São tempos animados para os fãs de Cavaleiros do Zodíaco! Com um novo spin-off, um isekai ao que tudo indica, vindo aí, junto com a promessa de exibição de Lost Canvas na TV aberta (esse eu só acredito vendo), não podemos mais dizer que a franquia está morta. Goste ou não goste, segue respirando (por aparelhos, talvez) – e em mais de um mundo, pelo visto.
Cavaleiros é um grande marco no país, quase todo mundo conhece essa série, ou ao menos já ouviu o nome. Mas, conforme a franquia começou a se expandir bastante a partir dos anos 2000, muita gente fica perdida com as histórias novas. Episódio G? Ômega? Shô? Do que estão falando??? Pois bem, antes de reencarnar no inferno de Saint Seiya sem entender nada, vamos explicar um pouco como as obras se encaixam (ou deixam de se encaixar) neste tão extenso universo.
Como há várias histórias esparsas, publicadas ali e acolá, abordaremos séries compiladas e não capítulos esporádicos ou brindes de revistas. Bem, já que estamos falando de uma franquia inspirada em mitologia grega, nada mais justo que nomear as seções com trechos da Teogonia de Hesíodo, não? Na verdade, eu achei um livro sobre isso outro dia e quero que seja útil para algo. A quem discorda, meus pêsames.
Atenção: temos spoilers.
Primeiro, nasceu o Caos
Bom, a primeira obra de Cavaleiros é…. o mangá de Cavaleiros, cuja estreia veio ao final de 1985, tão no final do ano que todo mundo considera informalmente que a série é de 1986. Detalhes, detalhes. De qualquer forma, a nova empreitada de Masami Kurumada se deu após o cancelamento de Otokozaka na Jump, e reza a lenda que o mangaká estava meio preocupado com isso, querendo então botar um hit na revista (eu digo “lenda” pois não tive acesso ao material original atestando isso, mas é provavelmente uma realidade).
Enfim, o importante é que a ideia era comercialmente muito boa. Tão boa que o animê estreou em outubro de 1986, um mês depois da publicação do primeiro volume encadernado – obviamente, as negociações só podem ter ocorrido bem antes disso. Há histórias de que negociaram antes mesmo do primeiro capítulo, há histórias de que em torno de junho de 86, vai saber.
A verdade é que nada disso importa para este texto. Vamos lá, tanto o Cavaleiros da Toei quanto o do Kurumada seguem a mesma premissa básica: uns adolescentes se dando porrada usando um tal de cosmo, com uma suposta missão de proteger a deusa Atena, reencarnada em Saori Kido.
Mas, como a animação por vezes alcançava o mangá, a Toei precisava enrolar com historinhas aqui e ali, e aí surgem os famosos fillers – os quais muitos fãs brasileiros só puderam descobrir serem fillers depois de adorar a série com fillers na Manchete achando que era a história original (embora muitos garantam que sempre odiaram os fillers por serem fillers), ao ponto da animação ter inclusive uma saga extra, Asgard (que muitos amam, embora também declarem frequentemente ódio aos fillers).
Bem, todos já sabemos disso, então por que estamos falando deste assunto já batido? Pois ele é importante para a forma como eu vou dividir a série neste texto – desde aquela época, antes do “boom de spin-offs” da série a partir de 2000, a Toei já começou uma espécie de cronologia própria.
Pariu altas Montanhas, belos abrigos das Deusas
Antes de discutir mais a fundo, pois a confusão é grande, é preciso um panorama geral das obras da série. A divisão é em duas partes: mangá & novels e animê – pois eu acho mais organizado fazer assim, já que as séries da Toei seguem uma “outra linha”. As novels estão com os mangás porque são poucas para terem uma seção própria.
Não há diferenciação entre “canônico” e “não-canônico” e a prioridade é ir do lançamento mais antigo para o mais recente. Então, sem mais delongas:
- Mangás & Novels
- Cavaleiros do Zodíaco/Saint Seiya (1985-1990, 28 volumes): A série original, engloba os arcos Santuário, Poseidon e Hades, contendo também a historinha dos Guerreiros Azuis. É chamado pelos fãs de “mangá clássico”.
