A convite da gravadora SACRA MUSIC, o JBox teve a oportunidade de entrevistar alguns artistas que vieram ao Brasil durante o Anime Friends deste ano. Desta vez, trazemos uma entrevista exclusiva com a cantora ASCA.
Nome artístico de Asuka Okura, ASCA se lançou na música como finalista de um concurso em 2013, com apenas 17 anos de idade. Após concluir seus estudos, quatro anos depois ela deu início “pra valer” em sua carreira, que está muito entrelaçada com os animês (com temas em Sword Art Online e Fate/Apocrypha, só para citar alguns), lançando o single RUST — seguido por diversos outros singles e dois álbuns de estúdio (Hyakkaryōran, de 2019, e Hyakki Yakō, de 2021).
Confira a seguir!
Para quem está conhecendo agora o seu som, nos diga, quais são suas maiores influências no mundo musical?
Desde quando eu era criança, fui influenciada por cantoras solo japonesas. Primeiramente, pela cantora e compositora Ayaka. Eu me lembro claramente do impacto que senti ao ouvir seu single de estreia, que tocou em um drama, e naquele momento, uma vontade imensa surgiu em mim de cantar músicas como ela. Isso aconteceu quando eu estava no terceiro ano do ensino fundamental. Me lembro que foi bem marcante para mim naquela época.
Depois de um tempo, ao entrar no sétimo ano de ensino fundamental (chuugakkou), descobri a música “Lonely (ロンリー)” da cantora e compositora Mao Abe. Fiquei encantada ao perceber que existia uma cantora que reunia tanta doçura e estilo. Desde então, comecei a seguir sua música apaixonadamente.
Se eu fosse apresentar todas as artistas que me inspiraram, a lista ficaria extensa. Mas, o que realmente me fascina é a força que elas demonstram ao se apresentarem sozinhas no palco, cantando suas emoções com tanta coragem. Foi essa admiração que me motivou a seguir a carreira musical.
No álbum 「R∃/MEMBER」, você teve a chance de colaborar com Hiroyuki Sawano, um dos compositores mais populares dos últimos anos no Japão. Como foi essa oportunidade?
Ter a chance de colaborar com ele como ASCA foi realmente uma honra para mim porque, desde a época em que eu era estudante primária, sempre fui apaixonada pela música de Hiroyuki Sawano. “Unti-L” foi uma música desafiadora para mim. Sempre canto com toda a minha determinação. Além disso, sou especialmente tocada pela frase “reconhecemos nossos erros para então nos corrigirmos (気づくために過ちを知る)”.
Acredito que este trecho nos ensina que por meio de nossos erros e falhas, podemos ganhar consciência e crescer cada vez mais ainda. Sou muito grata por ter recebido orientações vocais do próprio Sawano, o que me proporcionou uma valiosa aprendizagem como vocalista.
Desde seu retorno ao meio musical após encerrar seus estudos, você fez músicas que serviram como abertura ou encerramento de vários animês. Como é a relação do mercado musical com o mercado de animação atualmente?
Hoje em dia, sinto que as barreiras entre a indústria musical e a indústria de animê estão se desfazendo. Vivemos em uma época em que é completamente normal expressar a paixão por animês. Isso me deixa muito feliz, pois o animê sempre me salvou em muitos momentos da minha vida.
Com o passar dos anos, as oportunidades de realizar shows no exterior têm aumentado para mim, o que demonstra como a popularidade dos animês continua crescendo ao redor do mundo. Agora, não são apenas os cantores solo que interpretam as músicas-tema das animações, mas também bandas japonesas e artistas internacionais têm se envolvido cada vez mais nesse universo.
Entre esses animês, está a extensa série Fate. Você tem alguma relação especial com a franquia ou conseguiu criar através dessas participações?
Tive a honra de fazer minha estreia no cenário musical como ASCA com o tema de encerramento da segunda temporada de Fate/Apocrypha, uma série da franquia Fate. Graças a essa oportunidade, pude realizar o sonho de estrear na indústria musical. A emoção de ver minha música harmonizando com as cenas de um animê pela primeira vez é algo que ainda ressoa em mim.
Depois de um tempo, tive a alegria de contribuir novamente para a série Fate com meu quinto single, que se tornou o tema de encerramento de Lord El-Melloi II Case Files: Rail Zeppelin Grace Note, com a música “Hibari”. Este momento foi ainda mais especial porque a música foi composta por Yuki Kajiura, uma personalidade respeitada no nosso ramo. Essa colaboração marcou um ponto de virada significativo em minha carreira, ampliando meus horizontes e me permitindo continuar a sonhar maior.
Seu single mais recente, “Stellar”, tem uma pegada mais eletrônica. Você planeja explorar mais esse tipo de música?
