Foi-se o tempo em que falar de uma adaptação do mangá ULTRAMAN para animê era motivo de alegria para os fãs da franquia. Embora tivesse algumas falhas nos movimentos dos personagens em algumas cenas, a primeira temporada, de 12 episódios, tinha muitos motivos para ser elogiada/aclamada, atendendo praticamente toda a proposta dos primeiros oito volumes da obra de Eiichi Shimizu e Tomohiro Shimoguchi (ambos de Linebarrels of Iron).
Já a segunda temporada foi um banho de água fria! Quem esperava ver ao menos uma trama mais emocionante, teve que se contentar com míseros seis episódios que deixaram tudo excessivamente “engraçado” e, obviamente, fugindo do propósito do mangá. Decepcionante em todos os sentidos!
Daí veio a terceira e última temporada de ULTRAMAN, que estreou no último dia 11 de maio na Netflix. Por tudo que já tinha sido anunciado até o lançamento, ficou óbvio que realmente não teríamos a introdução dos Irmãos Leo e Astra, infelizmente. Por outro lado, os estúdios Production I.G e Sola Digital Arts aproveitaram um conceito que surge no mangá, afirmando que os Ultramen seriam um “mal” para a humanidade. Só que desta vez, por uma série de acontecimentos, seriam os próprios humanos a se revoltarem contra o herói na versão animada.
Ao menos os aliens Mephisto (equivalente ao Alien Mefilas, que apareceu pela primeira vez no episódio 33 de Ultraman) e Valky (equivalente ao Alien Valky, que apareceu pela primeira vez no episódio final de Ultraman Taro) estão nesta versão para instalar uma crise para enfraquecer a Patrulha Científica. Shinjiro Hayata recuperou o protagonismo perdido na segunda temporada (ofuscado por Taro) e carrega o peso da “maldição de Ultraman”, ligando inevitavelmente à batalha final de Ultraman contra Zetton no último episódio da série clássica.
A temporada final de ULTRAMAN teve bons momentos, procurou respeitar as referências e tentou criar um desfecho convincente — o mangá continua em andamento. Mas ainda assim o final não salva a adaptação, que poderia ter ido além, explorar ao máximo cada saga do mangá, que mantém sua qualidade de alto nível e indispensável para os amantes do Gigante de Luz.
Os novos episódios não fazem a mesma ligação de cada personagem clássico com a releitura idealizada por Shimuzu e Shimoguchi. A nova remessa serviu mesmo para “cumprir tabela” e mais uma vez jogar os personagens sem o menor compromisso com a mitologia do mangá. Tanto é que Mephisto e Valky não são tão ameaçadores. Ultrawoman Marie (releitura da Mãe de Ultra, cujo nome verdadeiro é Marie) aparece meramente como uma “desculpa”, sem um contexto convincente. E Bemlar — coitado! — foi o personagem mais desrespeitado e não teve sua devida ascensão.
A versão brasileira segue impecável com o elenco de vozes, mas infelizmente continua com alguns errinhos como “Ultramans” (sendo que o correto seria “Ultramen”) quando se referem aos heróis no plural e Taro ainda foi mencionado na paroxítona (e não na oxítona).
O animê ULTRAMAN se despede sem grandes emoções e talvez não deixe rastros de saudade pelo caminho. A série em si, pelo conjunto da obra, talvez seja reexplorada em maratonas. Mas aqui vai uma dica de um fã de Ultraman: dê preferência ao mangá!
A dupla Shimizu e Shimoguchi continua fazendo escola e direcionando “o início de uma nova era” para um caminho ainda mais surpreendente e marcante. Uma pena não ter que dizer o mesmo do animê da Netflix! Nem tudo é como a gente quer, não é mesmo?
Relacionado:
▶️ Leia a crítica da primeira temporada de ULTRAMAN
▶️ Leia a crítica da segunda temporada de ULTRAMAN
ULTRAMAN está disponível completo na Netflix com opção de dublagem em português e outros idiomas, além de áudio original e diversas opções de legendas.
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Eu li apenas as primeiras edições do mangá, mas a animação me agradou, talvez não estar acompanhando o os quadrinhos contribuiu pra isso.