O início de 2023 trouxe consigo uma promessa para os fãs de histórias de amor entre garotas: ser o ano do yuri. Enquanto a parte sáfica da internet que acompanha séries estadunidenses maldizia os céus — ou melhor, uma ou outra grande empresa que é melhor não citarmos nomes — por mais um cancelamento, a parte otaku encarava a situação quase descrente: seria lançado mais de um animê yuri no mesmo ano e em temporadas consecutivas!
Enfim chegamos na metade deste ano abençoado por Madoka, o que significa que é junho, mês em que é celebrado o Orgulho LGBTQIAP+. Por isso, hoje nós vamos falar sobre os animês yuri que já estrearam e que ainda vão estrear no ano de 2023.
Temporada de Inverno 2023
A temporada de janeiro começou com o pé direito, tendo como yuri da vez a adaptação da light novel Tensei Oujo to Tensai Reijou no Mahou Kakumei (The Magical Revolution of the Reincarnated Princess and the Genius Young Lady, no título em inglês). Tenten Kakumei (ou MagiRevo), como é abreviado, é um isekai yuri.
O animê conta a história de uma garota que reencarna como uma princesa em um reino no qual apenas os nobres e membros da família real são capazes de usar magia.
Acontece que a protagonista reencarnada, Anisphia, não têm tal habilidade. Um dia, Anis vê a nobre Euphyllia ser devolvida por ser noivo e destituída de seu papel como futura rainha. Então, a princesa toma a nobre como sua ajudante. Juntas, elas vão tentar restituir a honra de Euphyllia, ao mesmo tempo que pesquisam magicologia.
Tenten Kakumei é uma história muito legal de romance e fantasia, que superou as expectativas como primeira estreia do ano. Você pode assistir à série na Crunchyroll e ler a resenha publicada aqui no JBox.
Temporada de Primavera 2023
A temporada seguinte, iniciada em abril e ainda no ar, resolveu ser ainda mais generosa e nos brindou com Meu Trabalho no Café Yuri (Watashi no Yuri wa Oshigoto desu, no original em japonês), uma obra demograficamente yuri, e as segunda temporadas de Birdie Wing: Golf Girls’ Story e Mobile Suit Gundam: The Witch from Mercury (Kido Senshi Gandamu: Suisei no Majo) — que embora não sejam obras demograficamente yuri, entram facilmente na categoria “tem yuri”, também conhecida como “pelo amor de Deus, todo mundo já percebeu que elas são gays!”.
Os animês três estão disponíveis na Crunchyroll, e Café Yuri possui dublagem, assim como a primeira temporada de Witch from Mercury.
Meu Trabalho no Café Yuri se inicia quando uma garota do primeiro ano do ensino médio, Hime, tromba com outra estudante, que acaba se machucando e quebrando o braço. Em dívida com a estranha, Hime aceita trabalhar por um tempo no emprego de meio período da garota, até que o braço dela melhore.
E é assim que a jovem se vê trabalhando num café temático cujo conceito é um internato feminino — assim como nos antigos mangás Classe S, nos quais as protagonistas estudavam em escolas exclusivamente femininas, por vezes até católicas, e nutriam sentimentos fortes uma pela outra. Apesar de ser frequentemente apresentado como uma obra de humor, e de fato o início é bastante engraçado, Meu Trabalho no Café Yuri é uma história com bastante drama.
Birdie Wing não é um animê yuri, mas quem assiste advoga: tem golfe, máfia e ship gay. A narrativa gira em torno de duas golfistas talentosas e competitivas, Aoi e Eve. Rivais, elas entram nos maiores torneios a fim de se destacar no circuito profissional e provar qual delas é a melhor. Embora a história não gire em torno de um casal yuri, o animê é, pelo menos, consideravelmente lesbian friendly — tem um arco inteiro de uma das protagonistas jogando golf visando ganhar um beiro de uma garota, então, bem… Deu pra entender, não é?
Já Witch from Mercury é o novo Gundam. A história se passa num futuro onde as pessoas construíram um importante sistema econômico no espaço. Suletta Mercury, a protagonista, se muda de Mercúrio para estudar no Instituto Anticassia de Tecnologia, gerido pelo Grupo Beneritt — que também domina toda a indústria de mobile suits. Lá, Suletta conhece Miorine Rembrandt, a filha do presidente do Grupo Beneritt, de quem ela acaba se tornando “o noivo” (lembrando que a versão japonesa chama a posição pelo termo masculino hanamuko).
A série envolve conflitos políticos e econômicos, guerra iminente e jogos de poder — você pode ler uma análise mais detalhada sobre esses aspectos da história aqui. Entretanto, a obra tem uma característica constitutiva curiosa: várias referências a Shakespeare e a Shoujo Kakumei Utena (1996), além de claro, referências a outros Gundam.
Além disso, Miorine e Suletta têm uma relação que é, inegavelmente, yuri, independente de como a história termine. E se às referências a Utena, uma obra bastante importante para história dos animês yuri, não eram o bastante para advogar esse fato, os rumos da segunda temporada não deixam dúvida: tem yuri sim!
Witch from Mercury é também especial pois não só traz um casal (ou “ex-casal”, a depender de como terminam as coisas) de garotas liderando o time de protagonistas, como foi um dos destaques tanto da temporada de outono de 2022 quanto da temporada atual, em parte puxado por esse e outros ships dos fãs.
Os kits de plastimodelismo de Aerial, o principal Gundam da produção, bateu recordes de vendas, quebrando qualquer mito de que “yuri não vende” — claro, não dá para saber os exatos motivos que levaram tantas pessoas a comprarem o mesmo Gunpla, mas o mínimo que se pode concluir é que o potencial romance entre duas garotas não impediu novos e velhos fãs de acompanharem a série.
