Na segunda metade dos anos 1990, a Flashstar Home Video resolveu investir mais ativamente em animês por aqui, dado o sucesso das fitinhas com os filmes dos Cavaleiros do Zodíaco. E foi assim que uma ótima produção ficou meio perdida nas prateleiras das locadoras: Robô Gigante.

Para os mais velhos, o título era familiar. Robô Gigante originalmente é um mangá de Mitsuteru Yokoyama, que ganhou uma série tokusatsu simultaneamente pela Toei Company em 1967 — série essa exibida aqui no Brasil a partir de junho de 1969 pela Globo, rodando outros canais pelo menos até o começo dos anos 1980.

Só que o Robô Gigante da nova fita não era exatamente o mesmo personagem. Era, mas não era. Explico.

imagem: ilustrações de Robô Gigante em versão mangá, tokusatsu e animê

Da esq. p/ dir.: Robô Gigante em mangá, tokusatsu e animê. | Imagem: Reprodução/Shogakukan/Toei Company/Amuse Video Inc.

Em 1992 foi lançado no Japão o 1º OVA (animação direto em vídeo) desse novo Robô Gigante, com o subtítulo de Chikyuu ga Seishisuru Hi (O Dia em que a Terra Parou, em tradução livre, possivelmente uma referência ao filme clássico homônimo). A produção tinha a intenção inicial de ser uma adaptação do mangá original do robô, mas aparentemente a equipe do projeto foi impedida de usar os personagens coadjuvantes, restando então outra opção: transformá-la em uma homenagem a toda a carreira de Mitsuteru Yokoyama.

Assim, além do Robô Gigante e de seu comandante, o jovem Daisaku Kusama, personagens de outros mangás do autor foram somados ao elenco para uma história totalmente nova. Na trama, esses personagens formam uma equipe da chamada Polícia Internacional, que luta contra a organização BF para impedir que um objeto perigoso para toda a humanidade caia em mãos erradas.

imagem: Os personagens de Robô Gigante reunidos.

Os personagens de Robô Gigante reunidos. | Imagem: Reprodução/Amuse Video Inc.

Depois desse volume 1 em fita VHS, a Flashstar nunca mais lançou nada do animê no Brasil. O lançamento japonês, que só se encerrou em 1998 (6 anos depois do 1º!) rendeu ao todo 7 episódios e ainda um spin-off com a personagem Gin Rei, tendo até hoje certo “prestígio” entre os entusiastas da animação nipônica, seja por suas tomadas impressionantes para a época ou pela inusitada inserção de uma trilha sonora de música clássica.

Fadado a prateleiras de produções infantis aleatórias no Brasil, Robô Gigante ficou perdido junto de uma ótima dublagem pelo estúdio Dublavídeo, que trazia Marcelo Campos (o “Shurato”) na voz do garoto Daisaku. Em 2010, a empresa Flashstar até cogitou trazê-lo de volta no formato de DVD, mas o projeto infelizmente foi engavetado.

Em 2007 surgiu uma nova série animada, essa sim lançada por completo aqui no Brasil via streaming, mas sem qualquer relação com os OVAs que se tornaram uma verdadeira pepita noventista.

imagem: mão segurando a capa do VHS do Robô Gigante

Capa do VHS. | Foto: Rafael Brito/JBox

imagem: mão segurando a capa do VHS do Robô Gigante

4ª capa do VHS. | Foto: Rafael Brito/JBox

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