Deus, essa vai ser uma coluna tão idiota… Você sabia que, em japonês, peixe é “sakana”? Que pincel é “fude” (lê-se “fudê”)? Que leão é “shishi”? Que ciência é “kagaku”? Que a palavra “aqui” é “koko”? Que a onomatopeia para faíscas é “pika pika”? Que “deixe-me ouvir” é “kikasete”? Que tem uma penca de palavras que se leem “ku”?
É, acho que alguns desses vocês já sabiam, porque é de conhecimento geral que várias palavras japonesas causam um faux pas linguístico quando lidas por um brasileiro. Isso é inevitável em qualquer idioma, na verdade, e pode até seguir o caminho contrário – digo, muitos de vocês também já devem ter ouvido aquela velha parábola de “nunca brindar com ‘tim-tim’ no Japão, pois eles confundirão com chinchin (pênis)”. É o tipo de coisa que todo professor de idiomas para crianças detesta, porque significa que a sala vai sair de controle por alguns segundos.
E, como dá pra imaginar, esse tipo de coisa acaba indo parar em animês também… e acaba causando essa mesma dor de cabeça para os localizadores. Então, quero usar desta coluna para relembrar como a dublagem brasileira driblou (ou não) diversos faux pas no decorrer da história do animê no nosso país. Prepare bem a sua 5ª série interna, porque esta coluna foi feita sob medida para ela.
Os “kús” de InuYasha
Vamos começar com, possivelmente, o mais popular exemplo: a clássica obra de romance/ação/terror/drama/comédia de Rumiko Takahashi, InuYasha. Durante sua exibição aqui, no Brasil, através do Cartoon Network, essa obra se mostrou bem recheada de nomes infelizes para nós.
O mais notável, é claro, é a protagonista, Kagome, que teve que ser rebatizada como Agome na nossa dublagem por razões meio óbvias. Esse é um caso particularmente interessante porque, originalmente, não ia acontecer: a Parisi Vídeo originalmente deixaria o nome japonês intocado, e, inclusive, dublaram vários episódios com ele. Mas o cliente logo notou o “problema” e pediu para que todas as falas mencionando “Kagome” fossem redubladas para usar “Agome”.
Mas o processo não foi tão meticuloso quanto deveria ter sido e, por isso, é possível ouvir um ou dois “Kagomes” durante os primeiros episódios. A julgar por essas “falas vazadas”, o nome seria pronunciado como oxítona (“KagoMÊ”), diferente do paroxítono “Agome”.
Mas Kagome não foi o único caso em InuYasha; outros dois personagens importantes, o mocinho Miroku e o vilão Naraku, tiveram que ter seus nomes trocados para se livrar do sempre incômodo “ku” — para tal, os dois viraram “Mirok” e “Narak”.
Esse é um dos casos mais “problemáticos” (na falta de um termo melhor) desse tipo de prática: tanto “miroku” quanto “naraku” são palavras japonesas reais, com os dois sendo termos do budismo: “miroku” sendo uma leitura japonesa para a figura budista Maitreya, e “naraku” sendo o Inferno budista (só como observação, “Kagome” também é uma palavra com significado).
Esse tipo de caso é o mais “complicado”. Ele me faz lembrar do filme animado O Rei Leão (o primeiro, de 1994, sabe, aquele que presta): nele, os personagens Timão e Pumba têm uma filosofia pessoal de não-estresse e não-comprometimento que eles chamam de “hakuna matata”. Na nossa dublagem, a Disney decidiu trocá-lo por “hatuna matata” para evitar piadas infames…
Só que “hakuna matata” é uma genuína frase do idioma suaíli, significando, como explicado pelo Timão no filme, “sem problemas”. Por outro lado, “hatuna” em suaíli significa… “nós não temos”, de acordo com o Google Tradutor. O uso de “hatuna” (de novo, de acordo com o tradutor automático) modifica a tradução para “não se preocupe” – o que funciona no contexto, mas segue sendo uma alteração de sentido. E, é, a mesma coisa se aplica a Miroku e Naraku, sabe?
Vale observar que a primeira tradução do mangá de InuYasha pela JBC, que foi feita em “sinergia” com o animê, manteve “Mirok” e “Narak”, mas não mudaram “Kagome” — possivelmente porque foram traduzidos quando o nome ainda seria mantido na dublagem e, quando não foi, já era tarde demais para mudar.
