No dia 1º de março, em live no YouTube, a editora Panini revelou os números de uma pesquisa feita com o público via formulário e divulgada através de suas redes sociais. Com mais de 8 mil respostas num período de aproximadamente 1 mês, os resultados confirmaram uma série de tendências às quais já estamos acostumados, como a preferência por séries de ação e aventura, seguida de perto pelos gêneros “romance”, “drama” e “suspense”.
A métrica da pesquisa é um tanto quanto confusa, já que permitiu, em algumas categorias, mais de uma escolha.
Em “Tipo de história preferida“, os resultados foram: Ação/Aventura, em primeiro, com 62%; Romance, logo atrás, com 58%; Drama, em terceiro, com 56,70%; Suspense/Ficção, na quarta posição, com 54,8%; Fantasia, em quinto, com 49,70%; Comédia, em sexto, com 38%; Sobrenatural, na sétima colocação, com 36,70%; LGBTQIA+, em oitavo, com 34,80%; Terror e Mistério, nono lugar, com 32%; Todos, na vice lanterna, com 29%; Esporte, em último, com 23%.
Quanto à periodicidade, 54,10% dos leitores apontaram por uma preferência a lançamentos bimestrais. Em segundo lugar, 49,20% dizem preferir o modelo mensal; a periodicidade trimestral foi escolhida por 14,80%, enquanto a semestral é preferida por apenas 4,70% (a enquete também permitia escolher mais de uma opção).
Outro tema levantado foram os brindes: 36,60% os consideram muito importantes; 31,20% consideram importantes; 18,30% votaram em “pouco importantes“; 15,30% marcaram “indiferente“. Dentre eles, marca-páginas e pôsteres foram os mais citados, com adesão de 62,60% e 53,40% dos que responderam, respectivamente.
A Panini também consultou os leitores a respeito da forma de anúncio de novos mangás. A imensa maioria dos votantes (83,10%) revelou preferir que os anúncios ocorram através de posts nas redes sociais, prática muito comum na maioria dos países americanos e europeus. As lives mensais foram a opção de 45,20% dos consultados. Em terceiro lugar, 38,80% assinalou a alternativa “anúncio por email“, enquanto a divulgação via WhatsApp foi marcada por 32% dos participantes.
Por fim, um dos itens mais interessantes da pesquisa buscava saber a preferência do público brasileiro a respeito da definição dos títulos nacionais de mangás aqui publicados. Para 56,30% dos votantes , “títulos em português” figura como a melhor opção. Em segundo lugar, ficaram os títulos em japonês, alternativa assinalada por 50,50%. A opção “títulos em inglês” foi marcada por apenas 18,30%, seguida da vaga alternativa “outros“, marcada por 6,20% dos pesquisados.
No que diz respeito ao tipo de história preferida do público, o desempenho dos que figuram a parte de cima da lista não surpreende, mas a baixa do gênero esporte sinaliza a conhecida dificuldade que séries desse segmento sofrem no Brasil, nunca tendo consolidado um espaço efetivo no mercado.
O resultado é curioso, já que podemos dizer que o gênero vive um dos seus melhores momentos no país, ofertando, atualmente, um bom número de séries dessa temática (como Real, Haikyu!!, Ao Ashi, Blue Lock, Sayonara, Futebol etc.)
O fato de a pesquisa estar associada a leitores da Panini (embora não tenha sido exclusiva a eles) naturalmente deve influenciar o resultado, portanto é de se esperar que os gêneros mais publicados pela editora estejam nas posições mais altas.
Mesmo assim, estranha a baixa de títulos de esporte e mesmo de mangás com temática LGBTQIA+, muito em alta desde o começo da pandemia. É provável, entretanto, que se a pesquisa partisse da NewPOP, por exemplo, estes números seriam outros e a categoria estaria entre as primeiras colocações.
Já em relação à periodicidade, dá pra dizer que há um empate técnico entre os que preferem publicações mensais e bimestrais.
