Após quase 5 anos, o animê de One Piece finalmente chegou ao clímax do arco do País de Wano e a tão aguardada estreia do Gear 5 — talvez um dos momentos mais importantes não só dessa fase como de toda a obra! Certamente é uma saga marcante, não apenas para o enredo, mas também para a sua produção. Com a chegada de Wano, a adaptação de One Piece passou por uma verdadeira evolução no processo, tornando-se uma das produções mais impressionantes da atualidade.

Pois então, o ápice do Luffy correspondeu às altas expectativas? Vamos discorrer sobre isso nos próximos parágrafos.

 

ÍNDICE:

De Whole Cake a Wano: nova liderança, nova visão!

imagem: poster promocional do arco de wano.

Divulgação: Toei.

Essa evolução drástica na qualidade da adaptação de One Piece foi algo totalmente inesperado. Um grande choque para todo mundo, principalmente para os fãs de longa data da obra. Muitos espectadores não sabiam e muitos talvez ainda não saibam o que realmente levou a essa mudança repentina de qualidade entre os arcos de Whole Cake e Wano. Então fica aí a pergunta, o que proporcionou essa evolução?

O animê de One Piece nunca foi uma produção ruim quando o assunto era a qualidade da sua animação. Pelo contrário, apesar da tarefa árdua que é manter uma produção contínua, tendo que entregar um novo episódio toda semana (o que a equipe da série tem feito por mais de 20 anos), a Toei Animation sempre conseguiu manter um bom equilíbrio entre os pontos altos e baixos da adaptação.

Isso graças ao fato de que as passagens mais importantes da obra sempre podiam contar com a participação dos animadores regulares do estúdio, assim como alguns animadores freelancers regularmente associados, garantindo ótimas sequências de animação nos momentos que mais importavam.

imagem: quatro quadros de animação de one piece.

Animação-chave por Henry Thurlow em One Piece #937.

Mas apesar da produção depender desses animadores regulares, não era sempre que eles estavam disponíveis para trabalhar em One Piece, dado que muitos se mantinham atarefados com outras produções da Toei — como outras séries animadas, episódios especiais ou mesmo filmes. E quando esses grandes nomes não estavam ali, a equipe buscava qualquer animador regular, veterano ou freelancer à disposição.

A situação do animê começou a mudar de forma positiva nos anos anteriores à adaptação do arco de Wano, com a chegada da dupla Katsumi Ishizuka (石塚 勝海) e Yong-Ce Tu (涂 泳策). A dupla se juntou à produção em meados do arco de Whole Cake Island (episódios 783 a 877) e logo eles começaram a atuar como animadores regulares, lidando com boa parte dos momentos importantes nos anos seguintes. Essa dupla trouxe uma tão necessária estabilidade para a produção, e isso talvez tenha sido o estopim que permitiu que a equipe se preparasse para realizar grandes mudanças.

imagem: seis quadros de one piece.

Animação-chave por Katsumi Ishizuka (石塚勝海) em One Piece #914.

Com a chegada de Wano que o animê se despediu do seu diretor, Toshinori Fukusawa (深澤 敏則), que naquele momento estava há 5 anos à frente do cargo. Além de Fukusawa, Kazuya Hisada (久田 和也), designer de personagens por 11 anos, também se despedia da função. Mas eles não se mandaram sem direito a uma “saideira”: Fukusawa e Hisada participaram diretamente do episódio 891, onde Luffy e parte dos seus companheiros sobem as cachoeiras que levam ao país dos samurais. Esse episódio não foi só a despedida da dupla, mas também da visão que ambos tinham em relação à produção.

Após tantos anos sob o comando de Fukusawa, One Piece se encontrava em um estado de estagnação, e o tão aguardado arco do País de Wano apresentava a chance perfeita para “pôr a casa em ordem” e trazer uma nova visão para a produção. É aí que entra o trio formado por Tatsuya Nagamine (長峯 達也), Kohei Kurita (暮田 公平) e Aya Komaki (小牧 文).

imagem: foto de Tatsuya Nagamine

Tatsuya Nagamine. | Foto: Reprodução/Toyokezai Online

Tatsuya Nagamine é um dos melhores diretores atualmente associados à Toei Animation. Ele assumiu a função de diretor-chefe do animê, trazendo consigo uma nova visão. Antes de assumir esse trabalho, Nagamine foi um dos responsáveis por resgatar e endireitar a conturbada produção de Dragon Ball Super, assumindo como um dos diretores, seguido pelo espetáculo que foi o filme Dragon Ball Super: Broly.

