Em 16 de dezembro de 2008…
… a Sony/Columbia fez história no Brasil lançando o primeiro animê em formato Blu-ray por aqui. Ao preço de então salgadíssimos 100 reais, Tekkonkinkreet (2006) – que veio com esse mesmo nome, apesar da editora Conrad já ter lançado o mangá original sob o título Preto e Branco – chegou por aqui no moderno disco do raio azul.
O filme animado baseado no mangá de Taiyo Matsumoto foi produzido pelo Studio 4ºC, na época mais conhecido por aqui pela produção de Animatrix (2003). Ainda em 2008, meses antes do lançamento em home-vídeo, o longa foi exibido na TV paga, no canal Cinemax, junto com Paprika, que logo também saiu em BD, no começo de 2009.
No Blu-ray brasileiro, tínhamos apenas áudio original em japonês, com opção de dublagem em inglês e legendas em nosso idioma (além de espanhol, francês e inglês). Esses são os mesmos idiomas do disco americano, o que leva a crer que foi um lançamento padronizado da Sony para vários países (o disco trazia um “Made in USA” e menus somente em inglês). Havia ainda como extras trailers, entrevista com o diretor Michael Arias e com os músicos do duo britânico Plaid, além de uma faixa de comentários dos “realizadores” (o diretor, o roteirista e o designer de som).
Apesar de ser o primeiro Blu-ray de animê, não foi exatamente o primeiro Blu-ray de uma produção animada de franquia pop japonesa a chegar no país. Isso porque, em 2007, o filme Final Fantasy: The Spirits Within, aquele filme em CG de 2001 que quase ninguém gosta, ganhou versões Blu-ray, também pela Sony.
O filme de Final Fantasy foi uma produção mista EUA-Japão – a direção, roteiro e produção executiva foram de Hironobu Sakaguchi, mas os estúdios que fizeram o longa, inclusive subsidiários da então Squaresoft, estavam alocados nos EUA. E esse fracasso comercial quase fez a Enix desistir de se fundir com a empresa.
Blu-ray no Brasil
O primeiro dispositivo com tecnologia Blu-ray, um BD-recorder, chegou comercialmente em 2003, apenas no Japão – sendo também uma invenção da Sony. As especificações padronizadas do formato foram criadas em 2004 e os primeiros tocadores chegaram ao mercado em 2006, mesmo ano em que os primeiros títulos são lançados em BD.
Mas aqui no Brasil o formato nunca fez tanto sucesso, pelo menos não comparado ao DVD (e até mesmo ao VHS), devido aos preços salgados (tanto dos aparelhos quanto dos discos). Com isso, o mercado ficou mais restrito ao colecionismo – contudo, as versões em Blu-ray de boa parte dos títulos aqui geralmente tinham pouco diferencial (a exceção da qualidade de imagem) que as versões em DVD, tornando menos interessante ainda pagar mais caro por um produto “básico”.
Os tocadores dessa mídia aqui, inclusive, se tornaram cada vez mais difíceis de se encontrar nos últimos anos. Não necessariamente isso é um fracasso do formato em si, mas talvez esteja relacionado ao modo e perfil de consumo no Brasil: é mais fácil ter um leitor de CD (qualquer formato), e também consoles atuais de videogame têm suporte à mídia, tornando desnecessário para alguns ter um tocador específico de Blu-ray.
Como o BD nunca “pegou” direito por aqui, e boa parte de shows, por exemplo, são mais comuns em DVD, a mídia provavelmente acabou sendo mais consumida por colecionadores engajados, que compram versões nacionais e até estrangeiras mais caprichadas de seus títulos favoritos.
Tivemos outros animês em BD de 2008 para cá, incluindo relançamentos de séries fortes, como Cavaleiros, em edições especiais – embora, num geral, com qualidade bem aquém dos lançamentos japoneses ou americanos para colecionadores.
Fora isso tudo, as crises econômica e política que se alastram pelo país desde 2016 também não ajudaram o quadro do consumo de home-vídeo, muito menos do home-vídeo “de luxo”, contribuindo ainda mais para o escanteamento do formato no Brasil.
Matéria original: Tekkonkinkreet: Nosso primeiro Blu-ray de anime, por Larc
Fonte adicional: Data de lançamento do BD, na Amazon
Hoje o que tem de bd sendo lançado é bem limitado e muitos exclusivos de lojas especificas. Eu coleciono, e é uma pena que BD nunca pegou o brasileiro de verdade.
Seria lindo se a Sony Brasil começasse a lançar os últmos filmes que a Crunchyroll andou lançando nos cinemas,como Jujutsu Kaisen 0,o futuro Dragon Ball Super Super Hero e o vindouro Suzume no Tojimari.
Eu amo demais esse filme, inclusive gosto mais dele do que do mangá (muito por conta de como o filme trabalha a sequência final)
Nem sabia que ele tinha saído em bluray aqui
Mas fui pesquisar pra comprar e não achei em nenhum lugar por um preço descente
A crise política e econômica não se alastra só desde 2016, não. A questão é que só aí que o iceberg foi emergir de verdade, parando de exibir apenas a ponta.