No início dos anos 2000, quando os mangás chegaram com força ao mercado brasileiro através da Conrad e JBC, outras editora resolveram investir no filão. Uma delas foi a finada Opera Ghrapica que colocou nas bancas títulos como Jam – As Justiceiras e Battle Angel Alita/Gunm.
Na ocasião, a editora chegou anunciar o lançamento do mangá Patrulha Estelar, mas o que vimos foi apenas o que seria a capa do primeiro volume em um catálogo de compras em revistas de animês da época. Aparentemente, todos os materiais made in japan licenciados pela mesma tinham origem contratual duvidosa e Patrulha Estelar nunca chegou a ser lançado.
Eis que praticamente 20 anos depois, finalmente o público brasileiro poderá ter acesso ao material, dessa vez em formato de luxo graças à NewPOP.
Patrulha Estelar Yamato, chegou às lojas especializadas em abril deste ano, e nem preciso falar que se trata de um material obrigatório para os fãs da franquia de Leiji Matsumoto e Yoshinobu Nishizaki e para os colecionadores saudosistas, devido à sua importância e influência para inúmeras obras que viriam a seguir – mas, provavelmente, apenas pra esses dois grupos.
O título não é um completo desconhecido do público brasileiro, uma vez que o animê original ficou relativamente popular por aqui na metade dos anos 1980, quando foi ao ar pela Rede Manchete dentro do Clube da Criança, apresentado pela Xuxa. Ou melhor, parte da série, uma vez que das 3 temporadas clássicas apenas a segunda (adaptada dos EUA) e a terceira (essa sim a versão japonesa) vieram pra cá.
O primeiro grande charme do mangá é justamente contar a parte da história que não foi exibida na nossa TV – por mais que existam pessoas que jurem de pés juntos que a primeira fase do animê passou sim via Record ou mesmo em fase experimental pela Manchete (como se o canal fosse desperdiçar uma série completa apenas em testes), não há provas em relação a isso.
A trama se passa no ano de 2199, quando o nosso planeta sofre com o ataque do Império Gamilas. Devido às bombas de radiação lançadas em nossa superfície (uma alusão aos ataques nucleares sofridos pelo Japão durante a Segunda Guerra Mundial), o que restou da população vive em cidades subterrâneas. Pra piorar a situação, dentro de um ano o planeta se tornará praticamente inabitável.
A última esperança da humanidade é uma misteriosa mensagem vinda dos confins do universo com as instruções para a criação de um motor de ondas, tecnologia que permitirá os humanos viajarem para o planeta Iskandar, onde enfim poderão ter acesso a um dispositivo que permitirá eliminar toda a radiação da superfície.
A tal tecnologia do motor de ondas é usada no encouraçado Yamato, um navio (que realmente existiu!) utilizado na Segunda Guerra Mundial pelos japoneses. É então que a tripulação do capitão Okita parte pra essa perigosa missão, porém o Império Gamilas fará de tudo para impedir que cheguem a seu destino.
A princípio um dos pontos que pode não agradar a muitos é em relação à arte muito irregular de Leiji, principalmente no início do mangá. As figuras humanas são geralmente caricatas, não seguem uma proporção e a arte, muitas vezes mal acabada, parece ser feita por alguém sem muita habilidade.
A coisa muda de figura em relação às naves e batalhas espaciais: é ali que o autor mostra aquilo que realmente gosta de desenhar, e é visível que definitivamente ele tem um apreço maior por essa parte.
Como era de se esperar, a edição da NewPOP manteve os nomes em japonês, portanto os saudosos podem estranhar a substituição de Derek Wildstar por Susumu Kodai e afins, mas convenhamos, não há motivos para manter os nomes americanizados (além da nostalgia).
O outro ponto, e talvez o principal, capaz de decepcionar muita gente, é que a história basicamente não possui um fim. Depois da contar a saga do couraçado a caminho de Iskandar (como dito, aquela fase inédita por aqui em animê), tem início a saga em que o planeta Terra é atacado pelo Cometa Império, só que os mesmos nem chegam a ser apresentados oficialmente na obra – e isso acaba deixando uma grande interrogação nos leitores. Pra saber como tudo se desenrola, somente assistindo ao animê.
Por falar em história, em algumas partes da trama as resoluções de algumas situações podem frustrar o leitor, uma vez que do nada já aparecem solucionadas, sendo o ocorrido apenas explicado pelos personagens – a chegada em Iskandar, por exemplo, deveria ser o clímax da primeira fase, mas do nada ocorre um pequeno timeskip e é apenas explicado o evento, deixando muita gente perdida, como se algumas páginas tivessem sido puladas.
A edição faz parte do selo NewPOP Prime, pelo qual já saíram Devilman e Cutie Honey, mantendo o mesmo padrão das obras anteriores: formato capa dura, papel pólen bold de grande qualidade e um número de páginas que justifica o preço: no caso de Yamato são nada menos que 648, trazendo todos os 3 volumes lançados originalmente no Japão entre 1974 e 1975 em uma edição única.
O preço sugerido é de R$96,40 porém, como já se passaram mais de 2 meses desde o lançamento é comum encontrar a obra com média de 20% (ou até mais) de desconto em sites como Amazon. Se lembrarmos que a maioria dos lançamento regulares de mangás passou a ter um preço médio padrão de R$29,90 por um tanko completo, o valor está muito atrativo, ainda mais por um material de capa dura, com páginas costuradas e papel de qualidade.
Como dito no início do texto, Patrulha Estelar Yamato não é uma obra que irá agradar a todos devido à arte um tanto “datada” e preguiçosa, e o desenvolvimento irregular de sua história, mas é uma daquelas publicações que merecem estar na estante de qualquer colecionador. Afinal, não é todo dia que uma obra de tamanha importância chega por aqui, menos ainda com uma edição tão caprichada.
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Ficha Técnica
Patrulha Estelar Yamato
R$ 96,90
Editora NewPOP
Status no Japão: Concluído em 3 volumes
Status no Brasil: Concluído em volume único
Licenciante: Akita Shoten/Tohan Corporation
Capa Dura
Formato: 21,6 x 16 x 5,6
Páginas: 648
Tradução: Thiago Nojiri
Editor-Chefe: Júnicor Fonseca
Esta resenha foi produzida com base no volume único de Patrulha Estelar Yamato, cedido como material de divulgação para o JBox pela editora NewPOP.
O texto presente nesta resenha é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente a opinião do site JBox.
Acho que pode se dizer isso de quase todas as obras lançadas nesse formato pela New Pop. Fui ler Cutie Honey e só fiquei com a impressão que foi muito acabamento pra uma história que no maximo merecia só uma encadernação acima da media.
Mangás que são adaptações de animes, fico com um pouco de receio, pois muitas vezes resumem muita coisa do anime, cortando muita coisa necessária.
Pelo visto, os japoneses terão que ressuscitar o velho couraçado do fundo do mar;war is coming.