O diretor não era nenhum estranho quando o assunto era One Piece, sendo ele responsável pela direção do aclamado One Piece Film Z e também do especial One Piece: Heart of Gold. Mas liderar o animê principal era uma tarefa em outro nível. É por isso que Nagamine não iria carregar o fardo da direção sozinho, pois ele estaria acompanhado de alguns dos melhores diretores de unidade ao seu lado (Kohei Kurita e Aya Komaki), com um trio que adotaria uma abordagem mais moderna para a produção.

imagem: guia de design do luffy no arco de whole cake island.

Design sheet do Luffy para o arco de Whole Cake Island, por Kazuya Hisada (久田 和也).

Deixando a direção e falando do design de personagens, a saída parcial de Kazuya Hisada (ele ainda segue como animador da série até hoje) representava a partida daquele cuja arte havia se tornado a face associada ao animê, após mais de uma década em que ele esteve à frente do estilo visual.

Não era só trazer uma nova visão e abordagem, Wano também precisava trazer uma cara nova. É aí que entra Midori Matsuda (松田 翠). Assumindo como novo designer de personagens, ele trouxe consigo um visual mais moderno e fiel à arte atual de Eiichiro Oda (autor do mangá original), sendo portando um traço mais firme e arredondado.

imagem: guia de design do luffy no arco de wano.

Design sheet do Luffy para o arco de Wano, por Midori Matsuda (松田 翠).

Outro aspecto do animê onde as mudanças se tornaram evidentes, desde o nosso primeiro vislumbre de Wano, foi a nova abordagem que estaria sendo empregada na composição, incorporando ferramentas e técnicas mais modernas à fotografia.

imagem: luffy segurando seu chapéu.

Reprodução: Toei

A mudança foi proporcionada pela chegada do estúdio Asahi Productions, que havia se juntado à produção, trazendo uma abordagem visual que utilizava seu filtro de linha e o uso de ferramentas digitais no trabalho de composição do animê. Essa era a mesma abordagem que o estúdio havia utilizado em Dragon Ball Super: Broly.

imagem: broly em dragon ball super broly.

Reprodução: Toei

Todas essas mudanças culminaram em uma surpreendente evolução na qualidade da animação de One Piece, que nesses últimos anos de Wano, apenas continuam provando o quão absurda foi essa evolução. Sério, One Piece é um animê SEMANAL E QUASE ININTERRUPTO e ao mesmo tempo é uma das produções mais surpreendentes da atualidade!

O fruto dessa nova abordagem mais jovem e moderna que Nagamine decidiu trazer é notável. Se em arcos anteriores os principais episódios se destacavam pela presença de animadores veteranos da Toei, agora a produção se apoia fortemente na contratação de animadores freelancers e estrangeiros, muitos deles fãs da série. Isso é de fato uma abordagem que tem se tornado cada vez mais comum na indústria de animês atual. Principalmente investindo em animadores que de fato são fãs da obra original, nesse caso, aqueles que cresceram lendo e assistindo One Piece, e agora tem a oportunidade de fazer parte do projeto em seu auge.

Temos todo tipo de fã de One Piece se juntando à produção, desde nomes renomados da indústria como Takashi Kojima, Shuu Sugita, Takeshi Maenami e Takashi Hashimoto; freelancers estrangeiros como Bahi JD e Henry Thurlow; e animadores provenientes da geração digital, como Vincent Chansard e Yen BM.

imagem: quatro quadros do anime de one piece.

Animação-chave por Takashi Kojima (小島崇史) em One Piece #905. | Reprodução: Toei

Temos até animadores independentes entrando na indústria através da obra, como é o caso de Jakisuaki, um profissional que costumava postar fan animations de One Piece no Twitter e que acabou recebendo a oportunidade de participar do animê pra valer! Sem falar que outros animadores regulares associados à Toei Animation, como Naotoshi Shida (志田 直俊), ainda continuam fazendo suas participações ocasionais.

É possível afirmar que essa evolução drástica de qualidade que o animê tem vivenciado se dá graças a essa tão necessária mudança de liderança e adoção de uma nova metodologia de produção, o que por sua vez proporciona uma injeção de novos talentos. Diretores e animadores promissores e criativos agora motivam e inspiram todos os demais membros da equipe, levando tanto novatos quanto veteranos a buscar aperfeiçoar suas próprias habilidades como animadores. Todos fãs de One Piece tentando fazer com que ele seja o melhor possível.

