Talvez você não conheça o personagem pelo nome, mas se você tem mais de 30 anos deverá lembrá-lo como Servo, herói da série nipo-americana Superhuman Samurai Syber-Squad (ou simplesmente Superhuman Samurai, no Brasil), exibido pela extinta Rede Manchete entre os distantes anos de 1996 e 1997. O nicho de fãs brasileiros de tokusatsu demorou para compreender a volta de Gridman após 25 anos da estreia da série clássica em um animê.
Mas a própria Tsuburaya foi generosa com o tempo e passou a transmitir o clássico Denkou Choujin Gridman (1993~94) para o público ocidental, que só conhecia a versão estrelada por Matthew Laurence (um dos filhos do personagem do saudoso Robin Williams no filme Uma Babá Quase Perfeita). Enquanto eu escrevo essa resenha, a reprise de Gridman está quase na reta final pelo canal oficial da produtora no YouTube.
Não será problema assistir SSSS.Gridman (de 2018) sem ter visto a série de 1993 antes. Mas o fator nostalgia funciona melhor caso esteja acompanhando para absorver melhor as referências, que surgem com o passar dos 12 episódios. Só que a forma de contar a história mudou, talvez pelo tempo ou até mesmo por seguir a diretriz dos animês exibidos nas madrugadas da TV japonesa.
O formato pode afastar algum fã inveterado de tokusatsu das décadas de ouro, mas vale uma chance. Por mais que SSSS.Gridman seja um animê de poucos episódios, a trama acaba instigando o espectador por mostrar o herói numa nova forma, lutando fora do mundo dos computadores e sem memória de seu passado.
Falando em amnésia, o protagonista Yuta Hibiki também sofre do mesmo mal e, por alguma razão, está ligado ao herói gigante. Surpresas e uma conspiração que envolve o vilão Alexis Kerib (uma espécie de Kahn Digifer/Kilokahn) e uma pessoa próxima do adolescente.
Até a mudança de geração é sentida no animê, até mesmo para se adequar ao público. Alguns dos personagens podem ser atrativos pelo fato deles serem fãs das séries Ultraman – com direito a menções de kaijus classicos da franquia. Mas eles ficam devendo ao trio Naoto, Yuka e Ippei – que sequer é lembrado.
É bem verdade que narrativa de SSSS.Gridman foge completamente daquele formato pré-determinado da série clássica, onde as máquinas sofrem interferências perigosas por influência de kaijus no mundo virtual – graças às frustrações de um adolescente mimado.
A produção deu mais liberdade criativa para os kaijus atacarem a cidade e Gridman se tornar popular mais uma vez entre a sociedade, depois de um quarto de século. O herói até conta com ajuda de um quarteto formado por Hyper Agents que podem se transformar em armas especiais para o herói.
SSSS.Gridman tem seus momentos de dramaticidade e uma pitada de fanservice barato, como é de praxe de um animê do estilo kaiju e de mecha hoje em dia. Elementos da série clássica, principalmente o bom e velho Junk, aparecem para manter algum tipo de conexão com o passado. Toda a nostalgia fica mais forte ainda na reta final, com boas surpresas de fazer o espectador pular do sofá.
Gridman voltou para ficar e formar, ou melhor, expandir seu universo próprio. E claro que o herói não é tão ou mais popular que Ultraman, da mesma Tsuburaya. Porém a marca tem seu potencial para formar novos fãs. A tarefa mais difícil pode ser cativar um público mais velho e exigente diante de algumas situações arrastadas. Mas SSSS.Gridman reserva boas doses de ação, algumas até mais eletrizantes do que na versão original.
Todos os 12 episódios do animê estão disponíveis na plataforma de streaming Funimation, com legendas em português. A plataforma fornece um acesso ao JBox.
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O texto presente nesta resenha é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente a opinião do site JBox.
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