Só para fechar a seção InuYasha deste texto, é interessante de observar que a Kagome também encarou esse problema no resto da América Latina, mas, no espanhol, o nome dela foi trocado para “Aome”. Por outro lado, Miroku e Naraku ficaram inalterados, porque o problema só existiria mesmo se eles fossem “Mirokulo” e “Narakulo”. Ah, e eu acho fascinante que o personagem “Kouga” (pronúncia: “cô-ga”) recebeu a pronúncia de “cúga” na nossa dublagem. Acho que com alguns “ku”s eles abriam… exceções.
A “píka” do caçador
OK, agora vamos ao (que eu creio que ser o) segundo mais famoso exemplo disso: Hunter x Hunter. Um dos protagonistas da história (e, discutivelmente, o mais popular deles) é um jovem loiro chamado… Kurapika. Sério, experimente contar esse fato pra um adolescente que não esteja por dentro do nosso mundo, aposto que a reação será maravilhosa. Ela fala por si só.
Para reduzir o problema, a dublagem do animê pela Alámo resolveu trocar uma letrinha e adicionar outra para “sanitizar” o nome do rapaz para… “Korapaika”. Alguns anos depois, quando a JBC começou a publicar o mangá por aqui, eles, pelo menos, restauraram o “u”, mas mantiveram o “paika” (isto é, ficou “Kurapaika”, tanto no primeiro lançamento quanto no atual).
Isto é embasado em nada e, realmente, é só uma visão pessoal, mas eu sinto que, diferente do caso InuYasha, a maioria dos fãs de Hunter x Hunter conheceram a obra através da versão japonesa legendada de um dos dois animês (legal ou ilegalmente) ou por fã-traduções ilegais do mangá. Por causa disso, essas mudanças de nome são eternos motivos de chacota dentre os fãs, e sinto que isso não vai mudar tão cedo.
Mas vale mencionar que nas dublagens mais recentes, dos filmes Fantasma Vermelho e A Última Missão, realizadas na Drei Marc, e do animê de 2011, realizada na IDF, o nome do Kurapika foi mantido intacto! Só que diferente do “Korapaika”, os dubladores tomaram o cuidado de colocar a tônica no “ka”, não no “pi” (kuRÁpika), o que ajuda o telespectador a não achar o nome tão ridículo… em tese.
Outros “kús” e “káges”
Para um exemplo mais recente, em 2020, o Cartoon Network surpreendeu a muitos ao anunciar a exibição do popular animê Dr. Stone, com uma dublagem inédita (que iria para a plataforma da Crunchyroll logo depois). Só que, um probleminha: o protagonista se chama “Senku”.
Eu, pessoalmente, acho que dava para relevar desde que a tônica fosse no “sen“, mas algum envolvido na localização resolveu que, não, estava sujo demais. Logo, o nome foi trocado para… algo. Tipo, oficialmente, de acordo com envolvidos na dublagem, seria “Senke”, mas os dubladores, na verdade, pronunciam dos mais diversos modos: “Senkyu”, “Senka”, “Senki”… até “Senku” já apareceu uma vez ou outra! Esse não foi “limpado” da forma mais graciosa, é o que eu quero dizer.
E para outro exemplo ainda mais recente, em 2021 vimos a estreia do enganosamente-fofo Ranking of Kings (Ousama Ranking), através da Funimation (que ainda estava em seu processo de aquisição da Crunchyroll). O animê narra as aventuras do fracote príncipe Bojji em sua busca para ficar mais forte e se tornar rei, acompanhado de um leal amigo, uma sombra chamada… Kage (lit. “Sombra”; lê-se “Cágue”).
Quando o animê foi dublado um pouco depois pelo The Kitchen (!!) Brazil (ufa), o Kage manteve o nome, mas a pronúncia foi completamente “gringuificada”: ficou “quêi-dje”, como a palavra inglesa “cage”, eliminando qualquer possível duplo sentido que o nome poderia ter.
Essa, na verdade, eu não tenho 100% de certeza que foi para “limpar” o nome, porque consigo ver como um genuíno erro: o animê se passa num mundo de fantasia estilo europeu, e os personagens todos têm nomes europeus como Hiling, Domas, Dorshe etc., então alguém pode ter achado que o mesmo se aplicava a “Kage”, que ele era um nome europeu.
