Ultra Seven é um clássico que todo fã de tokusatsu, que se preze, tem que assistir. A produção já passou de seus 50 anos e até hoje é aclamada. Uma das características fortes da série é a sua atemporalidade. Alguns episódios podem ser vistos como algo antigo e com efeitos ultrapassados. Mas dizer que Seven é datado é um erro gigantesco (sem trocadilho). Basta ver, por exemplo, o episódio 8 – aquele do Alien Metron – e tirar uma lição e ver como certas coisas do cotidiano ainda não mudaram.
Pois bem. Seven também é lembrado por momentos marcantes e dignos de um cult de ficção científica. Mas nem tudo são flores. Algumas ideias feitas para a série eram ousadas demais pra época e acabaram não dando certo. Vamos saber sobre elas? Então (como diria outro vermelhinho que também pode alterar de tamanho), sigam-me os bons!
De homens das cavernas para um herói vermelho
Você sabia que Ultra Seven era um nome de um outro projeto da Tsuburaya? Então, no caso, seria uma comédia sobre sete homens das cavernas (!). Só que a ideia nunca saiu do papel. O nome, que faz alusão ao sétimo membro do Esquadrão Ultra (Dan Moroboshi, é claro), foi apresentado pela primeira vez para o público japonês em agosto de 1967, dois meses antes da estreia na emissora japonesa TBS.
Como devem saber, seu antecessor no extinto bloco dominical Takeda Hour foi Captain Ultra. Uma série tapa-buraco mãozinha da Toei Company para a Tsuburaya, que durou apenas 24 episódios. Ultraman finalizou com 39 episódios em 9 de abril de 1967 e, na semana seguinte, em 16 de abril, começavam as aventuras do herói do futuro que lutava contra aliens e kaijus no espaço.
Enquanto isso, a Tsuburaya produziu vários roteiros para Ultra Seven que foram finalizados e jamais foram gravados. Algo normal em qualquer concepção de uma série de TV ou filme para o cinema. Foram nove histórias. Duas não possuem períodos precisos de quando foram escritas. Das outras sete, havia um episódio piloto que se destacou. Era o caso de Hikari to Kage no Chousen (algo como Desafio da Luz e da Sombra). Na ocasião, o projeto se chamava Ultra Eye e o herói se chamava Redman. Curiosamente, Redman era um dos nomes provisórios de Ultraman e que mais tarde seria um anti-herói (ou melhor, o “serial killer” de monstros gigantes) da Tsuburaya em 1972.
Dotado de poderes extrassensoriais, Dan Moroboshi seria filho de um pai alienígena chamado R e uma mãe terráquea. Ele seria apenas um motorista do Esquadrão Ultra, enquanto sua namorada Anne Yuri (isso mesmo) seria apenas uma integrante do Centro Médico. Ou seja, seriam membros secundários da equipe anti-monstros. Sem ligação com a Nebulosa M-78, Redman utilizaria cápsulas que guardavam monstros de Ultra Q e Ultraman.
No mesmo mês do anúncio oficial do título Ultra Seven, a Tsuburaya gravou os episódios em ordem aleatória. O episódio 2 foi gravado primeiro. Depois o 3, o 4, o 6 e finalmente o episódio de estreia, intitulado no Brasil como Os Invasores.
Um alien cancelado pela sociedade
Com certeza você já ouviu falar do famigerado episódio 12, que foi banido de Ultra Seven. Antigamente era rezada uma lenda urbana que afirmava que o tal episódio jamais foi ao ar, por mostrar aliens que distribuíram relógios que sugavam sangue das pessoas e que era pesado demais. Fake news. O episódio nem era extremamente pesado e muito menos um problema em si. Aliás, foi exibido duas vezes: uma na exibição original, mais precisamente em 17 de dezembro de 1967, e outra numa reprise em 1969.
Vamos fazer uma breve viagem para outubro de 1970 para entender o que realmente aconteceu. Neste mês foi publicada a edição de novembro da revista educativa Shogaku Ninensei, pela editora Shogakukan (NOTA: é comum edições de revistas serem lançadas no mês anterior). Como brinde, o leitor ganhou uma coleção de cards de monstros.
Um dos personagens que era representado ali era o Alien Spell, do mesmo episódio 12. Até aí, nenhum problema. Só que o tal personagem foi referido erroneamente pela legenda “Hibaku Seijin“, que significa “Alienígena Vítima da Bomba Nuclear“. Daí então uma celeuma foi deflagrada. Hibaku é um termo que se refere às vítimas das bombas de Hiroshima e Nagasaki, no final da Segunda Guerra Mundial (1939~45). O problema foi a utilização pejorativa do termo, uma vez que Spell era um humanoide com manchas escuras no corpo. A ideia original não tem absolutamente nada a ver com esse lamentável capítulo da história da humanidade. Mas as características físicas do personagem foram encaradas como alusão às queimaduras nucleares que ficaram cicatrizadas nos sobreviventes.
