Chegamos a mais uma lista com os 50 mais vendidos da semana no Japão, segundo a Oricon. O ranking cobre o período de 8 a 14 de fevereiro e indica algumas tendências já verificáveis na semana anterior, quando vimos uma diminuição do número de vendas de alguns medalhões e a aparição de títulos mais diversos.
Confira a tabela (e os comentários na sequência):
Mantendo a liderança, One Piece #98 teve 318.519 cópias vendidas, atingindo assim 1 milhão e meio no total. Completando o pódio estão o novo fanbook de Demon Slayer, repetindo a posição do ranking passado, dessa vez com 264.035 exemplares, e Jujutsu Kaisen #0, que volta a aparecer no top 10 – na semana de 1 a 7 de fevereiro, o prequel havia vendido 35.326, ficando com a 28ª posição.
Cells at Work #6, número final da série de Akane Shimizu, garantiu a 6ª colocação em sua semana de estreia, com ótimos 106.189 volumes vendidos. É curioso que nenhuma editora brasileira tenha se interessado em trazer o título para o Brasil, que com certeza receberia a série bem. O animê, que tem uma temporada disponível na Netflix, é muito bem avaliado pelos fãs brasileiros.
Jujutsu Kaisen completa o top 10 com seus volumes #1, #2, #3, #4, #6 e #8, que segue vendendo como água e, na soma de todos os volumes, atingiu 1.416.201 cópias vendidas na semana, ficando em 1º no ranking por série (disponível ao fim do texto). É de se lamentar que uma série tão procurada já esteja enfrentando, por aqui, o velho problema das tiragens curtas.
Muita gente que eventualmente se interessou pelo mangá assistindo à exibição do animê na Crunchyroll se deparou com a indisponibilidade dos volumes 1 e 2. O trabalho do estúdio Mappa foi eleito o Animê do ano, pela premiação da plataforma de streaming, como não poderia deixar de ser – embora cada um tenha o seu favorito (Eizouken aqui). Seja um shounenzinho clichê ou não, a animação está belíssima e a história progride de maneira agradável.
Kimetsu no Yaiba teve a sua pior semana desde que estourou: foram 5 volumes da série principal ranqueando, além dos três especiais (os fanbooks e Demon Slayer Gaiden). A queda é natural, visto que o mais recente lançamento em animê foi em outubro, com o filme Mugen Train, que estreou em outubro de 2020 no Japão, e o último volume foi lançado há alguns meses, em dezembro.
Vejamos como o anúncio da 2ª temporada da animação e a surpreendente aparição de Koyoharu Gotouge na lista de 100 líderes emergentes da revista Time impacta nos números das próximas semanas. Vejamos também se a continuação animada agiliza a chegada do filme ao Brasil, sem o qual se perde um arco original da história de Tanjiro.
Outro destaque da lista é o volume novo de Mix, com 98.547 exemplares vendidos em 3 dias, assegurando a 14ª posição. Em publicação desde 2012, na Shonen Sunday da Shogakukan, o mangá é uma continuação dos eventos de Touch, grande sucesso de Mitsuru Adachi. É inimaginável uma série de beisebol sendo lançada no Brasil, ao passo que o esporte é um dos mais populares no Japão.
Aliás, tendo em vista o sucesso de séries esportivas de modalidades mais variadas por lá, o fato de uma modalidade eventualmente não ser popular não parece ser um impeditivo de sucesso. É óbvio que o fator determinante é a cultura de se ler mangá, acima de qualquer gênero, mas a boa recepção dos japoneses para os diversos segmentos do esporte é um aspecto interessante.
O volume inédito de Fairy Tail 100 Years Quest também se destacou, ficando em 26º com 43.363 cópias. A continuação da série principal de Hiro Mashima é escrita por Atsuo Ueda desde 2018, quando Fairy Tail chegou ao fim. É possível que esta continuação chegue ao Brasil em breve, visto que a JBC é muito antenada na produção do Mashima e o seu mangá mais conhecido tem relevância em nosso país.
