Olá gente, muito prazer. Meu nome é Marcelo “Sahgo” Gouvêa e bem-vindos ao Se Localizando, uma coluna sobre um dos meus tópicos favoritos em festas: tradução e localização (observação: não sou muito popular em festas). Para os não familiarizados, localização é a prática de não só traduzir o texto de um produto (no caso desta coluna, animês) para um outro idioma, mas também adaptá-lo para o contexto da nova cultura. Isso inclui uma gama imensa de decisões que vão desde “escrever ‘Goku’ com um ou dois ‘u’s” até escolhas de vozes na dublagem e o tom que os comerciais do Cartoon Network ou da Globo ou da Rede Brasil ou da plataforma que for escolhem para promover a série do personagem.
Conhecê-los é fascinante para mim, porque diz muito sobre como os envolvidos na distribuição veem o produto e as estratégias que eles adotam para tentar fazê-lo “dar certo” no país destino. E é isso que farei nestas colunas: analisar essas decisões – tradução, edições, dublagem – e falar um pouco sobre elas aqui, possivelmente contando a vocês umas curiosidades e fomentando discussão. Estamos entendidos? Não? Bem, continue lendo e acho que você deve entender, cedo ou tarde.
Com isso fora do caminho, vamos começar o tópico desta coluna com… a minha infância! Eu era uma criança normal do final dos anos 1990-começo-dos-2000, e como toda criança normal do final dos anos 1990-começo-dos-2000, eu assistia Dragon Ball Z, a famosa adaptação animada de maior parte do famoso mangá de Akira Toriyama, e adorava – não perdia um episódio no Cartoon Network, e fazia questão de também assistir às reprises na Band e na Globo.
Dito isso, naquele tempo, eu nunca pensei muito sobre as decisões de adaptação de Dragon Ball Z. Eu sabia o básico, como os personagens terem nomes de comidas e tal, mas nunca fui muito mais a fundo do que só essas curiosidades. Tudo isso mudou quando ali, por volta de 2004, minha família comprou um PlayStation 2, e um dos primeiros jogos que eu joguei nele foi Dragon Ball Z: Budokai 2, jogo de luta desenvolvido pela Dimps e lançado em 2003 para o console e para o GameCube. A versão que eu joguei foi a americana, e aquele foi o meu primeiro contato com Dragon Ball Z em inglês – sinceramente, eu nem sabia que eles tinham o anime nos Estados Unidos! E ao jogar Budokai 2, fui percebendo que vários nomes de ataques e personagens eram diferentes dos nomes com os quais eu estava acostumado: a Genki Dama era “Bomba Espiritual”, o Makankosappo era “Canhão-Raio Especial”, o Mestre Karin era Korin… era tão esquisito! Mas ao mesmo tempo, era muito interessante, e me fez ficar mais interessado nas escolhas de tradução de Dragon Ball como um todo (bem, na verdade de animês e jogos como um todo, mas para os propósitos desta coluna, Dragon Ball). E a série tem muitas curiosidades legais de localização.
Por exemplo, voltemos ao fato dos nomes dos personagens serem baseados em comidas e afins. Todos podemos concordar que isso é bem engraçado – afinal, Akira Toriyama – mas já pararam para pensar como isso muda a nossa primeira impressão desse mundo? Digo, imagine que você é uma criança japonesa em 1984, lendo sua Shounen Jump semanal e conhecendo essa nova história, Dragon Ball. Nela, um menino com o nome do herói macaco da Jornada ao Oeste, neto de um senhor chamado “arroz frito”, faz amizade com uma moça chamada “ceroulas”, rouba o coração de uma menina chamada “seios” (ou “leite”), estuda sob um mestre de artes marciais chamado “Eremita Tartaruga”… são todos nomes bem engraçados, e condizem com como o mangá era quando começou. E mesmo quando ele trocou de marcha e passou a tomar um rumo mais sério de ação, o autor nunca parou de dar nomes assim para seus personagens, até aterrorizando os leitores com um ditador galáctico conhecido como… “freezer”.
É um charme bem específico de Dragon Ball, e, quando se para para pensar, todos nós, de outros países, não compartilhamos dele. “Goku”, “Gohan”, “Bulma”, “Mestre Kame” – todos simplesmente parecem, para o típico não-japonês, nomes bem típicos de personagens de um desenho animado, indistinguíveis de um Yusuke ou de uma Princesa Adora. Não me entenda mal: claro que, mesmo assim, é perfeitamente possível apreciar Dragon Ball em qualquer cultura (não é à toa que ele é tão popular mundialmente!), mas essa primeira impressão? Completamente diferente da cultura de origem.
