Após 24 episódios, é possível dizer que Hirogaru Sky! Precure não se destaca das demais séries de Pretty Cure apenas por apresentar uma líder de cor azul ou um menino em sua equipe.

Embora uma franquia com 20 anos de existência deixe pouco espaço para “inovação” em sua fórmula, Hirogaru Sky! tem sido ousada ao utilizar diversos elementos narrativos que há tempos não eram abordados em uma temporada da série.

Isso faz toda a diferença na criação de um animê que realmente empolgue o público e as aventuras de Sora e suas amigas tem feito isso.

Nos capítulos atuais, o roteiro usou um artifício que, se não me falha a memória, a última vez que foi aplicado foi em Go! Princess Precure, de 2016: causar um abalo emocional tão forte na protagonista a ponto de fazê-la perder a vontade de lutar.

Sim, é algo que já foi feito antes, mas que não deixa de ser menos eficiente agora. Histórias bem contadas são cativantes por si só, mesmo quando giram em ciclos. Hirogaru Sky! prova isso com seus capítulos mais recentes.

As artimanhas de Battamonda

imagem: battamonda rinda em sky precure.

Reprodução: Toei/Crunchyroll.

O grande abalo emocional que citei acima ocorreu logo no episódio 22. Foi uma estratégia incrivelmente inteligente de Battamonda transformar a Capitã Shalala em monstro e utilizá-la para confundir Sora a ponto de impactar sua motivação.

Desde o início, Sora tem sido apresentada como uma heroína ideal, que não apenas é inabalável, mas que sabe que o que importa é “salvar pessoas” e não “matar monstros”. Por isso, machucar uma amiga (ou mais que isso, já que ela idolatra Shalala) seria algo impensável.

Além disso, colocar uma situação de vida ou morte não é algo comum de se ver em Precure antes do final de uma temporada, o que apenas reforça a coragem da série.

Foi uma verdadeira derrota para as heroínas e ver as protagonistas em tal situação apenas reforça que elas também são humanas cheias de falhas. Esse elemento aproxima ainda mais o público das personagens.

O heroísmo de Sora

imagem: sora como cure sky metendo um socão.

Reprodução: Toei/Crunchyroll.

O capítulo de número 23 é um dos mais interessantes desse trio mais recente por um simples motivo: o modo como ele trata o que podemos chamar de uma “síndrome de impostor” de Sora.

Durante muito tempo, vimos Sora realizando atos heroicos e colocando o bem-estar dos outros antes do seu próprio. Ainda assim, nada disso a fez acreditar que ela era uma heroína “de verdade”. Há coisa mais humana do que se sentir incapaz ou uma farsa, mesmo quando tudo ao seu redor mostra o contrário?

Trata-se de um sentimento bem humano e só quem já o experimentou entende o porquê da cena em que Sora lê a carta de Mashiro ser tão bonita.

Mesmo que a resolução final de tudo tenha seguido o “caminho comum”, esse arco de Sora mexe com tantas emoções, com seus elementos tão bem costurados que se tornou uma das melhores narrativas da temporada.

O único problema deixado por ele é o fato de que Sora está crescendo muito rápido como heroína. Ela tem tido uma grande evolução antes mesmo do episódio 25 de Hirogaru Sky!, ou seja, antes da metade da temporada, considerando que a série deve ter no mínimo 49 capítulos. Talvez o que aconteça daqui para frente seja um foco menor em Sora e uma maior aparição de Ellee, envolta ainda em muitos mistérios.

A criança do destino

imagem: elle sendo segurada.

Reprodução: Toei/Crunchyroll.

Desde o primeiro capítulo de Hirogaru Sky! sabíamos que Ellee tinha um “poder especial”, mas o #24 trouxe alguma luz sobre essa questão.

O público agora sabe que ela foi adotada pelos reis de Skyland e na realidade é uma espécie de “criança do destino”, com um papel importante na salvação do reino. Claro, isso ainda deve ser mais bem resolvido no futuro, mas serviu como motivação para os pais de Ellee deixarem as precures levarem a princesa de volta ao “mundo humano”.

Confesso que essa “desculpa” para Ellee retornar a Sorashido poderia ter sido melhor elaborada. Poderiam dizer que ela apenas deve voltar para aprender mais coisas ao lado das precures, mas o modo como foi mostrado parecia que toda decisão ocorria com base em uma justificativa muito fraca.

O restante do episódio foi uma calmaria antes de uma possível nova tempestade (a próxima semana aparentemente trará um novo vilão), mas foi bom ver a interação entre os diversos personagens do animê.

Destaque especial para os momentos de Mashiro descobrindo a importância de uma família, e que ela já encontrou a sua. Como a garota está longe dos pais, as breves cenas dela reconhecendo essa união que possui com seus amigos é realmente tocante.


Confira as outras resenhas da série:


Soaring Sky! Pretty Cure é exibido pela Crunchyroll com legendas em português de forma simultânea com o calendário japonês. A empresa fornece ao JBox um acesso à plataforma.


O texto presente nesta resenha é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente a opinião do site JBox.