Resenha | Hirogaru Sky! Precure: Novo vilão, velhos problemas | Episódios 25 a 27

Em minha última análise de Hirogaru Sky! Precure (Soaring Sky! Pretty Cure), teci diversos elogios à série. Cheguei até mesmo a acreditar que essa seria uma das melhores temporadas da franquia pela ousadia que tem trazido em seu roteiro.

Agora, temo ter me empolgado demais. Isso porque os episódios mais recentes são talvez os menos inspirados no animê. Os elementos empolgantes das semanas anteriores não estão ali, a história estagnou e mesmo o desenvolvimento das personagens não tem sido eficiente, já que as tramas voltaram para os mais básicos conflitos possíveis.

Mesmo a introdução de um novo vilão, que trouxe certo caráter de novidade, não pode ser realmente apreciada.

Precures no zoológico

imagem: elle e outra garotinha com coelhos no zoológico.

Reprodução: Toei.

Como havia adiantado, o roteiro passaria a dar maior atenção a Elle agora que ela foi definida como a “criança do destino” — só que não há muitas situações em que um bebê possa ganhar algum destaque.

A solução encontrada pelo anime no capítulo 25 foi levar as precures até o zoológico para que a pequena Elle se divertisse.

O episódio em si trouxe algumas revelações interessantes, como o fato de Elle possuir a habilidade de se comunicar com animais. Entretanto, depois de um tempo, é realmente enfadonho ver as personagens apenas interagindo com bichinhos porque o roteiro acha isso “fofo”. Seria melhor se houvessem mais situações de comédia ali no meio.

O capítulo ainda trouxe a importante introdução de Minoton, o novo vilão da temporada. Infelizmente, o antagonista pouco se destacou. Ele não tem o jeito divertido de Kabaton ou a personalidade arrogante e chamativa de Battamonda.

O arquétipo aqui é de um guerreiro que busca superar seus rivais e mostrar que é extremamente forte. Poderia ser um ótimo material cômico se o roteiro tirasse um pouco de sarro dessa personalidade de Minoton, mas nos dois episódios em que apareceu ele não mostrou qualquer charme.

Parece que Battamonda e Kabaton vão deixar saudades (mas devem retornar em algum momento no final da temporada).

Memórias celestes

Reprodução: Toei.

Como o episódio 26 tratava de aviões, aeroportos e memórias trazidas por eles, era meio óbvio que Tsubasa teria certo destaque. Entretanto, ao contrário de outros capítulos, aqui não houve nenhum tipo de crescimento real para o nosso garoto precure.

Claro, foi legal vê-lo utilizando seus conhecimentos sobre a movimentação do ar em batalha, mas no geral não foi como se ele tivesse aprendido lições que já não soubesse antes.

Além disso, ele roubou o protagonismo de Mashiro, que poderia ter ganhado maior relevância, visto que esse seria o episódio do reencontro da garota com seus pais. No fim, a mãe e o pai da jovem apareceram só brevemente no encerramento do capítulo, sem qualquer impacto.

Vale ainda citar a participação da garotinha que fez amizade com Tsubasa durante o episódio. Teoricamente, a trama da menina deveria se conectar tanto com a narrativa do Cure Wing, quanto com os problemas sofridos pela Cure Prism.

Entretanto, a história da menina era tão rasa e a personagem tinha tão pouco carisma que não deu para realmente se importar com ela – e isso é triste, pois repito algo que disse no passado: Precure é uma franquia que, em geral, sabe desenvolver boas tramas para personagens secundárias.

Dentro do Mirror Pad

Reprodução: Toei.

Depois de alguns episódios sem graça, finalmente tivemos um que apostava na comédia do jeito certo.
Não que o capítulo 27 seja incrível, na realidade ele pouco acrescenta à narrativa da temporada no geral. Entretanto, ele ao menos soube utilizar cada uma das precures da melhor forma possível para criar situações divertidas de assistir ao jogá-las para dentro do Mirror Pad.

Além disso, o capítulo ainda nos apresentou a Pinkton, uma porquinha que vive no Mirror Pad e que tirava um sorriso desse que vos escreve a cada vez que aparecia na tela. O timing de humor da personagem foi ótimo e seria bom se ela retornasse futuramente em outros episódios dessa temporada.

Pinkton tem tudo para ser uma mascote de Pretty Cure, falta apenas os roteiristas quererem que isso aconteça. Aliás, ela lembra muito uma antiga porquinha do mundo dos animês mahou shoujo: Super Pig, cuja animação teve uma passagem pelo Brasil na década de 90.

Entre altos e baixos, é interessante ver que Hirogaru Sky! Precure tenha ganhado uma leva de capítulos “mornos” poucas semanas antes da estreia do próximo filme da série Pretty Cure All Stars, que deve reunir todas as precures que já existiram na franquia.

Talvez os roteiristas estejam segurando eventos importantes da temporada atual para que nada grave venha comprometer a história do novo filme. Se for isso, então Hirogaru Sky deve ficar sem grandes eventos por mais algumas semanas.

Confira as outras resenhas da série:

Soaring Sky! Pretty Cure é exibido pela Crunchyroll com legendas em português de forma simultânea com o calendário japonês. A empresa fornece ao JBox um acesso à plataforma.

O texto presente nesta resenha é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente a opinião do site JBox.

Sobre Precure

A franquia Precure ou Pretty Cure começa com Futari wa PreCure em 2004, uma série produzida pela Toei Animation, criada por uma equipe criativa da empresa intitulada de Izumi Todo.

O sucesso dos 49 episódios fez com que não só uma sequência fosse produzida, como inaugurou uma das mais bem sucedidas franquias de garotas mágicas, com atualmente 19 "gerações" diferentes divididas em 21 temporadas, além de vários filmes e produtos.

Já nos anos 2000, tentaram negociar a vinda da 1ª série Pretty Cure com canais de TV brasileiros, porém nenhuma emissora topou a exibição. Anos mais tarde, em 2015, a Saban Brands adquiriu os direitos para uma adaptação de Smile PreCure! (fase de 2012), fazendo uma série de edições, alterando nomes e trilha sonora para transformar o produto em Glitter Force.

Sob alvo de muitas críticas, o animê teve exibição exclusiva pela Netflix e ganhou um item bastante desagradável por aqui: uma dublagem em português feita fora do Brasil, além dos cortes criticados por todos os fãs da série internacionalmente.

Mesmo assim, a parceria com a Saban ainda rendeu a adaptação de mais uma temporada, com Glitter Force: Doki Doki (DokiDoki! PreCure), que até se salvou um pouco por aqui, com uma dublagem feita no Rio de Janeiro. Mas a essa altura a empresa de Haim Saban já não estava mais empenhada na marca, devolvendo-a para a Toei em 2017.

Healin’ Good, de 2020, foi a primeira série a chegar ao Brasil em simulcast (com atraso, mas foi) e trouxe a 15ª geração de heroínas. Já Tropical-Rouge, a 16ª geração, foi a primeira exibida do início ao fim em modelo simultâneo. Desde então, as sequências seguiram em exibição oficial, com legendas, via Crunchyroll.