Honestamente, considero essa uma oportunidade perdida pelos leitores, já que o mercado tem ofertado tantos títulos ao mesmo tempo que às vezes torna difícil acompanhar vários mangás de uma vez. Esperava uma diferença melhor a favor dos bimestrais e imagino que, pela proximidade dos números, não deve haver mudanças, por parte da Panini, que publica a maioria de seu catálogo de forma mensal.
A preferência por anúncios via publicação nas redes sociais, por outro lado, atesta o privilégio que se dá atualmente para a informação rápida. Ao lado desse fator, a saturação do método das lives, feitas sob um mesmo formato desinteressante e com duração demasiadamente longa, desde o início da pandemia, também contribui para a diferença esmagadora em favor das simples e diretas postagens nas redes.
A predileção pela escolha de títulos em português é um diagnóstico interessante, pouco provável de se imaginar no cenário de alguns anos atrás. Esse dado deve decorrer de termos hoje, no Brasil, um ecossistema pronto e em pleno funcionamento para o consumo das mídias mangá e animê, tendo em vista o fortalecimento das editoras mais tradicionais, bem como o surgimento de novas casas editoriais; a ascensão dos streamings e simulcasts; tudo isso trazendo, por consequência, uma visibilidade cada vez menor para traduções piratas (com exceção de casos esdrúxulos, como o de Chainsaw Man).
Ao mesmo tempo, penso que a uma outra formulação pudesse causar mudanças no resultado dessa questão em específico: se a alternativa “outros”, que não diz absolutamente nada, fosse substituída por algo como “título original + subtítulo em português”, pode ser que tivéssemos outro panorama. Mas, enfim, é bom saber que o público está mais maduro e entendendo o valor das adaptações.
No geral, os dados não dizem muito mais do que se imagina sobre o mercado de mangás no Brasil, além de possuírem uma métrica pouco precisa. Mas é possível que as editoras trabalhem em cima de algumas questões que surgiram a partir de tais resultados. É preciso, por exemplo, entender o recado do público, que já se cansou de assistir às mesmas lives repetidas à exaustão, e produzir conteúdos mais simples, curtos e informativos.
Não se trata de abolir as transmissões, mas há de se pensar em formas para fazer delas um conteúdo realmente relevante, que interesse o espectador de maneira genuína, invés de um mero momento para a veiculação de anúncios ou para desabafos sobre a dura tarefa de se negociar com editores japoneses — muitas vezes dignos de uma sessão de terapia.
Os títulos menos mainstream, sobretudo mangás de esporte e de temática ligadas à diversidade, precisam ainda de um trabalho efetivo por parte das editoras, só assim será possível afirmar com segurança que o público que se interessa por esse tipo de material está sendo de fato atendido e expandido.
E quanto ao modo de nomear as séries no Brasil, parece haver sinal verde para que as editoras continuem arriscando e evitem os nomes longos e nada comunicativos que víamos com certa frequência no passado. É evidente que cada caso exige um cuidado específico, em termos de marketing sobretudo, mas há momentos em que uma boa adaptação para o português pode fazer muito mais sentido do que a manutenção de uma sequência incompreensível de palavras estrangeiras. O público, enfim, parece ter se acostumado a falar sua própria língua.
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Resultados da pesquisa da Panini aqui.
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O problema é q a gente sabe q a pesquisa n vai valer nada e a Panini vai continuar cagando na nossa cabeça. Tirando o role do Português no titulo, todo o resto já era conhecido e reverberado a anos na internet. Mas ne, agora q tá quantificado quem sabe…
Como se panini levasse em consideração qualquer opinião de seu proprio publico
Nunca levou em consideração nem as reclamações publicas feitas em massa nas redes sociais abandonadas dela
O melhor título pra obra era pra ser obviamente o mais conhecido, quem diabos conhece sono bisque por minha adorável cosplayer ?
Tem razão.
Pensei em assinar My Dress-Up Darling, mas a Panini não dá desconto algum, e olha que o mangá tá quase quarenta reais.