Outros nomes na dublagem também tiveram “alteração de pronúncia devido a desatenção”, como o Rei Desha, que ficou pronunciado como “Déxa” quando a pronúncia certa seria “Dez-rra”.
Curiosamente, aconteceu a mesma coisa vários anos antes na dublagem de Power Rangers: Força Animal. Um dos vilões ninja da série se chama “Onikage”, pronunciado da forma japonesa no original em inglês, “ônicágue” (note que o equivalente japonês dele em Gaoranger se chamava “DoroDoro”). Assim como com o exemplo de Ranking of Kings, nossa dublagem o transformou em “ôniquêije”.
Voltando um pouco no relógio, em (o que mais?) Yu-Gi-Oh!, que foi exibido por aqui pela Nickelodeon e pela Globo, um elemento muito importante da trama são as sete Relíquias do Milênio, sete objetos mágicos que, derradeiramente, se mostram vitais para o fechamento da história. São eles: Enigma (ou Quebra-Cabeça), Olho, Balança, Chave, Colar, Anel… e Vara.
Nos primeiros episódios em que ele aparece, esse último foi traduzido assim mesmo, “vara”, resultando em algumas falas que trouxeram muitos risos para o meu jovem eu (“nada de bom pode vir do poder da Vara!”). Acho que alguém envolvido na dublagem logo captou isso, porque, após um tempo, o nome passou a ser trocado: às vezes para “Cetro”, mas, na maior parte do tempo, para “Varinha”.
Eu sinto que deviam ter optado permanentemente por Cetro, mesmo, porque “Varinha” é uma palavra que não inspira muito poder e muito menos medo, o que é um problema, já que tal relíquia é portada por Marik, cruel vilão das segunda e terceira temporadas. O acidental cunho sexual do termo foi perdido, mas a que custo?
Troca-troca sem “kú”
Existem também os casos em que nomes são trocados não necessariamente por serem “sujos”, mas só infelizes, mesmo. O exemplo mais famoso disso fora dos animês deve ser o caso do Capitão Panaka, do universo Star Wars: nas nossas dublagens, ele virou “Panacé” pra poder ser levado um pouco mais a sério.
Já em termos de animê, o primeiro exemplo que me vêm à cabeça é Shurato, que passou pela Manchete aqui em 1996. Nele, a “armadura de ouro” do protagonista, que ele adquire perto do final da trama, é conhecida no Japão como… o shakti de Brahma.
Quem entende de mitologia hindu sabe que Brahma é o nome do deus da criação daquela cultura, e o nome faz todo o sentido como arma final do herói… mas, no Brasil, não tem outra: todos associamos a palavra à marca de cerveja, e não passa exatamente o “feel” de grandeza em português (ainda mais porque, de acordo com meus amigos “cervejófilos”, a Brahma é super aguada!).
Logo, a nossa dublagem alterou um pouquinho para “Brafma”. E essa opção não foi tirada do nada – em japonês, a pronúncia de “Brahma” enfatiza o “h” (Burafumaa), e o “hu” japonês é, essencialmente, “fu”. Com tudo isso eu só quero dizer que “Brafma” é uma romanização aceitável do jeito que os japoneses falam “Brahma”, então, em essência, Brafma nem tá “errado”.
Outro caso de não-necessariamente-sujo foi o vilão da Saga das 12 Casas de Os Cavaleiros do Zodíaco, o Mestre Ares/Arles, conhecido por seu título de “Grande Mestre”. Bom, como todo fã de carteirinha de Cavaleiros bem sabe, em japonês, esse título (教皇, kyoukou) na verdade traduz para “Papa” (assim como toda a classe de guerreiros de Atena, originalmente Seinto, de Saint, também utiliza simbologia católica).
Essa não foi realmente uma decisão brasileira, mas uma decisão Toei — vários outros países também tiveram esse título trocado, mostrando que a Toei estava bem ciente de que chamar o vilão de seu desenho de guerreiros adolescentes com armaduras gregas mágicas de “Papa” poderia pegar mal em certas regiões. E, bom, não é como se ele agisse de um jeito particularmente católico, não é mesmo?
