Quem nunca assistiu um anime de começo difícil, mas que com o desenrolar de sua história, vai demonstrando suas qualidades, não é mesmo?
Este parece ser o caso de Delicious Party Precure que, após um início bem morno, parece querer mostrar agora todo o seu potencial com a adição de ingredientes bem interessantes em sua receita.
Desde a história de Amane, até a participação mais ativa de Takumi na história, o conjunto mais recente de capítulos do anime foi, sem dúvida, o mais empolgante até o momento.
Drama, romance e uma pitada de comédia
De início, é impossível não citar como o capítulo 12, focado em Gentlu/Amane foi emocionante. Toda a interação das heroínas com a vilã trouxe um profundidade que faltava à série. Até mesmo a luta, mesmo que breve, entre Gentlu e as precures, foi empolgante — e trouxe ainda o famoso “ataque em grupo” que parecia ter sido esquecido.
O grande trunfo da narrativa de Amane é aquilo que citei na resenha anterior: o que torna Precure uma franquia tão interessante é o modo como o anime faz com que nos apeguemos aos seus personagens humanos.
O drama que esses personagens vivem traz à tona um misto de sentimentos que fortalece os laços emocionais com a história como um todo.
Por isso, além da história de Amane, a inclusão de Takumi também foi bem-vinda. O personagem tem questões estranhas a resolver com seu pai e sua participação ainda adiciona um novo tempero à mistura de Delicious Party: o romance.
Os episódios 13 e 14 trabalharam bem o amor platônico de Takumi por Yui e até trouxe algumas reflexões sobre paixões adolescentes, tendo como apoio uma personagem secundária do capítulo 14.
Tudo foi mostrado de forma leve e divertida, pois a série soube aproveitar bem a parte mais cômica desse “romance” juvenil que apesar de óbvio para quem está envolta, coloca a própria Yui como uma personagem totalmente alheia aos sentimentos de Takumi por ela.
Assim como Amane, Takumi é uma personagem que vive um drama próprio e que, caso bem trabalhado, pode movimentar e muito a história do anime. Vê-lo assumir o manto de Black Pepper foi algo bem interessante, mas resta saber se ele vai ficar relegado ao papel de um simples “Tuxedo Mask” ou se o anime vai começar a dar ainda mais relevância a ele (ainda que isso não aconteça em todos os episódios).
O pai do garoto também é um personagem interessante. Muito provavelmente ele seja o personagem misterioso que aparece na abertura ao lado de Rosemary, pois o mesmo é viajante do CozinReino tal qual o mentor das precures.
A importância do vínculo emocional
Em todo esse contexto, até as próprias heroínas ganharam mais carisma. Mesmo que suas personalidades não sejam muito diferentes da de outras heroínas precures do passado, suas interações com o universo ao seu redor ficaram mais orgânicas.
Trata-se de algo notável no episódio 15, focado em Kokone. Poderia ter sido apenas mais um capítulo enfadonho sobre salvar fadas de comida, mas o roteiro soube dar a relevância correta aos sentimentos da personagem.
Isto também se deve muito ao fato de que agora os vilões não apenas “sequestram” fadas de comida, mas também roubam uma parte da memória das pessoas que está atrelada ao prazer de comer.
Trata-se de uma forma de aumentar o vínculo emocional da série. Nos três episódios que Narcistoru usou desse poder, haviam pessoas próximas às precures que tiveram suas memórias roubadas.
Desse modo, elas não estão apenas lutando para salvar as fadinhas quase sem emoção, mas para preservar essas memórias tão importantes para as pessoas próximas a elas.
Novos caminhos abertos
Esses últimos episódios de Delicious Party também abriram caminho para que novas situações e personagens sejam desenvolvidos no futuro.
Os irmãos de Amane e os pais de Kokone (ausentes até então), fizeram suas primeiras aparições. A julgar pela preocupação com os “detalhes” no design de alguns desses personagens, não duvido que eles possam ter maior participação nos capítulos futuros, conforme suas relações com as protagonistas é estreitada.
Além disso, confesso que um detalhe do capítulo 14 me deixou curioso: Rosemary, ao experimentar um bala que revela o “gosto de seu primeiro amor”, disse ter se lembrado de algo do seu passado. Na cena seguinte, a vilã Secretoru aparece experimentando a mesma bala e Narcistoru faz uma piada sobre o primeiro amor da vilã.
A impressão geral que as duas cenas juntas deixam é de que Rosemary e Secretoru podem ter tido um relacionamento no passado. Se for isso mesmo, Delicious Party vai ficando cada vez mais interessante.
As novidades trazidas pelos novos capítulos não resolvem, é claro, todos os problemas do anime. As batalhas no mesmo cenário, por exemplo, ainda ficam incômodas vez ou outra. Agora, porém, o desenrolar dos episódios é menos monótono e devo dizer que, além das protagonistas, até mesmo os vilões se tornaram mais engraçados em suas interações.
Delicious Party se alimenta com novas possibilidades e trilhas a seguir. O futuro para anime parece mais doce do que há algumas semanas atrás, mas ainda é cedo para saber como o nível dos capítulos vai se manter daqui para a frente.
Observação: notaram que a participação da narradora diminuiu? Difícil saber se a Toei já havia planejado isso ou simplesmente eliminou narrações enfadonhas dessa personagem.
Confira as outras resenhas da série: Episódio 1, 2-4, 5-7, 8-11.
Delicious Party Pretty Cure é exibido pela Crunchyroll com legendas em português de forma simultânea com o calendário japonês. A empresa fornece ao JBox um acesso à plataforma.
O texto presente nesta resenha é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente a opinião do site JBox.
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