Aí você se pergunta: “O que você queria então, que trocassem os nomes dos personagens para suas traduções?”. E minha primeira resposta seria “menos agressividade, por favor, isto é só um estudo”, e minha segunda seria… “talvez”! Seria uma opção válida para manter esse estranhamento dos fãs japoneses nos demais países. Mas aí outra pergunta segue: “Será que Dragon Ball teria conquistado outros países com esses nomes menos ‘sérios’?”. E eis o grande dilema da localização! É uma escolha, tudo é uma escolha: deixar os nomes em japonês, traduzi-los, mudá-los (como fez a versão americana)… todas são decisões válidas, e é preciso pensar nelas com cuidado – o sucesso e a eficácia do animê em questão dependem disso!
E não é só uma questão dos nomes ridículos: na verdade, a não-tradução de técnicas também é uma escolha que afeta a experiência. Por exemplo, como eu comentei antes, nos Estados Unidos, a Genki Dama foi adaptada como “Bomba Espiritual” (o que não é uma tradução direta do termo, que seria “Esfera de Energia”). O nosso primeiro reflexo é achar isso estranho, mas não é estranho não traduzir o termo? Não é um termo inventado, são duas palavras japonesas que têm um significado claro, então por que não traduzir? Provavelmente foi uma questão de sonoridade: alguém, em algum ponto do processo de localização, deve ter achado que “Genki Dama” soa mais grandioso e exótico do que um simples “Esfera de Energia” (se bem que sou da opinião de que o jeito com que a nossa dublagem pronunciava o nome de início, “Jênki Dama”, também não passava muita grandiosidade, mas, bem, acontece). Também é uma escolha válida, tanto quanto a americana, e tanto quanto a de todas as outras línguas que traduziram o termo (a dublagem árabe, por exemplo, adaptou como “Morte Inevitável”. Hardcore!).
Com essa noção de localização sendo um conjunto de escolhas, nem sempre fica claro o que é um “erro de tradução”. Tomemos por exemplo a personagem da Vovó Uranai (Uranai-baba no japonês): “uranai” literalmente significa “vidência”, “leitura de sorte”. Inclusive, nos Estados Unidos, traduziram o termo como “Vidente”… mas deixaram o “baba” (vovó) sem tradução, resultando em “Vidente Baba”. Qual dos dois é o certo, Vovó Uranai ou Vidente Baba? Ou será que o certo seria traduzir as duas palavras, resultando em “Vovó Vidente”, ou “Velha Vidente”? Ou será que devíamos ter deixado em japonês, “Uranai-baba”? Isso é especialmente difícil de definir em obras antigas como Dragon Ball, que já foram traduzidas e retraduzidas tantas vezes (inclusive pelas próprias produtoras!) que resultam em quase um tipo de “telefone sem fio” em adaptações. Mas graças a isso, os personagens têm dezenas de nomes diferentes em culturas diferentes, e eu acho isso lindo. Dificulta a comunicação intercultural entre fãs, mas é lindo.
Para falar a verdade, teve um incidente recente na minha vida que me fez voltar a pensar na adaptação de Dragon Ball Z: alguém levantou em uma discussão no Twitter o caso do personagem Kami-sama. “Kami-sama”, em japonês, literalmente significa “Deus” – tanto deuses individuais de cada mitologia quanto um Deus maior, acima de todos. Por isso o choque do Goku é tão grande quando ele vê que “Deus” tem o mesmo rosto que Piccolo, um demônio – é, essencialmente, uma brincadeira com as expectativas do leitor com base no conhecimento prévio dele do significado de “Kami-sama”. Mas a maioria das adaptações de Dragon Ball, incluindo a nossa, optaram por deixar o nome sem tradução, prejudicando momentos como esse na obra. E no Twitter, alguém defendeu isso, pois chamar Kami-sama de “Deus” poderia dar a impressão de que ele é o Deus abraâmico, pois essa seria a primeira coisa que nós, como ocidentais, pensaríamos (no Japão, “Kami-sama” também pode se referir ao Deus abraâmico, mas, como a população cristã do país é bem pequena, não é a primeira associação que o típico leitor da Shounen Jump faria).
