedor, mas como o portador da chave buscada por todo e qualquer personagem mais importante em tal universo criado.
Seria de cair da cadeira observar o Jin quebrar a cara pela primeira vez e ser derrotado tão perto assim do título, mesmo tendo sido vendido como “o cara” por todo o animê, com o roteiro muitas vezes se munindo unicamente desse fator “o escolhido” para lhe dar vitórias, importância narrativa e tudo mais. E foi mais ou menos isso que a série deu a entender com o Ilpyo despertando a raposa de nove caudas de charyeok justamente quando todos achavam que ele pereceria. Algo reforçado ainda pela narração introdutória no começo desse episódio, contando a lenda da Kitsune, sobre como ela se tornou poderosa demais para ser tolerada por deus, que a atacou, fazendo com que ela destruísse metade do céu e adormecesse na terra para recuperar sua energia.
Essa seria a chave capaz de derrotar deus, com um poder acima de todos, o elemento principal da história toda, impossível de perder a essa altura do campeonato…
Exceto pelo fato de o Jin ser o protagonista e não poder perder para ninguém, mesmo que seja para o personagem que deveria ser o mais poderoso e implacável da narrativa geral. Então, na última hora, o charyeok de Jin se manifesta em ápice, sendo tão enigmático em execução quanto o próprio conceito de divindade:
Ilpyo, a raposa de nove caudas, a arma capaz de matar deus, a chave fitada por heróis e vilões, o motivo para que o God of High School exista, é derrotado. Jin e seu trio são classificados para a grande final.
Paralelo a isso, a equipe de organizadores do torneio, com ajuda de outros figurões poderosos, consegue deter a invasão ao estádio e a volta de “deus” por ali, ao menos momentaneamente. Contudo, os problemas envolvendo os fanáticos religiosos da NOX continuam, no macro e micro.
Ocorre que o “despertar” da chave no Ilpyo mexeu com os poderes de todos os que já detinham seus charyeok ali ao redor. Inclusive Jeon Jugok, aquele maestro ricaço, sempre com sua empregada, Lee Hyangdan, de guarda-costas, que levou uma surra do Jegal, o psicopata de cabelo azul, na primeira rodada e lutava para sobreviver com o auxílio de nanorrobôs na emergência do torneio. O evento o converte numa criatura demoníaca, com a habilidade de absorver corpos alheios, que busca vingança contra aquele que o colocou em tal situação de vida ou morte.
A batalha toma proporções explosivas dentro da enfermaria do God of High School, com Jegal aproveitando o ensejo para assassinar de vez o garoto possuído, atacando também, no meio do caminho, a empregada dele como vítima para irritá-lo, e ainda arrancando um braço e uma perna dos colegas de equipe do Ilpyo, Seungah e Hyeonbok, enfiados na batalha por ocasionalidade.
Todo o segmento com o Jeon Jugok em modo “Carnificina” foi um deleite visual, o maior destaque do episódio. A animação passou bem em tela todo o gore que uma figura do tipo pode exalar. Em dado momento, a carne dele ganha um aspecto de goma de mascar nojento, grudando nas paredes e absorvendo aqueles que caem nessa armadilha. Esquisitíssimo de assistir, mas impressionante nesse mesmo nível.
Vendo a história se repetir, com Jegal limando novamente a capacidade de amigos dele lutarem no futuro apenas pela loucura sanguinária, Ilpyo perde o controle e a kitsune se apodera novamente de seu corpo, atacando o inimigo com tudo o que tem. E lá fora, a NOX retorna para ainda outra rodada de investidas, onde um missionário reabre o portal ao céu e traz “deus” (que supostamente havia sido derrotado minutos antes, mas reaparece como se nada tivesse acontecido) de volta ao jogo, agora acompanhado por uma legião de anjos macabros.
Por fim, é declarado que o God of High School está encerrado.
E no episódio 12, a chave fica com o vencedor…
As coisas esquentam do lado de fora do estádio e, só então, os competidores tomam conhecimento disso. Enquanto Ilpyo ataca Jegal munido da fúria animalesca da raposa de nove caudas, seus amigos amputados são tratados pelas enfermeiras do torneio e o avô de Jeon Jugok descobre que seu neto foi morto, também jurando vingança contra Jegal e a NOX.
