Durante toda a temporada, The God of High School abusou, no bom sentido, das possibilidades em levar para a tela as mecânicas de videogames de luta, ainda que sua fonte de inspiração seja um manhwa e não um jogo propriamente dito. Para seu encerramento, nada mais justo do que os holofotes irem para o “final boss” – e com toda megalomania necessária para ilustrar isso visualmente aparecendo com força, é claro.
No episódio 13, enfrentando o último chefe e recebendo o prêmio…
Jegal “consome” a chave que Ilpyo carregava e, num boost de poderes, se converte no que parece representar “Lúcifer”, naquilo de anjo caído com aparência demoníaca. Boost de poderes esse que não havia aparecido em Ilpyo antes, mesmo com a chave dentro dele, mas partamos do princípio de que a chave precisa ser usada ativamente para que isso ocorra, ou nada nesse segmento fará muito sentido. E é bom desconsiderarmos que Mira e Daewi estavam à beira da morte no episódio anterior, já que, aqui, eles retornam a plenos pulmões para enfrentar o psicopata de cabelos azuis (que agora estão brancos), como se nada tivesse ocorrido antes. Escolhas.
A batalha entre Jin, Daewi e Mira contra Jegal ocorre no campo deserto que antes estava o estádio do torneio, destruído pelo Jeon Jaesan durante o ataque da NOX. Os três juntos conseguem sobreviver com certa dificuldade por um tempo, mas acabam caindo numa enrascada e Daewi é ferido “mortalmente” (entre aspas mesmo, pois tudo volta ao normal segundos depois). Ao observar o amigo quase sendo executado na sua frente, Jin se deixa levar por seu charyeok e recobra memórias ancestrais, se transformando num… rei macaco!
Sim, sim. O mesmo da lenda chinesa que serviu de molde para personagens de uma porção de obras animadas asiáticas, incluindo Dragon Ball, com direito até ao bastão que estica frequentemente replicado nelas.
A nova “forma final” de Jin é suficiente para derrotar a versão celeste de Jegal. Porém, como o buraco sempre é mais embaixo, o malvadão adquire ainda outra evolução, se transmutando numa criatura bestial disforme de carne. Ao que parece, ocorre de ser uma “herança” dos poderes do Jeon Jugok, mastigado por um dos demônios do Jegal rodadas antes, visto o maestro ricaço fazer um cameo espiritual ao fim para ajudar no embate.
E lá vão Jin, agora sem os poderes de rei macaco que usava antes, Mira, novamente recuperada, Daewi, que supostamente tinha sido ferido de morte, mas corre melhor que nunca, e Ilpyo, aparecendo de última hora, enfrentar o monstrão. A batalha final é legal de assistir, mas o momento visualmente mais impactante vem logo que ela termina, com o Jegal sendo devorado pelas bocas que saem de seu próprio corpo. É um take perturbador e que vale o episódio inteiro.
Nessa, “acaba” o God of High School, com o Jin sendo o grande vencedor. Como grande desejo, ele decide abrir mão de encontrar seu avô, capturado pela NOX, para curar os participantes que se feriram gravemente nessa batalha. A magia do pedido foi tão forte, mas tão forte, que não só restaurou os membros amputados dos amigos de equipe do Ilpyo, como, vejam só, curou a amiga deles, aquela que havia sido aleijada pelo Jegal anos antes e nem na competição estava inscrita. Escolhas.
Ao fim, três meses se passam, com Jin tendo dormido por todo esse tempo para recuperar suas energias. Daewi e Mira lhe contam que é possível que suas memórias como rei macaco tenham sido bloqueadas e que, para despertá-las, deve ser necessário que ele procure o local de origem da lenda (e não seu avô, sequestrado pela NOX). É mostrado também que esse mesmo avô, realmente em poder da organização religiosa terrorista, eventualmente servirá de oferenda para o novo deus que eles querem despertar. E que o time de vilões está se infiltrando na política da Coreia do Sul, tentando dominar as coisas por dentro, por baixo dos panos.
E lá se foram os 13 episódios de The God of High School. Terminou do jeito que começou: uma confusão cheia de furos, mas visualmente impressionante de assistir.