Então, qual dos dois é certo? Deixar como “Kami-sama” ou traduzir como “Deus” (algo que inclusive foi feito em um dos lançamentos do mangá por aqui)? Bem… os dois, na verdade! Porque as duas opções fazem sentido dentro da história e tem seus prós e contras. Por um lado, “Deus” faria o personagem parecer grandioso e importante naquela primeira aparição, mas, por outro, deuses muito acima dele são introduzidos mais à frente na história, então, deixá-lo como “Kami-sama” torna a classificação de divindades um pouco menos confusa. Outra faceta fascinante da localização.
E como eu disse, a localização vai além da tradução, e até a escolha de vozes afeta o nosso entendimento do personagem. Quando se fala de escolhas de vozes e Dragon Ball, a primeira coisa que vem à mente sempre é a voz do Goku. No Japão, o guerreiro Z tem sua voz fornecida pela renomada Masako Nozawa, em todas as fases de sua vida, incluindo a adulta. É uma escolha que parece bem incomum para nós, fora do Japão, mas lá, há uma cultura forte de homens sendo representados por mulheres no meio artístico, como no muito antigo e muito popular Takarazuka Gekidan, uma companhia de teatro musical composta somente por mulheres. Em outras palavras, ter uma mulher fazendo a voz de um personagem masculino, mesmo um tão musculoso e sem traços tipicamente femininos como o Goku, não é tão estranho para o ouvido japonês.
Mas para muitas culturas, todos podemos concordar que é bem incomum, especialmente em décadas passadas – não é necessariamente algo que não poderia ser feito, mas algo que quase nunca é feito (fora de paródias), e se arriscassem seguir o exemplo na adaptação, talvez não causasse a resposta esperada no público – ele poderia achar risível e não conseguir levar a série a sério. Por isso, praticamente todas as adaptações de Dragon Ball escalam dubladores homens para o Goku adulto, e isso muda um pouco a percepção do personagem no Japão versus outras culturas. Na minha visão, é como se o Goku fora do Japão passasse a imagem de um “adulto trapalhão”, enquanto que no Japão, é mais uma imagem de “criança que nunca cresceu”. E os dois são interpretações válidas para o personagem (apesar de haver espaço para discutir intenção autoral). Os dois são Goku.
Acho que essa é uma boa nota para encerrar esta coluna. Esse é o meu propósito com ela: não condenar adaptações e dublagens, mas pensar nos efeitos que elas têm sobre as obras que consumimos. As obras que consumimos nos moldam e nos enriquecem, e a localização faz parte do processo, e merece esse pequeno holofote. E quem sabe voltemos a Dragon Ball algum dia – esta coluna nem começou a explorar a totalidade da coisa! Tem nomes de objetos, outras escolhas de vozes além do Goku, as traduções dos jogos…!
O mundo da localização da série é basicamente tão grande quanto a própria. Mas vamos deixar para pensar nisso em um futuro mais distante, a próxima coluna será sobre um outro tópico. Enquanto isso, quero ouvir o que vocês acham! Traduzir Kami-sama como “Deus” teria sido uma ideia melhor? Qual voz do Goku vocês preferem? E nossa, lembram daquela antiga voz americana do Freeza que se ouvia nos jogos Budokai? Joguem nos comentários, adoraria ler os seus pontos de vista. E com isso, até a próxima!
O texto presente nesta coluna é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente a opinião do site JBox.
Esse lance de nomes adaptados me lembrou dos nomes dos personagens do Looney tunes no espanhol,eu me lembro que o Patolino no espanhol é chamado de “O Pato Lucas”.
Isso me lembrou de “Shina a Mulher Cavaleiro?”, o caso mais necessário que vejo foi de adaptar os nomes dos Pokemon, os nomes japoneses ficariam estranhos para a gente pronunciar no Ocidente.
Ps:Em termos de tradução não podemos esquecer a maior de todas as bocas XD.
Até mesmo alguns nomes ocidentais soam diferentes. Bulbassaur pode soar bem em inglês, mas BulbassaurO soa bem melhor pra gente.
Gosto muito de ficar comparando até mesmo adaptações diferentes feitas para um mesmo publico (como por exemplo as versões Gota Mágica vs Alamo, ou as duas versões de Yu Yu Hakusho). Muitas vezes a gente tá acompanhando a tradução de uma tradução de outra tradução. Acabam acontecendo umas paradas muito loucas graças a isso, tipo o Dai que pra gente é Fly por que “Dai” soa como “Die”.