Contextualizando aos espectadores, rola um flashback curtinho da infância de Jegal. Bem curtinho mesmo. Ele foi vendido por sua irmã para um idoso cheio da grana que buscava no garoto de cabelo azul, ainda bem novinho, moldar a arma perfeita para herdar o nome de sua família, sua fortuna e poder dentro da Coreia do Sul. Incluindo, inclusive, um pacto no NOX, que lhe transferiu habilidades de batalha assustadoras, grotescas, que deformam sua aparência quando ativado o charyeok.
Esse processo em busca pelo status de vencedor parece ter mexido com os parafusos do menino, que resolve trair o próprio pai adotivo no meio do caminho. O que rendeu ainda outra cena visualmente impressionante (print acima), que serviu também como introdução para os poderes reais dele, utilizados logo em seguida, virando a luta contra Ilpyo a seu favor.
Resultado: Ilpyo é derrotado, com a chave (que, literalmente, era uma chave, embora eu jurasse que isso tudo era só um “conceito”, uma alegoria, não um objeto real) pulando do corpo dele e virando o foco de todos os personagens ali.
Ao mesmo tempo, o missionário da NOX, que havia reinvocado “deus”, antes derrotado, agora reinserido na trama como se nada tivesse acontecido (há incoerências no roteiro, não me culpem por apontar, eu sou só o mensageiro, caras), o transmuta numa forma mais magnânima, semelhante a Buda, numa armadura dourada, mas com algo que lembra um Oni (criatura do folclore asiático) por trás da máscara. O acompanhando, surgem seres que parecem representar anjos, mas numa abordagem puxada pro horror, como criaturas que deram errado numa experiência científica.
Esse novo “deus”, tunado, é poderoso demais para ser impedido pelos organizadores do torneio, com o planeta correndo perigo real de ser destruído por sua invasão. Do outro lado do globo, o governo dos EUA envia dezenas de mísseis nucleares frente a ele – e isso, certamente, varrerá a cidade de Seoul do mapa, com todos os seus moradores morrendo em consequência.
O trio de protagonistas, Ilpyo, seus amigos e Jegal são transportados para longe dali. O psicopata de cabelo azul derrota Daewi e Mira, quase matando-os. Por fim, é hora de Jin e Jegal se enfrentarem pela chave. Enquanto isso, em Seoul, Jeon Jaesan, membro d’Os Seis, e avô do Jeon Jugok, ciente a investida nuclear dos EUA, teleporta todos os moradores da metrópole para um local seguro, convertendo as bombas num ataque massivo contra o “deus” da NOX. A explosão leva os participantes de volta para a cidade. Jegal, enfim, toma a chave, transformando-se num amálgama de anjo e demônio ideal ao papel de final boss que o animê pareceu buscar nele.
Destaque especial para a transformação dele, bem bonita, bem feita, detalhada e idealmente esquisita. São nesses pequenos momentos que The God of High School mostra o que tem de melhor. Ponto também para a luta entre o Jegal e o Ilpyo, em velocidade alta, mas extremamente fluída. E para as várias cenas aéreas contra os anjos. Há uma riqueza de detalhes que compensam a total falta de empenho no roteiro. Agora, só resta mesmo a batalha final.
Qual será o resultado disso? Descobriremos amanhã, no episódio que encerrará essa temporada.
Comentários dos episódios 1 ao 4, 5 e 6, 7 e 8 e 9 e 10.
Tendo estreado aqui no Brasil no dia 6 de julho, The God of High School é o mais recente animê com o selo de original da Crunchyroll a ver a luz do dia. Sua história é uma adaptação de um manhwa, uma “mangá sul-coreano”, escrito e ilustrado por Yongje Park, e seriado digitalmente na plataforma Naver Webtoon desde 8 abril de 2011, totalizando 11 volumes encadernados publicados pela editora ImageFrame até então. Essa já é a segunda produção original da plataforma de streaming nesse ano baseada em alguma publicação da Coreia do Sul. Na temporada passada, sua grande aposta foi Tower of God, oriundo de outra webcomic do país.
Sinopse oficial: Jin Mori diz a todos que é o colegial mais forte que existe. Sua vida muda quando é convidado a participar do “God of High School”, um torneio que decidirá quem é o colegial mais forte de todos, e que garantirá ao vencedor a realização de qualquer desejo que ele tiver. Todos os participantes são poderosos guerreiros que lutarão com afinco para alcançar seus sonhos. Uma batalha caótica entre lutadores colegiais inacreditavelmente fortes está prestes a começar!
Os episódios estão oficialmente disponíveis aqui no Brasil através da Crunchyroll (assista aqui).
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