É estranho… se fosse há uns anos eu entendia, chamaria atenção na banca, mas hoje só deve comprar quem conhece.
Eu duvido muito que alguém use esses nomes traduzidos ao mencionar a obra.
Tbm prefiro bimestral ou mensal, apesar dos custo trimestral gera um período muito longo pra colecionar qlqr série.
Quero uma reimpressão de Atelier of witch hat 5,6 e 7.
Relação ao título, ao meu ver cada um é um caso diferente… Um exemplo é “Minha Adorável Cosplayer” q além de não ser à melhor escolha a tradução(pq convenhamos quem conhece por esse nome!?), tem o problema q deixa bem poluída a capa, o melhor seria esse aqui: https://uploads.disquscdn.com/images/efc302d747e0077440d59d4199086e63eb6c64e56e12e059c8ba4547b245bb9d.jpg
Tirando isso, no final essa pesquisa não vale para quase nada!
O título facilita as coisas. Tem bagulho que o título original é um livro inteiro, não rola para a maioria falar para um amigo.
Eu disse título mais conhecido, não título original.
Tipo Watamote que o original é Watashi ga Motenai no wa Dō Kangaetemo Omaera ga Warui!, mas a maioria conhece por watamote.
Mangá não é vídeo-game pra precisar de lançamento com gameplay
Eu sou o tipo que prefere o título em português e um subtítulo em japonês, só pra manter a tradição, tipo em “Ataque dos Titãs – Shingeki no Kyojin” que apesar de não ser uma tradução perfeita, é uma ótima adaptação, ajuda na divulgação e não entrega um dos plots da obra.
Faz sentido.
Essa foi a primeira pesquisa aberta da Panini nessa “nova fase”? Se sim, tem que ver como vai ficar se tivermos outras, mas vá lá, 8k de respostas achei bom.
Sou a favor de pelo menos bimestrais.
Infelizmente, os buracos da PANINI atingem qualquer número agora…
Antes vc comprava os primeiros para não perder.
Agora…
Oxi. Peguei o meu com 30% pelo site deles. Ja chegou com o brinde do calendario…..e o maior problema e que esta nas maos da sao francisco kkkkk
Assinar panini e bomba. Faz isso nao kkk
Disse tudo. E imagina se resolvem traduzir o titulo de outras obras? Imagina Bleach virando “Alvejante” hahaha. Lembro que, quando comecei a colecionar mangás, fui procurar o mangá Ao Haru Ride para ver se foi publicado no Brasil, e me deparei com um “Aoharaido”. Que coisa mais feia esse nome que a Panini usou.
Ou então água sanitária HAHAHAHAHA.
Ao Haru Ride podiam ter deixado no original mesmo pois nem é grande, não precisava de abreviação.
Mas Aoharaido é o nome original. As kanas japonesas são lidas como “aoharaido” e os japoneses chamam assim, mesmo que venha com a anglofonização Ao Haru Ride.
Ata, mesmo assim como é mais conhecido por Ao Haru Ride eram pra ter deixado assim mesmo.
“tudo isso trazendo, por consequência, uma visibilidade cada vez menor para traduções piratas (com exceção de casos esdrúxulos, como o de Chainsaw Man).”
Cara deve ter merda na cabeça pra falar isso, se fôssemos depender de traduções oficiais, ninguém mais acompanhava mangá no brasil. Inúmeras obras só tem ao menos um público BR por causa do trabalho das scans.
Pra ver, eu conheço esse como My dress UP Darling…. Ainda não tem exatamente um consenso sobre os títulos pq eles chegam aqui de forma mto variada (streaming, pirata…) Como O mangá geralmente é o último, qdo ele chega vc já tem o público acostumado com outros nomes
Exatamente, nada haver traduzir pra um título que ninguém conhece.
O certo seria o título que já tá consolidado com o público.
Cresce.
Mais do que eu já sou ? Aí vou virar um titã kkkkk.
se no titulo ou num rodape de uma pagina falar o nome original, fica mais facil pra pesquisar dps