Na próxima quinta-feira (23), chega aos cinemas John Wick 4: Baba Yaga. Essa é a quarta aventura envolvendo o personagem do ator Keanu Reeves em seu universo neo-noir de assassinos. O sucesso da propriedade intelectual, iniciada em 2013, com John Wick — De Volta ao Jogo, além das três continuações, renderá ainda um spin-off, Ballerina, estrelado pela atriz Ana De Armas, e pode ter criado uma pequena onda de produções ligeiramente parecidas com a premissa inicial de “um cara normal sendo levado de volta à vida paralela de violência”.
O protetor (2014), Anônimo (2021), Pig (2021, com Nicolas Gage!) e Passado violento (2021) são alguns dos exemplos recentes a saírem no cinemão norte-americano. Já no universo de mangás lá do Japão, uma obra que traz muitos paralelos com esse filme é… Sakamoto Days.
Em publicação na Weekly Shonen Jump desde 2020, atualmente com 10 volumes, o gibi é escrito por Yuto Suzuki e chega ao Brasil pela editora Panini. Na trama, acompanhamos Taro Sakamoto, um ex-assassino profissional extremamente talentoso que abandonou a vida de perigos ao se apaixonar. Agora, ele toca sua vida de casado, com uma filha, chefiando uma loja de conveniências e servindo como um “faz tudo” no bairro.
Porém, como era de se esperar, essa aposentadoria não seria bem aceita pelos chefões de tal universo de crimes. Então, um deles envia um ex-parceiro de Sakamoto, o Shin Asakura, um telepata com a habilidade de ler as mentes daqueles que estão próximos, para executá-lo. Só que o garoto tem uma enorme admiração pelo seu alvo, e decide se juntar a Sakamoto e sua família na loja. Juntos, eles lidam com os problemas do dia a dia, além de liquidar eventuais perigos que aparecem ao redor.
Dos exemplos citados acima, Sakamoto Days é a “cópia de John Wick” mais legal entre todas. O roteiro utiliza as mesmas batidas do longa-metragem: apresenta uma realidade à margem do público geral, recheada de bandidos bastante específicos, alegóricos, diferentes entre si; nos coloca uma motivação na vida real à qual o protagonista quer defender, com sua família, sua loja e suas utilidades na vizinhança; e não poupa nas cenas de ação e violência (adequada ao público juvenil da revista) quando ele precisa mostrar os talentos como matador (que já não mata mais, regras da família).
O que diferencia o mangá dos filmes mencionados é que Yuto Suzuki consegue mandar bem não só nessas partes de drama e ação, mas quebrar as pernas da expectativa com segmentos e gags de humor. Pois Sakamoto Days parece mais empenhado em construir uma paródia leve desses clichês recentes do que, de fato, só replicar eles.
Uma das piadas recorrentes mais divertidas é a de o Sakamoto, frequentemente, assassinar o Asakura em seus pensamentos. Só que como o cara consegue visualizar o que está na cabeça dos outros, o autor retrata isso nos quadros para nos enganar.
Outra é a do protagonista ter uma personalidade extremamente fechada, praticamente não falar. E aí, em dado momento, quando ele é mostrado de um jeito mais expansivo, falante, tagarela até, a virada de mesa que ocorre em seguida é uma besteira legal demais.
O mangá capricha também na construção de mundo e nas mencionadas variedades de assassinos criados. Eles possuem habilidades e visuais que os diferenciam e, ao menos nesse primeiro volume, ajudam a alavancar a história para frente. A trama envolvendo a máfia chinesa, que introduz outra personagem secundária ao grupo, a Lu Xiaotang, conta com uma dupla de irmãos esquisitíssimos como antagonistas.
Sakamoto Days é uma bobagem bem gostosa de acompanhar. Não é o maior mangá de todos os tempos, não é nem o maior mangá da atual Jump, mas traz uma premissa legal, um protagonista diferente e cheio de carisma, um elenco de secundários divertidos e uma porção de ideias ótimas que são muito bem exploradas. Não sei se é o tipo de coisa que se torna um clássico atemporal, mas a leitura é entretenimento de alta qualidade.
Galeria de fotos:
Se interessou? Compre pelos nossos links:
Essa resenha foi feita com base na edição cedida como material de divulgação para a imprensa pela editora Panini.
O JBox participa de parcerias comerciais com Amazon, podendo ganhar um valor em cima das compras realizadas a partir dos links do site. Contudo, o JBox não tem responsabilidade sobre possíveis erros presentes em recursos integrados ao site mas produzidos por terceiros.
O texto presente nesta resenha é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente a opinião do site JBox
Deixe um comentário