Paru Itagaki ficou conhecida pelo mangá Beastars, uma história que retrata um mundo antropomórfico onde carnívoros e herbívoros convivem pacificamente (ou na verdade, não tão pacificamente assim).
Entretanto, anteriormente, a mangaká já havia desenhado um protótipo de Beastars: intitulado Beast Complex, o mangá é composto de narrativas curtas que se passam no mesmo universo e que seguem personagens diferentes em cada capítulo. No Brasil, tanto Beastars quanto Beast Complex são publicados pela editora Panini.
Foto: Andreza Silva/JBox
O primeiro volume de Beast Complex é composto por seis histórias diferentes, que acompanham sempre um carnívoro e um herbívoro. Por funcionarem de forma individual, é como se você estivesse lendo contos em quadrinhos e o título que sempre leva o nome dos animais protagonistas dá a impressão de que estamos prestes a ler uma fábula de La Fontaine.
Na verdade, a escolha de títulos como “O Leão e o Morcego” e “O Camelo e a Loba” de fato parece desejar fazer referência às fábulas infantis. Esse recurso dá um toque interessante à experiência de leitura, pois, as semelhanças entre as narrativas de mangá e as fábulas param justamente no título e no fato de a narrativa acompanhar dois animais. Enquanto as fábulas têm como objetivo apresentar uma moral para o leitor, as histórias do quadrinho não apresentam elementos efetivamente moralizantes.
Foto: Andreza Silva/JBox
Beast Complex trabalha de forma distinta em cada uma das suas histórias um aspecto que também está contido no cerne de Beastars: a convivência entre carnívoros e herbívoros é muito mais complexa do que parece e é atravessada por várias tensões que se travestem em verdadeiras questões sociais.
Esse é provavelmente um dos maiores atrativos do universo que Paru Itagaki criou. As questões desenvolvidas podem funcionar como paralelos à nossa própria realidade social, repleta de conflitos de raça e classe, ao mesmo tempo que se bastam enquanto elementos de sua própria narrativa.
Foto: Andreza Silva/JBox
No primeiro volume de Beast Complex você vai acompanhar o amadurecimento de um jovem leão orgulhoso, a amizade entre um castor e um tigre que está determinado a não permitir que sua relação naufrague devido às suas diferenças biológicas, um camelo que precisa escrever uma matéria sobre o motivo de carnívoros devorarem os demais animais e outras histórias mais.
Apesar de curtas, as narrativas têm charme o bastante para envolver o leitor. Por vezes, elas também têm um final levemente agridoce, deixando uma sensação de incômodo satisfatório. Para quem já leu ou assistiu Beastars é uma boa leitura e uma forma de explorar um pouco mais dos conflitos e das contradições do universo de Paru Itagaki.
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Essa resenha foi feita com base na edição cedida como material de divulgação para a imprensa pela editora Panini.
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