Outro ponto importante a considerar é que havia um preconceito pela sociedade japonesa nos anos pós-Guerra, por medo de se contaminarem com a radiação. Pra se ter uma ideia, muitos deles jamais se casaram.
Voltando para outubro de 1970: ao perceber o termo num dos cards, uma menina mostrou o material para seu pai, que era um membro de um grupo em prol das vítimas da bomba. O tal pai enviou uma carta para a editora Shogakukan fazendo oposição. Grupos de Hiroshima e Nagasaki também fizeram coro contra a Tsuburaya. A empresa não aguentou a pressão e decidiu por banir o episódio 12. Ultra Seven, inclusive, estava em reprise naquele momento.
Em abril de 1971, o episódio 45 de Ultra Fight (uma série de 196 episódios de cinco minutos cada) resgatou Alien Spell. Não deu outra e os mesmos grupos fizeram oposição. Era o fim do personagem que foi acusado sem a menor intenção de fazer referência às vítimas da bomba atômica. Quem garante isso não sou eu e sim Mamoru Sasaki (1936~2006), o roteirista do episódio 12 de Seven, que afirmou que jamais criou o termo Hibaku Seijin. Obviamente, ele culpou a revista (e com toda a razão!).
No Brasil, o episódio se chamava Presente Nocivo e foi exibido e reprisado várias vezes, sem o menor problema. O mesmo valeu para a exibição de Ultra Seven na TNT americana, em 1986, e ficou por aí mesmo.
O despertar dos monstros
Dentre os episódios descartados de Ultra Seven, havia um que era intitulado como Uchujin 15+Kaiju 35 (15 Alienígenas + 35 Monstros). Nele, o nosso herói enfrentaria monstros de Ultra Q e Ultraman, formando um elo entre as três séries. O roteiro era do saudoso Shozo Uehara (1937~2020; o mesmo de O Regresso de Ultraman e Jaspion) e a direção de Akio Jissoji (1937~2006; então chamado pelo pseudônimo Ko Kawasaki).
Na história, Seven foi atacado por seis monstros, enquanto perseguia o Alien Baltan. Ao derrotar todos eles, o gigante fica ferido. Ao consultar o horóscopo na base do Esquadrão Ultra, Soga tem um mau pressentimento. Repentinamente, surge a informação de que cerca de 20 monstros estão reunidos no sopé do Monte Fuji. Telesdon, Skydon, Neronga, Pestar e tantos outros estavam lá, fazendo furdúncio. A TDF (Terrestrial Defense Force), a organização militar internacional da qual o Esquadrão Ultra é subordinado, forma uma linha de frente. Daí aparece Pigmon que, com ajuda de um tradutor de línguas, revela que os monstros foram despertados por alienígenas da Liga Espacial, a fim de dominar a Terra. O arsenal da TDF não é páreo para a horda de monstros e sua base é atacada por discos voadores. Pigmon orienta o Esquadrão Ultra a usar anfetamina nos monstros para que eles fiquem ferozes e lutem entre si. Tóquio se transforma num ringue. Ou melhor, numa rinha de monstros.
Dan, que estava internado no Centro Médico da base, foge com a ajuda de Pigmon e ativa as cápsulas dos monstros Windom e Agira e se transforma em seguida. Apesar de estar fraco, Seven desfere o bumerangue Eye Slugger contra Baltan. Mas ainda teria que enfrentar Red King, Peguila, Geronimon, Neronga e Eleking. Ao gritar agonizantemente, Seven cai e é salvo por um monstro alado chamado Gord, que destrói os outros cinco monstros com um poder impetuoso e desparece no céu.
Infelizmente, este episódio, que seria o de número 43, jamais foi produzido por motivos de custo. Em seu lugar, foi produzido Viagem Espacial, que não tinha monstros. Uma pena, pois certamente seria um dos mais especiais da era clássica das séries Ultra.
Bônus: um erro que “deu samba”
Dentre tantas tentativas (era uma época de testes, oras), uma solução nasceu de um problema. Durante as gravações de Ultra Seven, ainda em 1967, a crista que fica na cabeça do herói caiu. Originalmente era apenas um adorno, mas sempre caía do capacete e atrapalhava as gravações. Até que um dia a produção resolveu transformar o limão numa limonada. Ou melhor, a crista numa arma. Assim surgia o Eye Slugger. Quem diria que o lendário bumerangue que já decepou monstros nasceu de um improviso, não é mesmo? E se não fosse por isso, a Chi Chi, de Dragon Ball, jamais teria aquele capacete como bumerangue (hehehe!).
