Na última quarta-feira (20) estreou no teatro Clara Nunes, no Rio de Janeiro, a prática de montagem da peça Death Note: O Musical. O espetáculo é uma adaptação do musical de 2015, de Ivan Michell e da obra de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata.

imagem: foto do cartaz da peça.

Foto: Jean Clemente.

A minha maior curiosidade era em saber como uma história tão longa seria transposta para uma peça de aproximadamente duas horas de duração. A primeira coisa que se nota é a ausência de alguns personagens, como Watari, que foram limados desta versão. Outra, é que ela segue um caminho um pouco diferente da história original. Não vou dar spoilers aqui, mas certamente é um final ainda melhor do que a obra original.

As adaptações das músicas ficaram muito boas, com algumas sendo bem chicletes (ainda estou com o refrão “estou pronta, sempre pronta” na cabeça). Claro que as adaptações por si só não teriam tanto impacto se não houvesse quem fizesse jus. E nisso a Escola de Arte Faz Assim acertou em cheio. Todos os atores têm um alcance vocal incrível e de deixar o espectador boquiaberto.

Mas o ponto alto, como não deveria deixar de ser, fica com as atuações. Paulo Mendes e Arthur Salerno, que dão vida à Light e L respectivamente, encarnam muito bem os protagonistas. Paulo vira um Kira que chega a ser chato e petulante — no bom sentido, claro — e Arthur dá vida a um L quase perfeito, com timbre de voz e maneirismos saídos do animê. Já Yasmin Zinganshin (Misa) e Gabriela Barbosa (Rem) formam uma excelente dupla, com a melhor química no palco.

Mas se tem alguém no elenco que rouba a cena, com certeza é Júlia Perré como Ryuk. A atriz domina o palco em cada segundo que está sob os holofotes. Tal como o personagem original, nota-se que ela a principal motivação dela ali é de se divertir, o que faz enquanto também diverte todo o público.

Tive a oportunidade no intervalo e no final da peça de dar uma volta e falar com algumas pessoas. A coisa que mais chamou a atenção foi a diversidade presente no público. Em sua grande parte, jovens e adultos prestigiaram o espetáculo, mas o número de crianças e idosos não ficou muito atrás. A maioria das crianças já conheciam a obra e ficavam animadas (até demais) quando algum personagem principal aparecia em cena.

Já na outra ponta da vida, um casal de idosos estava bem animado com a peça, mesmo achando que as atrizes não tinham tanto destaque. No meu caso, acho que elas até tiveram, tendo em vista que a obra original quase não tinha personagens femininas, e as poucas que sobraram foram bem aproveitadas — em especial a Misa Amane. Eles também elogiaram a história, apesar de acharem um pouco “diferente” do que estão acostumados.

imagem: explicação na legenda abaixo, com atores no palco.

Jorge Vasconcellos e Júlia Perré em um encontro de Ryuks | Foto: Jean Clemente.

E para quem esteve no segundo dia da apresentação, assim como eu, pode ver o dublador Jorge Vasconcellos, a voz de Ryuk no animê, subindo ao palco e tecendo elogios — merecidos — à produção. Certamente, um momento especial para qualquer fã presente.

Infelizmente, a peça teve alguns problemas técnicos na parte de luz e som. Em determinado ponto, a luz da plateia se acendeu junto com as do palco. Esse foi um caso isolado, o que não se pode dizer da parte sonora. Em alguns momentos, o playback estava mais alto que os microfones — isso quando os mesmos não estavam desligados. Claro, tudo foi levado com a maior naturalidade pelos atores no palco, que em nenhum momento saíram dos personagens e continuaram com o show. Problemas que incomodaram um pouco, mas que podem ser resolvidos sem maiores problemas nas próximas apresentações.

imagem: lettering escrito DEATH NOTE.

As cortinas se fecham. | Foto: Jean Clemente.

O musical é uma ótima pedida para quem é fã da série. Uma maneira de apreciar Death Note de uma maneira única e que mostra que a série está longe de sair do imaginário popular e de perder o fôlego, mesmo com quase 20 anos de estrada.

Death Note: O Musical terá mais duas sessões no Rio de Janeiro, nos dias 27 e 28 de julho, além de uma sessão extra no dia 06 de agosto, todas às 20h00 (horário de Brasília). A classificação etária é livre, porém crianças menores de 12 anos só podem entrar acompanhadas dos responsáveis.


O JBox foi convidado pela Escola de Artes Faz Assim, organizadora da peça, para assistir a uma das sessões. O redator Jean Clemente compareceu à sessão do dia 21 de julho.


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