- Next Dimension (2006—, 12 volumes): Inicialmente marketeado como uma perspectiva da Guerra Santa contra Hades anterior à do mangá clássico, logo no segundo volume já se tornou a continuação da série. Tem viagem no tempo e é uma loucura.
- Gigantomaquia (2002, 2 volumes): Light novel escrita por Tatsuya Hamazaki, abordando a luta dos cavaleiros de bronze clássicos contra os Gigas (Gigantes) e o deus Tífon (Tifão).
- Episódio G (2002-2013, 20 volumes): Mangá escrito por Megumu Okada, abordando eventos entre a tentativa de assassinato de Atena e o mangá clássico. Traz os cavaleiros do ouro enfrentando os 12 deuses titãs (antecessores à “geração” de Zeus).
- Volume 0 (2008, 1 volume): Um volume “extra”, contando uma história de Aiolos de Sagitário, por Okada.
- Episode G Assassin (2014-2019): É uma espécie bizarra de sequência do Episódio G, protagonizado pelo Shura supostamente após os eventos do mangá clássico e quiçá de Next Dimension. Por algum motivo, Shura vai parar num futuro esquisito e somos apresentados a uma salada de multiverso e viagem temporal. A autoria segue com Okada.
- Episode G Requiem (2020—, sem volumes): Supostamente a finalização da saga G, por Okada, traz Seiya salvando o mundo prestes a ser destruído, numa nova subida das 12 casas na qual aparentemente todo mundo morreu e ele é a última esperança da humanidade e de Atena (que, claro, está lá no final da escadaria).
- The Lost Canvas (2006-2011, 25 volumes): Mangá escrito por Shiori Teshirogi, supostamente a história da Guerra Santa contra Hades da geração anterior à do mangá clássico.
- The Lost Canvas Gaiden (2011-2016, 16 volumes): Histórias “solo” aprofundando os cavaleiros de ouro originais de Lost Canvas, com autoria de Teshirogi também.
- Omega (2013, 1 volume): Mangá escrito por Bau, cuja proposta era adaptar o animê de Ômega, mas durou apenas 5 capítulos. O primeiro é inspirado no começo da série, mas os outros trazem eventos da segunda temporada (a revista onde era publicado foi extinta e a série não foi migrada).
- Saintia Shô (2013—, 14 volumes): Mangá escrito por Chimaki Kuori, contando uma história lateral ao mangá clássico, principalmente à saga do Santuário e o “vão” entre ela e Poseidon. Traz uma classe nova de guerreiras, as Saintias, lutando inicialmente contra Éris.
- Hades: Dark Wing (2020—, sem volumes nem capítulos): Mangá de Kenji Saitou e Shinshuu Ueda, a sinopse preliminar traz um estudante do Ensino Médio sendo transportado para o submundo/inferno (meikai) de Cavaleiros, sendo supostamente um isekai –termo usado para definir uma história na qual o protagonista é transportado para outro universo, paralelo, onde ele geralmente ocupa uma função diferente da de seu mundo original. Por exemplo, um estudante comum vira um herói poderoso escolhido pelos deuses. Apesar de não ter nem capítulos, está aqui pois eu quero (é a exceção que faz a regra valer).
- Cavaleiros do Zodíaco/Saint Seiya (1985-1990, 28 volumes): A série original, engloba os arcos Santuário, Poseidon e Hades, contendo também a historinha dos Guerreiros Azuis. É chamado pelos fãs de “mangá clássico”.
- Animê
- Os Cavaleiros do Zodíaco/Saint Seiya (1986-1988): Adaptação do mangá original, contendo muitos elementos inéditos. Engloba as sagas Santuário, Asgard e Poseidon. Produção da Toei Animation para TV.
- Saga de Hades (2002-2008): A saga de Hades foi dividida em “fases”: Santuário, Inferno (Começo), Inferno (Final) e Elíseos, planejadas em formato OVA (embora uma exibição em pay-per-view tenha acontecido).