Não consigo me lembrar direito do episódio, mas deve ter sido em algum dos torneios de artes marciais da Saga Bu. O Kuririn pede a Deus para não tirar alguém forte contra ele e alguém responde: Mas você sabe que o Kami-sama é o Dende, né? Na adaptação, deve ter passado batido isso, mas atrapalhou todo o sentido dessa piada que tentaram fazer.
Um caso recente sobre o tema, pode ser a dublagem de One Piece. Essa nova versão ficou estranha. Muitos honoríficos em demasia, coisa que não usamos aqui na nossa cultura mas na dublagem aparece em excesso, em contrapartida, muitas gírias foram colocadas para localizar algumas falas, o que deixou meio estranho pois não teve um padrão. Mais a fundo, os golpes foram deixados todos em japonês, o que atrapalha demais o entendimento do que está sendo dito. Um exemplo, logo no episódio 07, o dublador do personagem Cabaji solta os golpes em sequência, todos mantidos na dublagem brasileira conforme a japonesa: “Kyokugi Yama no Boro, Kyokugi no Ryo Uchiage Hanabi, Ichirin Zashi”. Incomoda bastante o fato de não se ter a mínima noção do que significa o golpe. Eu entendo que um conteúdo audiovisual bem localizado é aquele que mesmo um deficiente visual consegue entender a história em quase todos os momentos apenas pelo áudio e, nesse caso, o exemplo acima de One Piece não entrega isso.
Ótima matéria! Não sei se manter no original foi a melhor escolha, mas pra quem já cresceu com esses nomes não dá pra mudar. Chamar Kami-sama de deus ficaria muito genérico e confuso quando aparecessem outros deuses. Mas até hoje fico surpreso por não terem mudado o nome do Mr. Satan por aqui. Toryama, sério que você queria dizer Santa?
É o mesmo Sahgo do canal do Sahgo?
Acho tão estranho não falarem Fruto do Diabo e sim Akuma no Mi kkkk
Vale ressaltar que a adaptação brasileira teve uma liberdade limitadíssima quanto aos nomes dos pokémons
Vale um adendo quanto a quantidade de sílabas quando falamos de localização via dublagem, muitas das decisões devem levar principalmente isto em consideração quanto a manter original e adição ou remoção de palavras.
Sim
Interessante….um caso que me chamou a atenção quando joguei o Dragon Ball Tenkaichi Budokai 3 (PS2) era o nome do Mr.Satã que na versão americana é Hercule, Tenchinhan que é Tien e por aí vai….Off.: Graças as revistas e afins que descobri que o nome verdadeiro da Sailor Moon era Usagi (Coelho em japonês) ou nome das Guerreiras Mágicas de Reyarth, o nome original do Black e Black Rx que é Kotaro Minami (e aqui virou Issamu) que por obra do destino, teve outro Rider que se chamava Issamu, é o KR Vulcan de Zero-One e tantos outros….Off.: Aquela do NF trocar o nome da Atena em CDZ de Saori pra Sienna foi de doer, fui da Geração Manchete…..Off.:Até dá vontade rir quando vou em restaurante e vejo comida japonesa, eu lembro de Dragon Ball….Só falta o Toriyama criar um guerreiro com nome Yakisoba…..kkkk
Bem interessante. Voce poderia analisar o caso de Sailor Moon e as adaptações de Usagi/ Serena/ Bunny e no relançamento a Naoko exigir os nomes originais. E as duas dublagens e os termos e nomes traduzidos como Sailor Mercury x Sailor Mercúrio, Sailor Mars x Sailor Marte e como seria complicado a criançada falar Sailor Neptune ao invés de Netuno e soaria estranho a Sailor Pluto, mas também como é estranho traduzirmos todos os nomes dos planetas mas deixar a protagonista como Moon, pois também seria estranho ver Sailor Lua, ou como traduzido em Portugal, Navegante da Lua, Navegante de Mercurio etc ( o que não esta errado e para nós seria Marinheira da Lua, mas temos que analisar que o termo “Sailor” é usado como alcunha, ficando no Original como Sailor Senshi, pra nós Guerreiras ( versão Gota) ou Sailors Guerreiras ( versao BKS) e pra finalizar a decisão de mudarem nomes de golpes na tradução do mangá e ate erros de pronuncia do anime como chamar o Tuxedo Mask (“taquisidou mask versao gota x Túksidou Mask versao BKS) e o nome da Rei que perdeu a pronuncia ficando um Rey com pronuncia americana.
