Hoje (29) é a estreia de Frieren e a Jornada para o Além (Sousou no Frieren, no original), a série que parece estar sendo tratada pela Crunchyroll como seu grande título da temporada.

O nome em japonês, 葬送のフリーレン, tem um significado literal esquisito, mas compreensível: 葬送 (sousou) significa “ritual fúnebre”, então seria algo como Frieren dos Funerais. E é exatamente o que, ao menos o começo dessa história, é: uma narrativa sobre adeus.

Com episódios lentos, a trama nos introduz uma maga elfa e o seu grupo de companheiros retornando de uma jornada para derrotar o Rei Demônio, ou seja, ao final do que é geralmente a jornada do herói. Mas os elfos vivenciam o tempo diferente de humanos (e de anões), uma particularidade relacionada a certos traços de personalidade da protagonista.

imagem: himmel e frieren chegando em vila como heróis.

Reprodução: Madhouse/Crunchyroll.

A partir daí, acompanhamos Frieren em uma jornada tecnicamente sem rumo, um grande passeio no qual a elfa, apesar de ser a mais velha do agora ex-grupo, é como uma criança ou um adolescente que acabou de se dar conta que não só a sua vida, mas também a dos outros, tem hora para acabar.

Apesar de ser a protagonista, o motor dessa narrativa é um de seus companheiros, pois um evento ligado a ele funciona como marco temporal de praticamente todos os episódios.

Com toda a sua ambientação fantástica, a obra utiliza elementos como magia e aventura não para fornecer uma válvula de escape onde o impossível é possível, mas sim para abordar duas questões da humanidade que não podem ser evitadas: a passagem do tempo e sua eventual consequência, a morte.

Se o companheiro de Frieren é a referência do roteiro e a força motriz da trama, a sua discípula é quem garante que tudo siga ocorrendo, sendo de certa forma o ponto de vista que permite que a história seja contada. É por meio dela que a história permite que Frieren reviva suas próprias memórias enquanto revela ao espectador mais de si, dos seus hábitos e gostos.

Apesar do tema pesado, o enredo é bastante sensível ao abordar essas questões, fornecendo uma experiência mista de crise existencial e momentos de aconchego, em uma narrativa que caminha em passos lentos, mas gostosos de se acompanhar.

imagem: frieren de costas com mala na mão.

Reprodução: Madhouse/Crunchyroll.

A escolha de uma estreia especial em um bloco de TV usualmente destinado a filmes no Japão, no entanto, parece um pouco esquisita: apesar de ter uma narrativa, a trama é contada em momentos episódicos, com uma certa continuidade, mas não como em uma história mais “tradicional” de aventura.

Além disso, os episódios são subdivididos em duas historietas — é diferente do que ocorreu com Oshi no Ko, por exemplo, que estreou com um episódio triplo, com começo, meio e fim. Aqui nós temos literalmente apenas quatro episódios aglutinados, contando 8 historietas, e cada uma delas com começo, meio e fim.

Considerando que a estreia japonesa não se dá no horário regular da série, parece provável que a transmissão regular, que se inicia em 6 de outubro, reprise os quatro episódios, não de uma vez, mas com um por semana, como numa exibição padrão. Se for esse o caso, o horário especial talvez seja para atrair um público que não é o usual de blocos de animês.

Frieren tem de fato alto potencial para agradar uma parcela mais velha do público, pois quem acha que “animê maduro” é sobre drama psicológico ou violência está enganado: o verdadeiro animê de adulto é aquele que traz crises existenciais.


Frieren e a Jornada para o Além é exibido pela Crunchyroll com legendas em português de forma simultânea com o calendário japonês, com uma dublagem já garantida. A presente resenha foi feita com base em screener enviado ao site.


O texto presente nesta resenha é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente a opinião do site JBox.