- Repaginações: A Toei já “refez” duas vezes a série, a primeira foi A Lenda do Santuário (2014), uma nova adaptação da saga do Santuário e o animê em 3DCG para a Netflix, cuja primeira parte estreou em 2019, com a pretensão de abordar os três arcos originais do mangá clássico. Ambas apresentam novidades na trama.
O Santo Guerreiro (1987): Média-metragem produzido pela Toei contando uma história dos cavaleiros de bronze lutando contra a deusa Éris.
- A Grande Batalha dos Deuses (1988): Média-metragem da Toei no qual os cavaleiros enfrentam Durval e os guerreiros-deuses na fictícia Asgard, um país seguidor de Odin localizado em algum lugar da Europa setentrional – ou seja, os vilões são baseados na mitologia nórdica.
- A Lenda dos Defensores de Atena/Os Cavaleiros do Zodíaco — O Filme (1988): Longa-metragem da Toei contando sobre o deus do Sol Abel (sabe-se lá de que mitologia) e seus guerreiros, os cavaleiros da Coroa do Sol.
- Os Guerreiros do Armageddon (1989): Média-metragem da Toei no qual os cavaleiros enfrentam ele mesmo, o “belzebú”, “satanás”, “capeta”, enfim… Lúcifer e seus Anjos da Morte. Esse filme é famoso por uma cena censurada em muitos países de maioria cristã, na qual Lúcifer queima uma Bíblia.
- Prólogo do Céu (2004): Longa-metragem da Toei cuja vilã principal é Artémis e os guerreiros Anjos, com a missão de “punir” os cavaleiros de Atena por seus “crimes”, cometidos na história original (principalmente em Poseidon e Hades).
- The Lost Canvas (2009-2011): Adaptação bastante fiel de uma parte do mangá de Shiori Teshirogi. Foram 26 episódios divididos pela TMS Entertainment em dois OVAs. É a única animação de Cavaleiros até hoje feita totalmente fora da Toei.
- Ômega (2012-2014): Uma nova geração de cavaleiros, com um novo cavaleiro de Pégaso, Kouga, enfrentando o deus Marte e, posteriormente, a deusa Palas. Produção da Toei para TV.
- Alma de Ouro (2015): Um história na qual os cavaleiros de ouro do clássico revivem em Asgard, onde algumas coisas meio estranhas andam acontecendo. O antagonista é um personagem novo chamado Andreas Lise e a obra se passa logo após o “sacrifício coletivo” na saga de Hades. Produção da Toei para plataformas de streaming.
- Saintia Shô (2018-2019): Adaptação de uma parte do mangá de Chimaki Kouri, com um final original e diferenças relevantes no roteiro. Foi animado pelo Gonzo, mas com produção da Toei (ou seja, terceirizado).
- Os Cavaleiros do Zodíaco/Saint Seiya (1986-1988): Adaptação do mangá original, contendo muitos elementos inéditos. Engloba as sagas Santuário, Asgard e Poseidon. Produção da Toei Animation para TV.
Outros ainda da Terra e do Céu nasceram
Falando sobre os mangás e livros, comecemos então pela continuidade direta da série escrita pelo Kurumada. Como já dito, Next Dimension começa com a premissa de tratar da Guerra Santa anterior, sendo complementado pelo Lost Canvas nessa narrativa, seriam pontos de vista diferentes da mesma história (nota: ND começou a ser seriado primeiro). Ou, ao menos, era o que o marketing da série dizia na Shonen Champion.
Propositalmente ou no estalo de uma ideia, Kurumada resolveu introduzir o presente na série. Após a saga de Hades, Seiya está ferido devido à espada do deus, com morte marcada (sim, esse é o plot de Prólogo do Céu!).
Para salvá-lo, Saori decide voltar à última Guerra Santa e roubar a espada de Hades, prometendo a Cronos (que vai enviá-la para lá) que não vai alterar qualquer evento ocorrendo em sua frente, pois isso mudaria toda a História – embora o plano dela se paute única e exclusivamente em alterar eventos e mudar a História.
Bem, por algum motivo, a Atena daquela geração não apareceu ainda e, para piorar, surge o tal 13º cavaleiro de ouro, tudo isso ocorrendo no meio de uma guerra contra Hades. Enfim, sabe-se lá para onde essa história vai, mas não parece que o fim está próximo.
