A editora Veneta deu início à pré-venda de Kanikosen: O Navio dos Homens em seu site oficial (clique aqui). O mangá em volume único é uma adaptação de Go Fujio para o romance homônimo de Takiji Kobayashi.
O título tem entrega prevista para 7 de janeiro de 2022, ao preço de R$ 64,90 (R$ 51,92 pela pré-venda do site). Com 192 páginas, o formato é de 15,8 x 23 cm, com acabamento em brochura.
A pré-venda também revelou a arte da capa nacional e algumas páginas, que você pode conferir no álbum abaixo:
Considerado pela crítica como a principal referência da literatura proletária no Japão, Kanikosen acompanha o dia-a-dia de homens que trabalham sob condições extremamente precárias a bordo de um navio-fábrica designado para a pesca de caranguejos.
Não bastasse as dificuldades impostas pela região em que navegam, no perigoso mar de Okhtotsk, situado entre o Japão e a Rússia, esses trabalhadores ainda tinham de aguentar os desmandos de um patrão exageradamente rude e a insalubridade do navio Hakuko-Maru, que agravam a exploração exercida sobre esses homens.
Fonte: Veneta
A Literatura Proletária Japonesa
Surgida na chamada Era Taisho (1912-1926), a literatura proletária japonesa é resultado da influência direta dos eventos que sucederam a Revolução Russa de 1917 — responsável por levar ao resto do mundo ares de agitação da classe trabalhadora.
Composta majoritariamente por intelectuais de esquerda, o movimento tinha por objetivo promover reformas estruturais na sociedade japonesa, valendo-se da literatura como instrumento de crítica ao estado de coisas vigente à época.
Nesse contexto situa-se Takiji Kobayashi, nascido em 1903, em Odate, na província de Akita. Kobayashi viveu apenas 30 anos, tendo sido torturado e morto pela polícia japonesa após negar repassar informações sobre o Partido Comunista do Japão (fundado em 1922), do qual fazia parte.
Ao longo da curta vida, publicou: O Navio-fábrica Caranguejeiro, O Arrendador Ausente (Fuzai Jinushi, 1930), A Célula da Fábrica (Kojo Saibo, 1930), O Organizador (Orugu, 1931), Yasuko (1931), Homens em Transição (Tenkeiki no Hitobito, 1931), A Aldeia Numajiri (Numajiri Mura, 1932), Vida de Um Partidário (To Seikatsusha, 1932) e, por fim, Homens do Distrito (Chiku no Hitobito, 1933).
Seu Kanikosen foi censurado assim que colocado em circulação, em 1929, por ser encarado pelo regime como subversivo, o que não o impediu de reverberar por toda uma massa de entusiastas do movimento (só voltaria a circular oficialmente após o final da guerra, em 1945). Em carta enviada para o seu “mentor intelectual”, o crítico marxista Kurahara Korehito, Takiji define sua obra:
Esta obra trata sobre a forma singular de trabalho que é realizada em barcos que processam caranguejo, mas não significa que realce uma descrição exaustiva de como é uma embarcação dessa índole. Na realidade, trato de demostrar (a) que é um clássico exemplo de exploração que se realiza nas colônias e nos novos territórios japoneses; (b) que, quando se sai das zonas industriais de Tóquio e Osaka se vê que as condições atuais de oitenta por cento dos trabalhadores em todo Japão são exatamente iguais às quais existem nos navios- fábricas, e (c) que é um método apropriado para exemplificar com clareza — quase que de forma transparente — o sistema entrelaçado da rede internacional formada por grupos militares e mercantis. Neste romance abordei o problema da classe trabalhadora não organizada. (A carta se encontra reproduzida na Antologia de Kobayashi Takiji, inédito no Brasil, e o fragmento foi traduzido por André Felipe de Sousa Almeida, presente em sua dissertação de mestrado em Literatura Japonesa pela USP. Grifos nossos.)
Assim como o mangá, o romance é inédito no Brasil, mas tem previsão de lançamento para o primeiro semestre desse ano, pela Aetia Editorial. Restam saber os detalhes da edição brasileira da adaptação de Go Fujio. Mais informações serão reveladas em breve.
Fonte: Dissertação de Mestrado de André Felipe de Sousa Almeida
Não é literatura “proletária”, mas propaganda comunista.
Quando a Arte se dedica a passar uma mensagem política ou comercial ela deixa de ser Arte e se torna Propaganda.
Mas achei interessante saber da existência desse tipo de literatura de propaganda no Japão, como tivemos por aqui Jorge Amado e “Capitães de Areia”.
E para terminar, a propaganda comunista é enganosa, pois no modelo socialista o povo era tratado se forma muito mais brutal do que em qualquer navio de pesca desses. Nesse caso, focam nos problemas atuais de uma sociedade e vendem ilusões como aqueles comerciais caricatos tipo “seus problemas acabaram”.