Hiro Mashima é um daqueles autores que, por motivos distintos, sempre está na mídia desde o início de sua carreira. Seja pela fama de trabalhar como uma máquina, seja pelas críticas ao “talento” de sempre “usar o mesmo personagem”, ou seja pelo sucesso de algum de seus mangás. E, acredite ou não, o autor decidiu criar um mangá no qual aborda justamente esses pontos de sua carreira.

imagem: página de HERO's com Shiki, Haru e Natsu, protagonistas de obras de Hiro Mashima, lutando lado a lado

HERO’s, quando foi anunciado, parecia ser só um grande crossover entre as principais obras de Hiro Mashima, algo que ele já tinha feito antes na época da publicação de Fairy Tail. E, bem, a maior parte do mangá se trata disso mesmo. Nele, acompanhamos as aventuras de vários personagens de Rave Master, Fairy Tail e Edens Zero em um local paradisíaco chamado True Island.

Sobre essa parte da história, não tem muito o que se falar. É o clássico padrão da maioria dos crossovers entre mangás. Uma infinidade de personagens são introduzidos ao mesmo tempo, para dar um tempo de tela justo para pelo menos os mais importantes de cada obra, só que isso acaba tornando tudo uma grande bagunça que deixa o conteúdo da obra muito difícil de entender. Até mesmo as cenas de ação, o grande forte de Mashima, acabam ficando perdidas no meio de tantos personagens em cena de uma vez.

Claro, para quem é fã do autor, a obra acaba valendo a pena, mesmo que Mashima sempre crie interações entre os personagens mais óbvios possíveis nesses tipos de história. Fica ainda mais fácil considerando que o autor sempre deixa um paralelo entre a personalidade (e aparência) de vários de seus personagens. E, acredite você ou não, isso é intencional; sempre foi.

Não são poucas as piadas que Mashima coloca em HERO’s sobre a semelhança entre os personagens, principalmente quando o grande vilão da obra, Gênesis, aparece e imediatamente a primeira reação de Haru e Natsu é associá-lo, respectivamente, com Sieghart e Jellal, já que eles são os casos mais icônicos de semelhanças entre personagens do autor.

imagem: o personagem Mashima conversando com Lucy, Elie e Rebecca

Gênesis, usando uma Dark Bring (pedras mágicas do universo de Rave Master), consegue controlar o poder da imaginação, fazendo com que sua força seja o que ele quiser. A pedra, antes de cair nas mãos do personagem, estava aos cuidado de um misterioso monge que, por algum motivo, parece o autorretrato que Mashima costuma usar atualmente em suas publicações e redes sociais.

A semelhança do monge não é à toa — é justamente com ele que Mashima toca nos pontos citados no início do texto. No clímax do mangá, o monge reaparece e conta, sem muitos spoilers, para Elie, Lucy e Rebecca como ele, na verdade, é um autor que usava sua imaginação para criar várias histórias e como existia uma preocupação geral com seu ritmo acelerado de trabalho, além de falar em como acabou ficando apegado demais aos seus próprios personagens — e como, ironicamente, foi deposto justamente pela imagem de “vilão” mais famosa de suas histórias.

Apesar de ser apenas um ponto da história, foi curioso ver Mashima, O Homem, A Máquina, falar um pouco sobre suas preocupações como mangaká. Esse tipo de coisa aproxima o público do autor e acaba sendo interessante de se ver. É uma forma dele falar que, apesar de tudo, se diverte fazendo o que faz.

No geral, como já comentado, HERO’s é só mais um daqueles crossovers confusos demais para entender o que está acontecendo. É realmente um mangá apenas para quem é fã e quer ver mais um pouco de personagens já deixados para trás, principalmente no que envolve Rave Master, já que o título utiliza principalmente os elementos dessa obra para localizar seu enredo.

Porém, também é uma obra que, consideravelmente, toca no “íntimo” de Mashima, o que dá um brilho a mais para o mangá. No fim das contas, é uma das leituras mais casuais possíveis, mas é divertida o bastante para agradar qualquer fã das obras de Hiro Mashima ou do próprio autor em si.


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Essa resenha foi feita com base em edição cedida como material de divulgação para a imprensa pela editora JBC. 


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