Agora, indo para os spin-offs, num geral, eles se referem apenas ao clássico. Com exceção de uma referência talvez aqui ou ali, a linha cronológica respeitada é sempre a do mangá original, sem haver conexão direta entre um derivado e outro, exceto em casos de “continuidades” como o Lost Canvas Gaiden ou G Assassin.
A curiosidade, no entanto, é que após Next Dimension basicamente dar a deixa da existência de realidades paralelas, algumas obras começaram a colocar abertamente a ideia de multiverso ou viagem no tempo. Em uma das histórias do LC Gaiden, um cavaleiro viajou ao passado para modificar a História e impedir uma derrota de Atena.
Já Assassin usa e abusa da ideia das linhas temporais estarem bagunçadas. Alguns fãs teorizam, inclusive, que a história trata de um “futuro” após Next Dimension, no qual, muitos acreditam, a “linha cronológica” ficaria caótica pois a viagem de Saori ao passado invariavelmente alteraria os eventos… o que implicaria na alteração de provavelmente toda a trama da série. Mas, enquanto isso é apenas uma teoria, e torço eu que continue assim, Assassin simplesmente se passa um bom tempo depois do mangá clássico.
Essas são as séries talvez mais “ousadas” com relação à cronologia, as outras são um pouco mais “pé no chão” na hora de encaixar no clássico. Saintia Shô, por exemplo, contando uma história concomitante ao clássico, parece ter uma preocupação muito grande em não contradizer o mínimo que seja do original, mesmo sem ser essa uma diretriz do Kurumada.
Mas, mesmo sem uma ligação direta, esses spin-offs tendem, ao menos, a não se excluírem totalmente. Ou seja, seria possível pensar em uma linha temporal em que eles, ou ao menos alguns deles, teriam acontecido. Afinal, todos tentam se amarrar à narrativa original, em maior ou menor grau, e por vezes abordam eventos dissociados.
Talvez, um dos mais “soltos” seja a Gigantomaquia. Supostamente, ele se passaria entre Poseidon e Hades, mas a ausência de cavaleiros de ouro na narrativa (meio sem motivo, nem como figurantes) fica um pouco esquisita – na minha opinião, esse setting, junto com a ideia de um “Grande Mestre interino” de prata, combinaria mais com uma série pós-Hades. Se bem que não devem existir muitos empecilhos narrativos para encaixar a trama aí, para quem queira.
Ainda não há informações para sabermos como Dark Wing vai trabalhar toda a questão multivérsica-temporal de Cavaleiros, mas certamente é uma obra com bastante espaço para brincar com os universos da franquia como um todo.
Não me importa nosso pai, pois ele tramou antes obras indignas
Já com relação aos animês, a Toei já há muito tempo larga bastante a mão do Kurumada, provavelmente porque, na época, não tinha outra opção. Isso traz inserções tão amadas quanto odiadas, dependendo do seu “lado” na franquia.
É por isso que, de certa forma, poderíamos dizer que a narrativa do animê de Cavaleiros possui uma cronologia própria, dissociada das séries impressas. Além de criar elementos extras que deixaram marcas na franquia, a Toei por vezes reaproveita suas criações ao montar novas histórias.
Assim, a segunda temporada de Ômega conversa direto com especificamente o animê clássico, trazendo de volta os cavaleiros de aço da forma como muitos fãs gostariam de ver: como um exército “extra” para dar aquela forcinha na luta pela humanidade.
Digamos que, por não usarem cosmo, eles são um investimento um pouco mais “barato” para Atena, já que seus treinamentos exigirão um tempo um pouco menor. Para uma deusa desfalcada após a luta com Hades, é uma ideia atrativa.
Temos também Alma de Ouro se ligando à saga de Asgard do animê para TV, colocando até personagens novos com algum tipo de relação com os antigos, é o caso do irmão de Siegfried. Além, claro, da aparição de quem tinha ficado vivo: Hilda e Freya (esta última aparece só para não dizerem que morreu, pois nem ao menos fala um “a”).