Com todos esses exemplos listados, vamos fazer uma pequena reflexão sobre esta prática: ela é… certa? Parece uma pergunta óbvia, mas não é. Digo, por um lado, não, ela não é uma prática certa, porque trocar nomes de personagens, especialmente por uma razão tão infantil, é pouco profissional, especialmente quando o nome tem um significado específico que é perdido quando você “limpa” ele. Parece especialmente bobo quando o animê em questão nem é para o público infantil.
Mas quando você pensa pelo lado da percepção do público-alvo, a coisa muda de figura. Um nome como “Kurapika” não soa obsceno para o público original (leitores e telespectadores japoneses), então “limpá-lo” para a cultura-alvo é uma decisão compreensível; afinal, em muitos casos, uma localização é considerada eficaz quando consegue transmitir o mesmo sentimento que o produto despertava no público original ao novo público, ou, pelo menos, chegar o mais perto possível disso.
Eu, pessoalmente, fico dividido. Eu entendo esse segundo ponto de vista, e ele, definitivamente, faz sentido… mas, ao mesmo tempo, às vezes parece que o Brasil é meio paranoico demais nesse sentido de “não deixar que algo pareça sujo” – digo, somos brasileiros, tudo na nossa língua pode ficar sujo se você tentar, e nem precisa ser muito. Personagens como “Pikachu” e “Goku” não precisaram ser “limpados” e, apesar de gerarem uma piadinha aqui ou ali, mantiveram o mesmo efeito num novo público que tinham no antigo. Em suma, por mais estranho que seja admitir isso, sinto que devíamos subestimar um pouco menos o público brasileiro, sabe?
Bom, mas isso é uma opinião que varia de cada um, então quero saber de vocês: você acha que faz sentido “limpar” esses nomes? Acha que é exagero? Qual outro nome “limpado” de localização você conhece? Como você acha que uma dublagem brasileira de Shakugan no Shana lidaria com esse problema? E uma dublagem de Capeta? Deixem aí nos comentários e até a próxima!
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Nunca concordei com essas mudanças, além de alguns terem significado acho até uma ofensa ao criador original ter seus nomes trocados por motivos fúteis pois como citado Pikachu e Goku nunca foi um empecilho.
E vou além, quem lembra de Soka e Kuvira de Avatar ? Desenho infantil visto por crianças e não lembro de causar nenhum problema na época.
Fora que alterar nomes da muito mais trabalho do que só manter do jeito que tá, Senku ganhou um monte de variantes ao invés de deixar o homem sem cu mesmo.
Piadas fazem parte, é uma besteira tentar remover dos nomes possibilidades de fazer piada. Quem quiser fazer, que faça. Se ficar engraçado, até ajuda a popularizar
Pra quem não entende nada ou pouco de japonês pode não entender o sentido da palavra se usada em nomes tipo…Naruto-Kun.
Acho bobagem, a piada sempre vai ter, principalmente se o fã se aprofundar e descobrir o original. Vide o caso do citado Star Wars e o personagem Dooku q rendeu piadas e piadas, mas ainda sim muita gente tem um respeito pelo personagem.
Como dito no texto é subestimar o público e achar q n vai ter a maturidade de lidar com isso, e bem o mercado de qualquer coisa no Brasil sempre tem esse problema de tirar o consumidor de burro.
Adoro todos os nomes adaptados sem os kus, os kus estragam ele. Amo Korapaika. ❤️ eu sou muito de defende o original, mas esses que vi aí, por capricho de já ter se acostumado assim, aí eu gosto.
Adorei o texto! Me rendeu umas boas risadas, pq não consegui controlar meu lado quinta série ahsuahus
Eu acho bem desnecessário eliminar os “kus” pq muitas vezes é imperceptível, Goku está aí de prova. Kurapika por outro lado, como alguém que conheceu HxH quando passava na Animax, quando tinha meus 13 anos….se não tivessem mudado para Korapaika, gzus amado, consigo nem imaginar o número de piadinhas que esse nome iria gerar haushaush
Não relacionado a anime e mangá, mas acho interessante comentar. Uma das personagens importantes das Tartarugas Ninja é uma japonesa chamada Karai. Ela sempre foi dublada assim aqui no Brasil em todas suas aparições sem problemas desde a série animada de 2003, ás vezes forçando mais o R ou separando mais a sílaba. Mas na mais recente coleção de quadrinhos lançada pela Pipoca & Nanquim eles mudaram o nome dela pra Kirai. Pouca gente deu bola já que por aqui a maioria dos fãs é saudosista do desenho de 1987 onde a personagem nem existe, mas achei mancada que agora vai ficar assim em tudo que lançarem.
