Uma nova estação, uma nova temporada de animês lançados no Japão. E a cada nova temporada, abre-se um cardápio de novas produções. Quais valem a pena? Quais não valem? Difícil saber de cara, mas a lista abaixo separa dez títulos que se mostraram interessantes em uma primeira olhada.
A seleção leva em consideração apenas os primeiros episódios de cada animação, sem se desdobrar em informações prévias das mídias que elas possam estar adaptando. E apenas de inéditos, não temporadas novas de séries já renomadas. Alguns foram bem legais, uns parecem ser promissores e outros impressionam negativamente (o que já é mais que outros que sequer entraram no corte final, pois passaram incólumes).
Mas antes, vale o aviso: primeira impressões devem ser encaradas com a importância de… primeiras impressões! Ou seja, não são tão “leváveis a sério”. É tipo quando marcamos um primeiro encontro em um app. Não tem como adivinhar se a pessoa será o amor de nossas vidas ou alguém que iremos querer esquecer depois de um mês, mas dependendo de como se saí, pagamos para ver.
NieR:Automata Ver1.1a
(Ryouji Masuyama, A-1 Pictures)
Do distante futuro do ano 5012, uma invasão alienígena na Terra quase extinguiu a humanidade. Os sobreviventes se isolaram na Lua e planejam um contra-ataque. Porém, o planeta está tomado por Seres Vivos Mecânicos, que podem se multiplicar infinitamente. Para enfrentar isso, os humanos criam a YoRHa, uma unidade de androides soldados. No primeiro episódio, uma dessas androides, 2B, é enviada para encontrar outro, 9S, para que analisem o terreno e os perigos do local.
Sendo bem honesto, esse deve ter sido o primeiro episódio esteticamente mais impressionante que assisti em um bom tempo. O modo como misturam o CGI com as texturas 2D é de tirar o fôlego. Me parece material cinematográfico, não de algo feito para TV. A história parece ser interessante, e ela é elevada pela ambientação, clima e pelo detalhamento minucioso da animação.
Deu match! Assista aqui.
TRIGUN STAMPEDE
(Kenji Mutou, Orange)
No Man’s Land é um planeta desértico e a sobrevivência humana depende de Plants, usinas biológicas capazes de produzir quaisquer substâncias. Nesse mundo, acompanhamos os passos de Vash, o “Estouro da Boiada”, através dos olhos de Meryl Stryfe, uma repórter novata (“foca”, em termos jornalísticos), acompanhada do veterano Roberto de Niro. Muita confusão, muitas aventuras e muitas paisagens estonteantes.
Esse aqui levanta uma sobrancelha em curiosidade do tio aqui, pois o animê original de Trigun, de 1998, é um de meus prediletos da vida. Vai ser interessante olhar como (e se) as batidas temáticas dele serão adaptadas para uma nova geração de espectadores. O primeiro episódio foi tão caótico quanto imaginei que poderia ser, um ótimo sinal! Porém, vale apontar aqui que, embora a produção seja impecável, o uso do CGI nesse caso é mais — na falta de um termo melhor — “cartunesco” do que no NieR:Automata acima, então pode causar estranheza em olhos mais conservadores.
Deu match também! Veja aqui.
Buddy Daddies
(Yoshiyuki Asai, P.A. Works)
Tratado aqui na redação do site como o “Shurato de SPY x FAMILY“, Buddy Daddies conta a história de uma dupla de assassinos profissionais que resolve adotar a filha de um mafioso que eles mataram numa missão. E aí, entre um extermínio e outro, eles precisam se preocupar em preparar refeições para a pirralha, levar ela até a creche, brincar com ela e por aí vai. Jornada dupla, mas dum jeito bem desvairado.
Não gosto tanto dos outros animês desse diretor, mas a premissa desse aqui é cativante demais. Tudo bem que não é a mais criativa do mundo, mas parece haver um ar de anarquia em tudo que é bastante atrativo (ainda mais em contraponto ao já mencionado SPY x FAMILY, que é mais “coxinha”, embora excelente). As cenas de ação foram bacanas, as de comédia também. Pode ser um dos grandes destaques desse ano.
Match com casal? Confira aqui.
Sugar Apple Fairy Tale
(Youhei Suzuki, J.C.Staff)
Em um mundo onde humanos escravizam fadas, a doceira Anne tenta engatar uma amizade com Challe, o feérico que ela comprou com guarda-costas. Ela obriga-o a acompanhá-la num caminho perigoso, mas as coisas podem avançar, para ela, dum jeito ainda mais arriscado que o imaginado, pois o escravo deixa claro que seu nível de poder é bem maior. Ou não, já que a menina possui o cheiro do açúcar prateado que só as fadas conseguem refinar. O que virá dessa relação de poder e dominância ambígua? Descobriremos.
Sugar Apple Fairy Tale já ganharia pontos por apresentar um mundo medieval de fantasia sombria que não é um isekai, mas a trama é bem curiosa e o roteiro parece não ligar tanto para algumas convenções, apresentando já de cara segmentos e personagens “do bem” que possuem visões bem escusas da vida. Se continuar por esse caminho, pode se mostrar uma obra bem fora da casinha.
Match! Assista aqui.
Revenger
(Masaya Fujimori, Ajia-Do)
Um samurai, Kurima Raizo, se envolve em um plano para matar o chefe de seu clã. As coisas, porém, vão por um caminho diferente do imaginado pelo assassino. Então, ele recebe a ajuda de Usui Yuen e de seu grupo para lidar com o controle de danos dali em diante.
Fui propositalmente vago na sinopse acima, pois Revenger, já em seu primeiro episódio, apresenta algumas viradas de mesa que o tiram do lugar comum. Calha de ser um início muito bem escrito, com ganchos que prendem a atenção. Funcionaria muito bem como um curta-metragem. Dá curiosidade de ver o que rolará a partir daquele final.