Temporada de Outono 2023
Pulando o verão e indo direto para o outono, a temporada de outubro pretende trazer não um, mas dois animês yuri: Me Apaixonei pela Vilã e Hoshizuku Telepath.
Me Apaixonei pela Vilã é originalmente uma light novel escrita pela autora Inori. A obra já tem uma adaptação em mangá e vai ganhar também uma versão em animê. Uma trabalhadora japonesa que gosta muito de jogos morre e reencarna como Rei, a protagonista de um simulador de encontros. Acontece que Rei está muito mais interessada na vilã Claire do que em qualquer um de seus pretendentes do jogo. A garota, então, passa seus dias provocando Claire apenas para poder observar e ser alvo de todas as suas reações. Uma resenha sobre o primeiro volume do livro foi publicada aqui no JBox no ano passado.
No Brasil, a light novel é publicada pela NewPOP e o mangá está para ser publicado ainda este ano (amém) pela mesma editora. O animê também foi garantido pela Crunchyroll.
Hoshikuzu Telepath, por sua vez, conta a história de Sumika, uma garota muito tímida que tem medo de falar com as pessoas e muita dificuldade de fazer amigos.
Um dia, uma nova aluna é transferida para sua turma. A menina em questão é Yuu, uma alienígena capaz de ler os sentimentos das pessoas ao tocar em suas testas. A obra é originalmente um mangá 4-koma (historietas em quatro quadros) e, a julgar pelas imagens promocionais, parece ser bem fofinho.
Menção Honrosa
Por último, fica uma menção honrosa a uma estreia não de 2023, mas de 2024. A adaptação animada de Sasayaku you ni Koi wo Utau (ou SasaKoi) está programada para estrear em janeiro do ano que vem. O mangá — que tem um design de personagem quase tão bonito quanto o próprio título (Canto uma canção de amor, como se sussurrasse, em tradução livre) — gira em torno de Himari, que toca numa banda, e Yori, que se apaixona à primeira vista ao ver uma apresentação de Himari.
Depois de passar por essa lista — podemos mesmo usar a palavra “grande” dessa vez? — de animês yuri, deu para perceber por que este está sendo o ano em que o amor entre garotas venceu nos animês. Por mais que a adaptação de obras yuri não seja um acontecimento inédito nem um movimento iniciado nos 2020, é inegável que se trata de uma surpresa positiva a recorrência de tantos títulos pertencentes a um nicho não tão popular quanto os demais num mesmo ano.
Vale pontuar que esse “boom de animês yuri” acontece em uma época em que algumas pautas de direitos LGBTQIA+ — como a união civil entre pessoas do mesmo gênero — ganham mais voz dentro da sociedade japonesa. Apesar de não ser legalizada pelo governo central, algumas prefeituras já aceitam a união entre casais homoafetivos, e concedem então alguns direitos equivalentes aos de casais heteroafetivos (dentro da autonomia das prefeituras, o que não é muito).
Não é possível dizer se há uma correlação direta entre o aumento de produções com casais homoafetivos e a expansão das pautas LGBTQIA+ no Japão, ou se são apenas coincidências felizes. Mas é possível dizer, no mínimo, que tais animações estão ganhando mais espaço em uma sociedade que parece mais aberta a aceitar relações entre homens ou entre mulheres.
Que a benção de Madoka que recaiu sobre o ano de 2023 se intensifique e que as sáficas otaku não precisem mais lidar com a seca e os tempos de “vacas magras”!
Se você se perdeu no meio do texto, deixamos aqui a listinha resumida dos animês yuri de 2023 e a menção honrosa de 2024 (as séries com asteriscos têm temática yuri mas não são oficialmente divulgados como tal, ao menos por enquanto):
- Tenten Kakumei (janeiro-março de 2023);
- Meu Trabalho no Café Yuri (abril-junho de 2023);
- Birdie Wing T2 (abril-junho de 2023)*;
- Gundam: Witch from Mercury T2 (abril-julho de 2023)*;
- Me Apaixonei pela Vilã (outubro de 2023–?);
- Hoshizuku Telepath (outubro de 2023–?);
- SasaKoi (2024).
As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade de seu autor e não refletem necessariamente a opinião do site JBox.
Como um fã de Yuri fico feliz em ver tantas obras saindo esse ano.
Eu prefiro um romance casual, homem com mulher, mas não quer dizer q não aprove esse tipo de anime na minha lista 😁
Rock das aranhas 😂 filho só em anime mesmo 🤣
Tudo porcaria, nenhum mostra nada, tudo zoado.
yuri é arte
yuri é vida
Certeza, foi melhor ano yuri desde de 2018
Yuri sem ecchi é golpi
Yuri só se tiver ecchi senão passo.
Queen’s Blade é o melhor Yuri que existe, menção honrrosa para Valkiryie Drive Mermaid
Se quer ver hentai, vai no Xvídeos, oxe
Fetiche… Nojento
Fico feliz em ver q GL tá sendo reconhecido 🙌
Só fetichista pedindo ecchi em Yuri. coisa de gente doente eu hein.
Yuri é sempre bem-vindo.
Aliás, qualquer obra que retrate relações entre mulheres deve ser exaltada.
E aí contrário da rapaziada carente, não precisa ser ecchi pra ser bom.
Retratando relações entre garotas, pode ser leve, pode ser discreto, pode ser sensual, pode ser direto ao ponto…não importa.
Basta ser YURI!