Como manda a tradição desde 2009, todo fim de ano tem algum filme crossover de Kamen Rider, geralmente reunindo o elenco da série vigente e da antecessora. É o tipo de encontro onde o fanservice é o mais legal possível ou às vezes nem tanto. De lá pra cá tivemos apenas um hiato, mais precisamente em 2020, devido à pandemia da COVID-19.

Mas como já dizia a canção da banda Queen: the show must go on. A Toei resolveu não passar mais essa época do ano em branco e lançou o filme Kamen Rider: Beyond Generations nos cinemas japoneses, em 17 de dezembro de 2021. Só agora que os fãs que moram fora do Japão podem conferir a (não tão) nova aventura que reúne o elenco de Kamen Rider Saber e do vigente Kamen Rider Revice (ainda que por meios alternativos, pois é o que temos hoje).

Imagem: Pôster oficial de Beyond Generations com os Kamen Riders que participam do longa.

Pôster oficial de Beyond Generations | Foto: Divulgação/Toei/Ishimori Pro

Se o filme Kamen Rider Saber + Kikai Sentai Zenkaiger: Superhero Senki jogou vários personagens numa aventura arrastada e sem nexo em julho de 2021, Beyond Generations soube compensar problemas do tipo, que são recorrentes em filmes crossovers da Toei, apresentando um novo Rider que carrega o peso de um século de todas as esperanças da humanidade e que luta para mudar o futuro.

O tal herói atende pelo codinome Kamen Rider Century, cujo o alter ego é o misterioso jovem chamado Ryunosuke Momose, que na realidade veio de 1971. Por um motivo peculiar, ele aparece em 2071, num futuro dominado pelos demônios.

O passado de Momose está atrelado à Shocker, a organização maligna que foi desmantelada pelo primeiro Kamen Rider, e a ressurreição de um demônio (sugestivamente) chamado Diablo.

Neste futuro apocalíptico, Momose conta com a ajuda de um importante personagem de Revice para retornar 50 anos no tempo através do cinto Cyclotron Driver e impedir que Diablo complete seu objetivo para dominar a humanidade.

Mas só a mente de Momose viaja no tempo, enquanto seu corpo fica em 2071. Para se transformar em Kamen Rider, ele precisa encontrar um ente querido que foi deixado para trás. Mas ele conta com a ajuda de Kamen Rider Saber, da dupla Revi e Vice e seus aliados.

Beyond Generations não apenas cumpriu tabela de fim de ano para reunir os personagens de Saber e Revice, como também homenageou o primeiro Kamen Rider. Tanto por mostrar Momose carregando seu fardo como um guerreiro da justiça de um futuro distante e ameaçado, quanto por mostrar Maito Fujioka, o filho do veterano Hiroshi Fujioka, interpretando o papel vivido por seu próprio pai há meio século, o destemido Takeshi Hongo, alter ego do primeiro Rider.

Maito tinha apenas 17 anos quando gravou sua atuação para o filme. É um rosto ainda muito jovem para o papel, já que seu pai tinha 25 anos na época da série original. Mas nota-se o esforço para lutar como o Hongo da antiga série de TV. A Toei respeitou o legado de Kamen Rider ao refazer cenários e vilões da Shocker, aproveitando algumas trucagens da época da série e atualizando os efeitos especiais.

Imagem: Hiroshi e Maito Fujioka.

Tal pai, tal filho. O veterano Hiroshi Fujioka e seu filho Maito Fujioka, que interpreta o herói Takeshi Hongo em Beyond Generations | Foto: Divulgação/Toei/Ishimori Pro

Por outro lado o filme procura resolver uma pendência que ficou em aberto após o final de Saber, enquanto explica alguns detalhes de Revice, que deixaram de ser meras referências para justificar uma determinada cena da abertura, aquela com réplicas dos Riders em cabines. E como é de praxe, os protagonistas de ambas as séries ganham suas respectivas formas exclusivas para o filme.

Beyond Generations é divertido, acrescenta pontos importantes nas mitologias de SaberRevice e até mesmo do Kamen Rider original e chama atenção pelas reflexivas mensagens sobre o valor da família, consequências de decisões do passado e mudanças para o futuro – elementos bem explorados em Revice, inclusive.

Tem lá uma cena no final que exagerou na homenagem, foi meio nada a ver, mas não é nada que estrague o conjunto da obra. A Toei encerrou o ano passado, marcado pela celebração de 50 anos da franquia, da maneira mais justa possível.


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