Até hoje estranho falarem ‘otako’ em vez de ‘otaku’.
Ahhhh pera ae. A gente tem problemas sérios nas pronuncias erradas nas dublagens por mau direções ou tradução e me vem uma matéria falar da palavra “ku”em sofrer sofrer alteração como se tive-se perdendo algo importante da história?
Aqui no Brasil poderia ser pior em trocar os nomes adaptados por nomes inventados como os americanos faziam muito nos animes deles antigamente.
A questão é que isso sempre terá dois lados.
Como leitor, óbvio que não gosto desses nomes trocados.
Mas como empresário, eu sei como um nome pode mudar a percepção de um produto.
O engraçado é que os que mais reclamam disso, muitas vezes consomem algo censurado/alterado sem saber, e agem como se fosse uma ofensa pessoal um nome alterado.
Lembro no saudoso fórum Henshin, quando um usuário disse que escrevia a caneta o “U” para corrigir os nomes Naraku e Miraku.
Amigo do fórum Henshin, se você estiver lendo isso, um abraço. Eita fórum que deixou saudades…
Maioria do povo que viu Star Wars sequer saber que o “Dookan” chama Dooku.
O problema não é achar que o consumidor é burro, porque ele é, isso é fato. A maioria desses problemas acontecem por causa dos licenciantes, que não são necessariamente ligados a esse meio, acham que todo desenho é pra criança e só querem vender uma lancheira com a cara do personagem. Imagina vender uma lancheira “Kurapika” para o pai de uma criança?! É esse o tipo de pensamento que norteia empresários do ramo.
Agora, isso foi no passado, onde discordo de seu comentário. Trazer o comentário pros anos 202x, aí concordo com o que disse. Mas brasileiro continua sendo burro, fato.
Como o sentido do termo pra gente é diferente do real sentido, não vejo problema na mudança da pronúncia.
Aliás, acho é ridículo começarem a grafar anime como animê…
Essa matéria me lembrou de quando a Saga de Hades de Cavaleiros do Zodíaco foi dublada. Alguns fãs reclamaram na internet que o nome do deus dos mortos da mitologia grega devia ser pronunciado Rades, como no original japonês e não Ades, que sempre foi a pronúncia brasileira. Excesso de apego ao original, na minha opinião.
Animê é tão correto quanto mangá.
Pior ainda quando por um bom tempo a JBC insistia em escrever “Athena” e “Pégasus” nos mangás ao invés das suas respectivas grafias corretas em nosso idioma. Acho que pararam, né? Não acompanho faz tempo.
A primeira vez que li sobre mudanças de nome foi numa entrevista do Marcelo Campos na Herói, falavam de Winspector, ele disse que Hisako Koyama virou Hissae Koyama para não ficarem chamando ela de “que saco”.
O que acho estranho ser Hércules e não Héracles, Ulisses e não Odisseu.
Mostrando que não é de hoje que nomes adaptados são bem aceitos.
Na esmagadora maioria das vezes só a mudança na sílaba tônica já resolve. GetBackers também tinha um personagem chamado Miroku e não mudou o nome nem ficou engraçado na dublagem
Olha, na maioria dos casos, eu acho apenas exagero/puritanismo exacerbado por parte do cliente, mesmo. Mas no caso de InuYasha, eu irei defender a troca de Mirok e Narak com unhas e dentes.
Veja bem: ok, tanto Miroku quanto Naraku tem significados em seus nomes, como você muito bem mostrou, compreendo. Mas vejamos como Mirok (vou usar só esse a partir de agora, porque meu exemplo serve para ambos) é escrito no original: みろく (miroku).
OK, tomando isso como nome próprio, nós podemos levar (com um pouco de boa-fé) para o lado do estrangeirismo e compreender que isso não é nada além de um caso de vogal epentética. E o que seria isso?
Idiomas como o inglês não precisam disso, mas línguas como o português e o japonês têm vogais epentéticas (e diferentes!). Em palavras estrangeiras, como Facebook, laptop, outdoor, pickup, blackout, etc, todas elas terminam em consoantes “duras”, que é uma coisa que não temos como resolver no nosso idioma.
