ATENÇÃO: O texto possui alguns spoilers do filme, leia por sua própria conta e risco.


Com estreia prevista para 3 de agosto nos cinemas brasileiros, THE FIRST SLAM DUNK é a primeira animação da série que chega oficialmente em solo nacional. Uma escolha curiosa, uma vez que o filme adapta trechos finais do mangá.

A grande ressalva de boa parte do público certamente é a dúvida: eu consigo assistir a esse filme sem conhecimento prévio da história? Para isso, a resposta é simples: sim — e quem vos fala é um exemplo disso.

Ambientado no confronto entre o imbatível time da escola Sannoh e o time dos protagonistas, Shohoku, o longa traz foco maior no personagem Ryota Miyagi, o armador do colégio Shohoku, mas não o protagonista usual do mangá (que é o Hanamichi Sakuragi).

A história de Miyagi contada pelo filme inclui passagens ausentes no mangá, mas é provavelmente inspirada na novel PIERCE, escrita pelo próprio autor, Takehiko Inoue, trazendo mais caldo ao personagem — no Japão, ela foi publicada de forma compilada pela primeira vez no dia que o filme entrou em cartaz no país.

imagem: ryota em pierce.

Divulgação.

Não é só Ryota que ganha caldo no longa, mas a maioria dos dramas, de certa forma, gira em torno dele, que é, sem dúvidas, o personagem mais trabalhado. Contudo, algumas escolhas narrativas podem incomodar.

Dando spoiler, Ryota perdeu seu irmão, Sota, quando era criança — e Sota era uma promessa do basquete escolar. O filme nos dá algumas cenas mostrando como o personagem nunca foi tão habilidoso quanto seu irmão, mas é esquisito que isso parece maior que, bem, o fato de que Sota morreu ainda adolescente.

Existe muito mais foco em mostrar o peso de que Sota era “muito bom” e Ryota “nunca vai fazer frente a isso”, do que o impacto de perder um irmão, que servia como uma espécie de norte, tão cedo e que era também ainda muito jovem.

Esse viés da comparação faria mais sentido se Sota fosse já uma estrela consolidada, jogando profissionalmente em um grande time, e não um bom jogador de basquete na escola.

Como era só um garoto jogando campeonatos estaduais, o filme parece frio em relação à sua morte — dando a impressão que o evento só está ali como muleta de desenvolvimento, de forma pouco sensível, e para fazer o público se afeiçoar pelo protagonista, já que morte é um tema que toca.

imagem: personagens de slam dunk em poster do filme.

Divulgação: Cinecolor/TOEI.

Mas não é no drama que o filme brilha mesmo: é no jogo. E isso faz inclusive os dramas por vezes cansarem, pois os flashbacks servem de respiro para a emoção do jogo. Em alguns momentos, parece que a intenção é mostrar como o drama dos personagens está afetando a desempenho deles em campo, mas por vezes não convence, já que algumas passagens abordam coisas que, se já não estivessem ao menos parcialmente resolvidas, esses meninos nem estariam em campo.

O que importa nesse filme, de verdade, são os 20 ou 30 minutos finais. Toda a reta final do jogo, as cenas, os enquadramentos, as escolhas sonoras — tudo na finalização é incrível, eletrizante, empolgante. É de ficar sem ar, mesmo já sabendo qual deve ser o resultado. Não precisa saber nada de SLAM DUNK para ser fisgado pelos momentos finais e sair com a sensação de ter visto um filmaço.

imagem: ryota suado no meio do jogo.

Divulgação: TOEI.

Então, apesar de alguns tropeços (uns bem tediosos, inclusive), e um CG que por vezes incomoda um pouco (mas não nos momentos de quadra), THE FIRST SLAM DUNK tem um saldo positivo e algumas escolhas de direção tão acertadas que compensam as partes negativas, e mesmo sendo o encerramento da trama, pode ser visto sem problemas por qualquer um.

A única questão é que como os últimos momentos são de tirar o fôlego, é possível que o espectador saia do cinema com a impressão ter visto o ápice da série, de modo que pouco importa o que veio antes — mas quem sabe, ao invés disso, não saia com vontade de ler o mangá?


THE FIRST SLAM DUNK entra em cartaz nos cinemas nacionais em 3 de agosto, com opção dublada. A resenha foi produzida com base em exibição dublada em pré-estreia realizada no dia 25 de julho, pela Cinecolor em parceria com a Panini.


O texto presente nesta resenha é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente a opinião do site JBox.