Tipo aquele primeiro encontro em que tu não dá nada, mas vão lá e falam algo impressionante, aí sim dá match! Confira clicando aqui.
HIGH CARD
(Junichi Wada, Studio Hibari)
Existe um baralho com poderes misteriosos que, quando reunido, dá ao seu portador a capacidade de controlar o mundo. De modo que, por determinados motivos, pessoas caçam essas cartas. Nesse cenário, Finn, um malandrão que também porta uma dessas cartas, ao descobrir que seu orfanato irá fechar por falta de investimento, acaba entrando nessa caçada e topando com várias figuras poderosas ao longo do caminho.
Estreia bacana. O roteiro parece meio confuso de início, tem muita coisa pra apresentar em pouco tempo de tela, mas o episódio é bem dirigido e cria uma ação gostosa de assistir em meio a toda exposição. Comparando com os outros acima na lista, a animação é um tiquinho menos fluida, mas nada que realmente atrapalhe. Parece ser divertido.
É aquele match com parcimônia, que talvez demore um pouco pra engrenar. Aqui.
Ayakashi Triangle
(Noriaki Akitaya, Connect)
A estudante Suzu Kanade tende a atrair a atenção de ayakashis, uns espíritos malignos que apenas algumas pessoas conseguem enxergar. Por conta disso, seu amigo de infância, Kazamaki Matsuri, treina para ser um ninja exorcista e protege-la do mal. Em dado momento, Kanade entra na mira de Shirogane, o rei dos ayakashis, e cabe ao Matsuri enfrentar o monstro. E ele quase consegue selá-lo em um pergaminho. Como vingança, o espírito transforma Matsuri em… uma menina!
Um dos famosinhos da lista, já que era publicado na Shounen Jump e depois migrou para a Jump+. Não é um bom capítulo de introdução, pois o gimick principal da trama só acontece no final. E, basicamente, tudo o que vem antes disso não é tão… bem feito. A maioria da ação ocorre nos mesmos dois ou três cenários, que não são tão detalhados ou criativos. De início, parece meio genérico. Mas ri com a piada do Matsuri e seu avô conversando sobre o quão perigoso era o Shirogane, e aí a edição corta pra Kanade desarmando o gato com carinho.
Match que vale um segundo encontro pra conhecer melhor, pois há interesse, mas não tão imediato. Veja aqui.
Technoroid OVERMIND
(Ga-Hee Im, Doga Kobo)
Não sei se entendi sobre o que é esse animê, mas vamos lá: num mundo futurista ultratecnológico, quatro androides sem grana para pagar o aluguel são enviados para Babel, uma torre onde artistas cantam e dançam pra subir de nível e ganhar dinheiro. Só que eles são péssimos e são eliminados logo no primeiro andar. Depois, eles encontram um moleque no meio da rua e decidem ajudá-lo com um problema. E quando fazem isso, começam a ter talento musical e cantam e dançam como idols na torre. Porém, no final, calha de eles se meterem num caso de assassinato.
Captou? Nem eu. Mas essa confusão toda é divertida. Porque o design dos personagens e daquele mundo é bacana, além de todo o absurdo sem sentido do roteiro bizarro arrancar boas risadas. Não é bom não, mas Technoroid OVERMIND tem aquilo de fazer a volta e se tornar camp.
Ainda não decidi se arrasto pra direita ou para a esquerda. Aqui.
Meu Anjo de Vizinha Me Mima Demais
(Lihua Wang, Project No.9)
Mahiru é vizinha e colega de classe de Amane. Ela é estudiosa, bonita, gentil, popular, carismática. Ele é preguiçoso, desleixado, avoado e meio porco. Porém, num dia de chuva, ele empresta seu guarda-chuva para ela. Como recompensa, a menina decide ajudar o garoto, limpando sua casa, lhe servindo refeições diárias e o fazendo companhia. E aí, sentimentos começam a surgir nos dois disso.
O fato mais interessante nesse é o título em português. A história, nesse primeiro episódio, soou derivativa demais. E a animação não ajuda nem um pouco. Tem um take esquisitíssimo onde os móveis fazem sombra para lados diferentes, mesmo a fonte de luz vindo do mesmo lugar.
Hoje não, Faro. Vou deixar pro meu amigo. Veja aqui.
Kaina of the Great Snow Sea
(Hiroaki Andou, Polygon Pictures)
Nessa realidade, o planeta é coberto por um “mar de neve”, e uma fauna monstruosa disputa terreno com os humanos. Alguns deles vivem no céu, em cima de uma membrana que é amparada por uma árvore gigantesca. Caso do protagonista, Kaina, que vê seu mundo mudar de uma hora para outra quando Liliha, uma princesa do mar de neve, chega ao céu em um balão. Juntos, eles viverão grandes aventuras — as quais me fugiram toda a vontade de acompanhar, pois esse cgi é péssimo!
Essa parece ser outra bomba do diretor Hiroaki Andou, que tem em seu arsenal o péssimo Ajin (que ainda me dá pesadelos em sua semelhança com os comerciais do Dollynho que passam na Rede TV!). A sinopse é até interessante, mas o trabalho em CGI está naquele mesmo “vale da estranheza” de Ajin, embora os dois tenham sete anos de diferença. Pra piorar, a maior parte do episódio é coberta por uma enrolação bem pouco excitante. A batalha no mar da segunda metade até poderia empolgar, caso não fosse tão dura. Não faz meu tipo.
Block no app pra que nenhum dos dois perca tempo em achar alguém melhor. E talvez esse alguém seja você, então assista aqui.
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“Shurato de Spy x Family” foi demais, kkkkk!