Comentários finais sobre a temporada como um todo…
Sejamos pragmáticos aqui. Há duas maneiras de enxergar The God of High School. A primeira delas é a extremamente positivista. A de que esse animê reflete o sentimento de urgência, ansiosidade e impaciência que o público infanto-juvenil atual, a qual ele é voltado, exala como o seu “normal”. Estamos num tempo onde um monte de gente já nasceu junto das evoluções tecnológicas, sabendo usar celular desde bem novo, mantendo diariamente uma porção de redes sociais diferentes e consumindo conteúdos que não exigem uma quantidade de minutos (quiçá horas) muito grande. Twitter, Tik Tok, stories do Instagram e semelhantes, tudo lá, bem rápido, com pouco aprofundamento, mas recheado de estímulos visuais cativantes e que prendem essa curta atenção com euforia.
Dentro das limitações regradas desse mundo online atual, que se mistura com o offline e será assim para sempre, este que vos escreve acredita que The God of High School faz um bom trabalho e entrega um produto que condiz com a molecada atual. Se o foco é juntar o máximo de cenas “legalzudas” no menor espaço de tempo, como se tudo fosse um vídeo que precisa prender a atenção como pode, temendo ser deixado de lado numa timeline, eles vão lá e capricham nos artifícios necessários pra isso. Os episódios são, na falta de uma terminologia melhor, “pílulas” de acontecimentos. O roteiro opta por dar pouco espaço para maiores desenvolvimentos individuais, ou do próprio universo criado, com o enredo funcionando mais como count scenes entre rodadas de um jogo, deixando o ouro de verdade para os momentos de ação, grande ponto alto da produção como um todo.
Essas cenas de ação são deslumbrantes, entregando em tela toda a loucura desregrada de animações podem se permitir fazer, visto não precisarem obedecer limitações físicas em sua concepção. A luta da Seungah com o Daewi no décimo episódio ficará na minha cabeça por anos, sendo um dos segmentos mais legais que assisti em animês em tempos. Além disso, o modo como adaptam as mecânicas de jogos de luta dentro da história é bem inteligente, mostradas não só em gags visuais literais (as telas de oponente X oponente), mas em escolhas narrativas alegóricas bastante icônicas (os personagens se curarem ao fim dos combates com nanorrobôs, a quantidade de energia aparecendo em dispositivos portáteis, a lista segue).
A outra maneira de enxergar The God of High School é a realista. A de que, para uma obra ser qualificada como boa, ela precisa preencher algumas lacunas corretamente. Que não é necessário só caprichar em cenas de luta e ação, mas fazer o básico em roteiro para que nenhuma ponta narrativa fique solta, para que entendamos o suficiente das psiques dos personagens, suas relações interpessoais e tudo mais e, assim, nos importemos de verdade com eles.
Não sei se é problema na adaptação, pois não cheguei a conferir o material base, mas tenho a impressão de que a história precisaria de, no mínimo, o dobro de episódios para fazer mais sentido. Uma temporada com 26, não com 13. É informação demais do enredo colocada, personagens demais dispostos, mas sem o espaço devido para desenvolvimento.
Por exemplo, em dado momento inserem que existem artefatos mágicos que são importantes dentre daquele mundo, com esse sendo um dos focos da NOX dentro de um grande plano e a Mira portando um deles (a espada), daí toda a subtrama dela se casar. Só que isso é deixado de lado por um bom tempo, só sendo recobrado bem depois, na luta onde ela readquire a espada, mas sem quase nenhum contexto por trás, nenhuma explicação coerente. Outro exemplo: há a intensão de elaborar uma crítica ao monoteísmo e ao modo como seguir cegamente religiões facilita a atuação de organizações terroristas, já que a NOX, os vilões da série, operam dessa forma. Mas isso não vai muito além do campo das ideias, já que não existe espaço para que as motivações reais dos integrantes ali fossem aprofundadas.