Mas a minha parte favorita é já dos anos 1980: os filmes da série são meio despreocupados em se encaixar na linha cronológica, embora alguns fãs tentem.
Éris e Durval poderiam ser entre a descoberta de Saori ser Atena e a batalha das 12 Casas. Já Abel e Lúcifer têm localizações mais exatas: o primeiro necessariamente é entre Santuário e Poseidon e o segundo, depois de derrotarem o deus dos mares.
E o que tem? Bem, ao fazer o filme do Lúcifer, a Toei resolveu inventar: o plano do deus (demônio?) inclui “reviver” Abel, Éris e Poseidon. Ou seja, para entender bem essa história, é preciso saber, ao menos, o básico das outras. É meio de qualquer jeito, mas é a primeira tentativa de juntar spin-offs até então desconexos em uma linha narrativa.
Como podem perceber, o coitado do Durval ficou de fora. Provavelmente para não criar mais confusão na cabeça dos fãs, já que a saga de Asgard contradiz esse filme (e vice-versa). Outro que acabou escanteado foi o Prólogo do Céu, que, como indica o nome, seria o início da saga do Céu, cancelada pela Toei provavelmente pela baixa bilheteria, embora existam histórias culpando o Kurumada, que certamente aproveitou ideias no Next Dimension (ou já eram parte da ideias que ele deu aos roteiristas do filme).
Atena de olhos glaucos virgem de Zeus porta-égide
Chegamos então finalmente à última parte deste longo texto. Como é perceptível, e já havia sido avisado, algumas obras ficaram de fora. Entre elas estão Golden Age (2016), uma novel com roteiro de Okada e ilustrações de Teshirogi, Kuori e Yun Kouga supostamente temporalmente localizada entre Poseidon e Hades, contra a deusa Astreia (Justiça) – essa não entrou por ser um brinde da Champion Red, o mesmo motivo pelo qual a ex-fanzine (afinal, foi oficializado, certo?) de Kouga não foi inserido.
Arco ou capítulos extras do “clássico” (Episode Zero, Destiny e Origin), Lost Canvas e série G que (ainda) não entraram em nenhum compilado também não foram inclusos, assim como materiais publicados em revistas especiais da Jump ou Shueisha sobre a série.
Também foram excluídos daquela lista o crossover oficial Hero of Heroes (2013—), uma narrativa com personagens de várias séries de Kurumada (literalmente o “Kurumadaverso”), escrito por Kouga.
A intenção aqui não é ditar o que seria “canônico” ou não, e sim apenas por questões de organização. Esses extras são ou mais difíceis de encontrar, por não terem sido colocados à venda de forma “solo”, ou requerem conhecimentos para além da série, como é o caso de Hero of Heroes.
De todos esses, certamente meu favorito é o agora-não-mais-doujin de Yun Kouga, apenas por ter deixado os fãs revoltados com uma história contendo um romance (e sexo bastante sutil) entre Ikki e Cisne Negro sendo publicada de forma oficial, mesmo que apenas como um brinde (inclusive, a revista esgotou na época).
Enfim, onde chegamos com isso tudo? Qual dessas é “canônica” e qual não é? Existe uma certa compreensão de que apenas aquilo escrito pelo Kurumada realmente “vale”, pois ele é o dono da série.
Mas eu enxergo diferente. Cavaleiros não é um fato histórico, apenas uma ficção – não existe nada que realmente defina “o que vale” e “o que não vale”.
Assim, cada um escolhe o que quer ou não ler, o que considera legal ou não, cada um faz o seu próprio “cânone”. Para mim, inclusive, mesmo sem gostar de todas, tudo vale. As histórias da mitologia grega às quais temos acesso hoje são, por vezes, versões distintas de uma mesma narrativa.
Infelizmente, não temos acesso a muitas outras versões desses mitos, que foram perdidas ao longo dos anos. Apesar de não saber como os gregos realmente lidavam com isso, para mim, Cavaleiros segue a mesma linha: são versões diferentes de um mito. Elas podem coexistir mesmo quando se contradizem.