 

GEAR 5: liberdade, expressividade e individualidade!

Com Wano chegando ao clímax da batalha entre Luffy e Kaido, finalmente tivemos a tão aguardada estreia do Gear 5 durante o episódio 1071, após anos elevando a barra de qualidade da produção de novo e de novo. Com sua equipe mais forte do que nunca, era de se esperar que as expectativas dos fãs para esse momento tão importante estivessem nas alturas! Sem dúvidas, Nagamine e sua equipe não decepcionaram ao entregar algo genuinamente especial com esses últimos episódios.

imagem: quatro quadros do anime de one piece.

Cenas do episódio #1075 de One Piece, com direção e storyboard por Yasunori Koyama (小山保徳). | Reprodução: Toei

Mas o que tem de tão especial nesses episódios? Como deveria ser, o Gear 5 foi representado visualmente como um espetáculo de liberdade e expressividade individual por parte de todos os animadores envolvidos; é esse senso de liberdade artística que torna a animação do Gear 5 tão apropriada, única, especial e cheia de estilo, diferente de qualquer coisa que já tenhamos visto em One Piece!

Ela adota uma abordagem ainda mais solta e cartunesca, transmitindo uma percepção de liberdade através da sua animação, que chega a se libertar até mesmo dos padrões já bem flexíveis dessa produção. Ao assistir esses episódios, você consegue sentir que a equipe de animadores, diretores e artistas de storyboard, realmente se divertiu experimentando com esse Luffy biruta.

imagem: quatro quadros do anime de one piece com luffy na marcha 5.

Reprodução: Toei

Os episódios em torno da Gear 5 são um verdadeiro espetáculo de expressividade individual por parte das equipes encarregadas de cada episódio. Diretores, artistas de storyboard e animadores, todos tiveram uma oportunidade de expor suas ideias, estilos e individualidades; explorando novas abordagens artísticas e colocando-as em prática.

imagem: quatro quadros do anime de one piece.

Cenas do episódio #1075 de One Piece; direção e storyboard por Yasunori Koyama (小山保徳). | Reprodução: Toei

O resultado final pode ser um espetáculo, mas essa abordagem inusitada também traz alguns desafios que tornam esses episódios ainda mais complexos de se produzir. Não só é preciso atenção especial para aplicar essas ideias  de forma coesa, como também manter essa apresentação visual “cartunesca” consistente, mesmo quando animado por uma série de artistas diferentes, cada um trazendo suas próprias ideias e estilo característico. É necessário que os animadores desenhem ainda mais quadros (frames) do que o normal, para que seja possível transmitir toda a fluidez na maneira como essa transformação se movimenta e mexe com tudo ao seu redor, ao mesmo tempo que se força ao máximo os designs, de forma que a animação ainda se mantenha coerente para o público.

imagem: quatro quadros do anime de one piece com luffy na marcha 5.

Reprodução: Toei

Com certeza foi um trabalho difícil para a equipe, mas felizmente, eles conseguiram reunir um time poderoso de animadores e diretores a par do desafio. O confronto entre o Gear 5 e Kaido resultou em algumas das melhores sequências de animação e alguns dos episódios mais emocionantes da história do animê — assim como também algumas das melhores do ano, sem dúvidas. Pode-se dizer que Nagamine e sua equipe acertaram em cheio em relação a como representar visualmente essa transformação e seus poderes malucos!

 

Destaques da animação

Como muitos esperavam, o clímax do confronto entre Luffy e Kaido seria uma prioridade para a equipe e, de fato, esses episódios trouxeram consigo um leque de artistas de peso, desde animadores regulares do animê, veteranos de renome e freelancers regulares; sem falar em alguns nomes inusitados fazendo sua estreia na obra. Então, vamos falar sobre quais animadores a equipe trouxe para encarar o Gear 5.

Começando pelo fantástico Weilin Zhang (張 魏林). Muitos talvez conheçam seus trabalhos, tanto dentro quanto fora da indústria de animação japonesa. Talvez o reconheçam do episódio 66 de Boruto: Naruto Next Generations ou dos ONA’s da franquia Pokémon, ou ainda mais recente, por seu impressionante trabalho ao longo da produção de Tengoku-Daimakyo: Ilusão Celestial.

imagem: quatro quadros do anime de one piece com luffy na marcha 5.

