Em 2022, Donbrothers meio que salvou a franquia Super Sentai daqueles cansativos enredos bobocas, galhofas constrangedoras e coisas do tipo que vimos, por exemplo, em Zenkaiger. O roteirista Toshiki Inoue (o mesmo de Jetman) deixou uma marca importante neste ótimo trabalho, que chegou ao fim em fevereiro passado, resgatando tramas mais envolventes, mais sérias e mais enigmáticas.

Mas Donbrothers deixou a desejar em matéria de CGI, principalmente nas cenas de Inu Brother e Kiji Brother, além do cenário feito por computador para as lutas dos robôs gigantes. Foi uma falha astronômica que talvez a Toei não volte a repetir com Super Sentai (tomara!).

E parece que, até aqui, a produtora vem acertando com Ohsama Sentai King-Ohger, a nova série da franquia que estreou no início deste mês. King-Ohger promete seguir uma linha mais consistente, além de explorar temas sobre reinos e insetos. Até o momento da publicação desta coluna, a TV Asahi exibiu os três primeiros episódios, cada um destes focados nos heróis Gila/Kuwaga Ohger, Yanma Gust/Tonbo Ohger e Himeno Ran/Kamikiri Ohger, respectivamente. Já Kaguragi Dibowski/Hachi Ohger será apresentado no episódio 4 e Rita Kanichka/Papillon Ohger no episódio 5, programados para os próximos dois domingos.

Ohsama Sentai King-Ohger, a 47ª série Super Sentai | Foto: Divulgação/Toei

A trama de King-Ohger gira em torno de uma antiga profecia compartilhada entre os reinos da Terra que aponta o retorno do Império Bugnarak, após cerca de dois mil anos. Para proteger a humanidade, cinco reis que formam o Esquadrão da Realeza King-Ohger surgem para combater Bugnarak.

O interessante é que a trama não faz muito rodeio para explicar parte das origens de cada um dos personagens (ainda há muita coisa para descobrirmos pela frente) e, ao contrário de Donbrothers, deve mostrar o quinteto se reunindo em um mesmo propósito ainda nos episódios iniciais.

O próprio Gira se destaca por ser um anti-herói que se autodenomina como “Rei do Mal” e que enfrenta uma conspiração do seu reino de origem, Shugoddam. Sabe-se que ele cresceu em um orfanato e é compassivo e atencioso. No entanto, ao brincar de herói com as crianças, Gila geralmente assumia o tal papel de vilão, provocando mal-entendidos sempre que declara que vai conquistar o mundo.

A atriz nipo-canadense Erica Murakami como a destemida rainha Himeno Ran/Kamakiri Ohger | Foto: Divulgação/Toei

Embora tudo ainda seja introdutório, King-Ohger é uma série que tenta ser instigante e certamente desvendará mistérios do passado e do presente com o passar do tempo. Por ser ambientada em diferentes reinos, a trama se divide entre cenários reais e feitos em CGI, o que pode desagradar saudosistas mais fervorosos que tenham curiosidade de assistir. Por outro lado, a nova série é bem elogiada pelos fãs por resgatar combates de robôs gigantes em maquetes que se adequam à nova temática. Uma reinvenção daquela boa e velha forma tradicional de produzir tokusatsu.

Se a peteca não cair no meio do caminho, King-Ohger pode preparar um terreno fértil com tramas mais inteligentes para as próximas séries Super Sentai. A Toei está indo no rumo certo e parece ter aprendido a lição com os erros de um passado não tão distante. Será interessante acompanhar, ainda mais agora nessa “ressaca” de celebrações e novidades que agitaram os últimos dois anos.


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