Mas ai é que tá, pois qdo traduzem o fandon chato cai matando. Era o caso de Fullmetal Alchemist onde a maioria reclamava do nome traduzido dos Homúnculos e eu pensava, poxa eu não iria associar os nomes em inglês aos pecados capitais. Via povo reclamando disso, mas traduzi-los deixava pra mim mais interessante e a associação bíblica do pecado chamava atenção ( Luxúria fica mais legal que Lust)
No caso da Uranai-baba temos um agravante. É comum os descendentes de japoneses perderem o domínio da língua japonesa, mesmo na segunda geração (nissei), acabando por adotar apenas uma ou outra expressão esporádica. Nesse caso o que mais vejo, como uma imitação dos italianos que usam o “nonna”, são netinhos carinhosamente chamando as avós de bátchân, bássan, babá e, em casos extremos, bá. Explico: o correto é obáasan ou, carinhosamente, obáatchan. Ênfase no AA, pois obasan é usado para senhoras desconhecidas e obatchan é tia de sangue. “Ah, mas é uma maneira dos netinhos demonstrarem afeto”. Errado, pois o que eles usam não são palavras inexistentes, bátchân, básaan e babá significam velhaca, velhota, anciã, e são termos para serem usados de forma depreciativa. Aí voltamos ao Uranai-baba, que algum gênio tradutor brasileiro traduziu para vovó, perpetuando essa bizarrice linguística. Isso sem entrarmos na particularidade do uso do “O” na frente das palavras, coisa que os nikkeis daqui colocaram em desuso, pronunciando hashi, sushi, niguiri… É de querer chorar. Então, toda vez que escuto alguém falando bássân imagino um jovem delinquente careca e de regata pronto para rachar a cabeça da velhaca com um bastão de beisebol, mas é só uma criança tonta achando que está arrasando no nihongo.
Tava lendo sobre isso hoje!
A decisão dos americanos de mudar Saiyajin para Saiyan é muito acertada. A mesma coisa pro povo de Namekuzei.
O sufixo -jin é simplesmente “pessoa”: Gaijin é pessoa de fora, Nihonjin é pessoa do Japão. Então eles colocam um ‘etílico’ que existe em inglês para adaptar/traduzir Saiya*jin*.
Inclusive, as mudanças no nome do Kakaroto, para Kakarrot, é muito acertada. Saiyajin é simplesmente ‘pessoa vegetal’ (Saiya é um trocadilho com yasai, legume/vegetal) e mudar para Kakarrot mantém a sonoridade de Carrot, combinando então com Nappa, Radiz e Vegeta.
Acho que não traduzir a maioria dos golpes vai fazer muita gente que só está conhecendo One Piece agora estranhar o anime, só espero que isso não impacte negativamente.
SAHGO VOCÊ TEM UMA LUZ QUE INRADIA
Concordo, e no fim, essa lenga lenga de nomes japoneses em uma dublagem em português de um anime por aqui hoje acontece mais graças a um bando de otaku chato e mimizento, do que a uma praticidade de deixar como no original porque a palavra encaixa melhor nos lábios do personagem ou nos diálogos, a comunidade otaku hoje no Brasil é um erro.
O mesmíssimo
O curioso de parar para pensar sobre o que de fato significam os nomes originais dos personagens de Dragon Ball, é que não parece que nem Akira Toriyama e nem os próprios japoneses levam a obra tão a sério quanto nós, os estrangeiros, apesar de haver por parte deles um esforço maior para difundir e aproveitar a própria popularidade que a série construiu, o que já mostra que ao menos no âmbito comercial, eles levam sim a sério o próprio produto cultural.
Ta ótimo do jeito que está. Ainda bem que não traduziram ao pé da letra.
Cavaleiros do Zodíaco todos o golpes ou técnicas, a grande parte são traduzidos e ficou ótimo, não é a toa que tem uma das melhores dublagens!!
Eu prefiro os nomes traduzidos tipo Sailor Marte, fica bem melhor e mantendo Sailor Moon, por que “Sailor Lua” ficaria estranho e não iria me acostumar!!
Provavelmente não, afinal a filha dele se chama Videl que é um anagrama de Devil.