Reprodução: Toei

Essa foi a estreia de Weilin no animê de One Piece (e que estreia, hein!). Uma cena em constante movimentação, repleta de todo tipo de técnicas, apresentadas de forma rápida e frenética. Desde smears, deformações extremas, rotações de câmera, animação de cenário (background animation), frames de impacto (impact frames), entre outras coisas. Uma sequência carregada e incrivelmente frenética!

Muitos fãs parecem considerar que o episódio 1071 foi, dentre todos, aquele que apresentou a abordagem mais frenética na forma como a ação foi apresentada ao público, o que por sua vez, levou alguns a questionarem essa insanidade que foi animada por Weilin Zhang. Muitos criticaram sua cena por ser difícil de acompanhar o que está acontecendo. Uma crítica válida?

Yong-ce Tu (涂 泳策), um dos mais importantes animadores e diretores de animação do animê. Ele não só esteve presente no clímax como foi um dos animadores-chave dos episódios 1072 e 1075 — além de animar uma sequência sensacional para o Kaido no 1075 — como também fez sua estreia como artista de storyboard ao longo do episódio 1072. Mais um grande passo na carreira de Tu!

imagem: quatro quadros do anime de one piece com luffy na marcha 5.

Animação-chave por Yong-ce Tu (涂泳策) em One Piece #1075. | Reprodução: Toei

Falando em storyboards, o animador Bahi JD também participou da animação-chave do 1072, além de também garantir sua estreia como artista de storyboard em One Piece. Bahi JD é um animador que normalmente não se vê tanto em produções para televisão, geralmente focando em contratos para trabalhar em filmes e alguns animês ocasionalmente. One Piece é um dessas exceções, já que ele é um grande fã da obra.

Um dos favoritos, o grande Naotoshi Shida (志田 直俊) também estava a todo gás! Marcando sua presença nos episódios 1071, 1072 e 1075, com uma participação forte em todos os três. E não é que o estilo de animação característico, fluido e frenético do animador casou bem com a abordagem que a equipe adotou para o Gear 5? Alguns questionaram se um animador com um estilo de animação tão individual e definido, conseguiria se adaptar a uma proposta tão diferente como seria essa. A animação característica do Shida segue firme e forte!

imagem: quatro quadros do anime de one piece com luffy na marcha 5.

Animação-chave por Naotoshi Shida (志田直俊) em One Piece #1071 e #1072. | Reprodução: Toei

Já faz uns bons anos desde a última vez que tivemos uma das lendas da Toei Animation, Ryu Onishi (大西 亮), participando do animê de One Piece. Geralmente Onishi só aparece na obra para trabalhar em filmes ou episódios especiais. Então foi muito bom vê-lo no episódio 1072, contemplando o Gear 5 com seu excelente trabalho de animação.

imagem: quatro quadros do anime de one piece com luffy na marcha 5.

Animação-chave por Ryu Onishi (大西亮) em One Piece #1072. | Reprodução: Toei

Masami Mori (大西 亮) é um dos diretores de animação do fantástico episódio 1015 de Megumi Ishitani (石谷 恵) — que a propósito, é uma dos cinco artistas responsáveis pelo storyboard do 1072 — e diretor de animação solo do mais novo encerramento. Mori voltou à função de diretor de animação para o episódio 1072, além de colaborar como animador-chave, entregando uma excelente sequência de ação! Um ótimo trabalho de background animation, efeitos e smears, onde dá para ver que Mori definitivamente se divertiu brincando com o design do Luffy.

imagem: quatro quadros do anime de one piece com luffy na marcha 5.

Animação-chave por Masami Mori (大西亮) em One Piece #1072. | Reprodução: Toei

Akihiro Ota (太田 晃博), sem dúvidas um dos animadores que mais evoluíram ao longo do arco de Wano, se tornando cada vez mais acentuada a evolução do seu estilo característico a cada nova participação. A cada novo trabalho, a identidade individual do seu trabalho como animador se torna ainda mais extrema, destacando sua excelente representação de volume e fluidez através da sua animação, apesar da quantidade de linhas e detalhes que ele põe em seus desenhos.

imagem: quatro quadros do anime de one piece com luffy na marcha 5.

