A publicação de Lobo Solitário (Kozure Ookami) pela editora Cedibra em 1988 é considerada a entrada oficial dos mangás no mercado editorial brasileiro. Contudo, o Pipoca & Nanquim soltou um vídeo mostrando que a história, na verdade, teve sua primeira publicação em português brasileiro em 1972 na revista Clássicos Realistas de Contos e Quadrinhos, pela editora Edrel.
A edição da Edrel, no entanto, tem toda a pinta de ser, bem, pirata. O título é O Samurai: “Koozure Okami, o Abominável” e os autores originais, Goseki Kojima e Kazuo Koike, sequer são creditados.
Na edição, Paulo (sim, apenas “Paulo”) é creditado pelo argumento e arte final, o tema é de Mario Fukue, o esboço é de Wilson Hisamoto, a auxiliar de arte é Alice Fukue, as legendas são de Roberto Fukue e o arquivo é de Sérgio Fukue. A Edrel publicou o capítulo 13 do mangá nessa revista.
Confira:
Comparando com a edição da Cedibra e também com a versão mais recente, da editora Panini, Alê e Bruno mostram que diversos trechos do quadrinho foram cortados e quase todos foram redesenhados — também houve alteração do sentido dos diálogos originais (ou seja, reinvenção do texto). A versão é parcialmente espelhada, com leitura no sentido padrão brasileiro.
Apesar dos pesares, essa é possivelmente a primeira publicação do mangá fora do Japão, feita dois anos após o início da seriação japonesa (que foi de 1970 a 1976, ou seja, a Edrel publicou um pedaço do mangá antes mesmo dele ser completado no país de origem).
A Edrel foi fundada em 1966 por Salvador Bentivegna, Jinki Yamamoto e Minami Keizi, se tornando uma editora importante no cenário de quadrinhos nacionais, principalmente de terror e erótico — a revista na qual publicaram Lobo Solitário contém diversos outros materiais (inclusive contos e materiais eróticos).
Lobo Solitário teve uma publicação um pouco conturbada no Brasil em seus anos iniciais, mas no fim foi a Panini que concretizou a coleção completa no país no sentido de leitura original. O título ganhou diversas adaptações para filmes live-action e é considerado um marco pra cultura pop.
Conhecemos na história um homem chamado Ogami Ittou, executor a mando do xogum na era feudal japonesa. Ele, porém, perde esse cargo depois do clã Yagyuu acusá-lo injustamente e matar sua mulher. Com isso, Ittou se torna um assassino e um lobo solitário com sede de vingança, acompanhado apenas de seu filho Daigorou, de apenas três anos.
Fonte: Pipoca & Nanquim
Realmente, uma curiosidade bem interessante.
Me lembro que o Claudio Seto foi acusado de plagiar o Lobo Solitário, acho que foi isso, foi uma publicação pirata da Edrel, lembrando que teve um projeto do Minami Keizi de adaptar um mangá do Tetsuya Chiba.
Até mais ou menos duas décadas atrás, publicações “piratas” como essa, onde o material original era editado e os autores omitidos, não eram incomuns em bancas de rua do Brasil. Certamente há muitas “surpresas” que passaram batidas aos olhos de muitos.
A editora não foi criada pra comunidade japonesa, na verdade foi criada depois que a Pan Juvenil faliu, era uma editora do Salvador Bentivegna, sediada na Liberdade, cuja família já tinha tradição como gráfica, tudo isso é explicado no livro Maria Erótica e o Clamor do Sexo do Gonçalo Junior.