Digimon Adventure: (gravado assim mesmo, com dois pontos) já caminha para o seu fim. Dos 67 episódios prometidos, já foram ao ar 65.
O animê, que teve sua estreia em abril de 2020, não foi um sucesso. Com audiência baixa em seu dia e horário de exibição no Japão e uma resposta morna/negativa por parte do público internacional, Dois Pontos partirá deixando um gosto amargo na boca dos espectadores.
Sou grande fã da franquia animada dos digiescolhidos. Mesmo séries que não são consenso positivo entre os fãs, como Zero Dois e Frontier, ainda me agradam bastante quando revisitadas. Pois algo que Digimon costumava entregar bem em seus animês eram os roteiros bem feitinhos, que davam profundidade a seus personagens, ao universo nos quais eles estavam inseridos, serviam bom entretenimento em tramas episódicas e construíam um lore bastante instigante por trás de tudo.
De início, Dois Pontos parecia uma ideia muito interessante: um reboot do animê original de 1999 que atualizaria a trama para o quão evoluída a sociedade aqui de fora está hoje em termos tecnológicos. E, de quebra, ainda melhoraria a sua animação (como “mídia”) num geral, ponto que envelheceu mal das primeiras temporadas do desenho.
Mas não rolou. Porque o roteiro resolveu focar demais em só um digiescolhido (o Taichi). Porque mesmo com bem mais episódios que o original, parece não ter sobrado tempo para aprofundar quase nenhuma relação entre os personagens, seus digimons e todo o resto. Porque o mote todo foi bem confuso e até hoje eu não entendi direito o porquê da história toda. Porque a direção de animação despencou tanto em episódios após o hiato devido à pandemia da COVID-19 que mesmo a versão de vinte e tantos anos atrás é mais bonita aos olhos em comparação. E por aí vai.
No entanto, houve momentos que realmente valeram o engajamento de tempo e paciência. Foram poucos, admito: cinco episódios realmente excelentes, os quais listei abaixo. Contudo, só por eles terem vindo ao mundo, a experiência de resgatar esses personagens já pagou sua conta com o universo.
Não assistiu nada de Dois Pontos até aqui? Dê uma olhada nesses abaixo, pois são o fino da bossa dessa temporada…
Episódio 1 – A Crise Digital de Tóquio e Episódio 2 – War Game
A dobradinha com os primeiros episódios de Dois Pontos bacana demais. Nela, alguns conceitos iniciais principais do desenho original são reinventados dentro da realidade atual: o Taichi como o primeiro digiescolhido a evoluir seu companheiro num momento de perigo, o Yamato como uma figura estrangeira mais fria que serve de contraponto ao colega. Mas com muito espaço para o novo em termos de batalhas, cenários e contextos onde os personagens estão inseridos.
E as sequências de ação são muito bem dirigidas, com Greymon e Garurumon mostrando o quão bestiais conseguem ser quando estão numa batalha de vida ou morte.
Episódio 8 – As Crianças Atacam a Fortaleza
O oitavo episódio da série original é um dos mais emblemáticos da franquia. Montado num formato de filme de terror, nele os digiescolhidos entram em contato pela primeira vez com o vilão Devimon depois de pensarem que estavam a salvo numa mansão nababesca em que poderiam descansar após dias de perigo constante.
Esse oitavo episódio foi por um caminho totalmente diferente, mas igualmente interessante de assistir. Aqui, os digiescolhidos precisam invadir uma fortaleza inimiga numa missão praticamente suicida. Os adversários estão bem melhor armados, não têm pena deles e, basicamente, nada a perder. O resultado é um episódio inteiro de ação ininterrupta, tenso ao extremo onde a sensação de risco é de tirar o fôlego.
Infelizmente, essa ideia brifou a imensa maioria dos episódios que viriam a seguir, o que tornou a série bastante repetitiva a longo prazo. Era quase sempre aquilo de os digiescolhidos identificarem o inimigo/problema nos primeiros minutos de episódio e o resto inteiro ser dedicado à enfrentá-lo. Mas o original segue impressionante, mesmo com tanta reciclagem para comparação posterior.
Episódio 12 – Lilimon Desabrocha
Pra mim, é o momento mais “diferentão” da série. É a vez da Mimi evoluir a Togemon para sua forma perfeita, a Lilimon. Para isso, preparam um episódio visualmente deslumbrante dentro daquele conceito de “a natureza deve prevalecer ante a tecnologia”.
Mimi e Palmon ficam presas no subterrâneo de algumas ruínas e acabam despertando o “Don Juan” mecânico Guardromon, que estava em modo de descanso. O chocante disso é que ele acaba se apaixonando pela Mimi à primeira vista.
O problema é que o local é guardado pelo assustador Andromon, que não só derrota o outro robô, como nocauteia também o Kabuterimon do Izumi e o já digievoluído à perfeição MetalGreymon, deixando a digiescolhida numa situação de perigo imediato aterrorizante.
O desfecho é o mais bonito do animê, com a Lilimon enfim surgindo e o verde consumindo o cinza tecnológico/industrial. É o tipo de alegoria que poderia estar em algum filme do estúdio Ghibli.