Animação-chave por Akihiro Ota (太田晃博) em One Piece #1072. | Reprodução: Toei

Ao decorrer de Wano, Ota acabou se destacando como um dos melhores animadores de ação ativos atualmente dentro da Toei Animation! Então era de se esperar que ele garantiria alguma presença em um dos episódios do Gear 5.

imagem: quatro quadros com luffy mudando de cor.

Animação-chave por Akihiro Ota (太田晃博) em One Piece #1072. | Reprodução: Toei

Ota teve o privilégio de compartilhar uma cena com uma lenda da indústria, Shinya Ohira (大平 晋也) — um artista que traz consigo um estilo de animação tão único e um peso para a produção mediante o calibre do seu nome. Ohira foi fortemente criticado no passado devido ao seu estilo característico de animação, o que culminou no profissional desistindo da indústria pouco depois do seu trabalho em Legend of the Dog Warriors: The Hakkenden (retornando apenas anos depois para animar em FLCL). Uma presença simplesmente surreal em um projeto como One Piece.

imagem: desenho de frame.

Frame desenhado por Shinya Ohira (大平晋也) em One Piece #1072.

Takashi Kojima (小島 崇史) foi responsável por animar uma das cenas mais icônicas da estreia da Gear 5, ao lado de Vincent Chansard no episódio 1071. Uma cena que parece ter sido super divertida de se animar; que esbanja energia e fluidez tanto na animação dos movimentos do Luffy, quanto nos movimentos do próprio cenário. Além de também ser acompanhada por um excelente trabalho de fotografia e composição musical para o surgimento do Nika.

imagem: quatro quadros do anime de one piece com luffy na marcha 5.

Animação-chave por Takashi Kojima (小島崇史) em One Piece #1071. | Reprodução: Toei

Vincent Chansard tem sido sem dúvidas um dos animadores mais impressionantes a participar regularmente em One Piece. Constantemente entregando algumas das melhores sequências de ação da história animê! Como mencionado, Chansard animou não só a revelação do Gear 5 ao lado de Takashi Kojima no 1071, como também conseguiu animar o title card da nova transformação logo em seguida, em uma sequência de atuação (character acting) divertida e cartunesca.

imagem: quatro quadros do anime de one piece com luffy na marcha 5.

Animação-chave por Vincent Chansard em One Piece #1074. | Reprodução: Toei

O artista participaria novamente no episódio 1074, entregando uma das sequências de ação mais impressionantes da história do animê, de novo, lado a lado com um time de super animadores. É uma sequência de ação simplesmente surreal, e sem dúvidas uma das melhores cenas de ação do ano. Então vamos falar mais dela.

Nessa mesma cena, também temos a participação do mestre dos efeitos e golpes finais, Shuu Sugita (杉田 柊); entregando uma abertura dessa cena de ação colossal e também um fechamento poderoso com o Thunder Bagua do Kaido. Provavelmente é uma referência à cena animada por Nozomu Abe em Fate Heaven’s Feel. Novamente, outro mestre da animação de efeitos e finalizações, assim como Sugita.

imagem: quatro quadros do anime de one piece com luffy na marcha 5.

Animação-chave por Shuu Sugita (杉田柊) em One Piece #1074. | Reprodução: Toei

Ainda na mesma cena, também temos a participação de Sota Shigetsugu (重次 創太), também conhecido pelo pseudônimo de HoneHone. Além de contribuir com uma sequência de animação sensacional no episódio 1074, o animador também fez sua estreia como artista de storyboard no episódio, sem falar de ainda atuar como diretor de animação para esse capítulo.

 

Nova abertura e novo encerramento 

Muitos talvez nem lembrem que há muitos e muitos anos, o animê de One Piece costumava ter encerramentos. Já faz 17 anos desde que tivemos “Adventure World” ao longo dos episódios 264 a 278, lá atrás, em Enies Lobby. Quase duas décadas depois, finalmente temos um novo encerramento!

 

“Raise”, do grupo Chilli Beans. (estilizado assim, com ponto final e sem relação com a marca brasileira de óculos) é o tema desse novo encerramento, praticamente uma comemoração, uma despedida para o arco de Wano. É um belíssimo vídeo, contando com a direção de Nanami Michibata (道端 菜名実), que tem ganhado cada vez mais destaque dentro da produção. Michibata traz consigo um contraste entre tons cinzentos e cores vivas, representando uma nova realidade e os sentimentos de um país finalmente livre, após 20 anos de opressão; isso acompanhado por um trabalho de fotografia  simplesmente fenomenal!

