Na última segunda-feira (15), participei de uma live no canal Resistência Tokusatsu onde outros produtores de conteúdo e eu debatemos sobre a tal “divisão” entre produções antigas e recentes/atuais de tokusatsu. Foram quase 3 horas de um bom bate-papo onde cada um apontou o que mais agrada e o que mais incomoda em séries e filmes de cada época do gênero.
Eu fiz questão de fazer uma separação desse problema logo na minha primeira fala. O primeiro ponto é justamente o preconceito que existia na época do Orkut, onde havia boas comunidades sobre tokusatsu naquela rede social, mas também tinham aquelas que detonavam as séries de então — principalmente das franquias Kamen Rider e Super Sentai.
Eu cheguei a participar de algumas dessas comunidades e, num primeiro momento, tinha interesse em redescobrir as séries clássicas que passaram na época da saudosa Rede Manchete, além de ter uma curiosidade sobre séries como Spiderman, a versão japonesa do Homem-Aranha — que pude assistir por completo algum tempo depois.
Esse tipo de coisa sempre vai existir, mas acho que o real problema mais está no segundo ponto que abordei na live: a estranheza de quem ficou afastado desde a extinção da Manchete e tentou acompanhar recentemente alguma produção mais atualizada. Eu já vi relatos de pessoas que já assistiram, por exemplo, algum episódio de Kamen Rider Build, não curtiu os efeitos especiais — cheios de CGI, é verdade —, e que largaram a série.
Então, como alguém que acompanha essas produções há longa data e assistiu Build, eu discordo respeitosamente. Eu entendo em partes esse motivo, mas penso que isso seria o mesmo que julgar um livro pela capa. Aliás, Build é, de longe, a melhor série Kamen Rider de todos os tempos. Basta ver todos os 49 episódios para entender toda a complexidade da trama para chegar a essa conclusão, uma vez que tudo gira em torno de uma conspiração — elemento bem presente em filmes e séries de suspense e ficção-científica.
Particularmente, eu não tenho problemas com CGI, embora a Toei não tenha efeitos de grande esmero. Tenho críticas a algumas formas alternativas dos heróis, mas entendo que isso faz parte das vendas de brinquedos. Falando nisso, confesso que já tive preconceito com a série Kamen Rider Ex-Aid antes de a série estrear em outubro de 2016, justamente por causa do visual esdrúxulo/esquisitão do herói-título.
E bem feito pra mim mesmo, pois, mesmo com alguns exageros da Poppy Pipopapo, eu curti Ex-Aid até o final e vi o quanto eu estava errado. Sinto até hoje a queimadura na ponta da minha língua (rsrs). E sou grato à série, pois eu aprendi a não julgá-la pelo visual do herói e sim pelo seu conteúdo. Uma trama que parecia bobinha mostrou que tinha a proposta de seguir com um enredo mais sério.
Eu posso apontar alguns problemas nas produções dos últimos anos como protagonistas que gritam quase o tempo todo, mas eu não acho justo generalizar as demais produções por causa desse elemento atrativo para o público infantil. E vamos lembrar que até mesmo em produções mais sérias/sidudas/carrancudas dos anos 80 tinham lá seus momentos mais descontraídos e de alívio cômico.
Tudo é questão de observar as constantes mudanças ao longo das décadas, desde 1954 — ano do primeiro filme de Godzilla — até os dias atuais. A narrativa de National Kid (1960) jamais poderia ser a mesma de Spectreman (1971), Jaspion (1985), Jetman (1991), Kamen Rider Kuuga (2000) e por aí vai. Cada produção tem o contexto de sua respectiva época.
Para a melhor compreensão de quem não é necessariamente um fã inveterado, o gênero tokusatsu teve fases importantes como o auge da era dos filmes kaiju nos anos 50 e 60, o henshin boom nos anos 70, temáticas espaciais em boa parte das produções dos anos 80, o estabelecimento da era Heisei em algumas das principais franquias nos anos 90 e início de 2000 e por aí vai. Vale ressaltar também que cada época teve suas experimentações.
E veja: eu não tenho problemas com época. Gosto de ver, rever, explorar mais produções do gênero. Dito isso, eu cito aqui duas séries exibidas aqui no Brasil. Venhamos e convenhamos que Cybercop (1988) tem uma ótima trama, apesar do chroma key feito à base de querosene. Não é por causa dos (d)efeitos especiais que eu vou deixar de curtir a saga dos Policiais do Futuro. Vale a pena ver de novo mais e mais vezes.
O mesmo vale para Lion Man (1973), uma série subestimada no Brasil por causa dos recursos precários da época, mas que tem um bom enredo. Curiosamente, são duas séries exibidas por aqui numa mesma época e que possuem estilos de seus respectivos períodos. É importante entender as circunstâncias de uma eventual mudança de roteiro por determinados fatores, necessidade de mudança de estilo de uma série que substituiu outra ou descontinuidade de uma linha de séries apresentadas num mesmo horário.
Mais do que bons ou maus efeitos especiais, visuais legais ou cafonas, o importante é o fã descobrir produções de qualquer época e ver o que mais lhe agrada em material de tokusatsu. E não é difícil de encontrar um bom programa do gênero. 🙂
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Excelente texto e difícil depois de um tempo voltar pra essa séries quando eu voltei eu estranhei muito Kamen Rider kiva parei na metade.e comecei a assistir Kamen Rider Wizard eu gostei da série voltei e terminei kiva assisti todas as séries da era heisei.e continuo até hoje assistindo as novas q sai não vejo a hora de assistir Kamen Rider geats