E aí é que entra a tal da vogal epentética. Como falaríamos essas palavras? Feicibuki, lépitópi, áutidór, picápi, blecáuti… Todas elas terminam com esse som de “I”, onde no original não tem, porque termina com uma consoante que QUASE não é pronunciada (mas é).
E o mesmo acontece no japonês, mas ao invés do som de I, é o som de U. Exemplo: se pegarmos a palavra inglesa “king” (rei), em português nós pronunciamos como “quingui”, enquanto que o japonês pronunciaria como “kingu”, por também não conseguir terminar nessa vogal dura.
Logo, voltando à boa-fé que mencionei: se pegarmos o “estrangeirismo” do nome como sendo Mirok, a versão em português ficaria Miroki (exatamente como é pronunciado na dublagem), e a versão em japonês ficaria Miroku (exatamente como é no original).
tl;dr: fiz uma ginástica mental só para defender uma dublagem que eu gosto* muito de um anime que eu gosto muito, porque sim rs
*até a parte que a Parisi Video começou a ficar mal das pernas, sem dinheiro, parar de pagar os profissionais, e dar calote em geral, e a qualidade da dublagem ir de queda livre
E rapidamente sobre Desha… bem, aí eu culpo mais a grafia da pessoa que traduziu. Custava a pessoa ter colocado um hífen (Des-ha), já imaginando que poderiam cometer esse erro? rs
É tipo um gringo vendo o apelido Ronaldinho pela primeira vez… Já vi eles falando Ronaldin-ho, por desconhecer completamente o conceito do dígrafo NH e como ele é pronunciado rs
É tipo minha irmã vendo o ator/cantor sul-coreano Junho e chamando ele de “Junho” (sim, como o mês) porque não grafaram o nome dele (corretamente) como Jun-ho.
Esse é o menor dos problemas.
Pessoal cria problema com nomes mas não liga se descaracterizam outros termos (o que é o seu caso, respondendo meu comentário anterior).
Amestris não é uma federação, logo é absurdo existir um alquimista “federal”. Mas como a JBC sabe que o público dela é burro, descaracterizou o mangá. O mundo inteiro usa o termo alquimista nacional, mas aqui acharam bonito tacar um “federal” numa nação que não é federação.
Eu prefiro ver caso a caso, no caso específico dos “kus”, eu realmente eliminaria por padrão. Mas no caso de Yuusaku de Yu-Gi-Oh Vrains, foi mantido e não foi nada de absurdo. Até porque Yuusaki seria mais bizarro.
No caso de Bucky, tinha o monstrinho explosivo Jibaku que virou Jibak e não mudou muito pra nosso público, só depois de anos que foi descobrir que Jibaku era uma palavra que denota explosão.
Ou seja, mesmo que o nome tenha um significado em japonês, para o público leigo é irrelevante…
E esse é o problema: fazer tradução e adaptação pensando em fãs de longa data ou pensando em conquistar novos fãs?
Vamos pensar nas dublagens de One Piece (ignorando os cortes da 4kids), a primeira dublagem fez uma adaptação dos nomes dos golpes visando conquistar público sem perder a essência, na segunda dublagem foi tudo mantido em japonês pra agradar fãs de longa data…
No caso de Kurapika, eu realmente usaria a pronúncia Kurapaika pra evitar cacofonia mesmo, até porque “i” pode se lido “aí” em várias palavras estrangeiras (não é o caso do japonês).
No caso hipotético de Shakugan no Shana, eu realmente adaptaria como “Shana das Chamas Escarlates”, e Mariana Evangelista como Shana.
Eu não mexeria no nome Shana, até porque remete a “bichana” que remete a gatinha que é a forma Chibi da Shana.
Capeta eu também não mexeria, até porque ele é um capeta nas pistas e um capeta de feio. Sério, foi o que eu pensava quando assistia…
Isso é verdade, o problema das pronúncias é irritante. A pronúncia do japonês é próxima ao português e mesmo assim a dublagem prefere usar pronúncias americanizadas… Ou ênfase em u.