 

A supervisão desse novo encerramento fica nas mãos do já mencionado Masami Mori (大西 亮), que se encarregou de todo esse trabalho sozinho. A animação-chave conta com alguns ótimos nomes em sua produção, trazendo uma sequência de animação fluida, expressiva e layouts super divertidos e cheios de detalhes a todo momento.

Não tivemos somente um novo encerramento, mas para comemorar a conclusão desse arco de Wano, também recebemos uma nova abertura pela mini-cineasta de One Piece, Megumi Ishitani (石谷 恵). Como esperado de um trabalho dessa estrela em ascensão que é a Ishitani, “Saiko Totatsuten” (do Sekai no Owari) é um espetáculo visual de animação, fotografia e criatividade!

imagem: quatro quadros do anime de one piece com luffy na marcha 5.

Frames de impacto por Sota Shigetsugu (重次創太) em One Piece #1074. | Reprodução: Toei

Tirando logo a crítica do caminho. Os primeiros 35 segundos da abertura trazem uma ideia interessante, seguindo um simbolismo que sobrepõe ela toda, focando todo o enquadramento do clipe em um eixo circular representando o fechamento de um arco. A ideia é interessante, e funciona bem no resto da abertura, mas durante esses primeiros 35 segundos de retrospectiva do arco, o resultado final acabou simplesmente monótono e desinteressante. Principalmente se comparado a todo o resto que vem logo em seguida.

imagem: quatro quadros de one piece.

Reprodução: Toei.

Falando no resto dessa abertura… do momento em que Luffy quebra esse ciclo, é aí que temos o verdadeiro espetáculo! A composição visual e o enquadramento de cada um dos cortes seguintes mantêm o simbolismo do círculo, assim como na retrospectiva dos primeiros 35 segundos, mantendo essa ideia de um ciclo como um ponto focal em meio aos mais variados tipos de cenas e paisagens. Uma demonstração de criatividade pela Ishitani e de sua habilidade quando se trata da estruturação visual de uma cena, criando cortes belíssimos, mesmo seguindo uma ideia tão simples.

imagem: quatro quadros de one piece.

Reprodução: Toei

Se falamos da Megumi Ishitani, pode ter certeza que temos que destacar seu domínio sobre composição de suas cenas através do uso de enquadramentos, cores e sombras, o que continua simplesmente sensacional! Ishitani sempre conseguindo elevar a apresentação visual do animê a um patamar único dentro dessa produção. E não é apenas na composição que ela surpreende, uma vez que a diretora também dispõe de uma equipe surreal de animadores talentosos dispostos a trabalhar em um de seus projetos.

imagem: quatro quadros de one piece.

Reprodução: Toei

Bota talento aí, porque essa abertura conta com um time de artistas de peso, como Yong-ce Tu, Ryo Onishi, Takashi Kojima, Sota Shigetsugu, Masami Mori, Vincent Chansard, Shuu Sugita Yoshihiko Umakoshi, Welin Zhang, Bahi JD, entre outros. Todos supervisionados pelo próprio designer do animê, Midori Matsuda; garantindo uma animação variada, fluida e consistente ao longo de toda a abertura.

 

Concluindo…

Se tornou um fato indiscutível de que o animê de One Piece se tornou uma das melhores produções da atualidade; um dos maiores espaços para a reunião de todos os tipos de artistas talentosos da indústria atual, sejam jovens animadores e diretores promissores — estrangeiros ou não — até veteranos que conseguem atingir um novo ápice em suas carreiras, inspirados em meio a um ambiente que esbanja de tanto talento.

imagem: luffy no gear5 em luta em cena em preto e branco.

Reprodução: Toei

Então aqui se encerra mais uma edição da Sakuga no Hanashi. Novamente, espero que esse texto tenha sido informativo, como também proveitoso para o leitor! Ajudando a atender os principais fatores que levaram a essa evolução colossal que One Piece tem vivenciado nos últimos anos; além de também conhecer mais por trás dos diretores e animadores que nos trouxeram esses dois meses fenomenais, que dão orgulho de ser um fã do animê.

 

▶️ Confira todas as colunas aqui.

Sakuga no Hanashi é uma coluna mensal assinada por Tonatiú Saraiva, sendo um espaço para abordar questões técnicas e discutir sobre a produção das animações japonesas.

O texto presente nesta coluna é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente a opinião do site JBox.