Quiseram criar na figura do Jegal um grande psicopata, assustador, que não deixa ninguém passar impune em seu caminho. Mas na hora de “justificá-lo”, mesmo sendo o grande antagonista da trama toda, só lhe dedicaram poucos minutos de um início de episódio. Difícil comprar que ele foi de uma criança comum vendida pela irmã mais velha para um assassino em série sem ilustrar isso com o “processo” passado. E todos os outros malvados, com poderes e variedade nos visuais de personagem, por que faziam aquilo? Por que se juntaram à NOX e arriscavam suas vidas assim? Soaram mais como NPCs de luxo que personagens reais.
Pode ser que no manhwa isso seja melhor explicado, mais aprofundado, eu sei. Mas o discutido aqui não é o gibi virtual, sim o animê. Adaptações não devem depender da boa vontade dos espectadores em procurar respostas para furos em seu material original. Devem ser obras completas em si. E The God of High School, ainda que divirta, ainda que impressione pelo empenho visual, é uma obra incompleta em si.
E não é como se o argumento de “ser para jovens” justificasse a profundidade de um pires que a série mostra num todo. Outros desenhos nessa mesma pegada temática, para esse mesmo público, como My Hero Academia, conseguem trabalhar subtextos de forma mais contundente sem se amparar na desculpa da idade.
Comigo, postos os defeitos e acertos, digo que a série funcionou como uma boa válvula de escape. Daquelas de “desligar o cérebro” e curtir sem pensar em nada, apenas pelo aproveitamento visual dos segmentos de ação. Como se assistisse um videoclipe muito bem feito, mas com uma música bem qualquer coisa tocando ao fundo. Diverte, mas passa longe de ser considerável “bom”. O aproveitamento vai da expectativa que é colocada.
Comentários dos episódios 1 ao 4, 5 e 6, 7 e 8, 9 e 10 e 11 e 12.
Tendo estreado aqui no Brasil no dia 6 de julho, The God of High School é o mais recente animê com o selo de original da Crunchyroll a ver a luz do dia. Sua história é uma adaptação de um manhwa, uma “mangá sul-coreano”, escrito e ilustrado por Yongje Park, e seriado digitalmente na plataforma Naver Webtoon desde 8 abril de 2011, totalizando 11 volumes encadernados publicados pela editora ImageFrame até então. Essa já é a segunda produção original da plataforma de streaming nesse ano baseada em alguma publicação da Coreia do Sul. Na temporada passada, sua grande aposta foi Tower of God, oriundo de outra webcomic do país.
Sinopse oficial: Jin Mori diz a todos que é o colegial mais forte que existe. Sua vida muda quando é convidado a participar do “God of High School”, um torneio que decidirá quem é o colegial mais forte de todos, e que garantirá ao vencedor a realização de qualquer desejo que ele tiver. Todos os participantes são poderosos guerreiros que lutarão com afinco para alcançar seus sonhos. Uma batalha caótica entre lutadores colegiais inacreditavelmente fortes está prestes a começar!
Todos os episódios estão oficialmente disponíveis aqui no Brasil através da Crunchyroll (assista aqui).
Só eu achei que o torneio em si foi rápido demais? Sim, tudo foi rápido demais nesse anime, mas esperava que explorassem mais os outros lutadores antes de juntar os três amigos num mesmo time sem muita explicação.
tô falando que as reviews br tão passando pano pra um monte de erros básicos de desenvolvimento de GOH skkskskks vcs tão com medo de levar hate e não dizerem logo a real, não é nem questão de ser incompleto e sim preguiçoso, se era só divulgar o material original ok, mas animação não salva anime quando a história é ruim por vários motivos, se querem só ver uma animação legal ok, mas não tem como pagar de cego o tanto de enrolação e perca de tempo na tela que teve esse anime que poderia sim ser bem roteirizado, um bando de anime de 12 epis consegue fazer isso, enfim, foi um anime bonito, mas com uma história ruim e jogada no ralo pq só queriam animar lutinha
Achei o anime fraco, uma trama com desenvolvimento apressado D+ o trio de protagonistas é bem carismático, mesmo faltando mais camadas de construção deles, e de vários outros, tipo no começo eu tava curtindo as lutas, mais do meio pro fim comecei a me cansar do estilo delas, tudo acontece do nada decepcionou pra mim.
Os cara colocaram 134 capítulos do mangá em 13 episódios do anime