Episódio 54 – O Demônio de Guerra Andarilho: Rebellimon
Sim, entre um episódio excelente e outro, há um intervalo de quarenta e dois não tão bacanas. A história aqui já estava diferente, mas não tanto: os digiescolhidos já haviam encontrado as crianças “sagradas” Takeru e Hikari (em situações ligeiramente particulares) e seus digimons “celestiais” Patamon e Tailmon (em situações extremamente aleatórias), derrotado o tanto de inimigos sombrios que surgiram e o “final boss” Millenniumon (coitado, esse aqui não teve uma explicação no Zero Dois e sua história no Dois Pontos foi quase um descarte de conceitos).
Os episódios daí em diante têm sido bem… avulsos, como um material extra pós-créditos que não tem tanta importância ao que já foi feito. Só que foi justamente disso que saiu o melhor em todos dessa lista.
Na trama, Taichi e Agumon, no meio de um nada, encontram um punhado de inimigos que assolam a paz, se deparando também com a misteriosa figura de Rebellimon (digievolução do Orgemon, que não era mencionado há mais de um ano), uma criatura errante que de pura fúria que anseia por destruir tudo à sua frente.
A história é simples, mas a animação é linda demais. As cenas são o puro êxtase sakuga, do tipo que poderiam estar em algum filme indicado ao Oscar de melhor animação em curta ou longa-metragem.
Mas e o pior?
Episódio 61 – Em Direção ao Lugar Para Onde Quero Voltar
Infelizmente, teve muita coisa ruim no Dois Pontos. Alguns episódios pecaram pela repetição da fórmula do oitavo sem nada de muito criativo para diferenciá-los, outros foram feitos com uma animação tão básica que nem um roteiro muito bom poderia salvá-los.
O pior, entretanto, foi o de número 61, que saiu há bem pouco tempo. Feito para enfim trazer o HolyAngemon, digievolução perfeita do Patamon (que transitou entre Angemon e Pegasusmon na série toda sem muita explicação para isso), o plot se resume em o Takeru, o Patamon, junto do Taichi, do Agumon e outros, empurrando um digimon gigante de um ponto até outro. O episódio inteiro é literalmente isso.
É impossível não comparar com a aparição do HolyAngemon na série de 1999. Nela, Takeru, Patamon e Hikari são os únicos que sobrevivem numa batalha contra o Piedmon, líder dos Mestres das Trevas, chefões principais do arco final do animê, que transforma todos os demais digiescolhidos e digimons e bonecos. É só nessa situação extrema que o Angemon enfim consegue digievoluir, mostrando-se a arma final mais poderosa, a “última esperança” das crianças em toda a série.
De todos os episódios lançados de Digimon Adventure:, o 61º é certamente o mais equivocado.
Digimon Adventure: vai ao ar todos os sábados, às 23:30h, lá na Crunchyroll.
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Eu só consigo olhar as coisas de Dois Pontos e dizer: “AINDA BEM Q N EMBARQUE NESSA!!!”
Eu realmente não acredito que desperdiçaram o Tomioka com um reboot do Adventure. Se bem que pelo que as pessoas falam desse anime, parece um Tomioka diferente do de Danball Senki W (Tenho visto na Bandai Spirits)
Enfim, pra mim Dois Pontos nunca interessou e graças a Deus teremos o Ghost Game com um elenco e digimon NOVOS
Foi um crime esse anime ser ruim
Pq dês do início eu sentia que não ia pra frente
Tá aí um anime que me decepcionou bastante. Os dois primeiros episódios são os melhores de Digimon 2020: Uma aventura atualizada, seja em enredo e em tecnologia usada pelo Izzy. O problema é que a equipe resolveu focar em lutas e fanservice barato, ignorando o que faz a fama de Digimon: O desenvolvimento dos personagens. Tirando o Tai, TK, Hikari e o Izzy, o restante dos digiescolhidos poderia ser descartado (pobre Matt, Sora, Mimi e Joe). Digimon Adventure 2020 é apenas vazio de sentimentos e de carisma. Foi um sofrimento assistir os últimos 30 episódios.
Eu amei eles terem focado nas digievoluções ramificadas, mostrando um dos principais diferenciais de Digimon, mas a história em sim foi muito mal trabalhada. Sendo que a trama é rasa demais, os digiescolhidos não tem conflitos, as relações entre parceiros e digimon são muito convenientes pro roteiro, os inimigos são reduzidos a fantoches sem motivação ou carisma nenhum, deixando a maioria das lutas sem emoção; e todo o foco e desenvolvimento se concentra em apenas um único personagem, enquanto os demais ficam com migalhas. Ficou horrível esse reboot. :-/
Muita gente dizia que essa série iria superar o original. Eu, particularmente, nunca achei isso. Com os 10 primeiros episódios, onde o povo ainda gritava isso, eu já tinha a certeza de que esse reboot seria um completo fiasco. Antes fizessem um remake/remaster do animê original do que isso aí.