Falei em animê? E se eu te disser que as cápsulas de monstros de Dan Moroboshi eram ideias que serviriam em Pokémon? Oops! É melhor eu parar por aqui, pois isso é assunto para outra edição desta coluna…
DYUWAH!!!
O texto presente nesta coluna é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente a opinião do site JBox.
Interessante como sempre estes posts, essas referência a DB e Pokemon fizeram dar risada, quem diria que Dan Moroboshi era um treinador de Pokemons espaciais…..kkkkk
Off.:Ultra 7 era barra pesada, quase como Kamen Rider Shin, ou Amazons, sorte que anos mais tarde a imagem dele foi “limpa” e é um dos principais ultras bem como seu filho Ultraman Zero….
UltraSeven é praticamente avô de pokémon. Sempre bom lembrar que originalmente o jogo ia se chamar “capsule monsters” ou “capumon” mas acabaram mudando porque já tinha um nome parecido sendo usado.
UMA DUVIDA…. NO ULTIMO CAP. DA SÉRIE, SEVEM VOLTA PARA SEU PLANETA… POR UM ACASO ELE VOLTA PARA A TERRA E EU NAO ESTOU SABENDO? EM ULTRAMAN LEO EP. 1, SEVEN EH ESPANCADO E TEM A PERNA QUEBRADA, SEU ULTRA OLHO DANIFICADO SENDO ENTAO IMPOSSIBILITADO DE VOLTAR A SE TRANSFORMAR… QUANDO FOI QUE ELE RETORNOU A TERRA QUE EU NSO TO SABENDO? ESSA PREMISSA EH USADA ATEH NA ANIMAÇAO 3D DE ULTRAMAN..
AH SIM, HA TAMBEM O FATO DE NA REFERIDA SÉRIE 3D, HAYATA NAO SE LEMBRAR DE SER NEM DE VER ULTRAMAN, MAS NO ULTIMO CAPITULO DA SÉRIE ORIGINAL, HAYATA DIZ WUE O CHEFE DE ULTRAMAN LHE DISSE QUE ELE VOLTARIA….
Ultra seven eleven era soh mais um Spectrolha pros gringos e ironias do destino isto o salvou de ser Sabanizado e quem iria imaginar ser censurado pelos proprios JaPTA(associaçoes de Pulhas de Merda, Patrulhas PC pre SJWokes).
As vezes num ter tanto hype ajuda mais do ki ter um DC FanDome de fanboboes inuteis ki num conseguem seker boicotar e sabotar um pulha Trumpista como o Dave Zaslav.
Ou um bando de OtaCUzoes ki num conseguem seker embargar uma NetoonFlix ou Sony ki dirah uma TrOlhEi.Por conta duns cavaleiros.
Admitam, a maiora dos Nerdolas sao uns GeekMerdas.
Inuteis na hora do vamo nao ver ateh fazerem do jeito ki a gente ker ver.
Seria o tal de Gatchapon?
Era uma epoca sem muitas reprises.
Mentes menos esclarecidas por Web e celulares mesmo os avançados e sabios Japas num captavam esses furos de roteiro.
Ademais sempre existirao duas saidas classicas pra tais vacilos de produçao:
1)criança num liga presses detalhes, soh ker ver seu heroi dando porrada de novo e de novo.
2)o heroi viajou duma dimensao ou universo paralelo pra outra.
Tah bom estas explicaçoes?
Ah, nao?
Intao fodam-se os cata piolhos!!
Pra mim o ki apurrinha eh esta mania teimosa de terminar as series com o heroi sendo derrotado ou pior morto mesmo no paraiso do pega leve, os tokusatus.
Pois como Yamato, Devilman etc deixaram bem claro, nos mangas e animes matam todas e o mal prevalece ateh uns martires suicidas levarem os maus junto com eles numa grande explosao.
Soh sendo gamer pra encarar isto numa boa com akela desculpa boçal de vidas extras, dar reset ou reboot.
“Era uma epoca de testes, oras”
Mas ki pusta Eufemismo pra justificar podreiras como Captain Ultra(copia barata de Captain video? Ou Perdidos no Espaço?).
Ultra Q?
Red man?
Mirror man?
Sei ki os Japas ainda tavam pegando o jeito mas num deixa de ser ironico o quanto se espelhavam nos barbaros gaijins pra usar nas suas obras.
O mais esdruxulo eh ki hj os gringos eh ki fazem isso.
Topsy turvy, mundo virado de ponta cabeça pra baixo literalmente.