Por fim, é possível começar por quase qualquer uma delas. Talvez, o mais legal seja ir pelo mangá ou animê original, como a maioria dos fãs provavelmente fez, mas, num geral, os spin-offs todos introduzem os conceitos básicos da franquia, como cosmo, Atena, cavaleiros, e tal.
Talvez os filmes da Toei sejam opções ruins, pois eles precisam espremer tudo em pouco tempo e, num geral, contam com o conhecimento prévio do espectador – mas, a bem da verdade, a primeira obra de Cavaleiros assistida por quem vos fala foi o filme da Éris. Então, no fundo, acho que tanto faz.
O texto presente nesta coluna é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente a opinião do site JBox.
Pra mim, meu cânone, ordem cronológica:
Prelúdio: Lost Canvas – Mangá/Anime
No clássico:
Saga Ikki, Cavaleiros de Prata – Anime
Durval, Eris – Filmes
Santuário – Anime
Abel – Filme (Eu considero: Mitologia Grega, o filho não nascido de Zeus que o superaria. Seria o filho do ventre de Metis. Quando Zeus a devorou grávida por medo de seu filho que ia nascer o superar, Atena nasceu em sua cabeça. Por isso a ligação especial entre Abel e Atena. O nome foi retirado de Abel da Bíblia por ter sido morto por inveja e o título de Deus Sol veio da lenda romana do Deus Sol Invictus que seria o deus mais poderoso.)
Guerreiros Azuis – Mangá ( Única coisa do mangá do Kurumada que devia ser Canon)
Saga de Asgard – Anime (Sim, considero que houve duas viagens a Asgard)
Saga de Poseidon – Anime
Lúcifer – Filme
Hades – OVAs
+ Alma de Ouro
Prólogo do Céu – Filme
Omega – Anime
+ plot da Saga de Poseidon do jogo de PSP de Omega antes das 12 casas da primeira temporada.
Fim.
Spin-offs:
Santia Shou – Mangá (Eu considero Canon, mas minha preferência é pelo filme. E não consigo encaixar ambos sem um malabarismo total, já que o início de ambos é parecido e acontecem paralelamente, o filme de Durval e saga Asgard são parecidos mas dá pra encaixar.
Devaneios a parte:
Mangás do Kurumada
Mangás do Okada
+outros.
Notas: Eu prefiro o plot do anime por eliminar a coisa dos 100 filhos do Mitsumasa Kido. No anime são só órfãos normais.
No caso do grande Mestre “Ares” do anime, eu considero que o Saga após matar e usurpar o posto do Shion, criou o “Ares” pra ser um grande novo sem ter que ficar imitando o Shion. Apesar que muitos cavs ainda acreditavam que Ares era o Shion.
E por fim considero Prólogo do Céu como um prelúdio dos eventos descritos em Ômega. Após vencer Apolo no epílogo do filme, veio a primeira batalha contra Marte. Saga de Zeus nunca aconteceu. O Marte tomou seu lugar.
E desconsidero totalmente Next Dimension e os outros.
Ou seja, pra mim o plot Canon e cronológico de CDZ segue o anime.
E vamos ser sinceros, o anime de CDZ é melhor que o mangá. O Kurumada pode ter tido as ideias originais, mas Shingo Araki e a Toei é que causaram o sucesso de CDZ.
Apesar de conseguirem ser mais lixo que a série, os filmes de Éris e Durval deram um grande boost na trilha sonora da série.
As músicas do primeiro filme de Éris, lançado no Japão pouco antes do arco das 12 Casas, foram as mais incansavelmente reutilizadas em toda a série, inclusive no arco das 12 casas, destacando-se “Saori, Torawaru” (a música ameaçadora que toca quando um cavaleiro de ouro vai usar seu ataque especial, usada a partir da luta contra Shaka, por isso ficou conhecida erroneamente como “Shaka’s Attack”), “Hoshuu” (o som da harpa de Orpheus de Lyra que foi reutilizado em alguns momentos das 12 Casas e também como o Réquiem de Cordas de Mime), além de “Inside a Dream” (toca sempre que alguém morre…), “Totsunyuu se yo! Saint” (geralmente usada em cenas de lutas velozes) e “Sagittarius no Senshi” (que toca sempre quando algo envolve uma visão milagrosa de Atena).
