Um novo ano, uma nova temporada de inverno para os animês no Japão. O que também significa que é uma nova temporada de animês para nós do Brasil, já que as ferramentas da cultura pop nipônica evoluíram de modo que hoje as produções animadas lá do outro lado do globo chegam por aqui simultaneamente, com legendas, através de plataformas oficiais.

E o JBox aproveita esse início para conferir os lançamentos mais quentes e trazer suas primeiras impressões sobre o que, talvez, valha ou não a pena investir o tempo nos próximos meses. Para começar, um shounen sobre samurais de motoca, uma cosplayer que faz amizade com um costureiro e um arqueiro que espalha fungos pela vizinhança.


Orient

Direção: Tetsuya Yanagisawa (High School DxD)

Estúdio: A.C.G.T. (Freezing)

Onde assistir: Crunchyroll

Sinopse: Numa realidade onde onis (criaturas com chifres do folclore japonês) sobrepujaram humanos, dominando o Japão da era Sengoku através da força, da política e da cultura, uma dupla de moleques, Musashi e Kojiro, resolve se rebelar e começar a caçar esses monstros.

Essa é uma adaptação do mangá de mesmo nome, feito pela autora Shinobu Ohtaka, também responsável por Magi: O Labirinto da Magia e seu spin-off Magi: Adventure of Sinbad.

Comentários: Julgando pelos dois primeiros episódios, Orient me parece ser um daqueles animês onde a ideia é mais legal que a execução dela.

O background de a sociedade estar tão a mercê dos onis que sequer sabem o que eles são de verdade é bacana e isso é ilustrado com vários elementos bem feitos: a história ensinada nas escolas é totalmente favorável aos monstros, pintando-os como deuses bondosos e não como vilões; os descendentes de guerreiros que enfrentaram os onis do passado são tratados com párias desde crianças; e é um sonho honroso trabalhar com como escavador, coisa que é tratada com toda a pompa de uma formatura, gratulações, etc., até que ocorre o plot twist e entendemos o que de fato está ocorrendo.

O problema é que séries desse tipo, onde um belo pedaço do foco está na ação, nas lutas, poses, golpes, poderes e demais clichês do gênero, necessitam dum bom investimento em produção. E esse não parece ser o caso aqui. A animação é bem limitada, pouco fluida, pobre aos olhos. A sequência no segundo episódio com eles enfrentando um monstro gigante necessitaria de mais movimentação para trazer a emoção necessária desse tipo de combate. Talvez melhore mais pra frente. Se não se incomodar com esse tipo de limitação, vá em frente. Mas se for um apreciador de sakuga, melhor passar longe.


My Dress-Up Darling

Sono Bisque Doll wa Koi o Suru

Direção: Keisuke Shinohara (Black Fox)

Estúdio: CloverWorks (Shadows House, The Promised Neverland)

Onde assistir: Crunchyroll e Funimation

Sinopse: Acompanhamos um estudante do Ensino Médio chamado Gojou, que herdou de seu avô o amor por produzir bonecas de porcelana. Por ter sofrido bullying no passado de uma menina que achava que ele, por ser menino, não deveria se interessar por bonecas, calhou dele se fechar para amizades conforme foi crescendo.

Um dia, na escola, seu hobby é descoberto pela menina mais popular da classe, Marin Kitagawa, que acha as habilidades de costura dele incríveis e quer que ele seja seu estilista e confeccione cosplays para ela.

Comentários: Esse aqui começou muito bem e, com o perdão do trocadilho, deve render muito pano para a manga! O tema é interessantíssimo e a direção parece ter uma delicadeza boa para lidar com ele.

Um garoto que tem uma paixão que, supostamente, deveria ser uma paixão só de garotas (bonecas) e morre de vergonha disso em contraponto a uma garota popular que tem uma paixão que, supostamente, deveria ser de “nerds” da turma (animês, cosplay), mas se orgulha bastante disso.

Se o roteiro dos próximos episódios for bom, vai ser bacana ver como ela ajuda ele e ambos descobrem o que de melhor têm na companhia do outro. E ainda há o plus de a animação ser muito boa. Não que para esse tipo de série isso costume importar de verdade, mas o trabalho de produção é muito bom e torna as cenas radiantes aos olhos. Vale a conferida sem contraindicações.


Sabikui Bisco

Direção: Atsushi Ikariya (sua primeira direção, mas já comandou um episódio de Akame ga Kill! e trabalhou como animador em Steins;Gate, Kill la Kill e outros)

Estúdio: OZ (é o primeiro animê do estúdio)

Onde assistir: Crunchyroll e Funimation

Sinopse: Num Japão pós-apocalíptico coberto por uma poeira feita de ferrugem que corrói coisas e pessoas como uma doença, um arqueiro andarilho e um médico se juntam para encontrar um cogumelo que especulam ser capaz de curar a corrosão da ferrugem que está se espalhando.

Comentários: Na humilde opinião desse redator, é assim que se faz um primeiro episódio! Em um pouco mais de vinte minutos já somos engolidos pelo mundo esquisito e sujo onde a história se passa, com essa “sujeira” sendo representada em tela tanto no literal, com as ruas emporcalhadas, o deserto ameaçador, os animais grotescos, os fungos gigantes e as doenças vistosas, quanto no figurativo, com destaque para personagens e “guetos” que têm lados obscuros para serem explorados.

O trabalho de animação é muito bom, os quadros são como telas pintadas de tão detalhados, o roteiro construindo a sensação de tensão até que o que tem que acontecer venha ao fim é bem certeiro. Se manterem nesse nível, será um candidato bem forte a melhor animê do ano. Recomendo urgentemente.


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