As decisões em torno de tema, história e personagens de uma temporada de Pretty Cure não envolvem apenas os roteiristas e produtores do animê. Na verdade, executivos da própria Toei e da Bandai, que produz os brinquedos da franquia, também dão suas opiniões nesses casos.

Justamente por isso, fico imaginando o que motivou esse grupo a aprovar a ideia inédita de ter um menino na equipe principal de Hirogaru Sky! Precure (Soaring Sky! Pretty Cure). Seria muito simples transformar Cure Wing em uma heroína com traços “masculinos” (isso já foi feito antes), mas seguiram com a ideia de ter um garoto.

Uma parte de mim quer acreditar que viram potencial na história do personagem, outra imagina que eles pretendiam inovar (ainda que no fundo deva ter um motivo mercadológico para isso). O que importa, porém, é que a inclusão de Tsubasa, nosso novo herói, foi uma das narrativas mais bem trabalhadas em um debute de Precure.

O passarinho que não podia voar

imagem: tsubasa como passarinho.

Divulgação: Toei.

Apesar de Tsubasa estar presente na temporada desde o segundo episódio, somente agora conhecemos de fato o personagem, seu nome e sua história. Seu episódio de “estreia” foi realmente surpreendente, não porque descobrimos que o pequeno passarinho que vivia na cara de Mashiro era um ser mágico que vira humano, mas pelo modo como esse capítulo 8 foi construído.

Basicamente não houveram lutas (o embate todo com Kabaton foi deixado para o episódio seguinte) e o roteiro se concentrou em Tsubasa e seus desejos mais profundos.

Nessa parte, a narrativa soube bem unir o tema principal da temporada com a ideia de um passarinho encantado, dando não apenas uma explicação para sua magia, como também lhe garantindo um lugar especial nessa mitologia de Skyland.

Entretanto, o ponto mais alto do episódio é o próprio Tsubasa. O animê conseguiu construir aqui um personagem de fácil afeição em torno da ideia já usual de um alguém “excluído”. Em menos de 20 minutos, torcemos por ele e esperamos que ele realize seu sonho de voar, que retorne para sua casa e traga orgulho para seu pai.

Esse tipo de construção de personagem é o que torna algumas temporadas de Precure tão gostosas de acompanhar.

Um cavaleiro voador

imagem: tsubasa como garoto segurando elle.

Divulgação: Toei.

Depois de muito tempo, o primeiro cure menino principal finalmente fez sua estreia na temporada. Cure Wing é realmente especial, uma vez que tem a notável habilidade de voar, algo bem útil na luta do capítulo 9. Imagino como os roteiristas vão trabalhar essa capacidade do personagem no futuro sem deixá-lo em grande vantagem em relação aos monstros da temporada, mas creio que tudo será trabalhado de forma eficiente.

A construção da relação de Tsubasa e Elle foi desenvolvida de uma forma esperada, mas não deixa de ser bonito o modo como ele se importa com a princesa. Além disso, ver o rapaz encarando Kabaton (ainda sem se transformar em Wing) trouxe algumas das cenas mais engraçadas do capítulo todo.

Talvez o único problema seja a participação de Sky e Prism, que ficaram um tanto apagadas. Mesmo que elas fossem mostradas tentando alcançar a nave e Kabaton, foi estranho não reagirem de forma mais agressiva enquanto Tsubasa e Elle eram capturados pelo inimigo. O mínimo esperado era que as duas ficassem um pouco mais aflitas.

No fim, o episódio talvez tenha respondido em parte a questão que fiz no começo desse texto sobre a inclusão de Wing como um cure menino: ele é tratado como um cavaleiro da princesa Elle e talvez essa seja a forma de Precure resgatar o imaginário dos cavaleiros heróicos que salvam princesas em histórias de fantasia. Trata-se de algo que combina bastante com o tema da temporada.

P.S.: Notável dizer como Elle fica mais fofa a cada capítulo. Com parte dos episódios se baseando nas heroínas tendo de salvar ela, foi muito bom perceber que a temporada conseguiu construir uma personagem com a qual nos importamos, mesmo que se expresse apenas dizendo seu próprio nome.


Confira as outras resenhas da série:


Soaring Sky! Pretty Cure é exibido pela Crunchyroll com legendas em português de forma simultânea com o calendário japonês. A empresa fornece ao JBox um acesso à plataforma.


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