Já o insuportável filme do Durval (exibido no Japão durante a batalha entre Shun e Aphrodite) forneceu algumas lindas músicas (como “Odin no Kyoudai”, “Frey ~ Ai to Seigi no Yuusha” e “Kamigami no Tasogare – Ragnarök”) que foram reutilizadas e complementaram a também bela trilha sonora composta para o arco de Asgard, tornando esse o arco com a melhor trilha sonora. Lembrando que Durval não era um deus, mas sim um representante de Odin na Terra, tal como Hilda, por isso ficou de fora do filme de Lúcifer, que é outra desgraça.
Apesar de não dar a mínima para Cavaleiros hoje, a trilha sonora de Seiji Yokoyama é muito boa e sempre ouço de vez em quando, embora não atinja o nível de excelência da de Takanori Arisawa em Sailor Moon.
Como fã antigo da série, acho que os problemas principais de tantas obras derivadas dela são dois: Primeiro, a história não avança. Zeus já é uma lenda, eles não assumem as armaduras douradas “oficialmente”, nenhuma relação amorosa se concretiza, exceto talvez Shiryu e Shunrei. Segundo, pelo menos na minha opinião, apesar da mitologia – sem trocadilhos – da série ser bem vasta, boa parte do sucesso da série vem dos cinco protagonistas, criar novas histórias sem eles e esperar o mesmo sucesso é difícil. Sobre os filmes eu até gosto de histórias que não sigam rigorosamente a cronologia, como aconteceu com Dragon Ball Z.
O mangá é bem melhor que o anime, é bem mais tranqüilo e coeso.
Poucas coisas que dão pra se aproveitar do Anime.
Concordo….isso que você falou dos casais, o Seiya nunca assumiu a Saori, ou Shun com a June de Camaleão, o Hiyoga teria 2 pretendes a Eiri (do filme Eris) ou a irmã de Hilda (Saga dos Guerreiros Deuses)….mas fica entendido,diferente de Hikaru em Macross que assumiu a Lisa, ou certos protagonistas de Gundam,Shurato e demais animes…..Off.:Essa história de Zeus se arrasta há anos e esperava que em um dos mangas, o Seiya se recuperasse e fosse se preparar contra os demais deuses….Off.:Como já disse mesmo com essa treta de bastidores seja no Japão,seja aqui sempre vou gostar de CDZ,pois me lembra de bons momentos da minha vida, e de certos momentos ruins, na época comprei o jogo 1º CDZ do PS2 e passava CDZ na Band e na Rede 21,junto vieram as doces lembranças que me fizeram superar esse perrengue…..Off.:CDZ,juntamente com os tokus e demais animes antigos me lembram dos meus saudosos pais,tanto que até hoje guardo os games do PS3 e espero poder pegar o CDZ do PS4,tão logo saia pra desintoxicar um pouco a minha mente,meu corpo e minha alma…..
Creio que o que faz o fãs pensarem que só o que Kurumada escreve é válido é o fato dele não considerar absolutamente NADA dos spin-offs, enquanto esses (até por lógica) têm que seguir os conceitos da série original. E por mim fica assim mesmo, pq detesto Canvete buzinando no meu ouvido que os Golds dessa série são mais fortes que os da série clássica e pipipipópópó, que a Shiori revolucionou a franquia e qualquer outra coisa das quais eles se gabem
Uma compilação bem-vinda para renovar a nossa percepção geral da franquia. Nos últimos tempos, tenho me sentido meio perdido, apesar de acompanhar notícias.
A trilha de Sailor Moon não se compara a do Cavaleiros original. Só o primeiro CD de Sailor Moon presta, o resto é mais do mesmo. Takanori Arisawa fez um trabalho geral melhor em Digimon Adventure, Digimon Adventure 2 e Frontier. Seiji Yokoyama conseguiu se renovar em Saint Seiya até o final, Prólogo do Céu. Ouvi outras trilhas de Seiji e percebo que Saint Seiya foi o auge da criatividade dele, a obra-prima com certeza.