Desde 2022, tive a oportunidade de aumentar minha presença em shows internacionais, e cada experiência reforçava o meu desejo de superar as barreiras linguísticas para compartilhar momentos alegres com o público de outros países durante as apresentações ao vivo. Foi assim que surgiu “Stellar”.
Tive a oportunidade de apresentar essa música no Anime Friends, e a imagem de todos pulando juntos ficou gravada em minha memória. Eu simplesmente amei aquele momento. Ver a animação das pessoas é algo que me motiva para continuar a exploração desse gênero.
Na coletiva de imprensa do Anime Friends, você disse que sempre usa vermelho em shows internacionais. Além disso, alguns de seus materiais promocionais utilizam também a cor vermelha. Qual a sua relação com o vermelho?
No ano passado, toda vez que me apresentava no palco como ASCA, escolhia “vermelho” como minha cor temática. Em fevereiro deste ano, passei por uma cirurgia para remover um pólipo nas cordas vocais, mas o pólipo foi descoberto cerca de dois anos atrás. Desde então, comecei a optar pelo vermelho. Para mim, o vermelho é uma cor que me anima, especialmente quando estou nervosa.
Após a cirurgia, tive a oportunidade de refletir sobre mim mesma e agora sinto uma forte determinação para continuar enfrentando novos desafios sem medo de qualquer mudança. Com isso em mente, estou animada para incorporar várias outras cores na minha jornada artística daqui para frente.
Considerando seu foco em anisongs, como foi fazer sua primeira apresentação no Brasil em um dos maiores eventos de animê do país? Foi possível aproveitar a viagem além do show?
Fiquei surpresa ao ver o quanto os animês e suas músicas são amados aqui no Brasil. Quando cantei “RESISTER”, a música tema de abertura do segundo arco de Sword Art Online: Alicization, foi emocionante ver as pessoas cantando junto desde a primeira nota. A energia do público, pulando e levantando as mãos ao ritmo da música, criou uma cena inesquecível na minha memória. Anime Friends foi um evento especial para mim!
Na coletiva do evento, você disse que gostaria de visitar uma catedral famosa de São Paulo, que presumimos ser a Catedral da Sé, no centro da cidade. Foi possível conhecê-la?
Infelizmente, não consegui visitar a Catedral da Sé desta vez, mas tive a chance de explorar lugares fascinantes como o Beco do Batman, conhecido por sua street art, graças ao guia fornecido pela equipe local. Passear por shoppings e apreciar a arte urbana foi uma experiência muito divertida e enriquecedora.
Durante o show no Anime Friends 2023, você lançou uma música inédita junto da banda Burnout Syndromes. Como foi o planejamento para decidir apresentar essa música pela primeira vez no Brasil?
Tive a alegria de compartilhar o palco com os incríveis BURNOUT SYNDROMES no ano passado, durante um evento no exterior. Foi a partir daí que surgiu a ideia de fazer uma colaboração, e começamos a trabalhar na música “KUNOICHI”, composta pelo talentoso Kumagai, vocalista da banda. Durante a produção da música, descobrimos que estaríamos no Anime Friends no mesmo período, e então surgiu a proposta de estrearmos a música juntos no Brasil.
Quando me juntei a eles no palco, a energia do público era contagiante, me deixando completamente animada. Cantar junto com eles e ver a reação do público foi uma experiência que não sai da minha cabeça. Agradeço muito a todos que compartilharam essa alegria e energia comigo. Obrigada por um momento tão especial e divertido!
Você tem algum recado para seus fãs brasileiros?
Queridos fãs brasileiros,
Muito obrigada pelo carinho e apoio de vocês! As mensagens que me enviam pelas redes sociais sempre me inspiram e confortam. Fiquei extremamente feliz por finalmente ter tido a oportunidade de visitar o Brasil neste ano e compartilhar várias músicas de animês com vocês. Apesar de ter sido a viagem de avião mais longa que já tive, o amor caloroso com que fui recebida fez toda a jornada valer a pena, e fez eu me apaixonar pelo Brasil.
Estou muito ansiosa para voltar e reencontrar todos vocês. Quando esse dia chegar, vocês virão ao show para celebrarmos juntos novamente? Mal posso esperar para cantar, pular e levantar as mãos com todos vocês mais uma vez. Vamos continuar essa linda jornada juntos. Até lá, com muito amor!
ASCA
O JBox agradece à SACRA MUSIC, à Gridge e à ASCA pela oportunidade e disponibilidade. Fiquem de olho nas próximas entrevistas!
Reportagem: Igor Lunei, Talles Queiroz, Laura Gassert | Tradução: Lucas Hideki Nakashima, Gridge Inc | Edição: Laura Gassert e Rafael Jiback
Entrevistas anteriores:
⇒ SACRA MUSIC e os seus planos para o Brasil
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