No novo Rurounin Kenshin, a pronúncia Kaoruuuuu é irritante. No Samurai X antigo, a pronúncia era tão correta…
Sou a favor da troca dos nomes sim, Korapaika com certeza impede a zueira, mas tira um pouco da essência do nome,
O melhor exemplo, citado no texto foi da armadura de Brafma, deu seriedade ao artefato,
“Goku” acho que deveria ter mantido igual foi feito,
“Pikachu” eu teria mudado.
me veio agora quando tava saindo a dublagem de komi san, que podia ter problema com o sufíxo “kun” já que o Tadano-kun poderia pegar meio mal aqui pra gente kkkkkk
Sobrenomes em romeno sofrem piadas também… terminam em cu…
Petrescu, Ionescu, Lupescu, Ceausescu etc.
Zoeira pode acontecer com qualquer nome e língua, fictício ou real, como Pablo Picasso (mesma situação do Pikachu), até mesmo se o nome não for “sujo” sem mudanças.
Já vi piadas como Santa Ceia de Pégaso (o protetor da Antena com um escudo parabólico), o guerreiro sagrado Surrado (amigo de uma Raquete), o Saiyajin Kaka-arroto (que enfrentou uma Brastemp junto com um Picolé verde que é a metade de uma Camisa Má), o ninja Xaruto (que procura o sasQUE com a SACOra), o meio-Yokai “E-num-acha?” (procurando 6 Joias do Infinito?), etc.
E em outras línguas, como exemplo no Inglês temos os protetores da Antenna: See-ya, Serious, Yoga, Chum, e Irky. E o produto de limpeza Bleach (água sanitária). E nem vou detalhar o “-kun” usado nos nomes…
Imagina se passar Jetman no Brasil tem um vilão que se chama Tranza vai ser estranho nos ouvidos
Queria que a JBOX sai em buscas os animes que foram dublados e jamais foram veiculados como as temporadas de Slayer Next e Try foram dubladas quero muito que buscam as fitas master dublados isso é um mistério que não consigo engolir.
esqueceu de citar Super Onze, já li q mudaram “mamoru endou” pra “satoru endou” pq “mamoru em espanhol parecia com “mamar”
e é coisa da Televix q fez o mesmo na versão em espanhol do anime, então faz sentido se for esse o motivo
Ah, mas aí tem diferença… se você digitar manga no google vai aparecer um monte de fotos da fruta. Com o acento isso não ocorre.
O acento é mais pra ajudar a entonação correta na nossa pronúncia né, como outras palavras de origem japonesa: lámen, missô, karaokê. Não que seja errado escrever anime sem acento, pra eles a entonação é mais uniforme, sem uma sílaba mais forte.
Lembrei do caso do do Lyserg de Shaman King que virou “Rezelgue”, talvez pra não associar ao ‘ácido lisérgico (LSD), mas esse aí eu penso que foi só cagada da tradução, afinal o primeiro anime realmente passa a sensação de que foi traduzido JP->PT de ouvido por alguém que não era familiarizado com os termos originais e nem com romanização de palavras estrangeiras no japonês.
Mais antigo que esse é o Barão Kageyama de Cybercop, pronunciado como KaJEyama ao invés de KaGUEyama. Depois de um tempo a gente entende a obviedade da mudança.
Mas desde a época das revistas de animê/mangá dos anos 90 a palavra é grafada como “animÊ”. Inclusive eu comecei a achar estranho foi quando em meados de 2000 começou a surgir um monte de gente falando “aními” por todo lado. Parece tão errado no meu ouvido…
Não mesmo.
Tenho um bocado de Anime Do, Anime Ex e Anime Do 2000 aqui e nenhuma delas é grafada como animê.
Chegamos ao ponto de defender conteúdo adulterado… Qual o seu problema?
Seus exemplos foram péssimos.
Quem quiser fazer piada merda vai. Não sei porque tem idiota que defende mudarem nome do personagem.
Eu entendo as mudanças, acho que em certos casos é necessário mesmo. Quem vai levar a sério alguem chamado Capitão Panaka?
É curioso que algumas vezes, mesmo alguns nomes bem zoados passaram batidos e não houve mudança….como o vilão do tokusatsu Jiraiya: O terrível Dokusai!
Eu tbm tenho, e concordo com vc.
Kurapika e seu amigo Senku foram caminhar juntos e descobriam o poder da vara! Qual é o problema dessa frase? Sei lá o povo tá muito paranoico mesmo.
eu sempre falei otakú mesmo, desde sempre kkkkkkkkkkkk
siiiiiiiiiiim, desde criança eu ouvia falar “animê”, nas revistas, nas TV
achei muito estranho e até hoje não consigo me adaptar com “aními”