A editora inclusive tem acenado para a possibilidade de licenciar Rave Master, outro sucesso do autor (tido por muitos como o verdadeiro grande trabalho do mangaká mais workaholic do Japão), mas, de acordo com Marcelo Del Greco, está esperando que um movimento se inicie entre os leitores (com hashtag nas redes sociais e coisas do tipo) para que haja uma investida concreta por parte da empresa brasileira. Sinceramente, o momento de Rave Master no Brasil parece-nos já ter passado, sobretudo porque shonen é o que não falta nas bancas e lojas especializadas.
Takagi-san #15 aparece em 28º, com 40.535 volumes vendidos. O novo número de Moto Takagi-san, história paralela da franquia, também dá as caras e garante o 33º lugar. Três mangás josei (demografia para mulheres adultas) chamaram-me a atenção no ranking: Marronnier Oukoku no Shichinin no Kishi, Nanatsuya Shinobu no Housekibako e Ikoku Nikki.
O traço de todos eles é muito bonito, assim como o design de personagens. Infelizmente, não é possível ler Marronier e Nanatsuya em lugar nenhum (se é que me entendem…), já Ikoku Nikki é fácil de achar. Este último foi nomeado para o Taisho Awards de 2020, cujo prêmio foi dado a Tsubasa Yamaguchi e seu Blue Period, e conta a história de uma órfã de 15 anos que vai morar com uma romancista de 35. O interessante da trama é a maneira distinta de ambas de enxergar o mundo e lidar com as situações do cotidiano.
Por fim, Kaiju No.8 reaparece na lista depois de 3 semanas de ausência. Na última aparição, o volume de estreia da série já contava com 351.821 exemplares vendidos. Agora, quase 1 mês depois, o mangá de Naoya Matsumoto já acumula 448.751 cópias, um excelente número para tão pouco tempo desde o lançamento, em dezembro do ano passado.
É bem provável que estejamos vendo nascer um novo hit da Shueisha, que aparentemente está voltando a fabricar sucesso um atrás do outro. Não deve tardar muito para a história do trintão Kafka Hibino ser cogitada por aqui. Eu, particularmente, estou adorando ler a série (disponível gratuitamente em inglês no app MangaPLUS).
A trama é bastante simples e nada extraordinário, mas o traço, os diálogos e as personagens são suficientemente bem encaixados pra pegar o leitor desde o começo. Vejamos como se sairá o segundo volume, que será lançado nesta semana e tem uma capa lindíssima.
As séries mais vendidas da semana
- Jujutsu Kaisen, 1,416,201 cópias vendidas
- Demon Slayer – Kimetsu no Yaiba, 474.210 cópias vendidas;
- One Piece, 359.378 cópias vendidas;
- Demon Slayer – Kimetsu no Yaiba Fanbook 2, 331.459 cópias vendidas;;
- World Trigger, 186.073 cópias vendidas;
- Attack on Titan, 168.163 cópias vendidas;
- Jujutsu Kaisen 0, 144.501 cópias vendidas;
- Cells at Work, 124.360 cópias vendidas;
- Kemono Jihen, 117.356 cópias vendidas;
- The Promised Neverland, 109.661 cópias vendidas.
Fonte: Oricon
“A queda é natural, visto que o último volume foi lançado há quase 1 ano (maio de 2020)” mas o ultimo volume (volume 23) não saiu em dezembro?
Corrigido. O que saiu em maio foi o último capítulo.
Tudo bem e obrigado pelo trabalho :)
Tirando o mangá do prota estrupador é satisfatório ver apenas obras de qualidades nesses rank, tudo consistente sem nada que seja uma poluição visual para leitores que amam obras realmente boas.
Esse sim ta bem mais variado que os anteriores sem tantos volumes de Kimetsu ocupando espaço de mais da metade do ranking.