Tem também o Mutenroushi, ou Kame Sennin (Mestre Kame, no Brasil), que nos EUA é chamado de “Master Roshi”. Ora… Roshi significa “velho mestre”, o que faz de Master Roshi um nome redundante e sem sentido
Costumo a achar justo se traduzir os nomes quando eles passem uma relação de significado com a atuação do personagem em si (como é o caso da “Uranai-baba”, que lembro bem de ter sido traduzido aqui como “Velha Vidente” na primeira dublagem do DB clássico, o que penso ter sido algo acertadíssimo, já que o verdadeiro nome dela não se sabe, pois ela é conhecido por algo como seu título e não necessariamente por seu nome), e quando é um nome mais solto, desprovido de qualquer significado maior, vale manter o original, respeitando-se a devida sonoridade (como foi feito com o “Freeza”, por exemplo). Na legendagem tudo se torna mais simples, naturalmente, já que basta meter umas notas de rodateto explicando certos detalhes, e pronto, que é como faço quando traduzo Urusei Yatsura.
Só discordo quanto a Mudança de Kakarotto pra Kakarot ser acertada, pois tira o sentido do nome do Vegetto (A Viz até mudou o nome pra Vegerot pra tentar resolver, mas a Funimation ignorou total nesse caso, haha)
Bacana seu texto!
Mas tudo isso é uma questão cultural mesmo.
Às vezes o melhor é manter o nome em japonês a criar barbaridades como aconteceu em Portugal, onde Piccolo se chama ‘coraçãozinho’. Isso é simplesmente patético. Pq para o japonês (e sua cultura), por mais estranhos que sejam os nomes, talvez eles não soem patéticos! Quanto a dublagem, ela é essencial. A dublagem brasileira foi eleita a melhor do mundo e provou fazer toda a diferença. Algumas obras aqui só se criaram por causa da dublagem. Não seria a mesma coisa com a voz original. Sem falar que a voz em japonês dos personagens de dragon ball, ao menos para nós ocidentais, é horrível!
Não sabia que reclamavam da tradução do nome dos homunculos, achei algo tão natural quando vi a dublagem
Na verdade eles falam,mais de vez em quando.
Ele se chama “coraçãozinho de sata” não “coraçãozinho”
Peraí! Se Son Gohan quer dizer arroz frito, então Son Goku quer dizer Goku frito?
Tenho outra visão desse caso. Acho que a adaptação americana centralizou muito as decisões o que teve tanto aspectos bons quanto ruins. O bom é que meio mundo conhece os Pokémon pelos mesmos nomes, o que fortalece a marca, mas o lado ruim é que, por muito tempo, se deixou de lado a particularidade de cada país, usando os EUA como régua.
Só reforço que palavras japonesas não são tão difíceis de pronunciar quanto se pensa, são poucos fonemas que não temos em português, tanto que muita gente lembra dos nomes de DB.
É difícil, mas tem que ter um equilíbrio. Tem mesmo muito fã chato, mas também temos que reconher a infinidade de adaptações feitas de qualquer jeito. CDZ, por exemplo, pode ser considerado uma boa dublagem, mas no ponto de vista da tradução e adaptação tem escolhas bem questionáveis. “Trovão Aurora Ataque” é uma péssima adaptação para “Aurora Thunder Attack”, e é inglês bem básico. Imagina o resto.
É uma questão bem interessante. Quanto aos nomes das personagens, lembro que quando criança, eu confundia bastante na dublagem da BKS, porque a maioria das Sailors tinha nome genérico de duas sílabas. Só lembrava da Serena.
É uma suposição, mas num paralelo com Dragon Ball, acho que se fossem os nomes japoneses eu lembraria melhor do restante. Dairen eu não entendia de jeito nenhum, mas Mamoru já parece mais reconhecível por ter sílabas bem marcadas.
Também acho acertado. Só teria que ver como adaptar. “Saiyano” me soa estranho, mas talvez seja questão de costume. E existem outros sufixos de nacionalidade que poderiam ser testados.
Namekusei seria um caso à parte, porque significa “planeta Nameku” (do japonês “namekuji”: lesma).
De qualquer forma, a referência às palavras originais iria se perder, exceto no caso dos Tsufuru-jin (fruits).
Já os nomes do personagens, acho que são um caso mais complicado, porque são brincadeiras com palavras. Nesse sentido, me parece melhor estudar cada um individualmente